Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

A-24

Mundial: França e Alemanha nos quartos de final

por A-24, em 30.06.14


França 2-0 Nigéria (Pogba 79' e Yobo a.g 90'+2)


Não foi fácil. A Nigéria chegou a estar por cima, mas os franceses conseguiram confirmar o favoritismo e ficam à espera do vencedor do Alemanha-Argélia. Foi um erro de Enyeama que permitiu a Pogba desbloquear o marcador num jogo em que a França apresentou muitas lacunas no último passe. A Nigéria mostrou ser uma equipa madura e bem organizada, mas acusou o desgaste na recta final do encontro. A dupla Musa-Emenike voltou a ser um quebra-cabeças para os adversários e sai deste Mundial muito valorizada.

A Nigéria conseguiu equilibrar o jogo contra uma das equipas mais fortes da fase de grupos. A equipa surgiu concentrada e bem posicionada, conseguindo travar a dinâmica do meio campo francês durante um largo período. Só quando Pogba e Matuidi conseguiam ultrapassar Mikel e Onazi é que a turma de Deschamps conseguia criar perigo, e num desses lances o médio da Juventus viu Enyeama negar-lhe o que seria um grande golo. Do outro lado, Musa e Emenike deixaram a defensiva francesa em sentido. Os nigerianos até bateram Lloris, mas o golo de Moses foi invalidado por um fora de jogo no limite. Na segunda parte, a França entrou com uma atitude muito passiva e os africanos, mais acutilantes, superiorizaram-se e podiam ter marcado (Lloris esteve atento). A mudança no jogo deu-se com a entrada de Griezmann e a passagem de Benzema para a zona central. Os europeus voltaram ao comando da partida e chegaram à vantagem na sequência de um canto, com Pogba a aproveitar um mau alívio de Enyeama. Já em cima do final, Yobo fez um auto-golo quando Griezmann se preparava para marcar.


França - Foi a pior exibição até ao momento, muito por culpa de Deschamps. A opção inicial, com Giroud e Benzema, não deu resultado ofensivamente (fez falta um jogador como Griezmann a aparecer entre linhas) e prejudicou a equipa defensivamente, já que o jogador do Real Madrid não defendeu e permitiu a Ambrose ter uma auto-estrada no flanco direito. O técnico francês foi a tempo de corrigir o erro, mas fica o aviso para a próxima eliminatória. Individualmente, Pogba fez uma exibição algo intermitente mas quando aparecia no jogo fazia a diferença com a sua capacidade de passe e transporte, tal como Matuidi. Benzema fez o jogo menos conseguido, aparecendo menos e cometendo muitos erros no passe. Valbuena esteve em bom plano e foi mesmo o elemento que esteve mais assertivo no último terço. Defensivamente, para além da segurança de Lloris, Varane e Koscielny fizeram uma exibição impecável, bem como Debuchy, que sempre que se integrava no ataque criava desequilíbrios. Evra sofreu bastante com a velocidade dos nigerianos, muito por culpa da falta de apoio de Benzema.

Nigéria - Excelente réplica dos africanos. Se não fosse o erro de Enyeama (não merecia e até fez várias defesas espectaculares) até podiam ter conseguido o prolongamento. Keshi montou bem a equipa, conseguindo anular durante a maior parte do encontro as subidas dos laterais franceses (Musa e Moses estiveram bem nas tarefas defensivas), pressionando a saída de bola e aproveitando a superioridade numérica no corredor direito para criar perigo. Ambrose fez um grande jogo, apoiando muito bem o ataque. A dupla Musa-Emenike voltou a causar imensas dificuldades ao adversário com a sua potência, velocidade e, ao contrário de muitos jogadores africanos, boa capacidade de decisão. Odemwingie também surpreendeu, recuando bastante e dando critério à posse de bola da equipa.




Alemanha 2-1 Argelia (a.p,)

Não estava nas previsões, mas a Argélia deu muito trabalho à Alemanha, a ponto de ter pairado a hipótese de uma enorme surpresa. Os germânicos precisaram de um prolongamento para vencer os argelinos (2-1) e seguirem para os quartos-de-final, fase em que vão defrontar a França.
Depois de 90 minutos sem golos, Schurrle quebrou a resistência da Argélia, ao marcar logo no início do prolongamento. O jogador do Chelsea marcou de calcanhar, após um cruzamento de Müller.
No penúltimo minuto do prolongamento, Özil marcou o segundo golo e logo a seguir Djabou reduziu para a Argélia.
Com a vitória por 2-1, a Alemanha garante pela 15.ª vez seguida a presença entre os oito melhores de um Mundial de futebol.

Cem anos depois, o passado continua a assombrar Sarajevo

por A-24, em 30.06.14
Num país dividido como a Bósnia-Herzegovina, onde o passado continua a assombrar o presente, as comemorações dos cem anos da Primeira Guerra Mundial são assunto delicado: tanto tempo depois, os olhares cruzados sobre Gavrilo Princip, o sérvio bósnio que assassinou o arquiduque Francisco Fernando a 28 de Junho de 1914, assim precipitando a Europa num conflito que acabaria por se estender ao resto do mundo, mostram que as feridas da sangrenta desintegração da Jugoslávia continuam por cicatrizar. Os concertos que terão lugar na capital, Sarajevo, e em Visegrad, ali assinalando a data que mudou para sempre o século XX, são um sinal de que continua a ser impossível falar do passado a uma só voz.

Em Sarajevo, onde o herdeiro ao trono dos Habsburgos foi abatido a tiro numa manhã do Verão de 1914, a Filarmónica de Viena vai tocar Haydn, Schubert, Brahms e Ravel, em memória do crime que deu início à guerra e encerrou uma era de paz e progresso na Europa. Paralamente, em Visegrad, a principal orquestra da Sérvia interpretará o Concerto de Verão de Vivaldi num tributo a Gavrilo Princip, que os sérvios continuam a ver como um herói cujo acto de bravura deu a machadada final em séculos de ocupação dos Balcãs. A organização está a cargo do cineasta Emir Kusturica. 

Os líderes da Sérvia e dos sérvios bósnios recusaram-se a participar nas comemorações organizadas em Sarajevo, argumentando que a maioria muçulmana da Bósnia e a maioria católica da Croácia estão decididas a impor que Princip fique para a História como um terrorista nacionalista, assim culpando os sérvios em geral pelas guerras que abriram e fecharam o século XX na Europa. Contrariando essa visão, os sérvios vão inaugurar em Visegrad um mosaico representando Princip e os seus colaboradores; um grupo de actores reconstituirá o assassinato de Francisco Fernando e o julgamento do seu jovem assassino de 19 anos, que morreu na prisão, vítima de tuberculose, meses antes do fim da Primeira Guerra Mundial.
O assassinato do herdeiro ao trono dos Habsburgos, disse Kusturica à Reuters, "iniciou a libertação da servidão e da escravatura". "Não vejo por que razão toda a gente haveria de assinalar o dia no mesmo lugar quando as visões sobre este acontecimento são tão desencontradas", reforçou.
Do outro lado da barricada, a mensagem é de união: em Sarajevo, as comemorações terminarão com um musical ao ar livre que junta 280 artistas de toda a Europa, incluindo sérvios, e cujo título, esperançoso, é A Century of Peace after the Century of Wars ("Um século de paz depois do século das guerras"). "Gostaríamos de abrir simbolicamente o novo século com um gesto artístico sobre a paz e o amor", explicou à Reuters o encenador Haris Pasovic. "Representamos uma geração mais nova, comprometida com a mesma ideia básica - a vitória da paz e da vida sobre todas as coisas más que aconteceram", acrescentou o estudante de teatro sérvio Uros Mladenovic.
O Presidente austríaco, Heinz Fischer, encabeça a lista de dignitários que assistirão às comemorações do centenário da Primeira Guerra Mundial na capital bósnia. Os festejos são maioritariamente patrocinados pela França. Com a unidade e a prosperidade da Europa ameaçadas pela crise económica e social, os líderes dos 28 Estados-membros da União Europeia reúnem-se na próxima quinta-feira, dia 3, em Ypres, uma cidade que é sinónimo da morte e do sofrimento causados pela guerra de 1914-1918.

Uma estátua para um assassino
O concerto que a Filarmónica de Viena dá este sábado na Bósnia terá lugar na antiga Câmara Municipal de Sarajevo, onde na manhã de 28 de Junho de 2014 Francisco Fernando e a mulher, Sofia, assistiram a uma recepção pouco antes do atentado fatal.
Um mês depois, o exército austro-húngaro atacava a Sérvia e as grandes potências europeias entraram no conflito. Mais de dez milhões de soldados morreram à medida que os impérios se desmoronavam e o mapa do continente se redesenhava radicalmente.
Reconvertido em Biblioteca Nacional em 1949, o edifício neo-mourisco ardeu em 1992 durante o cerco que manteve a cidade sitiada ao longo de 43 meses. Quase dois milhões de livros foram então destruídos; uma placa entretanto colocada no local denuncia a culpa dos "criminosos sérvios". Meticulosamente restaurado, reabriu em Maio e vai acolher o seu primeiro evento este sábado. Mas os sérvios são sensíveis a qualquer tentativa de estabelecer ligações entre as guerras de 1914-1918 e de 1992-1995.
"Ponderei ir a Sarajevo", declarou o primeiro-ministro sérvio Aleksandar Vucic. "Mas era suposto passar junto de uma placa que refere os 'agressores sérvios fascistas'. Lamento, mas com todo o devido respeito não posso fazer uma coisa dessas."
Muitos bósnios e croatas recordam a ocupação austro-húngara como um período de progresso e vêem em Princip um sérvio nacionalista movido pelas mesmas ambições territoriais que estiveram anos depois por trás das limpezas étnicas da década de 1990. Na sequência da Primeira Guerra Mundial, consideram, o domínio austro-húngaro foi substituído pelo domínio de Belgrado, no contexto do então criado reino da Jugoslávia.
Depois da Segunda Guerra Mundial, e sob o regime socialista jugoslavo, Princip foi oficialmente reabilitado como um combatente pela libertação de todas as nações e de todas as fés unidas por Tito. Mas a desintegração da Jugoslávia, que se pulverizou entretanto em sete novos estados, quebrou qualquer hipótese de unanimidade acerca do seu papel na História. A guerra, fomentada pela Sérvia e pela Croácia, provocou a morte de cem mil pessoas, na sua grande maioria bósnios. Até hoje, continuam a ser descobertas valas comuns.
A casa natal de Princip, no Noroeste da Bósnia, foi demolida, mas foi reconstruída este ano pelos sérvios, que planeiam reabri-la como museu. E entretanto, na metade Leste de Sarajevo, de maioria sérvia, será inaugurada uma estátua do assassino de Francisco-Fernando. Os acordos de paz que selaram o fim da Guerra dos Balcãs dividiram a Bósnia em duas regiões altamente autónomas, distribuindo o poder por facções étnicas antagónicas num sistema que os críticos acreditam apenas ter cimentado as divisões anteriores. Os líderes políticos continuam a enfatizar as diferenças, apesar de uma aparente disponibilidade acrescida entre os bósnios para seguir em frente.
Perante a polémica das comemorações do centenário da Primeira Guerra Mundial, o líder bósnio sérvio Milorad Dodik, que frequentente agita o fantasma de uma secessão, disse aos jornalistas: "Tanto no sofrimento como nas celebrações, sempre estivemos em lados opostos. Isso diz muito acerca do passado da Bósnia, mas também acerca do seu presente." PÚBLICO

Acontecimentos de 1975

por A-24, em 30.06.14


Há 39 anos, por esta hora, eu estava no Campo Santana, em Lisboa, numa manifestação à porta do Patriarcado que tinha ali a sua sede, de apoio aos trabalhadores da Rádio Renascença. Não era a primeira vez que o fazia: antes do 25 de Abril, participara em vários protestos contra o cardeal Cerejeira, por atitudes que ele tomava, ou omitia, nas relações entre a Igreja portuguesa e o governo em tempos de ditadura. Tipicamente, acabávamos sempre refugiados no átrio ou, pelo menos, protegidos pelo gradeamento que, no passeio, rodeava a porta principal – reacção instantânea quando se aproximavam os tradicionais Volkswagen creme nívea da PSP.
Mas, em 18 de Junho de 1975, os ventos eram já bem diferentes e foram outros que se refugiaram dentro da sede patriarcal. Passo a explicar, mas muito resumidamente, porque foi longo e complexo o chamado «caso da Rádio Renascença».
Quando a Revolução aconteceu, a Rádio Renascença (RR) era uma das três grandes estações de radiodifusão, a par da Emissora Nacional e do Rádio Clube Português, com um ambiente relativamente livre dentro dos limites existentes e não foi por acaso que sobre ela incidiu a escolha para a transmissão de Grândola como senha para os militares avançarem. Mas, curiosamente, foi lá que teve lugar a primeira greve em serviços de informação, logo no dia 30 de Abril, por uma profunda divergência entre jornalistas e directores a propósito da cobertura da chegada a Portugal de Mário Soares e de Cunhal. A estação esteve parada cerca de 19 horas, os trabalhadores ocuparam o espaço e o conselho de gerência acabou por abandonar o local. Este foi apenas o primeiro capítulo de uma atribulada história que duraria até Dezembro de 1975, data em que a gestão da estação foi definitivamente devolvida à Igreja.

Pelo meio, o tal episódio de 18 de Junho de 1975. Durante mais uma crise interna, sindicatos

representativos de vários sectores – jornalistas, revisores de imprensa, tipógrafos e telecomunicações – convocaram uma manifestação a ter lugar junto do Patriarcado. E teria sido apenas mais um evento, entre muitos semelhantes que aconteciam quotidianamente, não se tivesse dado o caso de ter havido uma convocatória para uma contramanifestação, feita por muitos padres, a pedido do conselho de gerência da RR (texto na imagem, aqui ao lado).
Estava lançado o rastilho para um confronto que teve tiros para o ar dados pela PSP e pela Polícia Militar, muitas pedradas e cerca de 40 feridos, com os manifestantes pró-Patriarcado refugiados no interior do edifício e evacuados já de madrugada em camiões militares.
Antes, durante e depois, foram divergentes os apoios recebidos por cada um dos lados. A UDP foi a primeira organização política a apelar para a participação na manifestação de apoio aos trabalhadores, acompanhada, entre outros, pelo MES, LCI, LUAR, PRP/BR, CMLP, ORPCML, Associação de ex-Presos Políticos Antifascistas, várias comissões de trabalhadores (com realce para a dos TLP), e organizações católicas como a JOC e Cristãos pelo Socialismo. Contra a manifestação, embora com diferentes nuances, declararam-se o PS, o PPD, o CDS, o PDC e o PCP. Estranho? Olhem que não, olhem que não! 

Mundial: Holanda consegue reviravolta nos últimos 5 minutos e elimina o México e o sonho da Costa Rica continua

por A-24, em 29.06.14

Holanda 2-1 México (Sneijder 88' e Huntelaar 90'+3 e Giovani dos Santos 48')
Os europeus levaram a melhor sobre os centro-americanos no primeiro duelo do dia e ficam agora à espera do vencedor do Costa Rica-Grécia, sendo certo que tem bastantes probabilidades de chegar às meias. A Holanda esteve a perder desde o início da segunda parte, mas conseguiu a reviravolta nos últimos minutos, com Robben a desequilibrar e Huntelaar a ser decisivo com uma assistência de cabeça e um golo de penalty. Quanto ao México, acabou por deitar tudo a perder na recta final do encontro, pagando pelo facto de ter recuado as linhas (quase abdicando do ataque) demasiado cedo. 

Quanto ao jogo, foi menos interessante do que seria de esperar, provavelmente devido ao calor que se fez sentir em Fortaleza. As duas equipas jogaram a um ritmo lento e tiveram dificuldades na criação ofensiva, proporcionando poucos lances junto das balizas. Ainda assim, o México foi superior durante a primeira parte, com Herrera mais uma vez em destaque (esteve perto de marcar). Na segunda parte, o golo madrugador de Giovani dos Santos, com um remate espontâneo de fora da área, alterou a postura das equipas. Van Gaal fez entrar Depay e a Holanda passou a jogar em 433, exercendo maior pressão sobre um México que optou por defender o resultado. Ochoa negou o golo aos holandeses com duas defesas fantásticas, mas nada pôde fazer para travar um remate de Sneijder na sequência de uma bola parada. Pouco depois, Robben ganhou um penalty e Huntelaar não vacilou, confirmando a vitória da selecção laranja.


Holanda - Apesar de os holandeses terem 4 vitórias em 4 jogos, o futebol praticado está muito longe de ser positivo. A turma de Van Gaal está a jogar com uma atitude demasiado conservadora - hoje só a perder é que entrou no jogo - e neste encontro ficou claro que apostar num sistema de 3 centrais não foi benéfico, já que a equipa esteve muito permeável defensivamente (Vlaar e De Vrij cometeram muitos erros) e ofensivamente não conseguiu encontrar soluções para penetrar na defensiva mexicana. O técnico holandês foi feliz com as entradas de Depay, que agitou a partida, e Huntelaar, decisivo na passagem, mas a verdade é que até então o conjunto voltou a depender exclusivamente das arrancadas de Robben. O craque cresceu no jogo quando passou para o lado direito e pelo quarto encontro consecutivo voltou a ser fundamental no sucesso da sua equipa. Destaque também para Sneijder, que, apesar de não ter conseguido fazer a diferença enquanto criador de jogo, acabou por empatar o encontro com um remate indefensável.

México - Depois da derrota do Chile, é a vez de mais uma selecção muito interessante do ponto de vista colectivo dizer adeus ao Mundial. Os mexicanos fizeram 87 minutos excelentes, disciplinados no plano táctico e com grande entrega ao jogo, mas a estratégia de Herrera (que se tivesse resultado o tornaria num herói no seu pais) acabou por condenar a equipa na recta final do encontro. Nem um super Ochoa, que juntou mais duas defesas do outro mundo ao seu vasto leque de grandes paradas, conseguiu evitar o remate de Sneijder e o penalty de Huntelaar. O trio de centrais esteve novamente muito bem (incluindo Reyes, que entrou para o lugar de Moreno) até Robben passar para a direita e colocar Rafa Márquez em grandes dificuldades. Salcido, no lugar do castigado Vázquez, não deu a mesma fluidez à equipa. Nas laterais, Aguilar atacou pouco e Layun, quando o fez, cruzou mal. O grande destaque do conjunto mexicano, especialmente durante a primeira parte, foi o portista Herrera, que voltou a impressionar pela sua capacidade técnica e facilidade de chegar à área contrária. Giovani dos Santos, depois de exibições mais apagadas, voltou a brilhar, enquanto Peralta fez um jogo esforçado na frente. Esta foi a 6ª eliminação consecutiva do México nos oitavos-de-final (1994, 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014).

Sonho da Costa Rica continua

Costa Rica e Grécia seriam duas selecções com poucas expectativas para este Mundial. Nenhuma delas tem grande historial na competição e, entre as duas, apenas os centro-americanos tinham avançado para lá da fase de grupos. Mas, depois de ter sobrevivido e prosperado num grupo com três antigos campeões do mundo (já nenhum deles está em competição), a Costa Rica continua a sua história de sonho, qualificando-se neste domingo para os quartos-de-final com um triunfo nos penáltis (5-3, depois de 1-1 em 120 minutos) sobre a Grécia de Fernando Santos, num jogo realizado no Arena Pernambuco, em Recife. Segue-se agora a Holanda, num jogo marcado para o próximo sábado, em Salvador.

Mesmo não sendo uma das equipas mais cotadas, a Grécia seria, seguramente, um adversário complicado para os costa-riquenhos. Os “Ticos”, de vocação ofensiva, teriam uma equipa grega habituada e confortável a defender já desde os tempos de Otto Rehhagel e do Euro 2004. Foi exactamente o que aconteceu. Depois de brilharem na fase de grupos, homens como Joel Campbell e Bryan Ruiz, as “estrelas” ofensivas dos centro-americanos, perderam-se na contenção da Grécia, provavelmente a única selecção sobrevivente neste Mundial com uma estratégia declaradamente defensiva.



Os primeiros 45 minutos foram soporíferos e pouco interessantes, sem nada para animar os espectadores. A única jogada que se pode descrever como oportunidade de golo aconteceu aos 36’ e para o lado da equipa de Fernando Santos. Holebas faz o cruzamento, Salpingidis responde bem à solicitação, mas o guarda-redes Keylor Navas não deixa que o golo aconteça. Era isto que Fernando Santos queria. Manter o adversário longe da baliza de Karnezis e aproveitar o voluntarismo dos seus avançados para marcar um golo, algo que é coisa rara nesta selecção grega.

Mas a Grécia até surgiu mais confortável na segunda parte. Logo aos 47’, Samaras teve na cabeça uma oportunidade, mas o remate foi à figura de Navas. Pouco depois, finalmente a Costa Rica conseguiu furar a resistência grega. Aos 52’, Bolaños faz o cruzamento para a entrada da área e Bryan Ruíz, num remate com pouca força e muita colocação, consegue meter a bola na baliza grega, naquele que foi o seu segundo golo do Mundial – já tinha marcado à Itália. Karnezis, muito encostado ao outro poste e tapado por um seu colega, nem se mexeu para tentar deter a bola que entrou bem junto ao ferro do lado esquerdo.

Santos foi metendo os avançados que tinha no banco, primeiro Mitroglou, depois Gekas. Pelo meio, uma expulsão para o lado da Costa Rica. Aos 66’, Óscar Duarte vê o segundo cartão amarelo e deixa a sua selecção a ter de defender uma magra vantagem com menos recursos humanos que o adversário. Os papéis invertiam-se. Era a Grécia quem tinha agora de atacar, com a sua própria sobrevivência em causa. Com pouco discernimento, mas muito coração. E a entrega grega, não menos que total, deu frutos, tal como acontecera no jogo com a Costa do Marfim.
Já em tempo de compensação, após um primeiro remate de Gekas defendido por Navas, é um defesa, Sokratis Papastathopoulos (um dos apelidos mais compridos deste Mundial), a fazer o empate e a dar mais um exemplo de sobrevivência no limite. Depois, no prolongamento, Grécia correu mais, a Costa Rica resistiu e o seu guarda-redes foi o herói. Trinta minutos depois, manteve-se o empate e avançou-se para os penáltis. Fernando Santos foi expulso do banco e teve de ver o desempate pela televisão. Acertaram os sete primeiros e foi Gekas, um dos mais experientes dos gregos, o primeiro a falhar. Ou melhor, foi Navas o primeiro a defender. Depois, Michael Umaña, central que ainda joga no seu país, rematou forte e colocado e acabou com os gregos.

há 100 anos, um martírio

por A-24, em 29.06.14
Em 1908, por cá, um Rei e um príncipe herdeiro eram assassinados pela escumalha carbonária. Durante muitos anos, pulhas de carácter moral mais do que duvidoso fizeram peregrinações aos túmulos dos criminosos que, Deus seja louvado, hão-de estar a penar. Seis anos depois, em Sarajevo, Francisco Fernando e a esposa eram igualmente martirizados às mãos do equivalente local da canalha lusitana e de outra que, durante décadas conspirou contra as casas reais europeias. Hoje inaugurou-se uma estátua do homicida. O polvo maçónico-capitalista, aparentemente, triunfou e domina hoje a Europa, mas a guerra que começou antes de 1914 ainda não terminou.

in A Corte na Aldeia

Suárez, o vampiro do Uruguai que tirou sangue à selecção inglesa

por A-24, em 29.06.14
Avançado do Liverpool é criticado em Inglaterra porque já mordeu adversários e foi suspenso e multado por insultos racistas. Mas afirma que os dois golos que marcou contra a selecção inglesa serviram para calar os críticos.

Jogavam-se os últimos instantes do Uruguai-Inglaterra e as câmaras não conseguiam desviar o olhar da expressão de Luis Suárez. Sentado no banco de suplentes, o avançado uruguaio tinha acabado de ser substituído e esperava pelo apito final com a ansiedade de quem sabe que está a momentos de ser levado em ombros pelos seus 22 colegas e pelos milhões de compatriotas que acompanhavam o jogo pela televisão.


Não era para menos – Suárez, o temível avançado do Liverpool, acabara de marcar os dois golos da vitória sobre a selecção inglesa no estádio Arena Corinthians, em São Paulo, mas na sua cabeça passava um filme ainda mais electrizante. E, mais uma vez, não era para menos – Suárez acabara de calar todos os ingleses que já o tinham atirado para o canto dos derrotados, com críticas à sua condição física e ao seu polémico comportamento em campo, que oscila entre a genialidade, a simulação, a violência e as provocações racistas.

No final do jogo contra a selecção inglesa, Luis Suárez não conseguiu esconder que ansiava por este momento de vingança, a que ele chamou sonho: "Sonhei com isto. Estou a apreciar este momento, por tudo o que sofri, por todas as críticas de que fui alvo."

Era muito mais do que um jogo, como se percebeu pelas palavras que se seguiram: "Antes do jogo, muitas pessoas em Inglaterra riram-se da minha atitude nos últimos anos. É um momento muito bom para mim. Quero saber o que é que eles pensam agora."
A mensagem era dirigida a muitos adeptos de futebol ingleses, excepção feita aos seus fiéis seguidores do Liverpool, que já lhe perdoaram muitas excentricidades. Mas os outros já responderam, através das redes sociais, e muitos chegaram a fazer piadas sobre uma possível expulsão do uruguaio de Inglaterra.

Racismo, mordidelas e mergulhos
Suárez chegou ao Mundial 2014 com o rótulo de herói em Liverpool, ao fim de uma época em que o seu clube esteve perto de quebrar um jejum de 24 anos sem ganhar o campeonato inglês.
Apesar de ter terminado atrás do Manchester City, o avançado uruguaio marcou 31 golos em 33 jogos, foi considerado o melhor jogador da liga inglesa e dividiu a Bota de Ouro com Cristiano Ronaldo.
Mas a sua relação com os adeptos e com os jornalistas de desporto ingleses tem sido atribulada desde que pôs os pés em solo britânico, na época de 2010-2011, proveniente dos holandeses do Ajax.
De tempos a tempos, o futebol revela ao mundo personalidades complexas, que desejam mais do que trabalhar muito durante a semana para conquistar a confiança do "mister", mas o caso de Luís Suárez é ainda mais difícil de analisar.
Se muito do que faz em campo pode ser encarado como um saudável desafio às figuras de autoridade, a sua carreira ficará para sempre manchada pelo episódio em que despejou uma dose de racismo em cima do defesa Patrice Evra, do Manchester United. Quase três anos depois do caso, Suárez continua a afirmar que não é racista, mas a verdade é que foi suspenso por oito jogos e multado em 40.000 libras (50.000 euros) por ter feito "referência à origem étnica e/ou à cor e/ou à raça de Patrice Evra", como escreveu a federação inglesa de futebol no seu relatório final. Mal regressou à competição, o uruguaio deixou Evra de mão estendida antes do início de um novo jogo entre o Liverpool e o Manchester United, o que não ajudou a melhorar a sua reputação.
O avançado uruguaio pode negar as acusações de racismo – só ele sabe o que lhe vai na cabeça –, mas é mais difícil negar que tem uma certa inclinação para morder adversários. Aos 27 anos de idade, Luis Suárez já foi filmado a morder dois deles: o médio holandês Otman Bakkal, no ombro (sete jogos de suspensão); e o sérvio Branislav Ivanovic, no braço (dez jogos de suspensão). Uma fixação que lhe valeu alcunhas como "Hannibal Lecter", "vampiro" ou "zombie".
Outra das acusações que lhe fazem em Inglaterra é aquela que só os ingleses acreditam ser exclusiva de cidadãos de outros países – a de que não perde uma oportunidade para se atirar ao chão mal sente um toque de um adversário. É verdade, e também há imagens que o comprovam, mas Luis Suárez aproveita para provocar ainda mais os seus adversários quando é acusado de "mergulhar".

Em Setembro de 2012, num escaldante dérbi Everton-Liverpool, o uruguaio vingou-se do então treinador da equipa adversária, David Moyes, após marcar um dos golos da sua equipa. Depois de uma semana em que Moyes não se cansou de o acusar de se atirar ao chão, o uruguaio foi a correr até ao banco do treinador para festejar, lançando-se para o chão em grande estilo.

Suárez supenso por nove jogos.


FIFA aplica castigo pesado ao avançado uruguaio, que não joga mais no Mundial 2014 e estará banido do futebol durante quatro meses.
Joseph Blatter, presidente da FIFA, anunciou nesta quinta-feira um pesado castigo a Luis Suárez, por ter mordido Chiellini no jogo entre Itália e Uruguai, na fase de grupos do Mundial 2014.
Em conferência de imprensa, no Maracanã, Blatter confirmou que Suárez foi suspenso por nove jogos internacionais oficiais pelo Uruguai, terminando assim a sua participação no Mundial 2014.
Além disso, Suárez foi banido durante quatro meses de qualquer atividade relacionada com o futebol. Quer isto dizer que, até ao final de outubro, não poderá jogar pelo Liverpool e fica, assim, invalidada a possibilidade de ser transferido para outro clube no mercado de verão.

A guerra do futebol

por A-24, em 29.06.14
Luís Naves via Delito de Opinião

Estava a ver um jogo entre o Equador e as Honduras quando me lembrei que este último país esteve envolvido num dos mais bizarros incidentes da História recente, conhecido por 'Guerra das 100 Horas' ou 'Guerra do Futebol'. O conflito foi travado em Julho de 1969 e envolveu dois países vizinhos da América Central: El Salvador e Honduras. Nos combates e bombardeamentos, que duraram apenas quatro dias, morreram mais de 3 mil pessoas e tudo começou com um simples jogo de futebol entre selecções que procuravam classificar-se para o Campeonato do Mundo do ano seguinte.

Na origem do conflito esteve uma rivalidade regional que se alimentou de um problema económico profundo: as Honduras (dispondo de mais território) tinham na altura 350 mil imigrantes salvadorenhos, sobretudo na zona de fronteira, e estes camponeses estavam a ser maltratados pelo regime do general Lopez Arellano, que era sustentado por grandes proprietários agrícolas, entre estes a poderosa multinacional United Fruit Company, que possuía 10% do território hondurenho. 
A questão da emigração salvadorenha para as Honduras tornara-se um assunto muito emocional dos dois lados, para mais alimentado por histerias nacionalistas. A 8 de Junho de 1969, os dois países enfrentaram-se na ronda de qualificação para o Campeonato do Mundo que se realizaria no México. No primeiro jogo, em Tegucigalpa, as Honduras venceram por 1 a zero, mas houve violência contra cidadãos salvadorenhos. A resposta, a 15 de Junho, em San Salvador, envolveu grande brutalidade: os adeptos hondurenhos foram espancados em plena rua e os jogadores foram vítimas de ameaças físicas. No final do encontro, os jogadores da equipa diziam ter sido uma sorte a derrota por 3 a zero. Seguiu-se um jogo de desempate, em terreno neutro, na Cidade do México, e El Salvador venceu por 3 a 2, após prolongamento.
Entretanto, o futebol servira de pretexto para criar um clima de extrema tensão entre os dois governos. No próprio dia do terceiro jogo, a 26 de Junho, El Salvador cortou relações diplomáticas com as Honduras. Os dois vizinhos estavam a mobilizar soldados e a adquirir armas, sobretudo aviões americanos comprados no mercado privado, para contornar o embargo que existia à compra de armamentos. Os aviões utilizados eram da Segunda Guerra Mundial e bastante obsoletos, o que contribuiu para que não houvesse ainda mais vítimas.
El Salvador atacou as Honduras a 14 de Julho. O país mais pequeno dispunha de uma força militar numerosa e bem comandada. A invasão visou zonas montanhosas de fronteira, a norte do país invadido, e pretendia obter ganhos territoriais também no Golfo de Fonseca, partilhado pelos dois países.
Este golfo da Costa do Pacífico tem o nome de um arcebispo espanhol do século XVI, Rodriguez de Fonseca, que foi confessor de Isabel a Católica e famoso adversário de Cristóvão Colombo, além de ter sido o homem que financiou a expedição de Fernão de Magalhães. Fonseca tinha origem portuguesa e pertencia a uma família nobre que se refugiara em Castela por ter apoiado o lado vencido na batalha de Aljubarrota.
O Golfo de Fonseca e os territórios da fronteira foram ocupados facilmente pelos salvadorenhos logo nas primeiras horas da Guerra do futebol, mas seguiu-se a ressaca da falta de estratégia. Incapaz de usar a sua aviação demasiado primitiva, o exército salvadorenho começou a enfrentar o problema da falta de munições e de combustível, sobretudo após um eficaz ataque da aviação hondurenha a uma das suas bases.
Com os dois lados num impasse, a 18 de Julho de 1969 foi negociado o cessar-fogo, mas o tratado de paz só seria concluído em 1980.
As consequências do conflito foram terríveis. Do lado hondurenho houve mais de duas mil vítimas, sobretudo civis. Os salvadorenhos tiveram menos baixas, mas os efeitos a prazo foram bem mais pesados.
Os militares tinham ganho uma influência desmedida nos dois países. Honduras e El Salvador envolveram-se depois numa dispendiosa corrida aos armamentos. Centenas de milhares de imigrantes salvadorenhos foram expulsos das Honduras, na conclusão rápida de um processo que começara anos antes. O regresso destes refugiados representou uma desestabilização económica irremediável para El Salvador. Quando se deu o choque petrolífero, em 1973, a subida dos preços aumentou o descontentamento, que se tornaria insustentável após fracassar uma tentativa de fazer a reforma agrária. Em 1977, um general de linha dura, Carlos Romero, venceu as eleições com apoio americano e uso extenso de fraude eleitoral. No dia 28 de Fevereiro desse ano, um protesto pacífico na capital foi reprimido pelo exército salvadorenho, com um balanço de 1500 mortos. A violência intensificou-se e dois anos depois, El Salvador mergulhou numa longa guerra civil na qual morreram mais de 75 mil pessoas.
Dizem que a bola é redonda e que o futebol tem certa lógica, mas este episódio sugere o contrário. A guerra talvez pudesse ter sido evitada, se El Salvador e Honduras não tivessem jogado a ronda de qualificação naquelas datas e num momento de grande tensão política. Ou talvez a luta não pudesse ser evitada e o futebol tenha sido apenas o rastilho que incendiou a pólvora. O pretexto de um jogo era demasiado útil para acender as brasas das paixões nacionais. A guerra foi usada cinicamente por políticos que nunca quiseram resolver uma questão que diplomatas medianos teriam solucionado com facilidade.

Mundial: Colómbia nos quartos de final com distinção

por A-24, em 28.06.14
Visão de Mercado

A Colômbia ao levar de vencida o Uruguai garantiu pela primeira vez na sua história presença nos quartos de final de um Mundial, marcando desde já encontro com o Brasil. Os "cafeteros", carregados por James Rodriguez, o jogador número 1 do Mundial até ao momento, derrotaram o Uruguai, um conjunto que sem Suárez foi uma presa fácil, ficando assim bastante longe da prestação alcançada na África do Sul, onde atingiram as meias finais da prova.

Inicialmente assistimos a uma supremacia colombiana, ao que o Uruguai respondeu, equilibrando o encontro. Numa fase onde a partida era disputada essencialmente a meio campo (os "cafeteros" transpareciam no entanto a ideia de ter o jogo perfeitamente controlado), surge "El Bandido", que num lance de génio marca aquele que é até agora o golo da competição. Injecção de moral nos colombianos, que desde então se posicionaram sempre por cima no encontro, surgindo o segundo golo, no início do segundo tempo, através do suspeito do costume, James. Tabarez mexeu (colocou Stuani e Gaston Ramirez), ao que Pekerman respondeu, baixando as linhas, trocando Téo Gutierrez por Mejia. Alterações que permitiram ao Uruguai ter bastante bola numa zona adiantada do terreno, provocando alguns sustos, superiormente resolvidos por Ospina.

James - O melhor do Mundial até ao momento (5 golos e duas assistências). Golos de génio, muita técnica, muita classe, está num nível soberbo. Com um "bandido" destes é possível "roubar" sonhos a muitos adversários...



Colômbia - Os "cafeteros" prometem mas os 30 minutos finais deixaram algo a desejar (a equipa baixou em demasia e expôs-se sem necessidade), mesmo ofensivamente fica a ideia que, apesar de haver muito talento, vivem muito na base de aquilo que James e Cuadrado oferecem (nos quartos-de-final seria preferível abdicar de Teo e colocar Ibarbo na esquerda). A nível individual, a dupla Yepes - Zapata, apesar de ser algo limitada tem estado melhor que a encomenda, mas contra o Brasil o grau de exigência vai ser maior. C. Sanchez e Aguilar são dois médios de cobertura que percorrem maratonas por jogo e voltaram a cumprir, mas são algo limitados ao nível do passe (Guarín podia dava outra qualidade com bola). Ospina foi um "monstro" entre os postes, estando bastante em foco na parte final do encontro, onde negou algumas vezes o golo aos uruguaios. Jackson Martinez foi titular pela segunda vez mas apareceu mais a desgastar-se nas alas no que em zonas de finalização, ao passo que Armero mostrou toda a sua velocidade e vocação ofensiva.

Cuadrado - O fiel escudeiro de James. Está também ele num momento excelente, somando a quarta assistência na prova.

Uruguai - Sem Suárez os uruguaios são um osso bem menos duro de roer. Saem do Brasil com uma prestação bem distante da exibida no último mundial, e com a imagem de que a supremacia presenciada nos trinta minutos finais da partida de hoje foram mais por consentimento da Colômbia, do que por mérito próprio. Sempre com uma postura defensiva, excessivamente faltosos, sem a principal estrela, viveram em demasia do futebol directo. Em 2010 e 2014 somam por derrotas todos os jogos disputados sem Luís Suárez.

Pékerman - Muitas vezes apelidado como "o melhor treinador de jovens do mundo", pode nesta competição provar que pode ir além desse rótulo.

Mundial 2014: Brasil sofre para se apurar para os quartos

por A-24, em 28.06.14
Público
O Brasil qualificou-se neste sábado para os quartos-de-final do Mundial 2014 que está a organizar, após bater neste sábado, em Belo Horizonte, o Chile nos penáltis, após um empate (1-1) ao fim de 120’.

Os brasileiros foram mais certeiros nos pontapés dos 11 metros, marcando três, enquanto os chilenos marcaram apenas dois. Na próxima sexta-feira, o Brasil defronta nos “quartos”, em Fortaleza, o vencedor do jogo deste sábado entre Colômbia e Uruguai.

O Brasil colocou-se em vantagem aos 18’. Canto marcado por Neymar e David Luiz, a meias com Gonzalo Jara, faz o 1-0, sendo que, apesar de parecer autogolo, a FIFA creditou o golo ao antigo defesa do Benfica.
Os chilenos responderam ainda na primeira parte, aproveitando da melhor maneira um erro da defesa brasileira. Aos 32’, após um lançamento na linha lateral, Hulk tenta devolver a bola a Marcelo, mas Vargas chega primeiro e consegue fazer o passe para Alexis Sánchez, que faz o empate.
O Brasil teve quase sempre maior iniciativa ofensiva, mas o guardião chileno Bravo foi o herói, defendendo várias bolas de golo, até ao final dos 90’ e durante o prolongamento, mas foi o Chile quem esteve mais perto do golo, no último minuto do tempo extra, com Mauricio Pinilla a atirar à trave.
Com o empate no final do prolongamento, a decisão foi para os penáltis e Júlio César foi o herói, ao defender os remates de Pinilla e Alexis, com Jara a atirar ao poste na última tentativa chilena. David Luiz, Marcelo e Neymar compensaram os falhanços de Willian e Hulk.


En Belo Horizonte este sábado lloró todo el mundo. Los jugadores de Brasil, los deChile, las aficiones de los dos equipos y hasta más de uno, de dos y de tres periodistas. El partido fue un dramay el sonido ambiental del estadio el mejor termómetro para medir el grado de pánico y tensión.
No hubo incidentes en las gradas, que es de alabar. Y tampoco fuera. Los chilenos que se quedaron sin entrada se marcharon pacíficamente a la Fan Fest a disfrutar del partido con sus viandas. Han viajado a Brasil con la casa a cuestas. Muchos en caravanas, donde han hecho vida en Copacabana durante los últimos 15 días. Hasta vendían pulseras y bebidas en la calle para sacarse un dinerillo y financiarse el Mundial.
En Río de Janeiro había más de 40.000, que fueron los que convirtieron Maracaná en Santiago de Chile el día en que jugó allí España. Este sábado, en Belo Horizonte, sólo había 5.000. Y se hicieron notar con su famoso ''Chi-chi-chi, le-le-le''. Quedará por siempre en la memoria de los brasileños, que aplaudieron a los aficionados de La Roja al final del partido, haciendo las paces tras un partido de infarto y un rifi-rafe con los himnos. Ambas aficiones abuchearon la prolongación de sus

Movimento punk em Portugal analisado em congresso no Porto

por A-24, em 28.06.14
The Clash
Na conferência internacional “Keep It Simple, Make It Fast – Underground Music Scenes and DIY Cultures” vão ser apresentadas as conclusões de uma série de investigações desenvolvidas nas ciências sociais, mas também nas artes, no design e na música.

O movimento punk e os fenómenos underground – “cada vez mais presentes na sociedade portuguesa” -vão ser analisados num congresso a partir do dia 8 de julho, no Porto, na presença de 150 investigadores de 30 países.
De acordo com a socióloga Paula Guerra, da Universidade do Porto, na conferência internacional “Keep It Simple, Make It Fast – Underground Music Scenes and DIY Cultures” vão ser apresentadas as conclusões de uma série de investigações desenvolvidas nas ciências sociais, mas também nas artes, no design e na música que permitem concluir que três décadas após o movimento punk as “formas de vida” alternativas estão cada vez mais presentes.
“Apesar da idade, fica sempre qualquer coisa de se ter sido punk e essa alguma coisa, se calhar, é o conceito ‘Do It Yourself’ (DIY, na sigla em inglês). Mas também as coisas que se fazem coletivamente: a questão da luta e da resistência, a participação social e política, alheada de partidos mas participativa. Pessoas que querem fazer a diferença e não querem ser uma ovelha no rebanho”, disse à Lusa Paula Guerra sublinhando as características originais do punk.
O movimento punk, a partir da segunda metade da década de 1970, inicialmente no Reino Unido e nos Estados Unidos, promoveu o conceito DIY, uma forma de criação independente, alheada das marcas e do sistema comercial na produção de música, roupa, adereços e publicações.
O fenómeno de “contracultura” reaparece e de acordo com a investigadora da Universidade do Porto está presente em Portugal, quer pelos mais jovens mas também pela geração mais velha.
“Há um interesse muito grande das pessoas em encontrarem formas de vida alternativas ainda que isso não tenha muito eco nos media mas vai acontecendo e transfere-se para a vida das pessoas e revela-se em modos de vida, práticas artísticas, práticas musicais”, disse Paula Guerra.
“Desde de 2012, em Portugal, há uma cena ‘underground’ dinâmica muito feita pelas próprias pessoas que participam, arranjam espaços, agendas e há muito dinamismo. Todas as semanas existem concertos e há coisas a acontecer só que todas essas coisas são de uma grande invisibilidade e muito micro”, sublinha a investigadora, autora do livro “A Instável Leveza do Rock” sobre o percurso do rock alternativo desde os anos 1980.
“Há casos de pessoas que têm empregos. Trabalham das ‘nove às cinco’ e paralelamente desenvolvem projetos em que reúnem amigos, gravam música em casa, fazem as capas dos discos e das cassetes e que são movidas por uma paixão. Acreditam em fazer coisas diferentes e sobretudo é muito interessante que estas coisas se verifiquem numa sociedade como a atual em que há uma banalização enorme das coisas, inclusivamente da participação cívica e da participação política”, explica a socióloga.
Paula Guerra destaca o conjunto de pessoas que se movem “nos circuitos alternativos” e cujas motivações não são o dinheiro mas a vontade de participação baseada em sentidos “estéticos e valorativos” e que procuram uma “resistência ao sistema e ao estado das coisas”.
“Estamos a falar de pessoas com várias idades mas o núcleo duro está na casa dos trinta e dos quarenta anos e outros, mais velhos, mantêm-se assim ao longo de toda a vida e não desistem”, diz Paula Guerra.
A investigação da socióloga entrevistou quase 200 pessoas para um trabalho sobre o punk em Portugal onde assume importância o envelhecimento e igualmente, entre outros pontos, o papel das mulheres nos movimentos alternativos em Portugal a partir dos anos 1980.
Dead Kennedies
“Elas são menos em número e existe uma certa desigualdade que se revela também um pouco neste segmento. Isto é uma das coisas que custa aceitar às pessoas: as mulheres têm um papel mas de retaguarda, de acompanhar a banda. São menos protagonistas mas são importantes e, por isso, estamos a entrevistar as mulheres participantes no punk desde os anos oitenta”, disse.
O congresso que vai decorrer no Porto vai igualmente apresentar os trabalhos do investigador australiano Andy Benett, do canadiano Will Straw e do sociólogo Augusto Santos Silva.
“Temos 160 pessoas de 30 países e que vêm de propósito para o congresso. São investigadores destas áreas e não só da parte do punk mas também investigadores de Heavy Metal, Hip Hop, Rap e da música eletrónica”, sublinhou Paula Guerra.
O congresso “Keep It Simple, Make It Fast – Underground Music Scenes and DIY Cultures”, sem precedentes em Portugal, vai decorrer entre os dias 8 e 11 de julho na Casa da Música, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e em outros espaços da cidade como a “Matéria Prima”, a “Dama Aflita” e o “Plano B” onde vão ser organizados exposições e concertos.
@Lusa

Pág. 1/10