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A-24

Entender um conflito - O que é o Hamas? E o que foram as Intifadas

por A-24, em 04.08.14
O que é o Hamas?


O Hamas foi fundado em 1987 numa altura em que o fundamentalismo islâmico ganhava rapidamente terreno em todo o Médio Oriente. A sua criação esteve ligada à Irmandade Muçulmana do Egipto, um dos grupos fundamentalistas mais fortes e mais antigo do mundo. A fundação do Hamas explorou igualmente o ambiente de extrema tensão e violência que caracterizou a primeira Intifada.

O programa inicial do Hamas era o estabelecimento de um estado islâmico nos territórios hoje ocupados por Israel, pela Faixa de Gaza e pela Cisjordânia. Mais recentemente dirigentes do Hamas fizeram referência a um estado circunscrito às fronteiras anteriores a 1967, mas sem o reconhecimento do Estado de Israel. A carta de princípios do Hamas apresenta a luta contra Israel como parte da luta irreconciliável entre judeus e muçulmanos, contendo muitas expressão que não são apenas anti-sionistas, são anti-semitas. A organização também nega os factos históricos do Holocausto, que declara ser apenas uma criação da propaganda sionista.
O Hamas possui um braço armado, as brigadas Izz ad-Din al-Qassam, que continuam a recorrer ao terrorismo como forma de combaterem Israel. O recurso a atentados suicidas e o disparo indiscriminado de rockets direccionados zonas habitadas apenas por civis têm sido os seus métodos de combate preferidos.
A principal base do Hamas é na Faixa de Gaza, onde goza de apoio maioritário. Em 2006 o Hamas conseguiu mesmo vencer as eleições parlamentares palestinianas, mas depois não conseguiu chegar a um entendimento com a Fatah para a partilha do poder, o que levou a uma breve guerra civil – a Batalha de Gaza – que terminou com o Hamas a tomar conta daquela parcela de território e a expulsar de lá a Fatah.

O que foram as Intifadas?

As Intifadas foram revoltas que começaram de forma semi-espontânea e corresponderam a uma fase nova do conflito.
De 1948 a 1973, isto é, da Guerra da Independência à Guerra do Yom Kippur, Israel teve sobretudo que travar guerras convencionais, em que exércitos bem armados se enfrentaram nos campos de batalha, sendo que a vida quotidiana era constantemente pontuada pelos ataques dos fedayeen, nomedamente a partir de Gaza, do Egipto e da Jordânia, e pelas contra-respostas israelitas.
A partir de 1967 e da ocupação dos territórios, o terrorismo tornou-se a maior ameaça. Mas ninguém verdadeiramente foi capaz de prever o que se passou a partir de 1987, quando começou a primeira Intifada, a “revolta das pedras”. Entre Dezembro desse ano e Setembro de 1993, quando foram assinados os acordos de Oslo, a população palestiniana fustigou de forma permanente as forças de segurança e os militares de Israel. Tudo servia: pedras, coktails molotov, greves, manifestações, protestos, grafitti, boicotes, desobediência civil e por aí adiante.
A primeira Intifada foi desencadeada por um incidente banal: a colisão entre um camião do exército israelita e uma viatura palestiniana de que resultaram vários mortos. A informação de que o acidente fora deliberadamente provocado incendiou os ânimos e foi o rastilho da revolta. Esta espalhou-se rapidamente, mobilizou grande parte da sociedade palestiniana e, esmo sem ter uma liderança formal, foi muito influenciada por líderes civis que defendiam uma abordagem sem a violência que caracterizara os combates dos fedayeen e sem recurso ao terror.
Esta revolta, que Israel encarou num primeiro momento como devendo ser quebrada, acabou por provocar uma inflexão de políticas, mostrando que era mesmo necessário encontrar uma solução de auto-governo para a Faixa de Gaza e para a Cisjordânia, assim abrindo caminho aos acordos de Oslo.
A segunda Intifada, também conhecida como a Intifada de Al-Aqsa, iniciou-se em Setembro de 2000, depois de Ariel Sharon, então líder da oposição, ter realizado uma visita ao Monte do Templo, visita que foi interpretada como sendo uma provocação. Esta revolta palestiniana surgiu dois meses depois do falhanço da negociação de um acordo de paz definitivo numa nova cimeira em Camp David, um falhanço cuja responsabilidade foi genericamente atribuída à parte palestiniana.
Os primeiros dias da Segunda Intifada caracterizaram-se por numerosos confrontos entre manifestantes palestinianos e a polícia israelita, mas a violência escalou de nível depois de a população de Ramallah ter linchado dois reservistas israelitas que estavam detidos numa esquadra de polícia.
A segunda Intifada foi muito mais violenta do que a primeira, tendo sido marcada por alguns atentados suicidas muito mortíferos e por ataques israelitas em larga escala, De uma forma geral considera-se que terminou com a trégua negociada entre Ariel Sharon e um recém-eleito Mahmoud Abbas na cimeira de Sharm el-Sheikh, no Egipto, em 2005. Nessa altura já Yasser Arafat tinha morrido de doença.

Entender um conflito - Israel é uma democracia? E quem é que vive em Israel?

por A-24, em 03.08.14
Israel é uma democracia?


Sim. É mesmo a única democracia consolidada do Médio Oriente. Em Israel há liberdade de expressão, uma grande variedade de órgãos de informação, uma miríade de partidos políticos, um parlamento representativo e um governo que os cidadãos podem facilmente destituir caso estejam descontentes, o que já aconteceu inúmeras vezes. As minorias, incluindo a minoria árabe, tem direitos políticos e também está representada no parlamento, o Knesset.
Nas primeiras décadas após a independência a política israelita foi dominada pelos trabalhistas, mais ligados aos ashkenazi, que dispuseram de confortáveis maiorias de governo. A partir da década de 1970 a direita do Likud, partido mais ligado aos sefarditas, passou a ganhar regularmente as eleições, tendo desde então havido alternância entre primeiros-ministros trabalhistas e do Likud, tendo mais recentemente surgido um terceiro partido centrista, o Kadima que chegou a fazer eleger primeiros-ministros.


O sistema político está contudo muito pulverizado, pois a lei eleitoral não favorece a concentração de votos e têm-se multiplicado os pequenos partidos com uma base religiosa ou étnica (ligados, por exemplo, às comunidades de origem russa) ou ainda representando interesses particulares (pensionistas, habitantes dos colonatos). Isso torna não só muito difícil formar maiorias no Knesset, onde há 12 partidos representados, como obriga a compromissos que tendem a paralisar a acção política.

Quem é que vive em Israel?

Israel é um país de pouco mais de oito milhões de habitantes, sendo que três quartos da população (75%) é constituída por judeus. A população árabe corresponde a cerca de 20% do total.
Entre os judeus, sensivelmente metade são sefarditas (judeus oriundos da peninsula ibérica “histórica” e do Norte de África) e a outra metade ashkenazi (judeus da Europa Central e Oriental). Um sexto da população judaica tem as suas raízes na antiga URSS.
A esmagadora maioria dos árabes são muçulmanos, mas há uma pequena minoria de cristãos. Os árabes israelitas vivem sobretudo na Galileia, no norte do país, uma região onde se situa, por exemplo, a cidade de Nazareth, uma cidade que é habitualmente descrita como a capital árabe de Israel.


Entre os judeus tem vindo a aumentar a proporção dos judeus ortodoxos, pois as famílias que seguem as suas diferentes obediências têm tendência a terem mais filhos. Pela mesma razão tem vindo a aumentar a proporção da população árabe-israelita.
OBSERVADOR

A multinacionalidade do "amor"

por A-24, em 03.08.14
Este artigo é desaconselhado à auto-estima dos portugueses. E das portuguesas também, porque nem o sexo feminino nem o masculino conseguem angariar as preferências dos europeus no que diz respeito à/ao namorada/o ideal. O site europeu “Flirt Guide Europe” elaborou um guia completo das preferências de cidadãos de oito países europeus quando se trata de escolher os parceiros ideiais. Os autores do estudo perguntaram a 21.000 mulheres europeias e a 32.000 homens europeus de que país gostavam que fosse o namorado e a namorada ideal. E as respostas não são boas para o orgulho nacional.



Idealmente, as mulheres belgas e francesas gostariam de ter um namorado inglês. As alemãs e italianas preferem os espanhóis. As portuguesas, espanholas e britânicas preferem os italianos. Dura realidade: os homens portugueses não são a escolha de nenhuma das cidadãs do nosso país, de Inglaterra, Espanha, Bélgica, França, Holanda, Itália e Alemanha.
Quando se trata das escolhas dos homens para a nacionalidade ideal da companheira, ainda há mais consenso. Mais uma vez, pouco favorável para as portuguesas. Seis dos oito países em estudo preferem as mulheres espanholas. Até os homens portugueses preferem as vizinhas de fronteira. Nenhum dos países escolheu uma cara-metade portuguesa para o romance.
E em quem recaem as referências dos portugueses para a paixão? Segundo o guia europeu do “flirt”, as mulheres portuguesas preferem os italianos (39.4 por cento), em segundo lugar os espanhóis (24.6 por cento) e, em terceiro, os franceses (14.9 por cento). Os homens portugueses preferem, na maioria, as espanholas (32.9 por cento), em segundo lugar as italianas (23.5 por cento) e, na terceira opção, as francesas (16.2 por cento).

A Torre de David, depois do adeus

por A-24, em 03.08.14














Monday night began the relocation process of thousands of inhabitants living in Venezuela’s Torre de David (Tower of David), the world’s tallest slum, according to reports by Venezuelan newspaper Últimas Noticias, BBC Mundo and tweets from journalists following the coverage. The relocation initiative is being carried out by the Interior and Justice Ministry, and comes just five days after the announcement that the Venezuelan government is in negotiations with Chinese banks interested in purchasing the building.
As we previously reported, the negotiations with Chinese banks are being led by the Minister of State for the Revolutionary Transformation of Greater Caracas, Ernesto Villegas, and would involve the relocation of the tower’s current tenants to Cúa, a city 53 kilometers outside of the capital, possibly in December of this year.
However, prior to the disclosure of the negotiations, the government had announced that they would perform “an analysis of the community in order to take the steps necessary to improve the living conditions and environment” of the tower’s residents.
Yet despite this announcement to improve the living conditions, the government reportedly began relocating the Tower of David’s residents on July 21 at 10pm. The relocation is being carried out floor-by-floor and the inhabitants will be moved to housing solutions, primarily in Valles del Tuy, in Miranda state. Source

Também querem !

por A-24, em 02.08.14
Portugal Glorioso

Ana Drago e Daniel Oliveira são dois exemplos felizes de como a coisa política funciona aqui na paróquia. Ganhar protagonismo em causas e políticas que sabem não chegar alguma vez ao poder. Porque o povo português pode ser politicamente inculto mas não é totalmente estúpido. E isso favorece as Anas e os Daniéis que se vão notabilizando na esquadria mediática onde, queiramos ou não, estamos enfiados. Já que é fácil manter uma berraria mais ou menos controlada sobre o que está mal, havendo tanto o que está mal e sabendo-se como a grei gosta de ouvir essa berraria, ao mesmo tempo que dispomos de uma importante percentagem (sem paralelo?) dos chamados idiotas úteis que ajudam à formatação das personagens.

No caso de Ana (uma cara laroca e simpática e de verbo escorreito) e de Daniel (grosseirão mas hábil na manipulação por via de ideias que ele sabe caírem bem), notava-se algum desgaste de imagem e de ideias. Quer pelas suas frequentes aparições na comunicação social, quer porque ambos perceberam que o terreno lhes fugia debaixo dos seus determinados pés. Daí se terem atirado a um «Manifesto» que pouca gente saberá verdadeiramente o que vai manifestar. Basta-lhes saber que os dois se meteram noutra «estrangeirinha» em que a nossa política é fértil.
Vale-nos que muitos de nós percebemos que o que verdadeiramente os move é a necessidade imperiosa de «irem ao pote», expressão que qualquer deles usou com profusão desde aquela tirada tosca de Passos Coelho, pois Ana e Daniel querem ir ao pote também. Fizeram as contas e acham que o PS será a via mais indicada. Por mim… quantos mais Anas e Daniéis engrossarem as alas socialistas melhor. O problema, esse sim, o problema é eu saber que vou ter de levar com mais uma série de sessões contínuas de Ana Lourenço sobre o assunto – ela própria devota no cumprimento do seu mister, que isto de potes não está fácil e Lourenço não quererá perder o seu.

No Canadá, defender raparigas de "crimes de honra", é considerado racismo

por A-24, em 02.08.14
In Canada today, helping Muslim girls is “racist.” Edmonton Transit last year caved in to Islamic supremacist demands and took down bus ads sponsored by my organization, the American Freedom Defense Initiative (AFDI), offering help to Muslim girls who were living in fear of honor killing. But we are fighting back. We’ve initiated a court action to defend free speech – which is supposed to be protected by the Canadian Charter of Rights and Freedoms.

Nowadays it seems increasingly in both the U.S. and Canada that free speech is only allowed to those whose positions are popular. But the whole purpose of free speech, the foundation of any free society, is to protect people who tell unpopular but necessary truths. If any group has the power to censor messages it doesn’t like, society is no longer free.


The Canadian media certainly hate our message of hope and freedom. The media in Canada called our ads “dishonorable,” “controversial,” and, above all, “racist.” It’s “dishonorable” and “controversial” and “racist” to save lives? Under the Sharia, yes, it is. And so in Edmonton, Sikh Councillor Amarjeet Sohi, who should know better than to carry water for the Islamic supremacists who oppressed his people for centuries, ordered officials to take down our ads immediately. They complied – even though vicious blood libels against Israel are just fine and have run on transit systems across Canada.
Apparently Muslims complained about our ads. Why? Is this how the Canadian Muslim community responds to the desperate circumstances of Muslim girls living in devout Muslim homes? They deny, obfuscate, and dissemble. The Muslim community protects the idea of honor in Islam, while smearing and libeling as “racists” the truth tellers coming to the aid of these girls.

Honor killing is a grim reality that is largely ignored, and girls are suffering as a result. In Canada in 2007, 16-year-old Aqsa Parvez was strangled to death by her father and brother for refusing to wear hijab. And two years later, Mohammad Shafia murdered his first wife and three daughters in an another honor killing. Our ad depicted “Muslim Girls Honor Killed By Their Families,” with photos of Aqsa and six other honor killing victims. It read: “Is your family threatening you? Is there a fatwa on your head? We can help: go to FightforFreedom.us.” (Source)

Entender um conflito - O que é a OLP? E a Autoridade Palestiniana?

por A-24, em 02.08.14
O que é a OLP?

A Organização de Libertação da Palestina foi criada em 1964 por decisão da Liga Árabe. O seu objectivo era representar os palestinianos e lutar pelo criação de um Estado árabe que ocupasse as fronteiras da Palestina do mandato britânico. A possibilidade de existência de um Estado judaico era explicitamente negada na sua carta de princípios.
A clamorosa derrota dos estados árabes na guerra dos Seis Dias, em 1967, abalou o prestígio das suas lideranças, que na época controlavam a OLP, e abriu caminho às organizações militantes, de fedayeen, como a Fatah de Yasser Arafat, que se tornaria presidente da organização em 1969 e ocuparia esse lugar até morrer, em 2004.
O protagonismo da OLP cresceu com a nova liderança e num quadro de ocupação dos territórios por Israel. Esse protagonismo desenvolveu-se ainda mais depois da chamada batalha de Karameh, durante a qual os combatentes da Fatah conseguiram oferecer forte resistência a uma incursão militar israelita que visava desarticular os grupos guerrilheiros que actuavam a partir da aldeia com aquele nome, na Jordânia. O crescente poder e influência da OLP na Jordânia acabaria por levar o rei Hussein a ordenar às suas tropas beduínas que restabelecessem o controle sobre todo o território, o que levou a combates sangrentos e à morte de milhares de palestinianos num episódio que ficou conhecido como “Setembro Negro” (1970).

Nos seus primeiros anos várias das organizações filiadas na OLP recorreram ao terrorismo como método de luta. Foi o tempo em que o desvio e sequestro de aviões e mesmo de navios se tornou frequente, assim como atentados e raptos, como o famoso sequestro da equipa israelita durante os Jogos Olímpicos de Munique, em 1972.
Expulsa da Jordânia, a OLP transferiria o centro das suas operações para o Líbano, onde se envolveu na guerra civil que duraria quinze longos anos. A intervenção de Israel no Líbano, em 1982, acabaria por obrigar o estado maior da OLP a voltar a mudar-se, seguindo para Tunes, na Tunísia.
Seria nesta fase que ocorreria a mais importante evolução política e doutrinária: em 1988, ao mesmo tempo que a OLP proclamava a independência do Estado da Palestina, assumia pela primeira vez que essa era a terra de três religiões monoteístas e, ao referir-se às resoluções das Nações unidas, implicitamente reconhecia o direito à existência de Israel. Foi esta evolução que tornou possíveis as negociações directas com Israel, que decorreram secretamente em Oslo, na Noruega, e que em 1993 acabariam por conduzir à assinatura de um acordo de paz que permitira iniciar o processo de transferência de poderes de Israel para uma nova Autoridade Palestiniana com jurisdição sobre a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, os territórios que Israel ocupara na sequência da guerra dos Seis Dias.
Os acordos de Oslo foram assinados, por Arafat e pelo primeiro-ministro israelita Yitzhak Rabin. numa cerimónia na Casa Branca, sob os auspícios de Bill Clinton, a 20 de Agosto de 1993. Alguns dias depois, a 9 de Setembro, o líder palestiniano faria uma declaração pública a reconhecer formalmente não só o direito à existência de Israel, mas também a viver em paz e segurança.
A soberania da Autoridade na Cisjordânia está muito condicionada pela existência de uma rede de colonatos, por existirem vastas zonas que ainda são geridas por Israel e por todas as dificuldades que as medidas de segurança colocam a qualquer deslocação.

Depois de constituída a Autoridade Palestiniana a OLP, e dentro desta a sua principal facção, a Fatah, continuaram a desempenhar um papel central na vida política, um papel que o Hamas começou a contestar, sobretudo na Faixa de Gaza, processo que levou à separação desse território.

O que é a Autoridade Palestiniana?


A Autoridade Nacional Palestiniana resulta dos acordos de paz de Oslo, negociados e assinados em 1993. A base desses acordos foi a troca de terra por paz: Israel transferia para os palestenianos a soberania sobre a Faixa de Gaza e a Cisjordânia e estes reconheciam o direito a Israel existir e viver em paz e segurança. A transferência de poderes far-se-ia gradualmente até emergir um Estado palestiniano de corpo inteiro.
A entidade interina que resultou desses acordos foi a Autoridade Palestiniana, que gradualmente foi construindo os pilares do futuro estado. Nos primeiros anos a Autoridade Palestiniana ficou entregue à Organização de Libertação da Palestina, organização reconhecida por dezenas de Estados e pelas Nações Unidas como legítima representante do povo palestiniano. Em 1996 realizaram-se as primeiras eleições, de que resultou uma maioria da OLP na câmara legislativa e a eleição de Yasser Arafat para a presidência da Autoridade.
Dez anos depois, em 2006, a vitória do Hamas nas eleições para o parlamento palestiniano precipitaria um conflito que levaria à separação entre a Faixa de Gaza, onde o Hamas tomou o poder, e a Cisjordânia, onde a Autoridade Palestiniana, dominada pela Fatah (a principal força política dentro da OLP) continua a ser governo.
Desde o princípio de 2013 que a Autoridade Palestiniana se passou a auto-designar como Estado da Palestina. Esta decisão surgiu na sequência de as Nações Unidas terem aceite a Palestina como um país observador não-membro, um estatuto idêntico ao do Vaticano.
A sede da Autoridade Palestiniana é em Ramallah, uma cidade um pouco a norte de Jerusalém, e o seu presidente em exercício é Mahmoud Abbas.

A Autoridade Palestiniana é uma democracia?

Dificilmente, apesar de já terem ocorrido eleições. Na Faixa de Gaza domina o Hamas que, em 2007, assumiu o controlo daquela região sobrepovoada e dela expulsou os seus rivais da Fatah. Na Cisjordânia o poder é controlado pela Fatah, a facção que era originalmente de Yasser Arafat e é a dominante na OLP. Esta divisão ocorreu depois de o Hamas ter ganho as eleições legislativas de 2006 mas não se ter conseguido entender com a Fatah para uma partilha do poder – a Presidência da República está nas mãos da Fatah, que em 2005 elegera para o cargo Mahmoud Abbas, o sucessor de Arafat.
Depois da guerra civil que levou à separação entre Gaza e a Cisjordânia nunca mais se realizaram eleições. O mandato de Mahmoud Abbas, por exemplo, terminou em Janeiro de 2009, mas tem vindo a ser sucessivamente prorrogado. Quanto ao Parlamento, as primeiras eleições tiveram lugar em 1996 e foram boicotadas pelo Hamas. Só voltou a haver eleições em 2006, e nessa altura ganhou o Hamas, o conduziu à guerra civil Hamas-Fatah. Desde então não houve mais eleições.
Para além disso, nos territórios sob jurisdição da Autoridade Palestiniana não existe verdadeira liberdade de imprensa; os direitos das mulheres não são respeitados; e ocorrem com frequência execuções sumárias.

Lição de Economia

por A-24, em 01.08.14
(...) Empregos podem ser um sinal de saúde de uma economia, assim como um alto nível de energia pode ser um indicativo de um corpo saudável. Mas assim como substâncias nocivas podem artificialmente dar ao viciado aquele impulso energético que nada tem a ver com saúde, empregos artificialmente criados e mantidos apenas exacerbam os problemas. 

Você pode dar a alguém um "emprego" de cavar um buraco num dia e tapá-lo no dia seguinte — ou talvez o equivalente a isso, porém executado em uma escrivaninha. Mas isso não trará benefício nenhum a ninguém. Da mesma maneira, seria possível reduzir o desemprego a zero por meio de uma regressão compulsória na tecnologia: poderíamos abolir completamente o uso de caminhões e trens, e obrigar toda a carga a ser transportada de carro. Isso criaria milhões de novos empregos. Ou poderíamos também abolir o uso do carro e criar ainda mais empregos, pois agora as pessoas só poderiam transportar carga nas costas.

Em cada um desses casos, o número de empregos criados iria superar com ampla margem o número de empregos perdidos na indústria de caminhões e na automotiva. Mas fica a pergunta: essa criação de empregos por acaso nos deixou mais ricos? Por acaso aumentou o nosso bem-estar? A resposta é óbvia. Essa criação de empregos, na prática, gerou uma redução no padrão de vida de todas as pessoas.

Um exemplo
Um país de economia fechada pode ter — e certamente terá — um desemprego menor do que um país de economia aberta. No entanto, a questão é: será que tais empregos estão realmente gerando valor e riqueza para esse país de economia fechada?
Vamos a um exemplo prático. Suponha que uma economia tenha várias pessoas empregadas na indústria automotiva, desde as linhas de montagem até as cadeias de distribuição e de peças de reposição. Isso é bom para a economia como um todo? Depende.
Se a indústria automotiva deste país está sujeita à concorrência de carros estrangeiros, os quais podem ser livremente comprados pelos cidadãos deste país, sem tarifas de importação, então essa indústria automotiva é eficiente, e os empregos que ela consegue manter certamente são de alta produtividade e geram um produto de alta qualidade. Afinal, se mesmo com a concorrência de carros estrangeiros a população nacional ainda assim segue comprando os carros fabricados nacionalmente, então é porque o produto é bom, a indústria é eficiente e os produtos fabricados por seus trabalhadores satisfaz os consumidores locais.
Porém, e se essa indústria automotiva emprega muita gente simplesmente porque ela é protegida por altas tarifas de importação, as quais impedem os consumidores nacionais de terem acesso barato aos carros estrangeiros? 
Nesse caso, há uma grande chance de os empregos mantidos por essa indústria serem artificiais e ineficientes, pois ela agora está operando em um ambiente semelhante a uma "reserva de mercado". No mínimo, esses empregos não existiriam na quantidade que existem atualmente caso a aquisição de automóveis importados fosse mais fácil.
No primeiro exemplo, os trabalhadores da indústria automotiva de fato estão criando um produto valoroso para a sociedade, e isso é nitidamente demonstrado pela preferência voluntária dos consumidores. Dado que eles têm a opção de comprar carros importados baratos, mas ainda assim optam por comprar maciçamente os carros nacionais, então isso é um sinal de que o produto é satisfatório aos preços a que estão sendo vendidos, o que significa que os trabalhadores dessa indústria estão sendo eficientes em criar um produto de valor para a sociedade.
Já no segundo exemplo, os trabalhadores da indústria automotiva estão operando dentro de um mercado protegido pelo estado. Isso é uma receita certa para a ineficiência. Devido às altas tarifas de importação, que praticamente proíbem a compra de carros importados, os carros nacionais poderão ser de pior qualidade e vendidos a preços mais altos — e ainda assim serão comprados, pois a população não tem muita escolha.
Consequentemente, ao ter de desembolsar valores mais altos para adquirir esses carros, a população terá um renda disponível menor para adquirir outros bens de consumo.
Os trabalhadores dessa indústria automotiva terão salários acima dos de mercado, ao passo que o restante da população ficará com um poder aquisitivo menor do que teria caso pudesse comprar carros mais baratos do exterior.
O exemplo acima abordou apenas um setor da economia. Se você expandir esse raciocínio para todos os outros setores — eletroeletrônicos, utensílios domésticos, produtos tecnológicos, vestuário, siderurgia etc. —, começará a ter uma noção de como o seu poder de compra pode ser afetado apenas para garantir que estes setores tenham mais emprego do que o normal.
O raciocínio econômico só é completo quando ele é capaz de contemplar não apenas o que está ocorrendo com um determinado grupo (desempregados e indústrias), mas sim o que está ocorrendo com todos os grupos da sociedade. E não apenas no curto prazo, mas também no longo prazo.

Baixo desemprego, por si só, não quer dizer nada
Por tudo isso, um país ter uma baixa taxa de desemprego não quer dizer nada. O que tem de ser olhado é o quão produtivo são esses empregos e se eles realmente estão produzindo aquilo que o consumidor quer. Você ter um canteiro de obras repleto de peões que fazem o mesmo serviço que apenas um homem com uma máquina seria capaz de fazer não é um exemplo de economia pujante ou rica, mas sim de desperdício de recursos. Você terá uma baixa taxa de desemprego, mas não estará criando riqueza de forma eficiente.
Consequentemente, o objetivo de se alcançar uma baixa taxa de desemprego não que deve ser apenas a criação de empregos per se; o objetivo tem de ser a criação de empregos produtivos e economicamente viáveis. 
Empregos só são valiosos quando as pessoas trabalham com o intuito de fornecer bens e serviços que são genuinamente valorizados e demandados pelos consumidores. Se não há uma real demanda pelos produtos fabricados, ou se a demanda é artificialmente criada por barreiras à importação ou por outras regulações governamentais, tais empregos representam um grande desperdício de recursos escassos.
Ao contrário do que alegou Keynes, se todos os desempregados atuais fossem compulsoriamente empregados na construção de pirâmides, isso não traria benefício nenhum para a sociedade. No entanto, seria ótimo para as empresas que ganhassem os contratos do governo para fornecer os tijolos e o cimento. E seria péssimo para os reais empreendedores, que agora teriam de lidar com preços mais altos para o tijolo, para o cimento e para a mão-de-obra, o que poderia inviabilizar vários outros empreendimentos mais demandados pelos consumidores. 

Conclusão
A única maneira de criar e manter empregos que não produzem realmente aquilo que o consumidor quer é utilizando o governo.
Seja por meio de subsídios diretos, seja por meio de regulações que criam um cartel e proíbem a concorrência, seja por meio de tarifas de importação que criam um reserva de mercado — apenas o governo pode manter operante empresas que produzem algo que não é genuinamente demandado pelo consumidor. 
E, ao fazer isso, empregos são gerados. E eles podem custar muito caro.

A arte da propaganda

por A-24, em 01.08.14
"A arte da propaganda consiste precisamente em ser capaz de despertar a imaginação do público por meio de um apelo aos sentimentos dele, em encontrar a forma psicológica apropriada que prenderá a atenção e agradará os corações das massas nacionais (...).
As forças receptivas das massas são muito restritas, e sua compreensão é fraca. Por outro lado, eles esquecem rapidamente. Sendo esse o caso, toda a propaganda eficaz deve ser restrita a poucos itens essenciais e eles devem ser expressos, na medida do possível, em fórmulas estereotipadas. Esses slogans devem ser repetidos persistentemente, até que o último indivíduo tenha entendido a ideia que foi apresentada. Se esse princípio for esquecido e se uma tentativa for feita para ser abstracta e geral, a propaganda será ineficaz; pois o público não é capaz de digerir ou reter o que é oferecido desta forma. portanto, quanto maior o escopo da mensagem que tem de ser apresentada, mais necessário é que a propaganda descubra o plano de acção que é psicologicamente o mais eficiente."- Joseph Goebbels.

Entender um conflito - O que são os Colonatos num lado e existe um problema de refugiados do outro?

por A-24, em 01.08.14
O que são os colonatos? Que problemas levantam?

A maioria dos colonatos começaram a ser instalados depois da guerra dos Seis Dias, em 1967, quando Israel ocupou a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. Os primeiros foram logo instalados nesse ano pelo governo trabalhista como parte de uma política de colonização. A maioria dos colonatos foi construída na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Os colonatos construídos no Sinai foram desmantelados em 1997, após o acordo de paz com o Egipto, e os da Faixa de Gaza foram abandonados em 2005, depois de Israel ter decidido unilateralmente retirar por completo desse pedaço do território.
Os colonatos são de diferente tipo. Alguns, sobretudo na área de Jerusalém, são colonatos urbanos, zonas de subúrbio habitacional. Os outros são sobretudo colonatos agrícolas ou aquilo que se designa por aldeias de fronteira, estando nesta categoria alguns dos que foram construídos no vale do Jordão.
Apesar de, logo em 1967, uma parte da migração ter sido justificada com o regresso dos judeus a locais que tinham ocupado antes da guerra da independência, a maior parte dos colonatos são novas instalações.
A expansão dos colonatos na Cisjordânia retalhou este território, tornando difíceis as deslocações sobretudo desde que os israelitas construíram vedações e muros de separação.
Qualquer perspectiva de resolução para aquela região implica que se encontre que se encontre uma solução para os colonatos. Talvez seja possível, relativamente aos que se situam mais próximo da chamada “linha verde” – a linha do armistício no final da guerra da independência, em 1948 – redesenhar a fronteira, trocando terras, isto é, entregando Israel aos palestinianos terras situadas do lado judeu dessa “linha verde”. Esse cenário já foi trabalhado e negociado entre as parte, mas nunca se chegou a propostas viáveis. Mesmo assim Israel terá sempre de abandonar a maioria dos colonatos, e alguns são muito populosos, ao contrário do que sucedia no Sinai e na Faixa de Gaza.
Há também dificuldades políticas. Alguns dos partidos israelitas sem os quais não se consegue formar uma maioria de governo defendem a ideia de que a Cisjordânia – as terras bíblicas da Judeia e Samaria – são parte inalienável de Eretz-Israel, e por isso nunca deverão ser cedidas aos palestinianos. Os colonos também têm um partido político com representação parlamentar e são politicamente muito activos.
Em contrapartida Israel está totalmente isolado na sua política face aos colonatos. Já foi condenado duas vezes nas Nações Unidas e nem os seus aliados ocidentais apoiam a expansão desta forma de ocupação apesar de o lançamento de novas construções nunca ter verdadeiramente parado.
Actualmente vivem mais de 300 mil judeus nos colonatos da Cisjordânia e mais 200 mil nos que foram construídos nos subúrbios Jerusalém Oriental.

Existe um problema de refugiados?


Existe, apesar de ser um problema com contornos sobretudo políticos.

Na sequência da guerra da independência de Israel, em 1948, cerca de 700 mil palestinianos fugiram de suas casas, ou foram forçados a abandoná-las. Esses palestinianos espalharam-se pelos países da região, tendo sido construídos campos de refugiados no sul do Líbano, na Cisjordânia, na Jordânia e na Faixa de Gaza. Muitos desses campos ainda hoje existem, mesmo quando à vista desarmada pouco ou nada os diferencia de um bairro pobre.

Porque é que, passados quase 70 anos, esta situação se mantém?
Primeiro, porque os países árabes da região, com a excepção parcial da Jordânia, nunca aceitaram integrar esses refugiados, da mesma forma que não aceitaram aceitar a própria existência de Israel. Depois porque desde a primeira hora que os palestinianos reivindicam o chamado “direito de retorno”, isto é, o direito a reocuparem as casas e as terras que abandonaram precipitadamente em 1947 e 1948. O “direito de retorno” tornou-se mesmo num dos mais delicados temas, e num dos mais difíceis, do processo de paz israelo-palestiniano, e as chaves das antigas casas abandonadas são hoje um símbolo muitas vezes agitado para efeitos mediáticos pelos descendentes dos refugiados originais.
Israel argumenta que o problema dos refugiados só existe porque os países árabes não quiseram integrar os palestinianos deslocados, ao contrário do que fez Israel, que acolheu e integrou centenas de milhar de judeus que, depois da independência, saíram ou foram obrigados a sair dos países árabes onde viviam há muitos séculos, nalguns casos há dois milénios. Israel também sabe que o retorno dos descendentes dos refugiados alteraria de forma dramática a composição demográfica do país, ameaçando a sua natureza de Estado judaico.
No século XX, na Europa e no Médio Oriente, houve inúmeros casos de guerras que terminaram com a deslocação forçada de populações – foi o que sucedeu, por exemplo, na sequência da guerra entre a Turquia e a Grécia; foi o que sucedeu aos alemães dos Sudetas e da Polónia Ocidental; foi o que se passou com o sérvios da Krajina. Houve também gigantescas transferências de populações no Punjab, quando a Índia se separou do Paquistão. A permanência de um estatuto de refugiado para uma massa tão grande de deslocados de há mais de seis décadas, quase três gerações, é por isso um caso único nas relações internacionais.
OBSERVADOR

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