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A-24

Alberto João 51% Miguel Albuquerque 49%

por A-24, em 03.11.12
Nas mais disputadas eleições internas, em que pela primeira vez teve um concorrente, Jardim obteve apenas mais 88 votos do que Miguel Albuquerque, cuja votação é considerada bastante expressiva atendendo às adversidades encontradas na campanha. 
O presidente da câmara do Funchal, Miguel Albuquerque, derrotou o presidente do governo, Alberto João Jardim, naquele concelho e ainda em mais três concelhos da região (Santa Cruz, Calheta e São Vicente), além de ter vencido num total de 22 freguesias no arquipélago.
O autarca ganhou em nove das dez freguesias do maior município da região (onde estão inscritos um terço dos militantes com direito voto) e apenas empatou na freguesia de São Roque.
"Foi lamentável o que se passou na campanha eleitoral. Não se pode repetir", lamentou o candidato ao confirmar ter obtido 49% dos votos, numas eleições em que não compareceram às urnas cerca de 10% dos 3859 militantes com direito a voto.
“O partido ficará dividido se o seu líder não tiver capacidade de o unir”, afirmou Albuquerque, instado a comentar a surpreendente votação nestas terceiras eleições directas, realizadas no Dia de Finados. Ainda não foram divulgados os resultados oficiais, havendo ligeiras divergências entre os anunciados pelas duas candidaturas.
Reconduzido desde 1976 com percentagens superiores a 90%, o presidente do PSD madeirense disse nesta sexta-feira que depois do novo escrutínio é tempo “de curar as mazelas” provocadas pelo aparecimento, pela primeira vez, de duas listas candidatas à liderança. E ameaça desencadear o processo de revisão constitucional, no Parlamento, através dos deputados sociais-democratas eleitos pela região, caso sejam rejeitadas as suas propostas de alteração ao Orçamento do Estado. 
“O partido foi, de certo modo, penalizado por toda esta palhaçada e vão ficar algumas mazelas mas, agora, a nossa função é curar as mazelas”, declarou Jardim, que promete passar “uma esponja sobre tudo e todos”. 
No decurso da campanha, em que utilizou meios oficiais e partidários para atacar o adversário interno e seus apoiantes, com os característicos excessos de linguagem usados nas campanhas eleitorais regionais contra políticos da oposição, o líder insular tinha ameaçado expulsar Miguel Albuquerque do partido, sob a acusação de desferir “facadas nas costas” e de “tentar destruir o partido por dentro”. 
Jardim tinha também ameaçado demitir-se da liderança do executivo madeirense se não fosse reeleito presidente do partido nestas eleições, a que teve de recandidatar-se, contrariando o que considerava irreversível, para travar a crescente vantagem do presidente da Câmara do Funchal, Miguel Albuquerque, em relação ao seu candidato, Manuel António Correia, que teve de substituir. 

Referendo na Madeira? 
Na moção “Realizar a Esperança” com que se apresentará ao XIV congresso regional, a realizar a 24 e 25 de Novembro, Jardim sustenta o PSD-M só é “derrotado através da divisão interna”. E, referindo-se directamente a Albuquerque que acusa de “deslealdade”, questiona: “Cabe perguntar à consciência dos filiados no PSD, vamo-nos suicidar politicamente só para seguir as leviandades e oportunismos? Vamos entregar o PSD-M a um testa-de-ferro dos nossos inimigos políticos?” 
Jardim diz na moção esperar que “quando derrotados, os que provocaram tudo isto ao partido que os propôs, ajudou e trabalhou para os eleger, se demitam dos cargos para que foram eleitos em nome do PSD” porque, em 2013, o “PSD-M tem de enfrentar as dificuldades da conjuntura, trabalhar tranquilamente para preparar e ganhar as eleições autárquicas e preparar o congresso regional de finais de 2014, princípios de 2015”. E deixa “muito claro que se os derrotados agora continuarem a tentar rebentar o PSD por dentro devem ser afastados nos termos estatutários”. 
Em termos de revisão constitucional – com que ameaça recorrentemente quando trava, como agora, complexas negociações para ultrapassar as crónicas dificuldades financeiras da sua governação –, Jardim defende a “separação” da Madeira de Portugal se não forem ampliadas as competências legislativas regionais. “Esclarecemos que ante a recusa de uma maior autonomia no seio da pátria portuguesa, que desejamos fortemente, optamos pela separação”, realça. E desafia o Estado para, em caso de dúvidas, “ter a coragem de permitir um referendo na Madeira que, de uma vez por todas, demonstre a vontade do povo madeirense, reforce a coesão nacional e finalmente encerre o contencioso das autonomias”. 

Notícia actualizada às 23h40
DN - Funchal