A arte de ser português
por A-24, em 22.05.14
O partido LIVRE, diz a Wikipédia, "distingue-se de outros partidos portugueses pela forma de organização interna. Em particular, o método de selecção dos seus candidatos às eleições a que se apresenta, segue o formato de primárias abertas, que rompe com a tradição de escolha de candidatos por convite de direcções partidárias. Deste modo, todos os cidadãos eleitores podem ser candidatos, desde que se revejam nos princípios fundadores do LIVRE".
O texto acima, de belo conteúdo e deficiente gramática, destaca o principal motivo de orgulho do partido fundado pelo ainda eurodeputado Rui Tavares. O próprio Dr. Tavares, aliás, também reafirmou em tempos e em múltiplas entrevistas a importância das "primárias" abertas, que poriam em pé de igualdade, por exemplo, o proprietário de um quiosque na Baixa da Banheira e qualquer elemento do núcleo original desta irreverente associação política. Só por si, as "primárias" abertas constituíam a prova do desapego do Dr. Tavares pelo cargo em Estrasburgo, já que tamanha aversão a elites e cliques tornaria praticamente impossível a elegibilidade do senhor.
Isto passou-se há meses. Há dias, com o atraso de quem nunca votou para o Parlamento Europeu e não será desta vez que tenciona dedicar cinco minutos ao assunto, descobri que afinal o cabeça de lista do LIVRE é - sentem-se bem - o Dr. Tavares. Trata-se de uma coincidência espantosa: num universo de milhões de potenciais candidatos, a escolha recai justamente no único português cuja nomeação é susceptível de levantar suspeitas sobre a seriedade e, já agora, a liberdade do LIVRE. A atenuante é a circunstância de, tudo somado e a acreditar nas sondagens, o Dr. Tavares continuar com as mesmas hipóteses de ser eleito que o proprietário do quiosque na Baixa da Banheira.
O texto acima, de belo conteúdo e deficiente gramática, destaca o principal motivo de orgulho do partido fundado pelo ainda eurodeputado Rui Tavares. O próprio Dr. Tavares, aliás, também reafirmou em tempos e em múltiplas entrevistas a importância das "primárias" abertas, que poriam em pé de igualdade, por exemplo, o proprietário de um quiosque na Baixa da Banheira e qualquer elemento do núcleo original desta irreverente associação política. Só por si, as "primárias" abertas constituíam a prova do desapego do Dr. Tavares pelo cargo em Estrasburgo, já que tamanha aversão a elites e cliques tornaria praticamente impossível a elegibilidade do senhor.
Isto passou-se há meses. Há dias, com o atraso de quem nunca votou para o Parlamento Europeu e não será desta vez que tenciona dedicar cinco minutos ao assunto, descobri que afinal o cabeça de lista do LIVRE é - sentem-se bem - o Dr. Tavares. Trata-se de uma coincidência espantosa: num universo de milhões de potenciais candidatos, a escolha recai justamente no único português cuja nomeação é susceptível de levantar suspeitas sobre a seriedade e, já agora, a liberdade do LIVRE. A atenuante é a circunstância de, tudo somado e a acreditar nas sondagens, o Dr. Tavares continuar com as mesmas hipóteses de ser eleito que o proprietário do quiosque na Baixa da Banheira.