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A-24

A União Europeia dá mais um “tiro no pé” na Ucrânia

por A-24, em 04.10.14
José Milhazes

União Europeia e Ucrânia ratificaram o tão famoso acordo de associação, que, como é sabido, foi o documento que esteve na origem da crise e da guerra civil que dilaceram a Ucrânia e põe em causa a sua própria existência como Estado.

Ora, como é sabido, a UE e a Ucrânia ratificaram um documento meramente simbólico, porque, sob a pressão de Moscovo, adiaram a entrada em vigor da parte mais importante do acordo, ou seja da parte económica. O Kremlin conseguiu fazer com que a criação de uma zona económica livre entre a UE e a Ucrânia fosse adiada para 31 de Dezembro de 2015.
Pela primeira vez na história da UE, Bruxelas admite publicamente que uma terceira parte, neste caso a Rússia, tem capacidade de se ingerir nas suas relações bilaterais. Desse modo, Vladimir Putin vê reconhecido em Bruxelas os seus “especiais interesses” no antigo espaço soviético
Claro que me podem dizer que isso foi feito para acalmar e apaziguar o Kremlin e, desse modo, contribuir para o fim do conflito no Leste da Ucrânia. Se assim foi, pergunto, porque é que isso não foi feito antes de novembro do ano passado? Se, então, Durão Barroso e companhia tivessem chegado a um acordo com Putin não teriam evitado um derramamento de sangue que já provocou mais de dois mil mortos entre civis e militares?
Não sei, talvez esse acordo não fosse suficiente, porque, em relação à Ucrânia, a política de Moscovo é de dominar completamente esse país. Por isso, o mais provável é que nem essa cedência, nem as leis aprovadas pela Rada Suprema com vista a amnistiar os independentistas e a dar um estatuto especial às regiões do sudeste do pais sejam suficientes para satisfazer Putin.
Os separatistas já vieram dizer que só aceitam a independência e Moscovo sente-se inclinado a aproveitar até ao fim as cedências do adversário.
Valentina Matvienko, dirigente do Conselho da Federação (câmara alta do parlamento) da Rússia, veio propor a realização de um referendo no Leste da Ucrânia à semelhança da Escócia. À primeira vista, uma saída democrática, mas que o Kremlin recusou e recusa a qualquer república da Federação da Rússia.
Por isso, a paz na Ucrânia continua a ser uma miragem.

Se não ganhar na primeira, é muito provável que perca na segunda

por A-24, em 04.10.14
in Blasfémias


Como era mais do que expectável, Dilma Rousseff tem vindo a aumentar substancialmente o espaço de intenções de voto entre si e os seus concorrentes mais próximos, principalmente em relação a Marina Silva. Todos os institutos de pesquisas eleitorais brasileiros o confirmam, e, hoje mesmo, o Ibope apresentou uma nova sondagem que dá resultados próximos dos números da pesquisa de ontem da Datafolha: 39% para Dilma, 25% para Marina e 19% para Aécio.
O facto, porém, é que não estando eleita na primeira volta, Dilma tem grandes probabilidades de perder a eleição na segunda, como, de resto, o PT sempre temeu, e isso tem uma explicação muito simples.
Na verdade, existem três tempos eleitorais muito diferentes nas eleições presidenciais brasileiras: a pré-campanha, até ao início da propaganda eleitoral televisiva; a campanha eleitoral da primeira volta; e a campanha eleitoral da segunda, quando esta ocorre. Resolvendo-se as eleições brasileiras essencialmente na televisão (é impressionante a política de alianças partidárias para fazer aumentar os tempos de antena), até começar a campanha televisiva a realidade é uma, e outra muito distinta após o seu início. Contudo, da primeira volta para a segunda, as coisas podem também mudar profundamente.
Para se ter uma ideia simples do que se passa neste momento na televisão brasileira, fruto dos partidos que apoiam cada um dos candidatos, Dilma dispõe de 11m e 24s diários, Aécio tem 4m e 35 s e Marina apenas 2m e 3s. Ou seja, sozinha Dilma tem quase o dobro do tempo televisivo dos outros dois candidatos juntos, quase três vezes o tempo de Aécio e seis vezes o de Marina. No segundo turno, porém, o candidato que lá chegar receberá certamente alguns dos tempos de outros partidos e poderá equilibrar as coisas. O jogo volta, por isso, a recomeçar. É por esta razão que o PT, Lula e Dilma temem a segunda volta. E têm excelentes razões para isso.