Michael Hess, um militante dos Democratas Suecos residente na cidade de Karlskrona (Suécia), foi recentemente condenado a pagar cerca de 4500 € por "apelar ao ódio". Qual foi o seu crime? Publicar no Facebook estatísticas acerca do número de violações na Suécia, relacionando-o com a imigração islâmica! Ao justificar a sentença, o juiz que condenou Hess afirmou que a veracidade das afirmações que Hess colocou no Facebook não é importante, porque não foram proferidas no contexto de "uma discussão factual feita por especialistas". Pat Condell denuncia a tremenda hipocrisia deste juiz no seu mais recente vídeo, adequadamente intitulado "A Suécia enlouquece":
Pat Condell [4:07]: "O povo sueco tem agora um cancro social agressivo a crescer no seio da suas comunidades... [mas] não podem falar acerca disso! O futuro não parece radioso?..."
Há várias razões para o recente sucesso do UKIP, a começar pela pertinência dos temas da imigração, da integração europeia e do multiculturalismo, passando pela grande eloquência e carsima do seu líder, Nigel Farage. Mas olhando para os cartazes das campanhas eleitorais do partido, nota-se que há muito mais do que isso. Há sobretudo um "saber apelar" ao sentimento de justiça das pessoas. Aqui ficam alguns exemplos, na esperança de que possam inspirar os nacionalistas portugueses.
«Diz Luís Canedo de Gaia: "A nossa cidade (Perpignan) está a ser invadida por árabes. Em certas cidades francesas, há mais mesquitas do que igrejas." (...)
O que o Canedo não sabe, nem desconfia, é que ao mesmo tempo, o candidato Mohamed Gairban da FN (prometeram-lhe que não ia cumprir a promessa de retirar voto a cidadãos não nascidos em França) diz: "Isto está cheio de tugas. Gente que nem de ex-províncias francesas veio. O meu avô nasceu na Argélia e diz que qualquer dia temos portugueses na selecção francesa. Imagine que, em certas cidades francesas, há mais camisolas do CR7 que do Karim Benzema."»
Segundo uma reportagem do "Expresso", Luís da Silva Canedo, português de 53 anos, emigrante em França há mais de 30, é candidato à autarquia de Perpignan, pela Frente Nacional de Marine Le Pen. Isto é como a história do judeu neo-nazi ou dos deputados homossexuais que votam contra a co-adopção.
Segundo uma reportagem do "Expresso", Luís da Silva Canedo, português de 53 anos, emigrante em França há mais de 30, é candidato à autarquia de Perpignan, pela Frente Nacional de Marine Le Pen. Isto é como a história do judeu neo-nazi ou dos deputados homossexuais que votam contra a co-adopção.
O candidato português da FN diz que não vê qualquer inconveniente em concorrer por um partido que é contra os direitos de voto de cidadãos europeus nas eleições francesas. "Eu falei-lhes nisso quando as listas foram elaboradas, mas tudo na FN está em mudança e essa posição vai mudar", diz Luís Canedo, que está em França a trabalhar como anjinho, presumo eu. Portanto, o Luís vai fazer campanha, e votar, num partido que, se ganhar, prometeu que lhe tirava o direito de votar, mas não tem importância porque eles lhe disseram que não vão cumprir o que prometeram. É isso, Luís. Na pior das hipóteses, vai haver uma votação em que ele já não participa. E, neste caso, não podemos levar a mal que isso aconteça. Lembrem-me de gritar - Canedo! - três vezes sempre que alguém falar da problemática da emigração e da fuga de cérebros.
Luís, que nunca pediu a nacionalidade francesa (sabia lá que vinham aí esses malucos do Le Pen), diz que aceitou participar na lista "porque a cidade está a ser invadida por árabes, o islamismo está a destruir as nossas convicções católicas." Está visto que o Senhor Canedo é facilmente influenciável. Os da Le Pen convencem-no a votar contra si próprio. E agora, o islamismo, só por si, está a destruir as "convicções católicas" do pobre Luís: "Vê-se que eles rezam muito mais que nós, estamos em clara desvantagem. Aquilo das setenta e tal virgens, em vez de um paraíso com almas, que eu nunca percebi bem o que era, não sei, não." Não lhe mostrem o hinduísmo que ele passa-se.
Diz Luís Canedo de Gaia: "A nossa cidade (Perpignan) está a ser invadida por árabes. Em certas cidades francesas, há mais mesquitas do que igrejas." Isto é a Gaiola Dourada em versão Leni Riefenstahl.
O que o Canedo não sabe, nem desconfia, é que ao mesmo tempo, o candidato Mohamed Gairban da FN (prometeram-lhe que não ia cumprir a promessa de retirar voto a cidadãos não nascidos em França) diz: "Isto está cheio de tugas. Gente que nem de ex-províncias francesas veio. O meu avô nasceu na Argélia e diz que qualquer dia temos portugueses na selecção francesa. Imagine que, em certas cidades francesas, há mais camisolas do CR7 que do Karim Benzema."
Luís está convencido de que Marine Le Pen é uma moderada. "Ela não tem nada que ver com o pai, esse sim é contra a presença de europeus nas listas da Frente Nacional" - esse racista! E acrescenta: "Eu já fui socialista, mas eles desiludiram-me..."... foram incapazes de apostar na xenofobia.
Luís termina dizendo : "É preciso um grande sobressalto em França e na Europa, é preciso que a FN ganhe pelo menos uma vez em França para toda a gente se dar conta que tudo tem de mudar." Aqui o Luís é capaz de ter razão. Se a FN tiver um grande resultado nas eleições europeias, isto é capaz de abanar. Homem para homem não deu, vai ser uma mulher a assustar a Merkel.
CK.- “En mis parroquias hace años que no hago colectas de Caritas porque se ha convertido en una ONG. Dan a todo el mundo simplemente por ser humanos, aunque no aporten nada y aunque nos intenten pisar el cuello el día que puedan”. Así se pronunció el párroco de León, Jesús Calvo, en su entrevista del pasado jueves en el programa ‘La Ratonera’ al ser preguntado sobre el hecho de que muchos de los subsaharianos autores de los gravísmos incicentes del pasado fin de semana en un pueblo de la provincia de Jaén estuvieran siendo alimentados y asesorados legalmente por Caritas y otras organizaciones católicas.
Añadió sobre esta cuestión: “Nosotros sabemos lo que la caridad. Ellos no la tienen. ¿Por qué no montan ellos su propia Caritas?”, se preguntó el párroco leonés.
Fiel a su compromiso ético con la tradición católica, lo que le lleva a mostrarse extremadamente crítico con quienes se alejan de ella, trátese de la curia española o del mismísimo Papa, Jesús Calvo desgranó, con su contundencia conocida, algunos asuntos de la actualidad relacionados con la Iglesia y la situación política.
“Populista para la gente inculta”
Durante su intervención en el espacio televisivo dirigido y conducido por Armando Robles, el cura castellano-leonés calificó al Papa Francisco como un “populista para la gente inculta” y acusó a la jerarquía católica de desviarse de su compromiso con la verdad revelada por Jesucristo. “Nunca dicen que quien no está conmigo está contra mí o que no se puede estar sirviendo a dos señores”, señaló.
Por otra parte, el Padre Calvo alertó acerca de “la descristianización que está sufriendo Cataluña” y de la “pérdida de credibilidad y de devotos” de la Iglesia catalana. “No sé por qué ha habido tanto fanatismo por parte del clero catalán al hacerse eco de lo que defienden los independentistas. ¿Qué vocación tienen y para qué están? Nunca están para predicar a Dios y la vida sobrenatural, dedicada a la santificación de las almas y a darnos el sentido pleno de la vida. Lo otro no es incumbencia nuestra y hacemos el ridículo”, declaró.
También dijo que la “decadencia moral” que padece la sociedad española “es la causa de todas las demás crisis”. “Ante esta decadencia moral nos estamos quedando solo con el antropocenmtirmso, que es el peligro y el problema que nos ha traído el Concilio Vaticano II y que considera al hombre como el centro de todo. Antes fue el teocentrismo, que situaba a Dios en el centro de todo. Luego, cuando se descubrió que la tierra era redonda, vino el geocentrismo, que nos consideraba el ombligo del universo y ahora hemos acabado en el antropocentrismo, de tal modo que si antes Dios se hizo hombre, ahora el hombre pretende hacerse Dios”.
Al ser preguntado sobre los curas de origen sudamericano que están llegando a España fruto de la falta de vocaciones autóctonas, el Padre Calvo lamentó que el Concilio Vatiocano II pusiera fin al rigor de “de la teología dogmática”. “La formación que reciben los curas ya no es la misma. El reglamento de los seminarios tampoco es el mismo. Pío XII, antes de ser Papa, defendió la creación de seminarios para la formasción de los jóvenes que viniesen de fuera. Se rieron de él y nuestro tiempo le ha dado la razón”.
Zerolo y la pena capital
Especialmente controvertidas fueron las palabras del Padre Calvo sobre el cáncer que padece el dirigente socialista Pedro Zerolo y que están siendo reproducidas por numerosos medios informativos españoles en las últimas horas: “Una cosa es lo personal y otra condenar el pecado. En la misma teología se sabe que el pecado tiene su sanción, su castigo. No me extrañaría nada que la enfermedad de Zerolo fuese también un efecto de la Divina Providencia, que intenta ejemplarizar con los que se ríen de la virtud”, manifestó.
Por último, el sacerdote leonés aseguró que “hay mucha basura social” y defendió la vigencia de la pena capital por ser, dijo, “doctrina católica”. Y apostilló: “Habría que eliminar a mucha gentuza que está haciendo la vida imposible a los inocentes”.
Setenta e cinco sírios vão para a Turquia. Daí seguem para Marrocos, de onde saem para a Guiné-Bissau (onde está a famosa solidariedade árabe?). Agora estão em Portugal e vão pedir o estatuto de refugiados. Foram enfiados á força num avião da TAP, sob ameaça das autoridades guineenses. É assim, este país. Já nem os guineenses nos respeitam. Num estado a sério, a esta hora já se tinham pegado em 75 guineenses ilegais (já para não falar em 750) e recambiado para África. Mas como isto é uma anedota, o máximo que se fez foi suspender o próximo vôo da TAP para Bissau, até estarem reunidas condições de segurança. Certo. Deportassem para lá umas boas dezenas de ilegais africanos e podia ser que nos começassem a respeitar. Assim, obviamente, Portugal continua a ser alvo de chacota internacional a quem até um estado-falhado consegue impor situações de facto.
Cidadãos numa manifestação contra a violência policial e o vandalismo na periferia de Estocolmo, 22 de maio de 2013
AFP
A Suécia crê-se uma sociedade homogénea e igualitária. Na realidade, o país tem dificuldade em integrar as suas minorias e a segregação está na ordem do dia.
Para Nazanin Johansson, nunca houve problema. Evidentemente, repara-se nela por causa dos seus cabelos escuros, dos olhos castanhos e dos seus traços persas. E ela sabe que, mais do que qualquer outra pessoa, tem de dar o seu melhor. Apesar disso, para ela, a Suécia é um país que vale a pena. Onde, por exemplo e tal como ela, alguém se pode tornar uma dinâmica mediadora de um centro de emprego num bairro difícil.
Mas é preciso muita vontade. No entanto, quando Nazanin fala com os jovens, por vezes, tem dúvidas. “Eles querem um bom emprego, mas só se for uma coisa gira. E não querem começar de baixo. Por vezes, esquecemo-nos que a mentalidade de um grande número de jovens é um fator importante.”
Durante uma semana, houve carros incendiados e confrontos com a polícia.
Nazanin trabalha no centro de emprego de Kista, um subúrbio de Estocolmo, que também é o centro tecnológico da capital sueca. Mas Kista também fica situado entre Rinkeby, Husby e Tensta, os bairros onde rebentaram os motins desencadeados por jovens e que fizeram as primeiras páginas dos jornais, em maio passado. Durante uma semana, houve carros incendiados e confrontos com a polícia.
As imagens que vinham da Suécia deram a volta ao mundo. Um sentimento de raiva num país onde o governo toma conta das pessoas desde o primeiro grito até ao seu último suspiro? Racismo e segregação no país mais igualitário do mundo?
As desigualdades aumentaram
Rapidamente se tornou evidente que era verdade. Enquanto o mundo estava distraído, o modelo sueco era posto em causa. Depois de uma bolha económica durante a década de 1990, a coligação de centro-direita, liderada por Fredrik Reinfeldt, em 2006, cortou as despesas públicas, ao mesmo tempo que baixava a taxa máxima de imposto.
A Suécia continua a ser uma sociedade igualitária, mas as desigualdades aumentaram mais do que em qualquer outro país da Europa. Tal como no resto da Europa, os imigrantes, os trabalhadores pouco qualificados e os jovens – sobretudo os rapazes -, são os mais desfavorecidos. E tal como no resto da Europa, há muitos arruaceiros em todas essas categorias.
A Suécia concede, todos os anos, cada vez mais vistos de residência, ao contrário de muitos países da Europa, onde esse número baixou. Os 110 mil vistos concedidos em 2012 foram um recorde. Entre os refugiados há agora, sobretudo, sírios, somalis, iraquianos e ciganos.
Sair dos subúrbios, contudo, é agora muito mais difícil para eles do que foi para quem chegou anteriormente. Há menos empregos, a sociedade tornou-se mais complexa, a fasquia está muito mais alta. “Gostava de ser vigilante mas, para isso, preciso de ter carta de condução” explica, por exemplo, Sameh Sakr, um egípcio de 22 anos que mora no bairro de Hallunda. “Uma carta de condução”, ironiza. “Mas onde vou arranjar dinheiro para a pagar?”
Rumo às comunidades fechadas
Na Suécia, a segregação é enorme. Em Estocolmo, a maior parte dos imigrantes vive em cidades-jardins que se estendem ao longo da linha de metro azul, que recebeu a alcunha de Expresso do Oriente. São prédios de betão de três a sete andares, construídos nos anos 1960 e 1970.
Em alguns bairros, 80% das pessoas que ali vivem são imigrantes de primeira ou de segunda geração.
Em alguns bairros, 80% das pessoas que ali vivem são imigrantes de primeira ou de segunda geração e 50% estão desempregadas, contra os 8% de taxa global de desemprego da Suécia. Um imigrante em cada quatro não acabou a escolaridade. E se 3% das crianças suecas são pobres, essa taxa sobe para os 40% entre as crianças filhas de imigrantes.
Em termos de habitação, existe separação entre ricos e pobres em todas as cidades da Europa. Mas, em Estocolmo, há ilhas e vastas zonas verdes entre os bairros, o que faz com que as classes prósperas se tornem quase automaticamente gated communities, comunidades fechadas. O bairro de Nockeby está cheio de moradias completamente equipadas com sistemas de alarme. Em contrapartida, perto da estação de metro de Rinkeby, há homens deitados nos bancos da rua. Há, também, um café turco e um bazar somali, mas não há uma caixa Multibanco.
Como é possível que a igualitária Suécia tenha deixado crescer a este ponto as suas estatísticas alarmantes e as suas ilhas de descontentamento? Não é porque os poderes públicos não se interessam pelo assunto. Pelo contrário, o Ministério da Integração e do Emprego quer criar empregos “trampolim” subsidiados e diversificar os cursos de sueco, para que um engenheiro iraquiano não tenha de frequentar as aulas do mesmo nível que um somali que mal sabe ler.
Falar Rinkeby-Svenska, um obstáculo
O ministro da Integração, Erik Ullenhag, defende que não há razão para implantar uma política mais restritiva em matéria de refugiados, como deseja o partido xenófobo dos Democratas Suecos. “Entendemos que se trata de um problema económico e de um problema dos jovens e não de um problema de imigração. Quando endurecemos o tom em relação aos imigrantes estamos, enquanto país, a atentar contra a sua dignidade. Prejudicamos ainda mais a posição de quem já é prejudicado. Além disso, a Suécia precisa de imigrantes.”
Tobias Hübinette, investigador especializado em questões de imigração no Centro Multicultural no subúrbio meridional de Botkyrka, diz que, na realidade, os imigrantes precisam duma enorme vontade, de muita perseverança e de sorte para ultrapassarem o fosso dos salários, da educação e também da diferença étnica.
Frequentemente não são considerados suecos, mesmo que já tenham nascido na Suécia
Frequentemente não são considerados suecos, mesmo que já tenham nascido na Suécia. Por exemplo, quem fala Rinkeby-Svenska, o sueco com sotaque, não tem a menor possibilidade de arranjar um emprego.
Um debate multicultural atrasado
Ullenhag tem a solução: um novo “nós” para a Europa. “Não gosto do facto de, na Europa, o “nós” se referir sempre ao passado. Nos Estados Unidos todas as pessoas que moram em território americano são americanas. Ali, o “nós” está virado para o futuro. É preciso que também seja assim na Europa.”
“Seria tudo muito diferente se começássemos por reconhecer que já não somos o país homogéneo onde toda a gente é igual”, diz o escritor e jornalista Viggo Cavling.
Mas é precisamente isso que a Suécia tem dificuldade em reconhecer, segundo o investigador em imigração Hübinette. “Atualmente, há 19 % de suecos com um ou até mesmo os dois dos seus progenitores de origem estrangeira. Mas ainda não temos consciência disso. É preciso não esquecer que a Suécia nunca teve colónias. É sobretudo por isso que a Suécia é um país nacionalista. Os suecos não gostam apenas de fazer bem, também nos achamos muito bons. Acolhemos voluntariamente os refugiados mas temos dificuldade em reconhecer que os deixamos à mercê de situações inadmissíveis. Temos duas décadas de atraso no debate multicultural.”
A série de políticas anti-imigração envia uma clara mensagem aos visitantes estrangeiros do Reino Unido – afastem-se. O Reino Unido precisa de uma política de imigração inteligente e eficaz, e não de políticos que apenas se exibem para o setor populista da opinião pública, escreve um colunista do “Financial Times”.
Parem o mundo. O Reino Unido quer sair. Os Jogos Olímpicos de 2012 foram uma gloriosa celebração da diversidade. Londres apresentou-se como um centro global incomparável. Os heróis locais dos jogos – atletas como Mo Farah e Jessica Ennis – refletiram uma nova visão, de horizontes largos, da entidade britânica. Mas isso foi naquele momento e já passou.
Turistas, estudantes, empresários – todos são candidatos a imigrantes ilegais
Um ano depois, a política da nação faz troar o som do fecho violento das portas. A mensagem para os estrangeiros é tristemente simples: afastem-se. Os Conservadores de David Cameron prometem um referendo que pode levar o Reino Unido a romper o compromisso com a Europa. Houve um tempo em que esses céticos apresentavam uma alternativa: desistam da Europa e olhem para o mundo. Agora não. As barricadas estão a ser levantadas contra tudo e todos. Turistas, estudantes, empresários – todos são candidatos a imigrantes ilegais.
Paranoia reinante
Há dias, o Ministério do Interior, responsável pelo controlo das fronteiras, deu um vislumbre da perniciosa deriva populista da política do governo. Camiões com cartazes publicitários foram mobilizados para zonas etnicamente diversas de Londres. A mensagem? Os imigrantes ilegais têm de “voltar para o seu país ou ser presos”. Os Democratas Liberais, o mais jovem partido da coligação de Cameron,protestou, argumentando que a iniciativa é estúpida e ofensiva. Impassível, o gabinete do primeiro-ministro disse que a campanha se devia estender a todo o país.
O Ministério do Interior planeia ainda exigir que os visitantes de países de “alto risco” paguem uma caução de 3000 libras esterlinas [quase 3500 euros] em dinheiro para entrar no Reino Unido. O objetivo, diz, é impedir “prolongamentos de permanência” e recuperar despesas no caso de os visitantes necessitarem de cuidados de saúde. Os países assinalados são Índia, Nigéria, Quénia, Paquistão, Sri Lanka e Bangladeche. Não deixaram de anotar que nações predominantemente “brancas”, como os Estados Unidos, Canadá, Austrália e
Nova Zelândia ficariam isentas.
Mais perto de casa, o Governo promete restringir o acesso de romenos e búlgaros. Os cidadãos desses países da União Europeia passarão a usufruir de livre circulação por toda a União quando as restrições transitórias expirarem, no próximo ano. Os tabloides britânicos já estão cheios de histórias terríficas sobre as hordas de “turistas por subsídios”. Não interessa nada que os imigrantes sejam menos propensos a reivindicar segurança social do que os britânicos.
O governo está a exibir-se para a sua galeria populista. O primeiro-ministro descartou a noção inclusiva de “grande sociedade”, que em tempos considerou a sua marca distintiva. Os nacionalistas integralistas do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP) ultrapassaram os Conservadores pela direita. Estagnação económica e austeridade fiscal causam ressentimentos na opinião pública. Cameron chamou em tempos aos partidários do UKIP “racistas não assumidos”. Hoje, faz-lhes a corte.
O ambiente de paranoia é agitado por grupos de pressão como o Migration Watch UK. Sir Andrew Green, antigo diplomata que chefia aquele grupo de reflexão, acena com um estudo que declara que os “brancos britânicos” (frase de Sir Andrew) podem vir a ser uma minoria na segunda metade do século.
Alguns de entre nós perguntam: “E depois?” Quando Farah e Ennis – um da Somália, a outra com antepassados nas Caraíbas – nos deram extraordinárias alegrias, parecia justo supor que o Reino Unido tinha deixado para trás a cor da pele como marcador de identidade nacional. Não me lembro de queixas de serem “negros britânicos” quando alcançaram as suas medalhas de ouro. Infelizmente, tais triunfos não atravessam a couraça da xenofobia dos nossos condados ingleses da periferia de Londres.
O Reino Unido precisa de uma política de imigração inteligente e eficaz. As pessoas querem um sistema justo, eficiente e não desnecessariamente perturbador das comunidades locais. O anterior governo trabalhista subestimou lamentavelmente o número de imigrantes de Estados outrora comunistas após a sua adesão à UE. Uma política de portas abertas combinada com uma governação negligente produziu uma perceção generalizada de que a imigração tinha fugido de controlo.
300 mil casos de asilo por resolver
Para o atual governo, no entanto, pânico moral e gestos populistas tornaram-se um meio de distração da sua própria incapacidade de dominar o sistema. E é muito mais fácil culpar os imigrantes de ocuparem postos de trabalho do que resolver as falhas de um sistema de educação que produz tantos jovens desmotivados e desqualificados.
Ainda há dias, uma comissão de deputados declarou que a contagem oficial de imigrantes se baseia em “suposições”. Isso não surpreende, uma vez que não é feita a verificação de passaportes ou vistos dos visitantes que saem do país. Estas suposições dizem que a imigração líquida desceu acentuadamente. Provavelmente, é verdade. Mas a queda deve-se em grande parte à contenção do número de estudantes de além-mar.
Nações como o Canadá, os Estados Unidos e a Austrália não contam os estudantes como imigrantes permanentes, pela razão óbvia de que a maioria vai regressar ao país de origem. Por seu lado, o sistema de vistos britânico é uma desordem, os controlos de entrada no aeroporto londrino de Heathrow são um desastre e 300 mil pedidos de asilo e imigração estão por resolver.
A meta oficial para reduzir a imigração líquida para poucas dezenas de milhares de pessoas está crivada de contradições. Presume-se que o número de oriundos do Brasil e dos Estados Unidos deva subir ou descer em função do número de britânicos que vão reformar-se para o sol espanhol. Se os canalizadores polacos voltarem para casa, o Reino Unido pode receber mais engenheiros indianos – e vice-versa.
Por trás destas idiotices, reside um perigo muito maior. O Reino Unido foi em tempos um grande defensor do sistema internacional liberal, aberto. Agora está a redefinir-se perante o mundo como uma vítima ressentida. Empenha-se em sair da Europa e os imigrantes falam de colapso da confiança nacional. As consequências económicas seriam catastróficas. Porque havia qualquer empresário bem pensante, por exemplo, da China, da Índia ou do Brasil, de investir num país que lhe nega o acesso à União Europeia e declara os seus compatriotas visitantes indesejáveis?
O Reino Unido pode estar prestes a dar o salto, mas o mundo continuará a girar.
A Áustria, onde os democratas-cristãos fazem parte da coligação, está a deportar refugiados paquistaneses, condenando-os praticamente à morte. E, no entanto, poucas semanas antes o Papa Francisco tinha falado em defesa deles. As suas palavras moveram muitas pessoas, mas pelos vistos não chegaram aos ouvidos dos políticos austríacos, realça a Gazeta Wyborcza.
Toda esta terrível história nunca teria acontecido se os imigrantes paquistaneses em situação irregular, que pediram asilo na Áustria, se tivessem mantido em silêncio. Mas, por pensar que estavam num país democrático, decidiram pedir publicamente um tratamento digno. Em vez de passar o resto das suas vidas em campos de refugiados sobrepovoados em Traiskirchen perto de Viena e trabalhar de forma ilegal, decidiram sair às ruas, no mês de novembro do ano passado, para se manifestar contra as condições precárias nas quais se encontravam.
A polícia expulsou-os imediatamente. Conseguiram encontrar refúgio numa das igrejas e, mais tarde, foi-lhes oferecido abrigo pelo mosteiro da Ordem dos Servos de Maria. Mas no domingo do dia 4 de agosto, as autoridades, que não se esqueceram do que ocorrera, prenderam e deportaram imediatamente 8 dos 40 paquistaneses envolvidos na manifestação.
As autoridades declararam que nada poderá impedir o plano de funcionar como previsto
Os ativistas austríacos que, juntamente com a Igreja Católica, apoiam os refugiados paquistaneses, tomaram várias iniciativas para impedir a sua deportação. Um dos ativistas comprou um bilhete de avião para o mesmo voo que iria deportar um paquistanês e tentou impedi-lo de arrancar, mas foi rapidamente neutralizado pela polícia. Pior ainda, os polícias voltaram-se contra os próprios ativistas. Três pessoas foram detidas por tráfico de seres humanos na semana passada, e a polícia revistou o mosteiro. As autoridades declararam que nada poderá impedir o plano de funcionar como previsto.
Medo e impotência
Para eles, a deportação é uma condenação à morte: pelas forças de segurança ou pelos talibãs
Não estaria a escrever sobre este assunto com tanto pormenor se não tivesse conhecido em pessoa os refugiados do mosteiro de Viena. Passei umas horas com eles em abril. Os seus olhos refletiam um sentimento de medo e de impotência. A maioria era defensora dos direitos humanos no Paquistão e teve de fugir do país. Para eles, a deportação é uma condenação à morte: pelas forças de segurança ou pelos talibãs.
Os candidatos ao asilo não percebiam como é que o Governo austríaco considerava o seu país de origem um oásis de democracia. O próprio ministro dos Negócios Estrangeiros, adiantaram eles, lançou avisos aos turistas austríacos para se manterem longe do Paquistão. Portanto, por que é que as autoridades disseram, relativamente aos refugiados, que estes não corriam perigo e que podiam ser deportados?
A Áustria é, sem dúvida alguma, um país governado por leis, com regulamentos sobre o tratamento dos imigrantes. Também é verdade que muitos asiáticos e/ou africanos vêm para a Europa por razões exclusivamente económicas, utilizando a perseguição política e religiosa como pretexto.
Um pequeno país como a Áustria não pode simplesmente acolhê-los a todos. No entanto, a lei não deve ser aplicada de forma generalizada. Cada caso individual deveria ser tratado atempadamente. Os refugiados não são animais. Além disso, há anos que a opinião pública tem conhecimento das condições dos campos de refugiados na Áustria, que são escandalosas.
Condições terríveis
Mas o Governo em Viena nunca se preocupou com as críticas e acabou por escolher a pior forma de resolver o problema. A deportação dos paquistaneses começou na véspera das campanhas eleitorais, numa altura em que o principal defensor dos refugiados, o Cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, estava fora do país e não podia, portanto, intervir em sua defesa. Neste contexto, as alegações segundo as quais a coligação (SPÖ, socialista, e ÖVP, democrata-cristão) está a tirar partido desta situação para reforçar a sua influência política, atraindo a simpatia do povo, não são de todo surpreendentes.
Mas a Áustria não é o único país em que os refugiados enfrentam condições terríveis. Na Grécia, a polícia de fronteiras persegue-os como se fossem gado. Os italianos enviaram furtivamente imigrantes africanos para a Alemanha. No Reino Unido, uma recente campanha governamental alerta os imigrantes clandestinos que, se não saírem do país, acabarão presos. Na Polónia, como o demonstrou recentemente um canal de televisão público, os centros de detenção para refugiados funcionam como verdadeiras prisões.
Há um mês, na ilha italiana Lampedusa, onde milhares de africanos, que chegam de barco, encontram temporariamente refúgio, o Papa Francisco declarou que queria convencer os católicos a mudar de atitude em relação à tragédia que abala os imigrantes. Quer que comecemos a tratá-los como pessoas necessitadas. Quando é que a Europa começará a dar-lhe ouvidos?
Bartosz T. Wieliński A Áustria, onde os democratas-cristãos fazem parte da coligação, está a deportar refugiados paquistaneses, condenando-os praticamente à morte. E, no entanto, poucas semanas antes o Papa Francisco tinha falado em defesa deles. As suas palavras moveram muitas pessoas, mas pelos vistos não chegaram aos ouvidos dos políticos austríacos, realça a Gazeta Wyborcza.
Toda esta terrível história nunca teria acontecido se os imigrantes paquistaneses em situação irregular, que pediram asilo na Áustria, se tivessem mantido em silêncio. Mas, por pensar que estavam num país democrático, decidiram pedir publicamente um tratamento digno. Em vez de passar o resto das suas vidas em campos de refugiados sobrepovoados em Traiskirchen perto de Viena e trabalhar de forma ilegal, decidiram sair às ruas, no mês de novembro do ano passado, para se manifestar contra as condições precárias nas quais se encontravam.
A polícia expulsou-os imediatamente. Conseguiram encontrar refúgio numa das igrejas e, mais tarde, foi-lhes oferecido abrigo pelo mosteiro da Ordem dos Servos de Maria. Mas no domingo do dia 4 de agosto, as autoridades, que não se esqueceram do que ocorrera, prenderam e deportaram imediatamente 8 dos 40 paquistaneses envolvidos na manifestação.
As autoridades declararam que nada poderá impedir o plano de funcionar como previsto
Os ativistas austríacos que, juntamente com a Igreja Católica, apoiam os refugiados paquistaneses, tomaram várias iniciativas para impedir a sua deportação. Um dos ativistas comprou um bilhete de avião para o mesmo voo que iria deportar um paquistanês e tentou impedi-lo de arrancar, mas foi rapidamente neutralizado pela polícia. Pior ainda, os polícias voltaram-se contra os próprios ativistas. Três pessoas foram detidas por tráfico de seres humanos na semana passada, e a polícia revistou o mosteiro. As autoridades declararam que nada poderá impedir o plano de funcionar como previsto.
Medo e impotência
Para eles, a deportação é uma condenação à morte: pelas forças de segurança ou pelos talibãs
Não estaria a escrever sobre este assunto com tanto pormenor se não tivesse conhecido em pessoa os refugiados do mosteiro de Viena. Passei umas horas com eles em abril. Os seus olhos refletiam um sentimento de medo e de impotência. A maioria era defensora dos direitos humanos no Paquistão e teve de fugir do país. Para eles, a deportação é uma condenação à morte: pelas forças de segurança ou pelos talibãs.
Os candidatos ao asilo não percebiam como é que o Governo austríaco considerava o seu país de origem um oásis de democracia. O próprio ministro dos Negócios Estrangeiros, adiantaram eles, lançou avisos aos turistas austríacos para se manterem longe do Paquistão. Portanto, por que é que as autoridades disseram, relativamente aos refugiados, que estes não corriam perigo e que podiam ser deportados?
A Áustria é, sem dúvida alguma, um país governado por leis, com regulamentos sobre o tratamento dos imigrantes. Também é verdade que muitos asiáticos e/ou africanos vêm para a Europa por razões exclusivamente económicas, utilizando a perseguição política e religiosa como pretexto.
Um pequeno país como a Áustria não pode simplesmente acolhê-los a todos. No entanto, a lei não deve ser aplicada de forma generalizada. Cada caso individual deveria ser tratado atempadamente. Os refugiados não são animais. Além disso, há anos que a opinião pública tem conhecimento das condições dos campos de refugiados na Áustria, que são escandalosas.
Condições terríveis
Mas o Governo em Viena nunca se preocupou com as críticas e acabou por escolher a pior forma de resolver o problema. A deportação dos paquistaneses começou na véspera das campanhas eleitorais, numa altura em que o principal defensor dos refugiados, o Cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, estava fora do país e não podia, portanto, intervir em sua defesa. Neste contexto, as alegações segundo as quais a coligação (SPÖ, socialista, e ÖVP, democrata-cristão) está a tirar partido desta situação para reforçar a sua influência política, atraindo a simpatia do povo, não são de todo surpreendentes.
Mas a Áustria não é o único país em que os refugiados enfrentam condições terríveis. Na Grécia, a polícia de fronteiras persegue-os como se fossem gado. Os italianos enviaram furtivamente imigrantes africanos para a Alemanha. No Reino Unido, uma recente campanha governamental alerta os imigrantes clandestinos que, se não saírem do país, acabarão presos. Na Polónia, como o demonstrou recentemente um canal de televisão público, os centros de detenção para refugiados funcionam como verdadeiras prisões.
Há um mês, na ilha italiana Lampedusa, onde milhares de africanos, que chegam de barco, encontram temporariamente refúgio, o Papa Francisco declarou que queria convencer os católicos a mudar de atitude em relação à tragédia que abala os imigrantes. Quer que comecemos a tratá-los como pessoas necessitadas. Quando é que a Europa começará a dar-lhe ouvidos?