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A-24

Posso não concordar mas posso reflectir

por A-24, em 28.02.14
Bill Cosby


Depois de um breve período na década de 50, quando fiz o meu serviço militar, tenho trabalhado duro desde os 17 anos. Trabalhava 50 horas por semana, e não caí doente em quase 40 anos. Tinha um salário razoável, mas não herdei o meu trabalho ou o meu rendimento. Eu trabalhei para chegar onde estou, e cheguei economizando muito, mas estou cansado, muito cansado.
Estou cansado de ouvir dizer que tenho que "distribuir a riqueza" para as pessoas que não querem trabalhar e não têm a ética de trabalho. Estou cansado de ver que o governo fica com o dinheiro que eu ganho, à força, se necessário, e o dá a vagabundos com preguiça de ganhá-lo.
Estou cansado de ler e ouvir que o islamismo é uma "religião da paz", quando todos os dias eu leio dezenas de histórias de homens muçulmanos a matar suas irmãs, esposas e filhas pela "honra" da sua família; de tumultos de muçulmanos sobre alguma ligeira infracção; de muçulmanos a assassinar cristãos e judeus porque não são "crentes"; de muçulmanos queimando escolas para meninas; de muçulmanos apedrejando adolescentes, vítimas de estupro, até à morte, por "adultério"; de muçulmanos a mutilar o genital das meninas, tudo em nome de Alá, porque o Alcorão e a lei Sharia diz para eles o fazerem.
Estou cansado de que me digam que por "tolerância para com outras culturas" devemos deixar que a Arábia Saudita e outros países árabes usem o dinheiro do petróleo para financiar mesquitas e escolas madrassas islâmicas, para pregar o ódio na Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido, Estados Unidos e Canadá, enquanto que ninguém desses países está autorizado a fundar uma sinagoga, igreja ou escola religiosa na Arábia Saudita ou qualquer outro país árabe, para ensinar amor, tolerância e paz.
Estou cansado de que me digam para eu baixar o meu padrão de vida para lutar contra o aquecimento global, o que não me é permitido debater.
Estou cansado de que me digam que os toxicodependentes têm uma doença, e eu tenho que ajudar no seu tratamento e pagar pelos danos que fazem. Eles procuraram sua desgraça. Nenhum germe gigante os agarrou e encheu de pó branco seus narizes nojentos, ou à força injectou porcaria em suas veias asquerosas.
Estou cansado de ouvir ricos atletas, artistas e políticos de todos os partidos falarem sobre erros inocentes, erros estúpidos ou erros da juventude, quando todos sabemos que eles pensam que seus únicos erros foi serem apanhados.
Estou cansado de pessoas sem senso do direito, sejam elas ricas ou pobres.
Estou realmente cansado de pessoas que não assumem a responsabilidade por suas vidas e acções. Estou cansado de ouvi-las culpar o governo e a sociedade de discriminação pelos "seus problemas".
Também estou cansado e farto de ver homens e mulheres serem repositórios de pregos, pinos e tatuagens de mau gosto, tornando-se assim pessoas não-empregáveis e, por isso, reivindicando dinheiro do governo (dos impostos pagos por quem trabalha e produz).
Sim, estou muito cansado. Mas também estou feliz por ter 74 anos, porque não vou ter de ver o mundo que essas pessoas estão criando.
Mas estou triste por minha neta e pelos seus filhos. Graças a Deus estou no caminho de saída e não no caminho de entrada.

Por que Cuba é pobre?

por A-24, em 27.02.14
Instituto Ludwig Von Mises

Antes de 1959, o problema de Cuba era a presença de relações econômicas com os Estados Unidos. Depois o problema se tornou a ausência de relações econômicas com os Estados Unidos.

O embargo americano é obsceno, mas não é a raiz da pobreza cubana. Os cubanos podem comprar produtos americanos pelo México. Podem comprar carros do Japão, eletrodomésticos da Alemanha, brinquedos da China ou até cosméticos do Brasil.

Por que não compram? Porque não têm com o que comprar. Não é um problema contábil ou monetário -- o governo cubano emite moeda sem lastro nem vergonha. O que falta é oferta. Cuba oferece poucas coisas de valor para o resto do mundo. Cuba é pobre porque o trabalho dos cubanos não é produtivo.

A má notícia para os comunistas é que produtividade é coisa de empresário capitalista. Literalmente. É o capital que deixa o trabalho mais produtivo. E é pelo empreendedorismo que uma sociedade descobre e realiza o melhor emprego para o capital e o trabalho.

Fernando Tordo has left the building...

por A-24, em 26.02.14
Fernando Ribeiro

Ando há vinte e um anos a trabalhar no duro com uma banda. Fazemos tours, non stop, desde 1995. Gerámos dinheiro sim, somos criativos e temos público, actualidade e pertinência. Felizmente. Trabalhamos para isso. Nunca mas nunca tive um estilo de vida e as posses que muitos artistas Portugueses tiveram e continuam a ter. Eu sei, já fui à casa de muitos. Tenho um carro velho. Como restos do jantar de ontem, quando trabalho em estúdio, não vou todos os dias ao restaurante, nem pensar.

Nunca tivemos apoios, nunca os pedimos.Arte é independência! Não nos queixamos, trabalhamos.Não fazemos birras, agimos. Nunca contámos com qualquer tipo de benesse ou ajuste directo, nem com homenagens ou facilitismo dos poderosos. Nunca tocámos para partidos e sempre nos mantivemos longe da politica. Este país é o que queremos? Não. O que merecemos? Não. Mas, é o que amamos? Sim. Este Governo é mau? Ė! Houve um melhor outrora? Não me parece. No único ano em que ganhei dinheiro a sério com a música em Portugal (Amália Hoje), a carga fiscal e um erro na Segurança Social retiraram-me por completo qualquer lucro que tenha tido. Irei a tribunal e, esperarei dez anos, talvez, para recuperar o que por lei é meu mas que deixa de valer quando a ordem é cobrar, mas não fugirei do meu posto, nem de reclamar os meus direitos. 
Boa sorte no Brasil, onde os artistas Portugueses são tão mais acarinhados que cá e onde os Portugueses sempre quebraram recordes de vendas e de bilheteiras. O Brasil adora a cultura Portuguesa, daí o sucesso do Portugal artistico nessas terras. Estão a brincar comigo ? Regressei agora de uma tour por toda a América do Norte, da qual muitos artistas Portugueses fugiriam devido à sua dureza. Tocámos para muita gente, tocámos para pouca gente, mas tocámos. Não ganhei um tostão, foi tudo investido.Sim pagámos técnicos, cordas de baixo, taxis, bilhetes de avião, hoteis, tourbus,vistos de trabalho, impostos you name it. Nada disto é dedutivel segundo as nossas leis. Para o ano estamos de volta. E chego a Portugal para ouvir e ler queixas, vitimizações, polémicas, quando na verdade se trata de uma decisão pessoal, livre, sem coação. Mais valia, na minha opinião, terem dedicado todo esse espaço e atenção à nossa tour que foi real, vivida e sofrida sem queixume ou solidariedade do povo ou media. Estou no avião mais zangado com os Portugueses que com Portugal. 

Aliás, não vejo a hora de chegar.
nota: fico com pena dos familiares de Fernando Tordo, especialmente do filho João que conheço, estimo e cujos livros comprei e paguei. Simpatizo e entendo, como ninguém, a ausência. Mas esta é uma realidade de milhares de Portugueses. A minha realidade inclusive, já que não vejo o meu filho Fausto e a minha mulher Sónia há mais de um mês. Quando ele tinha 18 dias fui em tour. Quando ele deu os primeiros passos, estava fora. As primeiras palavras, também. Ninguém é mais que ninguém nas saudades. Ninguém é especial no sofrimento.

As batalhas secretas entre as forças norte-americanas e os terroristas chechenos

por A-24, em 26.02.14

Por James Gordon MEEK via Da Rússia

Durante os últimos 12 anos, as forças de operações especiais dos Estados Unidos envolveram-se repetidamente em ferozes combates no Afeganistão contra os cruéis aliados do Talibãs provenientes da Chechénia, que têm o mesmo pedigree que os seus irmãos terroristas que ameaçam perturbar os Jogos Olímpicos de Inverno na Rússia, segundo relatos de actuais e ex-soldados à ABC News .

"Eu diria que os chechenos constituíam uma apreciável percentagem do total da “população inimigo” no início a Operação “Enduring Freedom", recordou um oficial de alta patente no activo das Operações Especiais, referindo-se ao nome do Pentágono para a guerra do Afeganistão , na qual ele foi um dos primeiros operacionais no terreno.

Desde que começou a guerra dos EUA no Afeganistão, após o 11 de setembro, os combates na zona de fronteira envolvendo tropas de elite norte-americanas e jihadistas chechenos baseados em seguros paraísos tribais no Paquistão têm permanecido, na sua maioria, escondidos nas sombras de um conflito clandestino . As missões de Operações Especiais são normalmente matéria classificada e raramente são divulgadas.

Os chechenos que se juntam aos talibãs e as milícias alinhadas com a Al-Qaeda têm-se destacado pela sua ferocidade e recusa em se render, segundo revelaram, em entrevistas recentes, operacionais com considerável experiência no leste do Afeganistão .

"Os chechenos são uma raça diferente", um soldado das Forças Especiais que lutou contra eles disse à ABC News.

"Eles lutam até a morte. Eles têm mais paixão, mais disciplina e menos respeito pela vida", disse o soldado, que fez dez comissões onde dava caça a alvos de valor acrescentado no Afeganistão. "Alguns deles poderiam ter desistido , mas decidiram que precisavam de morrer."

Tão recentemente como há dois anos , a Força Internacional de Assistência à Segurança da NATO no Afeganistão (ISAF) informou que dezenas de combatentes estrangeiros , incluindo árabes e chechenos, haviam sido mortos num grande combate contra as forças norte-americanas ao longo da fronteira com o Paquistão.

Mesmo algumas das infames " viúvas negras" da Chechénia - com a mesma filiação ideológica daquelas que as forças russas recentemente procuraram em Sochi - podem ter-se reunido no Paquistão no final de 2006 para atentados suicidas planeados em Cabul , de acordo com um relatório de combate da ISAF obtido e divulgado pelo Wikileaks . Não existe, contudo, nenhuma prova de que tais ataques já tenham sido realizadas.

Muitos chechenos , incluindo veteranos da luta afegã, estão lutando agora na Síria contra as tropas de Bashar al Assad, de acordo com especialistas e declarações jihadistas .

Vários relatórios de informações dos EUA divulgados pelo Wikileaks relatavam que os chechenos estavam servindo como instrutores e combatentes, cruzando a fronteira a partir do Paquistão para o Afeganistão para lutar e morrer, segundo avaliações feitas , por vezes, com base em interceptações de rádios dos Taliban e conversas de telemóvel.

Militantes islâmicos de grupos na região do Norte do Cáucaso - como o "Emirado do Cáucaso", cujo líder, Doku Umarov, ameaçou atacar, em Julho passado, os Jogos Olímpicos de Sochi - lutam principalmente contra as forças russas na Chechénia e Daguestão e atacam alvos civis na Rússia através de brutais ataques terroristas desde o início de 1990. A al Qaeda no Paquistão apoiou esses ataques , mas não forneceu mais apoio operacional , disseram especialistas.

Outro operacional altamente condecorado das Forças Especiais, cujas nove comissões no Afeganistão começaram no final de 2001, comparou os jihadistas chechenos com os quais as suas unidades às vezes se confrontavam os guerrilheiros vietcongues contra quem as Forças Especiais norte-americanas lutaram na Guerra do Vietname.

"O que eu sempre gostei foi do seu desapego. Eles iam para qualquer lugar. Eu acho que eles nem sequer comiam ou tinham claras as razões pelas quais lutam, sejam lá quais elas fossem, mas eles lutavam a maior parte do tempo. É como se tivessem um fogo a arder lá dentro. É o que eles fazem" , disse o operacional veterano .

Quando se soube, no início de uma operação de "limpeza ", que combatentes chechenos estavam entrincheirados num vale ao longo da fronteira montanhosa com o Paquistão , "Eu estava pronto para ser fustigado. Nunca tinha visto um combatente estrangeiro andar tão isolado e não se importar mininamente com isso", o soldado acrescentou.

Esta reputação , no entanto, pode ter levado muitos militares e analistas norte-americanos a exagerar os verdadeiros números dos chechenos num palco de guerra que muitas vezes é tão nebuloso quanto o é a real fronteira [entre o Paquistão e o Afeganistão].

O analista Brian Glyn Williams da Universidade do Massachusetts, em Dartmouth, que tem, a serviço dos militares norte-americanos e da CIA, procurado por provas de combatentes estrangeiros chechenos no Afeganistão , disse que não seria surpreendente se alguns se tivessem juntado aos talibãs , mas insiste que tais histórias são, na sua maioria, um "mito jihadista checheno ".

"Eu acho que a falta de provas é reveladora. Há uma ausência total de quaisquer nomes ou qualquer prova tangível ", Williams disse à ABC News esta semana.

Christopher Swift, um analista da Universidade de Georgetown e consultor da ABC News que fez uma pesquisa no Afeganistão e entrevistou dezenas de militantes no Cáucaso do Norte , concordou que há poucas provas de que tantos chechenos tenham lutado no Afeganistão como tem sido depreendido ns relatórios militares e observou que nenhum desses combatentes foi alguma vez detido na prisão de terroristas dos EUA na Baía de Guantánamo , em Cuba.

Mas, Swift acrescentou: "Isso é consistente com o lutar até a morte . Estes combatentes não vão ser capturado ."

Alguns chechenos supostamente terão lutado com a Al Qaeda contra as tropas americanas durante a Operação Anaconda , em 2002 -, mas isso pode ter sido o início do mito.

"Foi um boato difundido na época. Mas eu nunca vi um checheno. Na verdade, acho que nunca ninguém viu", disse à ABC News Brandon Friedman, um comandante de pelotão da 101ª Aerotransportada durante a Operação em Anaconda. Friedman escreveu mais tarde " A War I Always Wanted", sobre as suas experiências.

Williams e Swift dizem que os militantes da Al Qaeda que falavam russo - muitas vezes uma linguagem unificadora para combatentes estrangeiros da antiga União Soviética - e cujos cadáveres pareciam ser caucasianos foram presumidos serem chechenos , ainda que pudessem realmente ser uzbeques, tadjiques ou de outros grupos étnicos .

"Eu não deparei com quaisquer uzbeques , mas recordo-me claramente de vários chechenos a combater no Movimento Islâmico do Uzbequistão ", disse o oficial de alta patente, no activo, de Operações Especiais, lembrando-se d as operações de combate entre 2001-2002.

Um experiente ex- operacional do "tier one" [Delta Force e DEVGRU] do grupo de Operações Especiais, " Delta Force ", confirmou que erros de identificação eram comuns durante o decurso da guerra, mas disse que alguns combatentes estrangeiros eram de facto chechenos . Entravam em combate em grupos extremamente disciplinados e bem equipados, com boa disciplina de tiro e equipamento pessoal caro feito pela The North Face .

"Havia lutadores que tinham vindo para treinar, outros para lutar e apoiar a Jihad, e aqueles que vieram para lutar e aprender tácticas dos EUA para levar de volta para a Chechénia para lutar contra o actual governo russo", disse o operacional veterano, cuja afiliação com "A Unidade" permanece confidencial.

Quaisquer chechenos que tenham sobrevivido a confrontos com os Navy SEAL , os Boinas Verdes ou operacionais da Delta que trabalham para a CIA ou para o Comando Conjunto de Operações Especiais, provavelmente não ira esquecer - ou perdoar - os seus adversários americanos.

"Pode-se dizer que alguém do Cáucaso que tenha deixado a região e se tornado “global” provavelmente irá ver os Estados Unidos - e os civis dos Estados Unidos - como alvos legítimos", disse Swift de Georgetown. " Isso será especialmente verdadade para aqueles que possam ter lutado contra as forças dos EUA em qualquer lugar do Mundo, incluindo o Afeganistão."

Rússia desiste de Ianukovitch, mas não desiste da Ucrânia

por A-24, em 24.02.14
Os órgãos de informação controlados pelo Kremlin não poupam adjectivos pejorativos para classificar Victor Ianukovitch, Presidente da Ucrânia afastado do cargo pela oposição: “traidor”, “cobarde”, “fraco”, etc., etc.
O principal “pecado” que lhe é apontado consiste em que ele não esmagou à nascença os protestos que conduziram ao seu derrube e, depois, tal como Kadhafi e Gorbatchov, acreditou nas promessas do Ocidente, de segurança no caso do primeiro e de não alargamento da NATO a Leste no caso do segundo.
Isto tem uma explicação: o Kremlin receia que os acontecimentos no país vizinho seja um mau exemplo para os cidadãos russos, mesmo que a diferença entre a situação política, económica e social dos dois países seja grande. É verdade que a economia russa está a entrar em recessão, o rublo está a sofrer uma desvalorização diária e, em pouco mais de um mês, perdeu cerca de 10% do seu valor em relação ao dólar e ao euro, e o país mergulha-se cada vez mais na corrupção.
Porém, ao contrário da Ucrânia, na Rússia não existe uma oposição numerosa e séria, o aparelho propagandista e repressivo está bem mais afinado. Mas Vladimir Putin guia-se sempre pelo princípio: “mais vale prevenir do que remediar”.
Por essas e outras razões de que venho falado, a Rússia não vai ficar indiferente ao que se passa na Ucrânia e irá fazer tudo para aproveitar os erros dos novos senhores do poder em Kiev. Hoje, domingo, o embaixador russo na Ucrânia, Mikhail Zurabov, foi chamado a Moscovo para consultas e só deverá regressar quando a situação na capital ucraniana estiver mais calma, ou poderá ser mesmo substituído, pois tem sido acusado de não ter sido activo durante os últimos acontecimentos no país vizinho.
Em Moscovo, são muitos os que acreditam que os novos/velhos dirigentes da Ucrânia não conseguirão conter os radicais do Sector de Direita, irão cometer os mesmos erros cometidos em 2004 e que nem a União Europeia, nem os EUA estão dispostos a investir dinheiro numa economia perto da falência. Além disso, Moscovo não esconde o seu apoio aos separatistas do Leste e do Sul da Ucrânia, nomeadamente sob a capa da “federalização do país”, ou seja, a uma divisão gradual do território ucraniano.
Quanto a Iúlia Timochenko, ela apresentou-se como uma mártir do regime de Ianukovitch que, desta vez, promete mesmo salvar a Pátria. Sentada numa cadeira de rodas, talvez para puxar mais a lágrima aos manifestantes, poderá já, nos próximos dias, aparecer a andar com todo o vigor e forças.
Mas não é disso que se trata. Timochenko tem grandes ambições, já fez saber que não quer o cargo de primeiro-ministro, pois, hoje, aceitar isso seria um suicídio político e as eleições presidenciais estão à porta. Ela quer mais, quer ser “Mãe da Nação” no cargo de Presidente da Ucrânia. Ambição não lhe falta, mas não é a única que sofre desse mal entre os vencedores.

Mas ainda é preciso sobreviver até às eleições presidenciais marcadas para 15 de maio, pois, até lá, tudo pode acontecer, tanto mais se os radicais realizarem uma política de aumento da “caça às bruxas” e de humilhação dos vencidos. O facto de terem publicamente espancado e humilhando alguns dirigentes locais, para obrigá-los a assinar a demissão, não enobrece um movimento que diz querer a liberdade e a democracia. Também não será boa ideia se as novas autoridades proibirem os partidos das Regiões e Comunista, pois eles representam parte significativa dos cidadãos ucranianos. Como sabem, eu não morro de amores pelos comunistas, mas a única forma de derrotá-los é actuar melhor do que eles, dar ao povo aquilo que eles não conseguiram dar.

Fernando Tordo já partiu

por A-24, em 21.02.14
João Vaz

Partiu de um país que não o compreende. A ele e á grande arte. Espera-se agora, ansiosamente, a partida de Vitorino, Janita, Samuel, Fanhais, Paulo de Carvalho, Carlos do Carmo, Palma, Muge e tantos outros e outras cantautores e cantautoras mais ou menos abrilinos e abrilinas. Vão, fiquem por lá e deixem por cá quem quer ficar. Cantem lá as cantiguinhas revolucionárias na Venezuela, em Cuba, na Coreia do Norte, que nós por cá já as ouvimos vezes que cheguem, a essas cantiguinhas hipócritas que falam em liberdade e progresso apontando para o gulag.

A minha solidariedade com João Tordo

por A-24, em 21.02.14
Rui A. in Blasfémias

Quero manifestar a minha compreensão e integral apoio ao que escreveu João Tordo, o filho do cantor Fernando Tordo, na carta que dirigiu ao seu pai, no momento em que ele abandona Portugal, a isso forçado pela pobreza em que se encontra o seu país. Sobretudo revejo-me plenamente naquela parte em que diz que é insuportável viver num local que foi governado “por gente que fez tudo para dar cabo deste país”. Concordo em absoluto. Ainda me lembro do que foi feito em 1975 e nos anos seguintes, para destruir a nossa economia com a nacionalização e consequente destruição de empresas até aí rentáveis e do nosso tecido produtivo. Tenho bem presente a cultura de ódio, que ainda hoje perdura, gerada em certos sectores da nossa sociedade em relação ao “capitalista”, isto é, a quem está disposto a investir o seu tempo, trabalho, esforço e dinheiro na criação de empresas e de emprego. Não me esqueço dos sucessivos governos, que arrebatavam o voto e o entusiasmo da multidão, que nos garantiam soluções milagrosas, que sempre passavam por gastar mais dinheiro dos contribuintes em obras faraónicas e em investimento público, o tal que criaria riqueza garantida e emprego seguro. Como não esqueço, também, os muitos bordéis do regime suportados pelo dinheiro do povo, de que os governos nunca se quiseram livrar para sustentar amigos e apaniguados, justificando-se sempre com o doce pregão de que se tratavam de bens públicos que a iniciativa privada não poderia assegurar. É graças a essa cultura de destruição de riqueza e da iniciativa e da propriedade privada que este país quase deixou de produzir e de ter empresas que garantissem trabalho e recursos para sustentar uma vida de qualidade aos seus cidadãos. Incluindo aqui a cultura, a tal a que sempre se dedicou Fernando Tordo, um bem que as pessoas só podem consumir quando têm assegurada a satisfação de outros mais elementares para a sua existência. E é devido a quase não existirem empresas empregadoras em Portugal que pessoas como Fernando Tordo, e outras como o filho de Fernando Tordo, têm de emigrar. Espero que o João Tordo tenha já compreendido isto.

Povo ucraniano X Elite russa

por A-24, em 21.02.14

A Ucrânia possui grande importância geopolítica, pois além de estar localizada na Europa Oriental fazendo fronteira com a Rússia, possui também as terras mais férteis do mundo. Por isso sempre foi prioritário aos russos manter esse país sob os seus domínios, seja por controlos culturais, económicos ou militares, como foi na época da União Soviética (1922-1991), a qual implantou por lá um regime socialista que confiscou terras e a produção alimentar dos ucranianos, gerando milhões de mortes. Os expurgos entre 1929 e 1938 resultaram na eliminação da elite cultural, económica e opositores do regime de Moscovo. Esse processo de "russificação" proibiu até mesmo o uso da língua ucraniana.


Após o fim da URSS, uma elite de origem russa que pertencia aos quadros do governo socialista emergiu na Ucrânia. E eles conseguiram manter os seus domínios políticos e económicos.

Não é de se admirar que décadas de ressentimentos, guerras, mortes e coerção estatal entre esses povos de origem eslava, vez por outra, causem protestos violentos como os que vem acontecendo agora.

A Ucrânia explode em chamas. Assistimos ao vivo na TV como os manifestantes estão dispostos a morrer em vez de aceitar serem fantoches do presidente russo Vladmir Putin. Milhares de manifestantes estão nas ruas, desde Novembro, quando o presidente Viktor Yanukovych reverteu a decisão de assinar um acordo comercial com a União Europeia e, em vez disso, voltou-se à Rússia. A agitação se intensificou depois que uma lei anti-protesto entrou em vigor. Multidões de manifestantes foram às ruas para protestar contra essa lei.

Portanto é esse um resumo deste que pode ser o início de uma guerra civil na Ucrânia: enquanto os governantes querem manter os seus privilégios e laços econôóicos e culturais com a Rússia, os manifestantes querem abrir-se à União Europeia. É mais um grito pela liberdade. Grito semelhante ao que vem acontecendo na Venezuela. 2014 promete!

in Foco Liberal

Victor Yanukovich aposta na força

por A-24, em 20.02.14
José Milhazes

Parece já não haver dúvidas de que as autoridades ucranianas decidiram apostar na força para desbloquear o centro de Kiev e tentar neutralizar a oposição ucraniana. Porém, é ainda muito cedo para prever todas as consequências deste confronto.
Segundo dirigentes da oposição ucraniana, os confrontos começaram com provocações de adeptos do actual poder e da polícia para provocarem um motivo para empregar a força contra a oposição e desalojá-la da capital. Alguns analistas afirmam mesmo que Victor Ianukovitch não controla a situação e que os confrontos foram provocados pelos siloviki (serviços secretos e polícia) para justificar o emprego da força.
As autoridades acusam as “forças radicais da oposição” de terem provocado o reinício dos confrontos, acusando os líderes da oposição parlamentar de terem deixado de controlar a situação.
Seja como for, a situação na Ucrânia entrou numa nova fase de confronto civil que pode levar a uma guerra civil e à desintegração do país, com consequências imprevisíveis não só para a Ucrânia, mas também para a Rússia e União Europeia. Basta recordar que esse país tem no seu território quatro centrais nucleares.
Os EUA e a União Europeia tiveram algum tempo para obrigar o poder e a oposição a chegarem a um acordo, mas nada conseguiram. Agora, Moscovo, na pessoa de Serguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, acusa os EUA e UE de serem os principais culpados pela situação criada e aumenta cada vez mais o número dos analistas políticos russos que defendem que, no mínimo, se os EUA e a UE podem ingerir-se na situação interna na Ucrânia, a Rússia também pode.
A realização dos Jogos Olímpicos de Sochi moderou as posições de Moscovo face à Ucrânia, mas essa iniciativa está a chegar ao fim. Por isso, se até agora, os enviados russos à Ucrânia faziam o seu trabalho silenciosamente, agora podem actuar abertamente.
Se me perguntam se a Rússia irá intervir militarmente ou não na Ucrânia, eu já não respondo que isso não será impossível, mas continuo a considerar isso um cenário pouco provável, pois isso seria o fim de muitas das estruturas pan-europeias. Além disso, uma intervenção militar russa no país vizinho pode significar o fim da própria Rússia.

Carta ao pai

por A-24, em 19.02.14
João Tordo via Público


"Ontem, o meu pai foi-se embora. Não vem e já volta; emigrou para o Recife e deixou este país, onde nasceu e onde viveu durante 65 anos. A sua reforma seria, por cá, de duzentos e poucos euros, mais uma pequena reforma da Sociedade Portuguesa de Autores que tem servido, durante os últimos anos, para pagar o carro onde se deslocava por Lisboa e para os concertos que foi dando pelo país. Nesses concertos teve salas cheias, meio-cheias e, por vezes, quase vazias; fê-lo sempre (era o seu trabalho) com um sorriso nos lábios e boa disposição, ganhando à bilheteira. Ontem, quando me deitei, senti-me triste. E, ao mesmo tempo, senti-me feliz. Triste, porque o mais normal é que os filhos emigrem e não os pais (mas talvez Portugal tenha sido capaz, nos últimos anos, de conseguir baralhar essa tendência). Feliz, porque admiro-lhe a coragem de começar outra vez num país que quase desconhece (e onde quase o desconhecem), partindo animado pelas coisas novas que irá encontrar. Tudo isto são coisas pessoais que não interessam a ninguém, excepto à família do senhor Tordo. Acontece que o meu pai, quer se goste ou não da música que fez, foi uma figura conhecida desde muito novo e, portanto, a sua partida, que ele se limitou a anunciar no Facebook, onde mantinha contacto regular com os amigos e admiradores, acabou por se tornar mediática. E é essa a razão pela qual escrevo: porque, quase sem o querer, li alguns dos comentários à sua partida. Muita gente se despediu com palavras de encorajamento. Outros, contudo, mandaram-no para Cuba. Ou para a Coreia do Norte. Ou disseram que já devia ter emigrado há muito. Que só faz falta quem cá está. Chamam-lhe palavrões dos duros. Associam-no à política, de que se dissociou activamente há décadas (enquanto lá esteve contribuiu, à sua modesta maneira, com outros músicos, escritores, cineastas e artistas, para a libertação de um povo). E perguntaram o que iria fazer: limpar WC's e cozinhas? Usufruir da reforma dourada?
Agarrar um "tacho" proporcionado pelos "amiguinhos"? Houve até um que, com ironia insuspeita, lhe pediu que "deixasse cá a reforma". Os duzentos e tal euros. Eu entendo o desamor. Sempre o entendi; é natural, ainda mais natural quando vivemos como vivemos e onde vivemos e com as dificuldades por que passamos. O que eu não entendo é o ódio. O meu pai, que é uma pessoa cheia de defeitos como todos nós - e como todos os autores destes singelos insultos -, fez aquilo que lhe restava fazer. Quer se queira, quer não, ele faz parte da história da música em Portugal. Sozinho, ou com Ary dos Santos, ou para algumas das vozes mais apreciadas do público de hoje - Carminho, Carlos do Carmo, Marisa, são incontáveis - fez alguns dos temas que irão perdurar enquanto nos for permitido ouvir música. Pouco importa quem é o homem; isso fica reservado para a intimidade de quem o conhece. Eu conheço-o: é um tipo simpático e cheio de humor, que está bem com a vida e que, ontem, partiu com uma mala às costas e uma guitarra na mão, aos 65 anos, cansado deste país onde, mais cedo do que tarde, aqueles que o mandam para Cuba, a Coreia do Norte ou limpar WC's e cozinhas encontrarão, finalmente, a terra prometida: um lugar onde nada restará senão os reality shows da televisão, as telenovelas e a vergonha. 
Os nossos governantes têm-se preparado para anunciar, contentíssimos, que a crise acabou, esquecendo-se de dizer tudo o que acabou com ela. A primeira coisa foi a cultura, que é o património de um país. A segunda foi a felicidade, que está ausente dos rostos de quem anda na rua todos os dias. A terceira foi a esperança. E a quarta foi o meu pai, e outros como ele, que se recusam a ser governados por gente que fez tudo para dar cabo deste país - do país que ele, e milhões de pessoas como ele, cheias de defeitos, quiseram construir: um país melhor para os filhos e para os netos. Fracassaram nesse propósito; enganaram-se ao pensarem que podíamos mudar. Não queremos mudar. Queremos esta miséria, admitimo-la, deixamos passar. E alguns de nós até aí estão para insultar, do conforto dos seus sofás, quem, por não ter trabalho aqui - e precisar de trabalhar para, aos 65 anos, não se transformar num fantasma ou num pedinte - pegou nas malas e numa guitarra e se foi embora. Ontem, ao deitar-me, imaginei-o dentro do avião, sozinho, a sonhar com o futuro; bem-disposto, com um sorriso nos lábios. Eu vou ter muitas saudades dele, mas sou suspeito. Dói-me saber que, ontem, o meu pai se foi embora."

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