Foi reportado há algum tempo que as candidaturas para pilotos-cadete provenientes de homens brancos não serão mais aceites pela South African Airways (SAA).
O porta-voz da SAA, Kabelo Ledwaba, afirmou que o programa de treino para cadetes estava a ser publicitado online como uma iniciativa que visava ajustar a demografia entre os pilotos com a composição demográfica do pais no geral.
Apenas 15% dos pilotos da SAA são negros, e isto inclui indianos e os coloridos. Os restantes são brancos, e 91% são homens.
Ledwaba disse que a SAA aceitaria pilotos brancos masculinos quando aparecessem vagas que não pudessem ser preenchidas com pessoas de outras raças.
Foi perguntado o porquê das candidaturas dos brancos estarem a ser rejeitadas de modo consistente. Um pai irritado ligou ao jornal Beeld para se queixar do facto do seu filho, que tinha licença de piloto comercial e cumpria os critérios educacionais e físicos, ter sido rejeitado apenas e só por ser branco.
Tomando as palavras do pai como base para a sua investigação, o jornal enviou candidaturas falsas à SAA. Depois da informação ter sido cruzada e verificada, o jornal apurou que o formulário online havia sido programado para rejeitar aplicações provenientes de brancos.
Como seria de esperar, não há condenação internacional a este óbvio caso de racismo uma vez que o grupo étnico/ideológico que está a ser discriminado não faz parte dos “grupos protegidos” da esquerda militante. No mundo ocidental actual, o homem branco, heterossexual, Judeu ou Cristão (ou mesmo ateu), é um cidadão de segunda , embora ele tenha sido o arquitecto dessa mesma civilização.
Nelson Mandela é hoje uma da figura políticas mais simbólicas ainda vivas. O seu papel na transição da África do Sul, no início dos anos 90, é inegável. Durante as duas décadas que passaram desde que o regime do Apartheid caíu de podre, o papel de Mandela no apaziguamento das tensões raciais foi decisivo. Ainda hoje não tenho dúvidas que é ele a fronteira entre o actual Estado de paz frágil e uma situação previsível que se pode vir a comparar a de alguns países vizinhos – se algum dia a ala radical do ANC chegar ao poder. Hoje Nelson Mandela é um símbolo de paz. Mas até os Santos têm o seu lado negro. O Mandela enaltecido nas TVs, um homem que segundo os jornalistas dedicou toda a sua vida à paz, não bate certo com o homem que no final dos anos 50 defendia acerrimamente a luta armada a fim de conduzir África à via marxista. Muito menos condiz com o estratega que liderou durante anos o Umkhonto we Sizwe, braço armado do ANC e parceiro do Partido Comunista da África do Sul. Mas, goste-se ou não, o senhor carismático e sorridente que hoje vemos na TV foi o responsável por numerosos atentados de uma violência semelhante ou superior à da maioria dos grupos terroristas que aprendemos a temer neste século XXI. Não deve também ser descorada a afeição de Mandela por ditadores como Castro ou Gaddafi, que sempre apoiou ou os seus laços com o PLO e Arafat. Para terminar, as suspeitas de corrupção ainda do perseguem, assim como o inexplicável enriquecimento dos seus colegas de partidos. Quanto à África do Sul, se é verdade que a linha que separava brancos e negros se foi apagando, a linha que separa a pobreza e a fome dos luxos dos oligarcas e dos funcionários do partido apresenta-se a cada dia mais carregada. Não obstante a minha admiração por alguns dos feitos de Mandela, não há aura de messias que apague o seu passado.
Foi durante a governação pelo Partido Nacional, a partir de 1948, que o apartheid se desenvolveu, com novas leis, como a "Lei da Proibição dos Casamentos Mistos", de 1949. Pouco tempo depois, os pretos, que só podiam viver nas cidades como empregados, tinham de mostrar um "passe" sob risco de serem presos, só podiam entrar em determinadas lojas e as próprias casas-de-banho público eram para raças separadas. O seguinte é um resumo das leis racistas do apartheid:
Emenda à Lei da Imoralidade (1950) – Com esta lei, tornou-se um crime para uma pessoa branca ter relações sexuais com uma pessoa de raça diferente.
Lei do Registo da População (1950) - Esta lei obrigava todos os cidadãos a serem registados como pretos, brancos ou mestiços.
Lei da Supressão do Comunismo (1950) - Esta lei tornava ilegal qualquer partido de oposição que o governo decidisse catalogar como "comunista".
Lei das Áreas Reservadas (“The Group Areas Act”, de 27 de Abril de 1950) – Esta lei impedia pessoas de determinadas raças de viverem em certas áreas urbanas.
Lei da Auto-determinação dos Bantu (“Bantu Self-Government Act”, de 1951) - Esta lei estabelecia as chamadas “Homelands” (conhecidas para o resto do mundo como “Bantustões”) para dez diferentes tribos “africanas” (de pretos), onde eles podiam residir e ter propriedades.
Lei da Reserva de Locais Públicos Separados (1953) - Esta lei proibia pessoas de diferentes raças de usarem os mesmos locais públicos, como bebedouros, casas de banho, etc.
Lei da Educação dos Bantu (1953) - Esta lei especificava normas de educação diferentes para os pretos.
Mudança do direito de voto dos mestiços na Província do Cabo (1953) – Os mestiços do Cabo passavam a poder votar apenas por quatro representantes (brancos) no Parlamento. Mais tarde, em 1968, os mestiços passaram a votar num “parlamento” separado, que servia como “grupo consultivo” do governo.
Lei das Minas e do Trabalho (1956) - Esta lei formalizou a discriminação racial no emprego.
Lei da Promoção da Auto-determinação dos Pretos (1958; nesta lei já não se falava de “africanos” ou “bantu”, mas de “Black”) – Esta lei estabelecia "homelands" para os pretos, que eram nominalmente independentes. Na prática, o governo Sul Africano de facto nomeava os “presidentes” destes “países”. O governo da África do Sul passou a referir-se a estes “países” como a “Constelação de Estados da África Austral”.
Lei da Nacionalidade para os Cidadãos Pretos das Homeland (1971) – Com esta lei, os habitantes das “homelands” deixavam de ser cidadãos da África do Sul e, portanto, perdiam todos os direitos de cidadania.