Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

A-24

Rússia, país com passado imprevisível

por A-24, em 15.12.14

José Milhazes

Na Rússia o o passado é revisto, na maior parte das vezes, para justificar os devaneios do presente. Como o passado é imprevisível, também os amigos de ontem são os inimigos de hoje.

Os russos dizem que “a Rússia é um país com um passado imprevisível” para sublinhar que a história pode ser reescrita ao sabor dos desejos do senhor no poder. O problema é que o passado é revisto, na maior parte das vezes, para justificar os devaneios do presente.

Quando eu estava na Faculdade de História da Universidade de Moscovo, um professor mais ousado e aberto da disciplina de História do Partido Comunista da União Soviética decidiu mostrar-nos como é que isso se fazia na prática. Trouxe-nos três livros sobre o mesmo tema: a revolução comunista de 1917, escritos entre 1918 e 1929. No primeiro, os principais mentores e realizadores do golpe são Vladimir Lenine e Lev Trotski, aparecendo José Estaline num lugar insignificante; no segundo, Trotski desaparece, passando Lénine a ser acompanhado na direcção por Estaline e, no terceiro, Trotski passa a adversário, Estaline a figura central e Lenine a ajudante do ditador soviético.

Recentemente, realizou-se um Concílio Mundial do Povo Russo, cujo dirigente máximo é o Kirill I, Patriarca de Moscovo e de toda a Rússia. Nele participaram altos dirigentes religiosos, políticos e militares.

Ora aí foi decidido definir quem se pode considerar russo. Segundo uma declaração aprovada, “russo é aquele que se considera russo; que não possui outras preferências étnicas e que pensa em língua russa; que reconhece no cristianismo ortodoxo a base da cultura espiritual nacional; que sente solidariedade com o destino do povo russo”.

Com apenas esta definição deixam de ser russos Piotr Tchaadaev pensador católico do séc. XIX, ou o poeta ateu Vladimir Maiakovski ou até um dos maiores dos clássicos da literatura mundial Lev Tolstoi, que, como é sabido, foi excomungado pela Igreja Ortodoxa Russa por criticar duramente a sua doutrina e prática. Mas a lista de excluídos poderá ser bem mais extensa.

Num país multinacional como a Rússia, o aparecimento de semelhantes “definições” é extremamente perigoso, pois cria ou acentua novas linhas fracturantes na sociedade.

Aqui, não posso deixar dar razão ao Presidente Putin que escreveu há dois anos atrás: “Para a Rússia, com a sua multiplicidade de línguas, tradições, etnias e culturas, a questão nacional, sem qualquer tipo de exagero, tem um carácter fundamental. Qualquer político responsável, activista social, deve ter presente que a concórdia cívica e entre nacionalidades é uma das principais condições da própria existência do nosso país”.

Mas os tempos mudaram e talvez a nova definição de russo esteja mais na moda entre as elites políticas e religiosas do país. Afinal, o passado é imprevisível e os amigos de ontem são os inimigos de hoje.

Julian Assange: “O avanço da civilização pode levar-nos ao totalitarismo”

por A-24, em 12.12.14

Observador

O fundador do Wikileaks criticou a Google, que acusa de ser muito ambiciosa e que tenderá a tornar-se líder de mercado e a centralizar toda a informação.

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, advertiu hoje para o perigo de a civilização atual caminhar para o totalitarismo, em resultado da centralização de informação, e recomendou aos cibernautas a procura de caminhos alternativos a essa centralização.

O aviso foi dado num debate realizado em Lisboa, via teleconferência, emitida da embaixada do Equador em Londres, onde Assange reside há dois anos. Assange intervinha no âmbito do fórum “Reagir contra a vigilância de massas: abrir o espaço à sociedade”, integrado no Festival de Cinema de Lisboa e Estoril (L&EFFest).

“O avanço da civilização, em termos de tecnologia complexa, pode levar-nos ao totalitarismo, como resultado da centralização de informação? Essa é a verdadeira questão que tem de ser respondida”, disse o australiano, que desde meados 2012 está refugiado naquela embaixada, após o Supremo Tribunal britânico ter autorizado a sua extradição.

Assange salientou que a globalização tende a ter como resultado um líder de mercado, como a Google, e defendeu que “podemos estar a caminhar” para uma situação de centralização em todo o mundo.

“A verdade é que, à medida que os serviços de inteligência se tornam mais poderosos e mais secretos, e aumenta o fenómeno generalizado de ligação nas comunicações entre indivíduos, esses serviços tornam-se mais livres e poderosos e não há forma de escapar”, avisou.

E Assange foi ainda mais longe nas acusações à Google, defendendo que é uma empresa que está a crescer e é muito ambiciosa, e que essa ambição não acontece só nas ligações que a Google cria com o Governo e o poder norte-americanos, mas também porque a Google chega a qualquer canto do mundo.

“Vigiar cada pessoa, saber onde está, o que cada um de nós está a fazer, a ler, quem contacta”, precisou, defendendo que todos os que usam a internet, o facebook, o gmail, devem encontrar caminhos que permitam fugir dessa centralização da informação.

Assange defendeu ainda que, independentemente da verdade sobre os motivos da criação da Google, o seu modelo básico assenta no mesmo dos sistemas de segurança nacional, arrecadando informação de todo o mundo, tratando-a e organizando-a para cada pessoa.

E rebateu ainda os argumentos dos cibernautas que dizem não temer a Google ou a internet, por não terem nada a esconder: “A minha primeira pergunta é: o que está errado contigo? Deves ser muito aborrecido. Vai imediatamente arranjar algo para esconder”, disse, provocando o riso da plateia, na maioria composta por jovens.

“Estamos todos ligados, juntos, a informação viaja de uns para outros, somos amigos uns dos outros, direta ou indiretamente”, constatou, explicando que, se alguém usa o gmail para contacta uma pessoa ou publica algo sobre ela no facebook, acaba por dar informação sobre essa pessoa e sobre os seus familiares.

Assange defendeu que um dos passos importantes é tomar consciência sobre a centralização de informação e adquirir novos conhecimentos sobre alternativas de fugir a esse controlo, e recomendou: “Vão à pagina da wikileaks e comecem por ler um documento chamado ‘Google Is Not What It Seems’ (a Google não é o que parece)”.

Julian Assange revelou ainda que a WikiLeaks se prepara para libertar mais documentos secretos, mas não deu mais pormenores.

Prisão preventiva

por A-24, em 11.12.14
Via Blasfémias

Qualquer que seja o motivo que leva a uma prisão preventiva, ele será sempre uma confissão de incompetência do estado. Incompetência em evitar que o suspeito fuja do país, incompetência em evitar que ele prejudique o andamento do inquérito, incompetência em evitar que ele perturbe a ordem social, e, obviamente, nos países que permitem períodos dilatados desse regime, incompetência em acusá-lo, julgá-lo e condená-lo num período de tempo razoável para todos os envolvidos no processo. Deste modo, fora dos crimes de sangue detectados em flagrante delito, ou de cuja autoria subsistam poucas dúvidas, dificilmente qualquer outra prisão preventiva não deixará de ser também uma grave censura para o estado que a comete.

Como chegar à reforma com um milhão de euros

por A-24, em 11.12.14
Diário Económico


Utilize o novo simulador do Económico para descobrir o que tem de fazer para chegar aos 65 anos com um milhão de euros para gastar.
Descubra como chegar à reforma com um milhão de euros
Chegar aos 65 anos com um pé-de-meia no valor de um milhão de euros é possível. Mas para isso terá de começar a poupar muito cedo, estar disposto a correr alguma dose de risco e fazer poupanças mensais consideráveis. O Diário Económico apresenta-lhe oito cenários para conseguir ser milionário.

Confortavelmente deitado numa espreguiçadeira de lona à sombra de uma palmeira, numa praia de areia branca, virado para um mar azul turquesa, num paraíso terreno e uma conta bancária com um saldo milionário. É desta forma que muitos portugueses gostariam de se ver a gozar uma reforma confortável. O que muitas vezes desconhecem é o valor que terão de colocar de parte ao longo da vida para conseguir concretizar esse sonho, sobretudo tendo em conta que cada vez é mais difícil poupar. Mas, segundo cálculos efectuados através da nova "Calculadora Milionária" do site do Diário Económico (www.economico.pt) que estará disponível a partir de hoje, fique a saber que se colocar de parte todos os meses pouco mais de oito euros poderá chegar à idade da reforma com um milhão de euros de poupança.

Mas como seria de imaginar também aqui "não há almoços grátis". Para lhe ser suficiente poupar esse montante terá de ter um determinado perfil. Nesse caso, um dos requisitos necessários era já ter uma poupança inicial de 40 mil euros mas ao mesmo tempo estabelecer uma poupança mensal de oito euros desde os 25 anos. Como explica Gonçalo Gomes da direcção de marketing do Activobank, "quanto mais cedo começarmos a poupar para a reforma, maior será o potencial de valorização do investimento realizado, fruto do efeito capitalização: é realmente diferente começar a poup
ar aos 30 ou aos 35 anos". O poder da capitalização de juros (juros sobre juros) pode ver-se no seguinte exemplo. O investimento de 10 mil euros a cinco anos com uma taxa de juro líquida de 3% e pagamento de juros anuais, permite alcançar no final do prazo 1.613,14 euros em juros. Sem capitalização de juros, esse valor baixa para 1.500 euros. Num horizonte temporal mais alargado maior será o impacto.

Também associada à idade em que começamos a poupar é a estrutura dos investimentos. Quanto mais novos começarmos a poupar, maior será a apetência para o risco, uma vez que este se dilui no longo prazo e mais atractivas também se tornam as taxas de rendibilidade. Como explica Gonçalo Gomes, "não existindo uma fórmula que funcione da mesma forma para todos [...] quanto mais longe estivermos do momento da reforma, maior risco podemos assumir e com o aproximar dessa data poderemos começar a trocar activos de maior risco por activos de menor risco, reduzindo o eventual impacto que grandes alterações de curto prazo no mercado possam ter na carteira de investimentos". Com base numa análise histórica, no longo prazo o investimento em produtos financeiros mais arriscados como as acções permitem alcançar retornos reais médios anuais próximos dos 6%. Activos menos arriscados como as obrigações oferecem remunerações reais muito mais baixas.

Numa das simulações, alguém que começasse a poupar aos 35 anos e já tivesse um pé-de-meia de 10 mil euros, se apostasse em activos com um retorno médio anual de 8%, teria que colocar de parte todos os meses 594 euros para chegar à idade de reforma com um milhão de euros. Se a remuneração fosse de apenas 2%, a poupança mensal subiria para 1.989 euros.

Independentemente da estratégia que escolher, um dado é certo: reunir um milhão de euros através da poupança não é facilmente concretizável para a maior parte das pessoas. Até porque as famílias portuguesas estão entre as mais conservadoras, no que diz respeito aos investimentos. Segundo um estudo da CMVM sobre o perfil do investidor português, apenas 9,2% de todas as famílias consideradas estão dispostas a correr os riscos inerentes ao investimento na bolsa. Mas também existe outra certeza: quanto mais tarde definir a sua estratégia de poupança menos dinheiro conseguirá amealhar. Ou pode apostar numa reforma milionária para o seu filho. Saiba que para tal bastará colocar 56 euros por mês no mealheiro do seu filho de cinco anos para que, pelo menos ele, consiga chegar aos 65 anos com um milhão de euros.
Oito formas para atingir a meta de 1 milhão de euros

Começar cedo

Idade: 25 anos
Horizonte de poupança: 40 anos
Poupança Inicial: 10.000 euros
Retorno anual: 5,5%
Mesmo quem esteja a começar a sua vida profissional e tenha já 10.000 euros de parte terá de poupar mensalmente cerca de 520 euros para conseguir chegar aos 65 anos com um milhão de euros. E para isso terá de apostar em activos que rendam em média 5,5% por ano.

Começar tarde

Idade: 45 anos
Horizonte de poupança: 20 anos
Poupança Inicial: 10.000 euros
Retorno anual: 5,5%
Para quem começar a apostar no conforto da sua reforma apenas aos 45 anos de idade irá enfrentar um cenário de poupança "hercúleo". Todos os meses terá que colocar no mealheiro 2.217 euros dos seus rendimentos bem como investir em activos que lhe permitam um retorno médio anual de 5,5%.

Menor risco

Idade: 35 anos
Horizonte de poupança: 30 anos
Poupança Inicial: 10.000 euros
Retorno anual: 2%
Apostar em activos conservadores tem a vantagem de lhes estar associado um reduzido nível de risco. Contudo, os retornos também serão modestos. Ao escolher aplicações com uma taxa de juro anual média de 2% teria que poupar quase 2.000 euros por mês para ao fim de 30 anos atingir um milhão de euros.

Maior risco

Idade: 35 anos
Horizonte de poupança: 30 anos
Poupança Inicial: 10.000 euros
Retorno anual: 8%
Mesmo escolhendo produtos financeiros remunerados a taxas elevadas e com um horizonte de investimento alargado é muito difícil chegar a milionário. Assumindo uma remuneração média anual de 8% e um horizonte de investimento de 30 anos, mensalmente teria de juntar ao pé-de-meia 594 euros.

Poupança inicial baixa

Idade: 35 anos
Horizonte de poupança: 30 anos
Poupança Inicial: 10.000 euros
Retorno anual: 5,5%
Criar hábitos de poupança é uma das máximas das finanças pessoais. Se já existir um pé-de-meia inicial melhor ainda. Alguém que já tenha no mealheiro 10.000 euros terá que poupar todos os meses mais de 1.000 euros durante 30 anos, assumindo um retorno médio anual de 5,5%, para ser milionário aos 65 anos.

Poupança inicial alta

Idade: 35 anos
Horizonte de poupança: 30 anos
Poupança Inicial: 50.000 euros
Retorno anual: 5,5%
Tendo em conta o cenário anterior mas assumindo a existência de um pé-de-meia inicial de 50.000 euros, a poupança mensal necessária para atingir a meta de um milhão de euros aos 65 anos é mais baixa. Ainda assim terá de colocar de parte um valor substancial: 807 euros por mês.

Menor poupança mensal

Idade: 25 anos
Horizonte de poupança: 40 anos
Poupança Inicial: 40.000 euros
Retorno anual: 8%
Poupar todos os meses apenas oito euros e chegar à idade de reforma milionário é o sonho de grande parte das pessoas. Para conseguir concretizar esse sonho teria que ter uma poupança inicial de 40.000 euros, ter hábitos mensais de poupança desde os 25 anos e investir em activos com uma remuneração média anual de 8%.

De pequenino...

Idade: 5 anos
Horizonte de poupança: 60 anos
Poupança Inicial: 0 euros
Retorno anual: 8%
... Se torce o pepino. Esta será a melhor forma para conseguir chegar à idade de reforma com um mealheiro abastecido com um milhão de euros. O largo horizonte temporal não só minimiza o risco de perdas como exige um nível de poupança mensal bastante acessível. Bastaria colocar todos os meses no mealheiro do seu filho cerca de 56 euros para que, pelo menos ele conseguisse uma reforma milionária.


Allez les Bleus et vive la France!

por A-24, em 11.12.14
Raquel Vaz-Pinto via Malomil

A França é a nação anfitriã do próximo Campeonato da Europa em 2016. E há uma grande expectativa que les bleus consigam repetir os feitos do Europeu de 1984 e do Mundial de 1998 quando Michel Platini e Zinedine Zidane lideraram a equipa francesa à vitória … em casa. Tudo indica que a França já fez a sua «estrada de Damasco» e depois de anos muito tumultuosos voltou à ribalta. Foi difícil levar a cabo a renovação da sua selecção depois de uma geração de ouro que «terminou» em 2006 com a derrota na final face à Itália. Aliás é sempre difícil levar a cabo uma renovação depois de uma geração excepcional (mesmo com imenso talento individual) sendo a Espanha de hoje o caso mais evidente. Em relação à França assistimos a exibições decepcionantes que culminaram com o seu afastamento na fase de grupos no Mundial em 2010. Foi pública a divisão do grupo, a contestação relativa ao episódio Anelka e a relação difícil com o treinador Raymond Domenech. O «escândalo» de ter ficado em último lugar do grupo na África do Sul foi tão grande que ficou célebre a conversa entre o capitão Thierry Henry e o Presidente francês de então Nicholas Sarkozy sobre o «fiasco francês».
Mas a julgar pela presença em massa do público francês nos jogos de preparação (a França como anfitriã está automaticamente qualificada), e dos quais o último em Marselha, no Stade Vélodrome, face à Suécia a 19 de Novembro é um excelente exemplo, diria que os anos tumultuosos e infelizes são águas passadas. Do ponto de vista do «regresso do público» o momento de viragem foi a vitória francesa em casa, em 2013, face à Ucrânia no caminho para a «Copa» no Brasil. Os franceses conseguiram anular a vantagem de dois golos dos ucranianos e acabaram por vencer por 3 a zero.








O nacionalismo francês e o orgulho na sua selecção nacional voltaram a estar na moda. Esta vaga nacionalista é, obviamente, potenciada e instrumentalizada pela elite política com o intuito de projectar a imagem de uma França «poderosa» além-fronteiras.
No entanto, esta mensagem de apoio à selecção não é consensual na vida política francesa quando incluímos a Frente Nacional. Sem dúvida que a actual líder, Marine Le Pen, tem um discurso muito mais inteligente que o seu pai mas a questão mantém-se para os seus correligionários: esta selecção representa a França? O que é a identidade francesa face à imigração? Há um modelo? Os filhos de imigrantes nascidos em França são «verdadeiros» franceses?


Mas na formulação destas perguntas os franceses da Frente Nacional não estão sozinhos a nível europeu. Ainda neste fim-de-semana a Suíça teve mais um referendo onde a questão da imigração foi um tema forte. Não deixa de ser curioso que uma das maiores vítimas de uma política mais restritiva será a … selecção suíça. Se olharmos para os jogadores que venceram a Lituânia no último jogo relativo à qualificação para o Campeonato da Europa temos: Jacques Moubandje (nascido em Douala, Camarões), Johan Djourou (nascido em Abidjan, Costa do Marfim), Gökhan Inler (filho de pais turcos), Haris Seferovic, Granit Xhaka, Xherdan Shaqiri, Blemi Dzemaili, Valon Behrami e Admir Mehmedi (ascendência de países resultantes do fim da Jugoslávia). E se olharmos para outros jogadores igualmente importantes temos ainda Ricardo Rodriguez e Philippe Senderos que têm também nacionalidade espanhola. O impacto da «imigração» tem sido muito positivo e a Suíça fez a Argentina tremer nos oitavos-de-final no Brasil. Tendo em conta este factor há quem imagine o que seria a selecção suíça sem os «imigrantes».

E há quemfaça o exercício ao nível das várias selecções nacionais e mesmo quem o faça relativamente a jogadores de origem africana. O que seriam as selecções sem os seus jogadores filhos de imigrantes ou naturalizados? Há muitos exemplos mas poderíamos olhar para os italianos Angelo Ogbonna (pais nigerianos) ou Mario Balotelli (nascido em Palermo de pais ganeses). A Bélgica seria também uma selecção com baixas de peso tendo em conta o capitão Vincent Kompany, Romero Lukaku, Kevin Mirallas, Moussa Dembélé, Marouane Fellaini e Axel Witsel. A estes nomes apontados teríamos que juntar o agora titular Radja Nainggolan da Roma. E os campeões do Mundo? A Alemanha ficaria sem Mezut Özil, Shkodran Mustafi, Sami Khedira, Lukas Podolski e Miroslav Klose (agora retirado da selecção). Mas é, sem dúvida, Jérôme Boateng, um dos centrais indiscutíveis da selecção alemã e do Bayern de Munique, que melhor ilustra esta questão já que o seu irmão Kevin-Prince Boateng optou pela selecção ganesa.


Como podemos ver a imigração é um factor a ter em conta no futebol. Para alguns destes imigrantes ou dos seus filhos o futebol é uma forma de melhorarem a sua vida. Para os poucos que são talentosos o futebol ao mais alto nível permite-lhes ter uma vida que muito dificilmente conseguiriam alcançar. Jogadores de famílias abastadas como Andrea Pirlo ou Gian Luca Vialli são a excepção à regra num mundo onde a maioria dos jogadores tem um background humilde e muito difícil. Estes jogadores, tal como Atlas era responsável por carregar o mundo sobre os seus ombros, têm a seu cargo toda a família. Para além do seu talento e do mérito de o trabalharem, há outros factores importantes na «curta» carreira de um futebolista tais como o seu agente ou os clubes onde joga. A forma como os jogadores gerem a sua carreira é um tema fascinante ao qual voltarei mais tarde.
E a selecção francesa? Se olharmos para a selecção que deu o primeiro título internacional à França, em 1984, liderada por Michel Hidalgo temos, entre outros, Jean Tiganá, nascido em Bamako, Mali e naturalizado francês, Luis Fernández nascido em Espanha e … Michel Platini, filho de imigrantes italianos. Mas foi a diversidade da equipa campeã do mundo em 1998 (e que voltou a ser campeã europeia em 2000) que foi colocada no centro das atenções. Desde logo, o herói Zinedine Zidane era filho de argelinos e muçulmano não praticante. E também tínhamos, por exemplo, Marcel Desailly, Lilian Thuram, Christian Karembeu, Patrick Vieira, Thierry Henry e David Trezeguet. Ficaram famosas as declarações de Jean-Marie Le Pen insurgindo-se contra uma selecção que era «artificial», ou seja, não suficientemente «branca» para ser francesa. A vitória categórica dos bleus na final contra o Brasil fez calar a Frente Nacional mas não por muito tempo.

 
A selecção continuou a fazer parte da discussão política e a Frente Nacional a fazer dela um exemplo do que não deveria ser considerado francês. Esta posição levou os jogadores a apelarem ao voto em Chirac em 2002 contra Jean-Marie Le Pen. Em 2006 as críticas voltaram ao centro das atenções tendo Le Pen acusado o treinador Domenech de sub-representar os «brancos». Tendo em conta os anos difíceis vividos pela selecção até 2013 houve igualmente polémica nas estruturas federativas francesas sobre a possibilidade de estabelecer quotas para jogadores árabes e negros com dupla nacionalidade. Esta controvérsia que na altura envolveu o seleccionador Laurent Blanc foi muito intensa e, em alguns aspectos, ainda está por resolver. Um exemplo desta tensão verificou-se durante o Campeonato do Mundo no Brasil relativamente à Argélia. Esta equipa fez um campeonato extraordinário tendo claudicado nos oitavos-de-final perante a Alemanha por duas bolas a uma. Não só os festejos dos sucessos argelinos levaram Marine Le Pen a afirmar que «temos que parar a imigração» e aqueles envolvidos nas celebrações «têm de escolher: ou são argelinos ou são franceses… não podem ser ambos», mas se a Argélia tivesse derrotado a Alemanha encontraria… a França nos quartos-de-final. Esta possibilidade que lembrou o desastre do jogo entre as duas selecções em 2001 levou a medidas extras de segurança.
Mas foram as recentes declarações de Willy Sagnol, antigo internacional e agora treinador do Bordéus, que fizeram «rebentar» novamente os estereótipos e o racismo no futebol francês. As reacções mais fortes vieram do jogador francês com mais internacionalizações na selecção nacional masculina: Lilian Thuram. Este jogador, nascido em Guadalupe, foi um defesa fabuloso na selecção (e nos vários clubes por onde passou) e desde que se reformou tem-se dedicado ao combate ao racismo através da sua Fundação. Segundo Thuram há muito para fazer em França e, em especial, em tempos de maior vulnerabilidade económica. Asondagem efectuada este ano pela Comissão Nacional Consultiva de Direitos Humanos demonstrou que o número de franceses que admitiam ser bastante ou um pouco racistas tinha aumentado de 22% em 2012 para 35%. A estes dados temos que acrescentar a popularidade eleitoral da Frente Nacional que inclui, pela primeira vez, lugares no Senado e há mesmo quem advogue a candidatura de Marine Le Pen a presidente em 2017.
O contexto francês é preocupante mas não é o único a nível europeu. Para além do caso suíço há muitos outros países onde há problemas sérios de racismo a nível do futebol: desde a Itália à Hungria. E apesar da campanha da UEFA e da promoção de tolerância zero em matéria de racismo há muito por fazer. Andrea Pirlo escreve na sua autobiografia como Mário Balotelli tem sido vítima de insultos racistas nos campos de futebol italianos e como a sua figura é em si mesma um «antídoto ao racismo» (pp. 131-134).




E o que pode ser feito? Durante a controvérsia sobre a possibilidade de se impor quotas no futebol francês a jogadores negros e árabes com dupla nacionalidade Arsene Wenger foi claríssimo: «o futebol nacional tem de ser identificado pela sua cultura e pela qualidade da educação, não com as origens dos jogadores». E se há selecção onde encontramos talento e mérito é, sem dúvida, a francesa.

 

Apesar da enorme falta que Franck Ribéry vai fazer (faria em qualquer selecção no mundo) temos jogadores como Blaise Matuidi, Mathieu Valbuena, Karim Benzema, Yohan Cabaye, Patrice Evra (agora na Juventus depois de oito anos no Man. United) e Antoine Griezmann. Mas gostaria de destacar dois jogadores: Raphaël Varane e Paul Pogba. Ambos são dois jogadores de classe mundial com ... 21 anos. É um prazer ver Pogba a jogar na Juventus e tenho pena que Varane não jogue mais no Real Madrid mas a competição é de facto (ainda) muito dura.
Como podemos ver pelo enorme talento à disposição do treinador Didier Deschamps (outro grande jogador) a renovação da selecção parece garantida. Eu vou continuar a admirar o futebol e os seus jogadores pelo seu mérito e talento. E esta selecção continuará a dar muitas dores de cabeça à Frente Nacional.
Como diria Lilian Thuram vive la France, la vraie!

O que se passa entre o PS e Sócrates

por A-24, em 10.12.14
João Marques de Almeida


Sócrates tem um grande poder: as vitórias do PS nas legislativas e de Guterres nas presidenciais dependem dele. Se ele quiser, Costa e Guterres perdem. A sucessão de visitas mostra que o PS sabe disso
Há alguma coisa de estranho nas visitas dos dirigentes do PS ao antigo PM, José Sócrates. Claro que se pode sempre usar o argumento da “amizade”, como todos têm feito. Não será necessário escrever um ensaio sobre a amizade, e sobretudo sobre a amizade em política, para perceber que há qualquer coisa mais do que a amizade. E a maior surpresa veio com as declarações do actual líder socialista, António Costa. Vai, obviamente, “visitar um amigo”, mas só durante as “férias do Natal”. Se é mesmo um “amigo”, e a se a visita é a “título pessoal”, não arranjará António Costa algum tempo, nem que seja num Domingo, para ir visitar um amigo? E por que razão, o líder do PS sentiu necessidade de anunciar a visita com semanas de antecedência? A outra visita surpreendente foi a de Guterres. Não a visita, mas a sua duração: “vinte minutos.” Quem vai a Évora, pode ficar um pouco mais. Por exemplo, Silva Pereira, um “verdadeiro amigo”, ficou uma hora e meia. Como se explica os 70 minutos de diferença? Pelos respectivos níveis de amizade?
A estratégia do PS em relação ao “caso Sócrates” tem sido a seguinte: até ao julgamento, Sócrates deve ser considerado inocente; e a “amizade pessoal” exige “solidariedade” numa hora difícil para um “amigo”. Formalmente, tudo bem e estou absolutamente de acordo. Mas a história está longe de acabar aqui. Os próximos episódios políticos são as eleições legislativas em Setembro/Outubro de 2015 e as presidenciais em Janeiro de 2016. E os casos de que Sócrates é acusado aconteceram durante o período em que liderava um governo socialista. No período em que, parafraseando o discurso de António Costa no Congresso do seu partido, “o PS tinha uma maioria, um governo e um Presidente.” Não foi depois de Sócrates ter abandonado São Bento. Ou seja, o que estará em causa é o comportamento de Sócrates como chefe de um governo, e não como um cidadão na sua vida privada. E esta é a diferença que pode ser fatal para o PS.
Além de terem mostrado a sua “solidariedade”, o que terão dito os dirigentes do PS a Sócrates em Évora? E que mensagens estará António Costa a enviar com o anúncio da sua visita? Todos nós sabemos que José Sócrates é um “animal feroz” (eu só o sei porque ele o anunciou aos portugueses numa entrevista; como nenhum dos seus camaradas alguma vez o desmentiu, presumo que seja verdade). Mas há uma coisa que sei: os “animais ferozes” não gostam de ser mal tratados. E Sócrates está absolutamente convencido que foi mal tratado. As suas cartas não são apenas “cartas de ódio”, são também “cartas de ameaças” ao seu partido. Sócrates tem um grande poder: as vitórias do PS nas eleições legislativas e de Guterres nas presidenciais, dependem dele. Se ele quiser, Costa e Guterres perdem. E a sucessão de visitas mostra que o PS sabe isso. A visita de Guterres foi, na minha opinião, a declaração de que é, pelo menos, pré-candidato presidencial. Sócrates decidirá se também será candidato. Calculo que em Évora, os amigos de Sócrates lhe dirão qualquer coisa como “tem calma e não prejudiques o partido.”
Estamos perante um jogo muito complicado e perigoso. O PS precisa do silêncio de Sócrates para ganhar. Mas Sócrates tem que fazer barulho e de escrever cartas para o PS não se concentrar demasiado em Lisboa – em São Bento e em Belém – esquecer que Évora existe. Sócrates continuará a recordar regularmente que Évora também é Portugal. Quanto tempo poderá este jogo durar? E quanto tempo o país aguentará?
Há ainda outras questões por responder. Conseguirão os socialistas domar o “animal feroz”? Até agora não o conseguiram, e já enviaram os pesos pesados. A segunda questão é bem mais perturbante: estão a prometer alguma coisa a Sócrates em troca do seu silêncio?

Verdades inconvenientes

por A-24, em 10.12.14

A pobreza na União Europeia

por A-24, em 10.12.14
João Nobre


Informa-nos o Inequality Watch que, segundo dados referentes a 2010, cerca de 16,4% da população da União Europeia (UE) é, neste momento, pobre. Isto perfaz um total de 80 milhões de cidadãos europeus. As mulheres são as maiores vítimas de toda esta miséria: 17,1% são pobres, contra uma taxa de 15,7% para os homens, e 20,2% das crianças da UE com menos de 16 anos de idade vivem numa situação de pobreza.


Por norma, estas crianças são oriundas de famílias que vivem com graves dificuldades financeiras e a sua mobilidade social no sentido positivo é relativamente baixa. Uma criança que nasce numa família pobre, muito dificilmente irá ter acesso à educação de qualidade de que beneficiam os meninos e meninas oriundos dos meios mais privilegiados. Uma criança que nasce pobre, na UE, provavelmente irá morrer pobre: 21,6% dos jovens da UE entre os 16 e os 24 anos são pobres.
A situação é alarmante se tivermos em conta que nos últimos anos aumentou drasticamente o número de jovens desempregados e precários. Nada nas atuais políticas europeias aponta para uma mudança ou inversão da situação, pelo contrário. Tudo indica que a situação irá piorar consideravelmente, sendo provável que termine em graves conflitos sociais e violência ou guerra civil generalizada, a continuar a atual tendência.
14,8% dos "cidadãos" da UE entre os 25 e os 49 anos são pobres e 13,5% daqueles que têm entre os 50 e os 64 anos são pobres também. Os idosos sofrem mais: 15,9% são pobres. Destes, muitos têm de optar entre comprar a comida ou os medicamentos, outros não têm dinheiro para adquirir praticamente nada e por isso limitam-se a sobreviver à custa da caridade e engrossando as filas da "sopa dos pobres" ou "sopa da humilhação" como lhe deviam chamar...
Extremamente preocupante e grave é a situação das assim chamadas famílias monoparentais na UE. Destas, um total de 36,9% são pobres e 26% das famílias tradicionais com três ou mais filhos são pobres, assim como também são pobres 25% dos cidadãos que habitam sozinhos. Já 14,9% das famílias tradicionais com dois filhos são pobres e 11,3% dos casais sem filhos são pobres. Face a esta situação calamitosa, não é minimamente de surpreender que os cidadãos da "poderosa" UE tenham cada vez menos ou nenhuns filhos. A Europa está a morrer de velha, mas parece que poucos se preocupam seriamente com isso.
A pobreza é, por definição, uma besta humilhante. Ora, tal humilhação até se afigurava suportável se existissem razões e justificações para tal, coisa que não acontece de forma alguma. O que acontece, ao invés, é que a UE está literalmente sequestrada por uma elite que vive na alta luxúria e que não é capaz de "ver um palmo diante do nariz". (...)

China baniu as chamadas para orações islâmicas

por A-24, em 09.12.14
Via  Times of India


Enquanto que os países não-muçulmanos estão experimentando a verdadeira agenda dos islamistas: estabelecer um Estado islâmico no qual os incrédulos são subjugados ao domínio islâmico e terão de pagar jizyahpara ser cidadãos.
No entanto, um país reconheceu rapidamente a ameaça de islamização e tomou medidas para impedir o crescimento de tais demandas.
A região de Xinjiang, no oeste da China proibiu oficialmente reuniões de oração muçulmanas e outras práticas religiosas em prédios do governo, escolas e escritórios de negócios, noticiou o Times Of India.
Multas exorbitantes foram impostas sobre o uso de telefones celulares e internet por conteúdos que possam "prejudicar a unidade nacional", que significa propaganda islâmica será punido.
Funcionários afirmam que tal propaganda pode ameaçar a estabilidade social ou incitar o ódio étnico, ao contrário que é a ideia da US do Islã.
Toda a atividade religiosa, incluindo orar, será restrito a mesquitas designadas.
Outra regra é que os muçulmanos não podem usar roupas ou logotipos associados ao extremismo. 
A nova lei afetará imediatamente empregados muçulmanos, muitos dos quais requerem cinco pausas para oração a cada dia, em seus locais de trabalho. Seus telefones pessoais também não podem ser usados para estudar o Alcorão ou praticar hinos religiosos.



Uma opinião sobre a Igreja e o Universalismo

por A-24, em 09.12.14
Via Gladio

Fontes
Novopress
Stanzavaticane


Nos últimos dias de Novembro, certos bairros populares de Roma, nomeadamente Tor Sapienza, foram abalados por manifestações contra os centros de acolhimento de imigrantes clandestinos e as consequências que tal presença imigrante tem tido para os autóctones... 
A propósito disso, a TGcom24 (uma das cadeias do grupo Mediaset) entrevistou Dom Francesco Montenegro, arcebispo de Agrigento, presidente da comissão da Conferência Episcopal italiana para as migrações e da fundação «Migrantes» para acolhimento de imigrantes.

Quando o jornalista lhe pergunta se é justo protestar contra a presença dos imigrantes, o vigário do Judeu Morto responde:
"Protestos em Tor Sapienza? Espero que não seja algo que esconde alguns problemas políticos. (...) cada ocasião é aproveitada para se colocar uma casca de banana para que o presidente da câmara caia. (...)
O jornalista comenta: «até mesmo a Liga Norte foi às ruas de Roma juntamente com os moradores para protestar contra os imigrantes...»
O arcebispo responde: 
«É confortável, é um trunfo para alguns políticos. Por exemplo, é importante para eles usar a história da imigração. Mas esta é uma batalha entre os pobres. Porque porque é que a Liga Norte, no protesto, não pediu também aos jogadores negros para se irem embora? Alguns adeptos queixam-se mas muitos batem palmas se os jogadores jogarem bem. E porque não dizer para se irem todos embora? Com esta lógica devemos mandar embora, por exemplo, todos que cuidadores que ajudam a manter as nossas crianças. (...)»
E quando depois o jornalista faz notar que alguns dos imigrantes em Tor Sapienza seriam autores de roubos e danos, o arauto da fé cristã diz assim:
«Pense-se que estes refugiados têm de estar nos centros de acolhimento em toda a Itália durante meses, alguns até mesmo anos, antes de receberem uma resposta. Se eu por exemplo fosse um imigrante de vinte ou trinta anos, que devesse ficar o dia todo sem fazer nada esperando por uma resposta sobre o meu futuro, depois de alguns dias eu também me revoltaria! (...)»

O drama, a tragédia, o horror, ficarem o dia todo sem fazerem corno, a serem sustentados por um Estado europeu, sem saberem o que vai acontecer amanhã...
Curioso, os nativos das classes populares europeias também não sabem o que lhes vai acontecer amanhã, desconhecem o seu futuro, só não estão é a ser sustentados sem fazer nada, com a agravante de que estão na sua própria terra... será que estes também se podem revoltar, segundo o arcebispo?...

Continuando...

Depois de justificar subtilmente que o cartão social seja dado a imigrantes ilegais, o que, note-se, constitui uma violação da própria lógica da lei que os faz «ilegais», é-lhe perguntado o que pensa do risco de que entre os imigrantes chegam do norte de África haja militantes do califado islâmico da Síria e do Iraque. F. Montenegro responde:
«Isso é possível, o mundo é sempre uma mistura de bem e mal. É preciso ser capaz de fazer o bom controlo e de filtrar. Quando os nossos imigrantes italianos partiram para a América ou outros países, nós exportámos a máfia. É um risco, mesmo assim. Nós não podemos viver como se estivéssemos numa bolha, como diz o papa Francisco. Talvez devêssemos ser menos colonizadores e tentar investir naquelas terras pensando no bem daquelas pessoas e não apenas nos nossos interesses. Porque se hoje há migração, o mal não é migrar, a migração é apenas um sintoma, o maior mal é a injustiça. Os migrantes denunciam a injustiça que existe. Não podemos pensar que tudo será sempre resolvido da maneira mais agradável.»


A resposta de uma das maiores autoridades do Cristianismo em Itália é pois assim:
- relativismo criminoso, comparando crime de rua, quotidiano, com risco de massacre de milhares de pessoas;
- chantagem moral criminosa, insinuando que por ter havido meliantes italianos noutros países, os Italianos agora são moralmente obrigados a deixar entrar em sua casa terroristas de um credo inimigo que ameaçam assassinar europeus em massa - isto é uma nova versão, particularmente mais violenta e despudorada, da «velha» chantagem moral que quer obrigar os Europeus a aceitar os imigrantes «porque os Europeus também emigraram», como se um indivíduo fosse obrigado a aceitar que o vizinho lhe entre em casa só porque o irmão desse indivíduo saiu dessa casa e foi viver para casa doutrem, como se, isto é de mais, como se a pessoa pudesse obrigar um familiar a ficar na mesma casa em que mora... se um irmão meu mora comigo e quiser ir-se embora, então eu fico obrigado a deixar que outro tipo qualquer venha morar para minha casa, como se eu fosse responsável por ter dado ao meu irmão a liberdade de sair daqui... é tão primariamente desonesto como isto, o discurso dos imigracionistas, mas enfim, não têm outro, e repetem-no à exaustão...
- culpabilização dos Europeus, baseada na velha acusação de que os Europeus são colonizadores, como se o melhor que os Povos do terceiro mundo têm, a sua própria sobrevivência alimentar, não estivesse a ser fornecida pelos Europeus.

E é isto o discurso de um dos principais representantes da religião que a patrioteiragem beata quer que seja um dos fundamentos da Europa, porque coisa e tal os valentes cruzados bateram nos muçulmanos em casa do caralho mais velho e assim...

Com uma Igreja «nacional» assim, quem é que precisa da Esquerda anti-racista?...

Isto é, de resto, a mais pura coerência cristã - porque o Cristianismo é realmente uma militância pelo Universalismo e por isso mesmo é visceralmente inimigo do Nacionalismo e perigosamente contrário à defesa da Nação e da Civilização, como a seguir se lê - quando lhe falam das operações europeias «Mare Nostrum» e «Triton», para controlar a imigração por mar, diz ele o seguinte:
"É preciso ver como se define a Triton. O risco é que sse quer fazer um muro para nos defendermos. Mas que futuro há se nós nos protegermos e não nos sentarmos à mesa com todos? Não acho que vamos salvar a humanidade levantando paredes! Agora a humanidade está tomando uma velocidade diferente. Infelizmente, no coração da Europa é o financiamento que interessa, não o homem. (...)»

Mais uma vez, o primado do universalismo moralmente tido como obrigatório - o primado deste ideal cristão sobre a segurança dos Europeus. E claro que na eventualidade de se darem grandes atentados bombistas muçulmanos em solo europeu, ou de se registarem sérios confrontos armados na Europa entre islamistas e autóctones, a Igreja estará obviamente na linha da frente a dar muito conforto moral e auxílio de primeiros socorros e apoio alimentar, sendo por isso gabada pela beatagem do costume...

E diz mais, o grandessíssimo padre:
«Precisamos de uma política que fomenta o acolhimento, que torne possível viajar, não crie medo, que permita que todos vivam, porque a Constituição diz que todo o homem que esteja sem pátria tem o direito de ser aceite. É a Constituição que o diz. »
Onde é que eu já ouvi isto, «é a Constituição que diz!», isto é realmente a velha converseta da cambada antirra que diz que «é a Constituição que diz!» que, por exemplo, os partidos racistas não podem existir porque não... porque os donos da antirraria dizem que não e escreveram-no. É um bocado como dizer que a prova de que Jeová existe é que a Bíblia diz que sim, que existe... neste caso, de F. Montenegro, é simplesmente um sequaz de um universalismo a legitimar o que diz um texto escrito por outros universalistas, para o caso vai dar ao mesmo.
Ainda bem que este credo está a perder terreno em toda a Europa... imagine-se a chatice que era as igrejas de todo o Ocidente estarem pejadas de Europeus a engolirem semanalmente veneno deste...

Pág. 1/4