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A-24

Lido por aí

por A-24, em 31.07.13
Nos encaminamos a un futuro donde los robots lo fabricarán todo y cada vez la mano del hombre será menos necesaria y más cualificada. Pero en lugar de reducir las horas de trabajo y pagarlas mejor (gracias a la tecnología podemos producir más) hemos decidido hacer lo contrario, aumentamos las horas de trabajo, reducimos los salarios y reducimos las ayudas a la educación.


Si mantenemos esa tendencia el sistema se vuelve insostenible porque la desigualdad en el reparto de la riqueza aumenta al disminuir los salarios, los beneficios empresariales aumentan al mejorar la tecnología y la natalidad disminuye por la imposibilidad de mantener a un hijo con unos salarios miserables que cotizan a la baja.

Europa con un mercado interno de 500 millones de personas tiene la solución en su mano, pero se ha empeñado en autodestruirse para competir por un cuenco de arroz con los chinos y los países emergentes. La solución es muy sencilla, hagamos lo contrario de lo que hacemos ahora.

O fim do sonho multicultural

por A-24, em 31.07.13

Apresentado como a solução definitiva para melhorar a convivência, o multiculturalismo falhou, até agora. Porque, para coexistir pacificamente com o outro, há que primeiro estar bem consigo próprio, defende o filósofo polaco Marcin Król.
A partir dos anos de 1970, o multiculturalismo não só era tido como uma realidade em países como os Estados Unidos, mas também um padrão. Havia que apoiá-lo para promoção da diversidade, o que se revestia de grande encanto. Também havia que respeitá-lo, porque era a expressão de “identidades” variadas de diversos grupos sociais, especialmente nacionais e tribais, mas também sexuais e geracionais.
A certa altura, o número de publicações e conferências Multikulti ultrapassava todos os limites razoáveis, e muitas pessoas (em que me incluo) começaram a manifestar-se com ironia a propósito dessa nova moda, quando não mesmo dessa obsessão.
Dito isto, percebemos agora que o multiculturalismo em doses moderadas era efetivamente melhor do que os dois fenómenos que enfrentamos hoje. A primeira tendência é a de substituir o multiculturalismo por uma aceitação incondicional de todos os fenómenos culturais, independentemente da sua origem e contexto político, religioso, social ou espiritual. Por outras palavras, os romances escandinavos, os filmes iranianos, a música indiana e a medicina oriental são todos igualmente bons. “Todos igualmente bons” significa também que não temos uma escala de classificação relativa da nossa cultura (europeia) e que tudo o que é bom é bom, mesmo sem sabermos porquê.
A segunda ameaça para o multiculturalismo, é o monoculturalismo intimamente associado a ideias nacionalistas, intelectualmente canhestras, mas surpreendentemente bem aceites. Em certa medida, o multiculturalismo emergiu precisamente em oposição à monocultura. Mas o nacionalismo não é o único adversário do multiculturalismo. A hostilidade em relação a outras culturas e civilizações é cada vez mais visível, em investigações realizadas no seio das comunidades imigrantes em vários países europeus, bem como nos discursos, por vezes oficiais, de dirigentes de alguns países muçulmanos.

Uma questão de proximidade

A maior virtude da ideia de multiculturalismo, subestimada durante o seu período áureo, foi certamente a consciencialização da existência de uma multiplicidade de culturas e das suas diferenças. Alguns levavam a análise um pouco longe de mais, afirmando que essas múltiplas culturas não eram apenas diferentes, mas perfeitamente equivalentes e igualmente preciosas.
Cada cultura representa ou promove valores específicos
Sem defender qualquer ideia eurocêntrica, temos de reconhecer, no entanto, que a existência de inúmeras culturas e a aceitação da sua existência não significa que a nossa cultura não nos seja naturalmente mais próxima – ou pelo menos deveria ser. Cada cultura representa ou promove valores específicos, não tendo nós simplesmente capacidade de adesão a alguns deles, por sermos ocidentais. A título de exemplo, recordem-se as leis sobre o papel das mulheres em alguns países muçulmanos, ou as práticas culinárias em alguns países do Extremo-Oriente, onde se comem animais que para nós são de estimação.
Curiosamente, o pós-multiculturalismo cresce cada vez mais em sociedades que enfrentam problemas muito difíceis, e às vezes ainda não resolvidos, relacionados com a diversidade cultural.
Trata-se, antes de mais, de questões com imigrantes que, apesar de trabalhadores e indispensáveis, não têm intenção de participar na cultura ou na política do país onde residem. Isso cria um problema real, não só porque têm direito aos mesmos apoios que o resto da sociedade (em matéria de educação, saúde), mas também porque ninguém tem ferramentas para a sua integração na comunidade, de modo a que tenham os mesmos direitos e deveres dos demais cidadãos.
Isto é particularmente visível na Holanda, mas também na Alemanha e em França. A experimentação feita por alguns países de diversas formas de enquadramento moderado (por exemplo, aprender a história do país) não seduziu nem pela intenção de fundo nem pela eficácia.
Afinal, alguns imigrantes, especialmente os muçulmanos, vêm de países que incentivam abertamente uma postura antiocidental. Porque haveriam, de repente, de se tornar homens ou mulheres do Ocidente? Porque haveriam, de repente, de se tornar ocidentais? Podemos permitir esta presença aos milhões? Ninguém na Europa se atreve a dar uma resposta clara a estas perguntas, e os raros que o fazem são imediatamente criticados – e com razão – como radicais, condenados e por vezes acusados de racismo ou de fascismo.

Gravidade da situação atual

Se, como argumenta Samuel Huntington com o seu “choque de civilizações”, as diferenças culturais são um facto e podem transformar-se em hostilidade aberta, então qual é o significado do multiculturalismo e mesmo da tolerância? Será que devemos encarar os nossos concidadãos como potenciais inimigos e não como irmãos? Não seria melhor voltar às nossas raízes, aos nossos mitos, aos nossos símbolos, às nossas tradições, não europeias mas nacionais?
Mas logo nos apercebemos de que, na realidade, não temos nada a que nos apegarmos. Embora as obras culturais dos territórios europeus até há pouco desconhecidas emerjam, como nos “thrillers” suecos, esse retorno à tradição só serve para explorar a colaboração sueca com a Alemanha nazi. A verdade é que as palavras cheias de orgulho sobre as raízes europeias têm geralmente tanto de orgulho como de ocas.
Uma observação psicológica do quotidiano revela que as pessoas são mais propensas a procurar um consenso com os outros, se estiverem bem consigo mesmas. O fenómeno do pós-multiculturalismo resulta do facto de, na Europa, não estarmos de bem connosco próprios e de não sabermos como processar este desconforto.
Nenhum dos métodos anteriores parece aplicável: nem a divisão do mundo entre “nós” e “os outros, os bárbaros”, nem o fascínio do Iluminismo por “vermelhos e negros”, como parte das maravilhas da natureza, nem a carga imperialista do “homem branco”.
O multiculturalismo foi a última tentativa razoável, embora por vezes exagerada, de tentar resolver esse desconforto. Hoje, a situação é muito mais grave: quer decidamos que os outros não existem, quer que temos de lhes barrar o caminho física e espiritualmente, tudo isso só pode conduzir a um desastre.
Press Europe

Emergência de novos partidos

por A-24, em 31.07.13
Estado Sentido by José Maria Barcia 
 

Desde o inicio da democracia em Portugal que o paradigma partidário tem sido, relativamente igual. Nos dias que correm, os partidos com assento parlamentar são bem conhecidos pelo eleitorado. O sistema proporcional pelo método de Hondt criou um circulo político partidário um pouco diferente do esperado. Seria normal, vendo as consequências que um sistema eleitoral tem nos partidos, que no caso português, houvesse maior abertura para mais partidos, mais diversidade, enfim, mais radicalização dos partidos. Em contrapartida, fruto da ditadura salazarista, qualquer partido que se assume como de Direita, sofrerá pelo preconceito básico que a Direita é ditatorial e saudosista de Salazar. Assim se explica que a radicalização dos partidos tenha ido para a Esquerda, com o PCP a representar a extrema-esquerda e o BE a esquerda radical.


Contudo, um facto a ter em conta sobre a situação político-partidária é a do clima socioeconómico. É simples: se existe prosperidade, o poder é mantido. Se, por outro lado, se instala uma crise económica, o poder tende a ser contestado e renovado. E é este ponto que interessa. Portugal está em crise desde 2008 (há quem diga desde 1143), e não aparecem partidos que pudessem angariar todo o fruto da volatilidade eleitoral provocada pelo descrédito do sistema partidário existente. 
Por outras palavras, um democracia resolve-se com a diversidade de opiniões e posições, não com a manutenção de um sistema já, por si, empobrecido por culpa própria. Pede-se, então, para uma melhor democracia em Portugal, a emergência de mais partidos. E diferentes. Com ideias diferentes do paradigma constante de 1976. Pede-se uma esquerda renovada e mais independente. Pede-se uma direita corajosa a nível institucional e liberal (chamar liberal a este governo é um insulto aos liberais. Muito resumidamente, um liberal baixa impostos e o peso do estado na sociedade. Este governo fez - e faz - o contrário).

Fica a dúvida: se parece tão fácil criar um partido e ter relevo político na sociedade (ou seja, assumir lugares públicos), porque é que não acontece?

A meu ver, há quatro razões para a manutenção do status quo partidário:

1- O exemplo da tentativa de vários partidos há uns anos. O MEP, o MMS, o PAN, foram a eleições numa altura pouco propícia para novas experiências políticas. Ao perder, afastaram muitas pessoas da ideia de que é possível haver novos partidos.
2- É caro. O eleitorado português é tendencialmente conservador (não na sua ideologia política, mas na sua antropologia). Sendo conservador, todas as campanhas que tentem seguir caminhos menos tradicionais (e mais baratos) não terão sucesso. Veja-se o exemplo da campanha de Fernando Nobre para as presidenciais. Faltou a tradição das campanhas de andar de feira em festa a distribuir canetas e bonés.
3- O próprio sistema existente. As condições para a manutenção dos partidos existentes serão sempre mais favoráveis que para a emergência de novos partidos. Os primeiros não vão querer dividir nada com os segundos.
4- Por último, mais partidos trazem mais diversidade mas menos estabilidade e governabilidade. Gostava de ver uma sociedade que consegue perceber que a governabilidade numa democracia não tem a ver com a existência de mais ou menos partidos mas sim com o bom-senso de quem os lidera. Veja-se o exemplo de Paulo Portas e António José Seguro. O primeiro faz bluff para ter mais poder no governo de Passos (para quê?) e o segundo abandona as negociações por causa de um telefonema de Mário Soares e outro de Manuel Alegre.


Droga da austeridade invadiu Atenas

por A-24, em 30.07.13
É tão forte como o 'crack', mas é mais destrutiva e é dez vezes mais barata. Chama-se sisa e para já é um fenómeno apenas grego
Foi detectada pela primeira em 2011 e o seu consumo está a subir vertiginosamente desde o início de 2013, segundo Emilios Katsoulakos, psiquiatra e diretor de uma das unidades que a OKANA, Organização Grega Contra as Drogas, tem a funcionar em Atenas.

A sisa, como é conhecida entre traficantes e consumidores, está a ser vendida nas ruas da capital da Grécia por cinco ou seis euros a grama, dez vezes menos do que o crack.
Feita a partir de uma substância sintética estimulante, a metanfetamina, a sisa produz efeitos parecidos com o crack, mas as suas consequências para a saúde são ainda piores. "Ainda não temos informação suficiente para caracterizar com rigor a sisa, mas eu diria que existem determinados efeitos laterais provocados pelo seu consumo, nomeadamente os sintomas psicóticos e os problemas de pele, que são mais severos do que os observados com o crack", admite a especialista Ionna Siamou, do Instituto Universitário de Investigação de Saúde Mental (UMHRI), o organismo responsável pela monitorização oficial de drogas na Grécia.
Expresso

Da Liberdade Religiosa

por A-24, em 30.07.13
Em comentário a este artigo, um estimado leitor sugere-me que fale sobre o princípio da separação Igreja-Estado, indicando que esse princípio é “estruturante do estado de direito democrático dos países ocidentais”.

Acedendo à ‘provocação’ d’O Ingles, começo por deixar bem clara a minha posição a esse respeito: sou o primeiro defensor da separação Igreja-Estado. É precisamente essa separação que permite a existência de liberdade religiosa, que aliás muito prezo, especialmente depois da experiência de ter vivido durante quase dois anos no Médio Oriente.
O problema do comentário em causa surge mais adiante, quando o leitor, de forma atabalhoada, introduz alguns conceitos como doutrina religiosa, laicismo, tolerância e liberdade individual, apresentando depois o exemplo da Irmandade Muçulmana para referir o impacto destruitivo que esta tem tido recentemente no Egipto. É importantíssimo fazer então as necessárias distinções entre conceitos, e clarificar um pouco da enorme confusão que vai na cabeça d’O Ingles a este respeito.

1. Laicismo é diferente de Laicidade.
A Laicidade, em termos políticos, pode definir-se como o princípio segundo o qual o Estado não exerce nenhum poder religioso, e as confissões religiosas não exercem nenhum poder político. No Laicismo, par contre, o Estado desempenha uma função de exclusão dos símbolos religiosos da praça pública, remetendo-os para o domínio estritamente privado.
A defesa da Laicidade é, por exemplo, garantir que os Bispos Portugueses não tenham de ser nomeados pelo Governo.
A promoção do Laicismo é proibir professores numa escola pública de usar uma cruz na lapela.

Mais:

O laicismo liquida a laicidade que era, até há pouco tempo, a distinção entre o profano e o sagrado; a laicidade que era uma característica cristã da mundividência dos dois reinos, o temporal e o espiritual. Hoje, o novo gnosticismo de Estado transformou o laicismo em um dogma religioso onde não existe separação entre o temporal e o espiritual.

2. O Islamismo é por natureza Totalitário
Para explicar este ponto de forma sucinta, cito este artigo de O. Braga, “nem todas as teocracias são totalitárias. (…) O que torna totalitária uma teocracia é o princípio de Ordem política que subjaz à respectiva doutrina religiosa”
“No Islamismo, [a] intervenção política é a de um Princípio de Ordem, o que faz com que o Islamismo seja um caso à parte entre todas as outras religiões universais. E esse Princípio de Ordem islâmica é, por sua própria natureza, totalitário. Portanto, o Islamismo não pode ser a bitola pela qual podemos ajuizar as religiões, mas antes é uma excepção à regra”

3. O Catolicismo e a Lei Natural
Para um cristão, a Lei Natural é inscrita por Deus na natureza do homem, e é por isso simultaneamente divina e natural. No entanto, a questão da lei natural não é meramente uma noção católica, mas a expressão das inclinações inatas do homem para a verdade e para o bem.
Por mais que se tente hoje deturpar a lei natural através de fabulosas engenharias sociais, importa referir que sobressairá sempre a evidência da realidade. Essa certeza advém do conhecimento das três propriedades fundamentais da lei natural: a Universalidade (todos os homens estão sujeitos a ela), a Imutabilidade (ela não evolui) e a Cognoscibilidade (ela pode ser conhecida nos seus princípios mais gerais). Sugiro a leitura deste breve artigopara uma explicação um pouco mais alongada.
Entendida assim a diferença entre um princípio de ordem política e aquilo que é a lei natural, pode facilmente descortinar-se o erro no comentário d’O Ingles ao referir-se a “qualquer tipo de doutrina religiosa” como se não fosse lícito distinguir entre doutrinas.
Noutro artigo, com um pouco mais de tempo, irei abordar a questão dos limites de intervenção política adequados para um Católico, para não deixar o seu comentário só meio respondido.




Felipe de Araujo Ribeiro

Olena, uma mãe que quis escolher a escola do seu filho

por A-24, em 29.07.13
Olena tem 36 anos. Chegou a Portugal, vinda da Ucrânia, em busca de uma vida melhor, tanto para si como para os seus filhos Pavlo e Nadiya (ela nascida cá). Cozinheira, a ausência de papéis impediu-a de arranjar emprego nessa área e, por isso, tornou-se empregada doméstica. Hoje, mora em Camarate, num bairro de paredes amarelas onde tem como vizinhos os primos Roman e Viktor, que entretanto também escolheram Portugal para criar raízes. Não gosta de lá morar, mas sabe que dificilmente poderia suportar uma renda em Lisboa, pelo que decidiu não se lamentar. Só tem uma preocupação: dar aos seus filhos as condições que ela própria não teve, isto é, uma formação escolar que lhes dê instrumentos para um futuro melhor.

No momento de matricular o seu filho mais velho, com sete anos e sem saber falar bem português, visitou a escola da sua área de residência. Percebeu de imediato que aquela escola não reunia as condições para garantir a adequada formação escolar do seu filho, face aos elevados níveis de indisciplina e de insucesso escolar. Mas qual seria a alternativa, visto que não tinha dinheiro para pagar uma escola privada e que nenhuma escola pública de outra área geográfica aceitaria o seu filho? Nessa noite, Olena não dormiu.
No dia seguinte, durante os seus afazeres, desabafou com a patroa, a Dra. Teresa, uma senhora mais velha com quem criara uma relação de confiança, quase amizade. A patroa estava reformada, mas havia sido professora de português e logo percebeu o problema. E, com a mesma rapidez, deu a Olena uma solução: escolher uma escola melhor e entregar uma declaração que indicasse um emprego localizado na área de influência dessa escola. Olena hesitou – tratar–se-ia de uma declaração forjada e ela ficou aterrorizada com as consequências de ser apanhada. A patroa insistiu. Disse-lhe que conhecia alguém que já o tinha feito antes e que a ajudaria com o papel. Apesar de hesitante, Olena aceitou – o que estava em causa (o futuro do seu filho) valia o risco.
E assim foi. Num espaço de dois dias, conseguiu uma declaração indicando que o seu marido, Petro, trabalhava a tempo inteiro para uma empresa de construção civil cuja obra era (e seria nos próximos dois anos) junto ao Campo Grande, em Lisboa. Ao terceiro dia, acompanhada da patroa, levou toda a documentação à escola local e, apesar de algumas resistências da senhora da secretaria e da directora da escola (que tudo fizeram para evitar a matrícula), o seu filho Pavlo ficou matriculado. Hoje, ainda frequenta essa escola. E com reconhecido sucesso escolar.
A história de Olena (nome fictício) é apenas mais uma entre centenas de casos semelhantes que podiam ter feito parte da peça publicada pelo Expresso (Isabel Leiria, 13.07.2013), onde são descritos os truques que os pais usam para contornar a lei e escolher a escola dos seus filhos. Histórias que, sendo reais, mostram bem que as escolas não são todas iguais e que os pais querem mais liberdade para escolher a que consideram melhor para os seus filhos.
Mas, sobretudo, estas histórias revelam-nos que o centralismo do actual sistema não garante a igualdade que tantos proclamam. Todos querem escolher, mas só os pais com níveis socioeconómicos mais elevados conseguem contornar a lei. Este sistema, com os seus defeitos, protege-os. Quanto aos filhos dos outros pais, resta-lhes esperar que o sistema mude ou que, nas suas vidas, haja entretanto uma Dra. Teresa que faça a diferença.

I Online

Visão portuguesa vs. Visão Suiça

por A-24, em 28.07.13
A minha filha S. é economista e vive na Suíça há três anos, onde trabalha. A Suíça é um pequeno país com 5 milhões de habitamtes, do tamanho da nossa região Norte, com uma má qualidade de vida, onde se trabalha bem, e se ganha ainda melhor.
A S. chega no próximo Sábado a Portugal para passar uma semana de férias. Ficou hoje assente por mail que a vou buscar ao aeroporto.Da última vez que cá esteve, e não foi há muito tempo, falávamos precisamente de férias. Dizia ela, com uma certa admiração que os suíços só gostam de passar férias na Suíça. Ao contrário de ti - respondi eu - que estás lá há três anos e, nesse período, já foste passar férias ao Brasil, ao Egipto, à Tailândia, e várias vezes em Portugal.
Aproveitei para lhe explicar que era uma questão de cultura. A Suíça foi um dos maiores centros do protestantismo e a cultura protestante, masculina, é paroquial. Os suíços gostam em primeiro lugar daquilo que é deles, acham que o seu país é o melhor do mundo e tudo o que existe no estrangeiro é mau por comparação.
Nós, de cultura católica, somos ao contrário. A felicidade nunca está connosco e nas nossas coisas, está sempre no exterior, quase sempre lá longe, no estrangeiro. Um português, desde que tenha dinheiro, quer é passar férias no estrangeiro, nas Maldivas, na Tailândia, quer lá agora passar férias em S. Pedro da Cova ou na Ericeira. E, então, se for uma mulher portuguesa....É uma característica feminina - uma mulher nunca está feliz com o que tem.  Os homens conformam-se mais com aquilo que têm.
Tu, aliás, és um excelente exemplo. Em três anos na Suíça conheceste mais mundo do que um suíço, nas tuas condições, irá provavelmente conhecer em toda a sua vida. Do ponto de vista económico a atitude cultural dos suíços é favorável ao seu próprio enriquecimento. Valorizam as suas próprias coisas e gostam de consumir as suas próprias coisas, e só em última instância importam do estrangeiro. Nós, pelo contrário, gostamos em primeiro lugar é do que não é nosso, de consumir aquilo que é estrangeiro, e só em última instância aquilo que é nacional. Andamos sempre enrascados financeiramente.
Esta diferença cultural também mostra por que é que um regime de liberdade comercial funciona para os suíços mas é ruinoso para nós. Abram-se as fronteiras na Suíça ao comércio internacional e os suíços vão consumir, em primeiro lugar, aquilo que é suíço. Nenhum problema existe. Faça-se o mesmo em Portugal e os portugueses vão consumir, em primeiro lugar, aquilo que é estrangeiro. Ficamos arruinados. A teoria económica que é boa para os suíços é ruinosa para nós.
Também mostra que o regime de governação económica que é adequado para a Suíça pode ser ruinoso para nós. Como se dúvidas ainda existissem.

in Portugal Contemporâneo

Memórias de Humberto Delgado

por A-24, em 27.07.13

Luís Menezes Leitão

Em boa hora a D. Quixote resolveu reeditar estas Memórias de Humberto Delgado, publicadas originariamente em Londres em 1964, que adquiri na última feira do livro. Sendo esta reedição de 2009, não está escrita felizmente no inenarrável "acordês" com que insistem em maltratar a nossa língua.
O livro é fascinante, permitindo-nos conhecer o percurso e o pensamento de uma personagem altamente complexa. Humberto Delgado faz uma avaliação histórica muito rigorosa do país, demonstrando uma erudição incomum. Inicialmente apoiante de Salazar, é curioso como se vai afastando dele por não conseguir concordar com o regime de ortodoxia financeira em que ele mantinha o país, em contraste com a expansão económica que a Europa vivia no pós-guerra em virtude do plano Marshall. Nas suas palavras, os outros países europeus tinham moedas fracas e inflação, mas as pessoas tinham dinheiro. Portugal tinha um escudo forte, sem inflação, mas o povo vivia na miséria. Não consegui deixar de fazer um paralelismo com a actual situação do euro.
É muito curioso que Humberto Delgado, que tinha uma posição de prestígio no Estado Novo, como Director-Geral da Aeronáutica, tenha aceite prescindir disso tudo para se envolver numa eleição presidencial, onde sabia desde o início que as cartas estavam viciadas. A explicação que ele próprio dá reside numa frase de Napoleão: "on s'engage et puis on voit". E efectivamente envolveu-se profundamente na campanha presidencial, tendo pronunciado a frase sacrílega para o regime: "Obviamente demito-o!", referindo-se a Salazar. No livro o autor refere as consequências do episódio, que a censura deixou passar, pois julgava que o país ia ficar indignado com Humberto Delgado, apressando-se os jornais a publicar diariamente ridículos comunicados de pessoas diversas, a desagravar Salazar por essa declaração. O efeito foi o contrário, sendo que a enorme adesão popular que Humberto Delgado suscitava fez o regime perceber que o país estava farto de Salazar.
Naturalmente que as eleições foram viciadas, como se esperava. Curiosamente Humberto Delgado aguardava uma reacção de indignação geral que não surgiu. Mesmo pessoas próximas encolhiam os ombros quando ele denunciava a fraude eleitoral: "Em Portugal as eleições foram sempre viciadas, até no tempo da Monarquia". O mesmo não se conformou, escolhendo o exílio, de onde procurou comandar a revolta contra o regime. Mas a oposição tradicional ia-se envolvendo nas suas questiúnculas internas, levando a que o regime ainda conseguisse durar mais 16 anos após o mais brutal ataque que sofreu.
O livro por isso diz muito, não apenas sobre um homem excepcional, mas também sobre o verdadeiro espírito do povo português, cuja enorme tolerância lhe permitiu viver 48 anos em ditadura. Não terá sido por acaso que recentemente outro Ministro das Finanças qualificou o povo português como o melhor povo do mundo.

Portugueses dos mais procurados para "ter um caso"

por A-24, em 26.07.13
Os portugueses são um dos povos mais desejados para casos extraconjugais. Pelo menos são estas as conclusões de uma sondagem feita pelo Ashley Madison, o maior portal de relacionamentos extraconjugais do mundo, que contou com mais de 11 mil respostas.
Os resultados deram conta de que 56% das mulheres e 68% dos homens inquiridos tinham interesse em ter relações com portugueses. Perante isto, o criador do portal de encontros 'discretos' entre pessoas casadas decidiu apostar no mercado português. 

Atualmente, o site conta já com mais de 20 milhões de aderentes, em países como o Brasil, Espanha, EUA, Alemanha e Reino Unido.
Esta não é a primeira vez que os homens portugueses são destacados como sendo atraentes. Em 2012, a revista Travelers Digest publicou uma lista onde colocava os portugueses entre os homens mais bonitos do mundo.

fonte

Empréstimos

por A-24, em 26.07.13
Pedro Lino no DE: 
«Como reagiria se um amigo lhe pedisse dinheiro emprestado, e agora dissesse que apenas pagaria os juros, e que o capital era um problema seu? Nada bem de certeza. Outra pergunta: continuaria a emprestar dinheiro a este amigo? A resposta para todos, creio, é obvia. (…) Portugal tem cerca de 210 mil milhões de euros de dívida publica, ou seja 127% da riqueza gerada anualmente. O que o PS veio dizer, contra o que assinou quando o País estava na bancarrota, é que acima do limite dos 60% de endividamento, o problema deve ser resolvido a nível europeu, talvez com ‘eurobonds’ e pagando apenas os juros. Fica assim por pagar qualquer coisa como 67% do PIB. Se juntarmos o facto de Portugal ir acumulando défices de 20% do PIB até 2017, altura em que chegará ao equilíbrio orçamental, com um défice de 0,5%, então fica mais uma pergunta – quem nos emprestará este dinheiro, 33 mil milhões de euros, que será utilizado para pagar pensões, salários, investimento e juros, sabendo que o PS entre outros apenas querem pagar os juros? A resposta é ninguém, nem os próprios que defendem esta medida emprestarão ao Estado um cêntimo nestas condições. O resultado é quem tem menos perde mais, porque quem tem algumas poupanças fá-la-ás sair do País. Outra medida anunciada, na linha do pensamento do sr. Berlusconi, é que a componente nacional dos fundos comunitários não conte para o défice. Pergunto se um empresário pode fazer o mesmo, pedir dinheiro emprestado para comprar uma empresa, desenvolver um negócio e não contar para o seu nível de endividamento. Esconder as dívidas debaixo do tapete foi o que fizemos nos últimos 35 anos, com engenharias financeiras, com os resultados agora visíveis.»

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