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A-24

A Suécia em questão (1/2): Os motins de Husby, um retumbante fracasso

por A-24, em 31.05.13
As revoltas que deflagraram por estes dias nos arredores de Estocolmo mostram que a integração de inúmeros imigrantes que moram naquele país nunca aconteceu. Em causa está a falta de vontade política do Governo para agir nas questões da educação e do emprego.
Lena Mellin

O atirar de pedras e o incêndio de viaturas em Husby (nos subúrbios a norte de Estocolmo) é o espelho do fiasco de uma política. Foi preciso muito tempo para chegar a este ponto. Vai ser preciso ainda mais para repor a situação.
Husky é igual a muitos outros subúrbios problemáticos de aglomeração em Estocolmo. Em comum têm uma grande população de imigrantes, um número elevado de beneficiários da segurança social, muitos jovens com problemas escolares e uma taxa de desemprego elevada.
Segundo os números da agência sueca para o emprego, 20% dos jovens de Husby não desenvolveram qualquer tipo de atividade em 2010. 1 em cada 5 jovens entre os 16 e os 19 anos não trabalha nem estuda. Na verdade, não fazem nada. Mas a natureza humana inventa ocupações, e estes jovens – rapazes na sua maioria – encontraram novos afazeres. Por exemplo, empoleirar-se nas pontes e atirar pedras aos carros da polícia ou incendiar os carros dos vizinhos. É verdade que eles não afirmam que é melhor gerar caos e partir coisas do que não fazer nada, mas no entanto é o que fazem, e esse é o problema.
Dos 4 jovens indiciados até agora (22 de maio) na sequência dos motins de Husby, o mais velho tinha 18 anos. Todos, exceto um, já tinham sido condenados. Mesmo o mais jovem com 15 anos já pode ser penalmente responsabilizado pelos seus atos (a idade de responsabilidade penal na Suécia foi fixada nos 15 anos).

O problema está no emprego
Não é preciso fazer nada para perceber que estamos face a um fiasco político retumbante. O problema tem origem nos guetos. Dos 12.000 habitantes de Husby mais de 60% nasceram no estrangeiro. Se contabilizarmos os que nasceram na Suécia mas cujos pais nasceram no estrangeiro este número sobe até aos 85%.
O problema também está na escola. O primeiro-ministro, Fredrik Reinfeldt, anunciou, a 21 de maio, a atribuição de novos recursos para a educação. É uma boa notícia, mas que peca pela demora. Quando 1 em cada 5 estudantes do ensino secundário não vai à escola é porque o sistema de ensino local falhou.
O problema também está no emprego. O emprego que é o primeiro vetor da integração. É aí que se aperfeiçoa a utilização da língua, que se constroem redes de contactos e se ganha dinheiro.

Subúrbios vistos como destinos exóticos
Os subúrbios que acolhem muitos imigrantes exigem uma atenção colossal que os decisores políticos não lhes dão. Este problema de gestão não é de hoje e infelizmente tem sido ignorado. Há bem pouco tempo nem se podia dizer que uma zona que alberga nada menos de 114 nacionalidades não precisa de mais recursos e atenção do que outras que acolhem significativamente menos. Em vez disso, os subúrbios com alta densidade de imigrantes foram apresentados como destinos exóticos onde se podia comprar legumes a bom preço.
O problema não vai ser resolvido da noite para o dia. Vai ser preciso injetar recursos consideráveis na educação, logo desde o jardim-de-infância. Quando se começa a derrapar logo na adolescência, como é o caso dos jovens que foram indiciados, as probabilidades de regressar ao caminho certo são escassas. Quando existem pais, ou pais dos amigos, que estão desempregados parece muito natural não trabalhar. Quando ir à escola nos faz sentir enjeitados é fácil desistir de estudar.
Em Husby a taxa de atividade é cerca de 40% contra os 65% à escala nacional. É neste primeiro número que reside o mal – ou melhor dizendo, o pior de todos os males.

Coisas da "bonita" União Europeia (1)

por A-24, em 31.05.13
“A Itália paga aos imigrantes para irem para a Alemanha”, titula o Linkiesta citando uma acusação feita pelo serviço de imigração de Hamburgo. As autoridades da cidade afirmam terem detido cerca de 300 africanos imigrantes detentores de autorizações temporárias revogadas emitidas na Itália e pedem que sejam reconduzidos para o país. Confessaram que lhes foi explicitamente dito por funcionários italianos para se dirigirem à Alemanha, o destino predileto da maioria dos imigrantes que chegam à UE através daquele país mediterrânico, sendo-lhes dados €500 caso aceitem.
Segundo o sítio de informação, as autoridades italianas admitiram implicitamente serem responsáveis pela situação e mostraram-se dispostas a acolher novamente os imigrantes. A maioria foi recebida com estatuto de refugiado por fugir de uma guerra civil na Líbia em 2011 e à posterior onda de ataques xenófobos, que veio na sequência do assassínio de Muammar Kadhafi. O problema é que são cidadãos provenientes de “países considerados democráticos, como o Gana, o Togo e a Nigéria”, escreve La Repubblica, o que significa que qualquer pedido de asilo na Alemanha seria recusado, apesar das circunstâncias em questão.
O problema, que veio alegadamente da necessidade de encerrar temporariamente centros de detenção na Itália, foi descoberto meses antes e abrange um número bem maior de imigrantes na Alemanha, escreve La Repubblica, acrescentando:
Agora que as eleições federais alemãs se estão a aproximar, este tema será muito provavelmente aproveitado em debates públicos.

Salário mínimo FAQ

por A-24, em 31.05.13
Qual é o problema em aumentar o salário mínimo? Não é bom que as pessoas ganhem mais?
É excelente que as pessoas ganhem bem e que aumentem os salários, desde que esses aumento estejam ligados a aumentos de produtividade e de poder negocial. Aumento de salários por via legislativa é apenas mais um caminho para a criação de desemprego.

Desemprego? Como é que um aumento do salário mínimo cria desemprego?
Os salários resultam de negociação entre patrões e funcionários. Um patrão estará sempre disponível a pagar a um funcionário um valor abaixo do que o funcionário produz, mas acima do que outro patrão estaria disposto a pagar. Qualquer trabalhador que, por qualquer motivo, produza abaixo do salário mínimo não terá emprego, porque nenhum patrão estará disposto a pagar mais do que pode ganhar com esse trabalhador. Para entender melhor, basta pensar o que aconteceria à quantidade de empregos disponíveis se o salário mínimo aumentasse para mil, 2 mil ou 5 milhões de euros. Hoje há quase meio milhão de pessoas a receber o salário mínimo que estariam em risco de perder o emprego caso este fosse aumentado.

Mas estás a dizer que todas essas pessoas iriam para o desemprego?
Não. Provavelmente apenas uma pequena parte delas iria directamente para o desemprego se o salário mínimo fosse aumentado.

Aha! Isso quer dizer que a maior parte desses trabalhadores produzem mais do que o salário mínimo e ficarão melhor com este aumento.
Verdade. O salário não é só determinado pela produtividade do trabalhador, mas também pela capacidade negocial. Quando o desemprego é elevado, ou seja existe escassez de empregos, o empresário consegue impôr salários mais baixos, tendo lucro superior. Isto tem o benefício de aumentar o capital disponível, que por sua vez aumentará o investimento e a criação de emprego. À medida que o número de empregos aumentam, os trabalhadores ganham capacidade negocial podendo aumentar os salários de forma natural. Aumentar salário mínimo em alturas de escassez de empregos (escassez de capital), impede a formação de capital necessária para a criação de mais empregos. É um efeito indirecto no desemprego, ou seja, também será mais complicado para os actuais desempregados encontrarem emprego se o salário mínimo aumentar.

Mas se isso é assim, como se explica que coexistam no mesmo sector taxas de desemprego baixas e salários baixos?
A pressão na capacidade negocial também existe por efeito da globalização. Portugal especializou-se em produtos de baixo valor acrescentado, onde os trabalhadores hoje competem com salários baixos de países asiáticos entre outros. A verdade é que os trabalhadores portugueses hoje competem com trabalhadores de países de salários muito mais baixos e com produtividade semelhante. Qualquer aumento do salário mínimo, apenas dará um incentivo extra para que os empresários se deslocalizem e levem os empregos com eles.

Mas não dá para impedir os empresários de sair do país?
Em teoria, sim, pode-se construir um muro e impedir movimentos de capitais. Na prática, ou eles saem do país ou o facto de terem salários muito mais altos do que os seus competidores empurrá-los-à para fora do mercado. De uma forma ou de outra, perdem-se os empregos.

Mas não era melhor os trabalhadores portugueses deixarem estes empregos básicos para os asiáticos e dedicarem-se a sectores de maior valor acrescentado?
Sem dúvida. Mas para o fazer é preciso atrair capital para investir em tecnologia. Neste momento, Portugal é um país descapitalizado e pouco atractivo para capital estrangeiro. Mesmo que esse capital fosse atraído no curto prazo, demoraria bastantes anos até que os trabalhadores adquirissem a formação necessária. Provavelmente demoraria uma geração a fazê-lo.

Mas..mas…e a procura? Salários mais altos não irão estimular a procura e incentivar empresários a investir?
Salários mais altos irão estimular a procura interna dos trabalhadores, mas se não forem ligados a aumentos de produtividade, isto acontecerá por via de uma transferência de poder de compra de empresários para trabalhadores, pelo que o efeito seria neutro. Por outro lado, o crescimento no desemprego explicado anteriormente levaria a uma diminuição ainda maior da procura.

Mas o actual salário mínimo não garante condições de vida decentes aos trabalhadores!
Quais trabalhadores? Certamente não garantirá um nível de vida digno a uma mãe solteira de 3 filhos a viver em Lisboa. Nem um salário mínimo de mil euros, garantiria. Já para um membro de um casal com casa própria a viver em Chaves, o salário mínimo garante boas condições de vida.
O segundo erro desta forma de pensar é julgar que a única compensação do trabalho é o salário. O trabalho em si, a experiência, a possibilidade de se manter empregado podem valer mais para um trabalhador do que o próprio salário. Ao impôr um salário mínimo, ou seja, uma produtividade mínima ao trabalhador para que ele possa ter emprego, está-se a impedir muitos trabalhadores de acederem aos benefícios extra-salariais de ter um emprego.

Já percebi, mas não aceito! Qual a melhor forma para eu e a Raquel Varela fazermos com que o salário mínimo suba?
Simples: invistam, montem uma empresa e paguem mais aos vossos trabalhadores. Quanto mais trabalhadores empregarem, menos estarão noutros lugares a ganhar o salário mínimo.

in Montanha de Sísifo

Jersey: A Ilha do Tesouro no centro das atenções

por A-24, em 30.05.13

A UE está a levar a sério a luta contra os paraísos fiscais, conforme prova a cimeira que se realizou em 22 de maio com esse objetivo. Mas a limpeza deve começar pela própria casa, onde territórios como Jersey prosperaram, tirando partido da tradicional ambiguidade política. Excertos.
Luis Doncel

As autoridades deste território semi-independente estão envolvidas numa polémica que nada tem a ver com o passado. Sabem que o seu sistema económico – assente em impostos muito baixos ou inexistentes – suscita cada vez mais suspeitas dos governos e, sobretudo, dos cidadãos de outros países, aos quais, todos os dias, são exigidos cada vez mais sacrifícios, enquanto alguns se livram de ajudar a economia, graças a territórios como este.
“Não somos um casino, mas um centro que recolhe investimentos e os injeta noutros locais. É justamente disso que a Europa precisa. Somos parte da solução e não o problema”, garante o ministro das Finanças, Philip Ozouf. “Este Governo sempre cumpriu as regras internacionais e continuará a cumpri-las”, insistiu, esta semana, o primeiro-ministro, Ian Gorst.
Face aos argumentos do Governo de Jersey e do lóbi financeiro, os ativistas da organização Tax Justice Network qualificam esta minúscula ilha – que tem menos de 100.000 habitantes e acumula depósitos bancários superiores a €140.000 milhões – como o 7.º maior paraíso fiscal do mundo, na lista que esta organização elabora sobre sigilo financeiro. “Apesar de, formalmente, Jersey não ter sigilo bancário, como a Suíça ou as Bahamas, o sigilo é conseguido por outras vias: fundos, empresas deslocalizadas e, desde 2009, fundações”, garante esta ONG, que defende a transparência no sistema financeiro internacional.
Hemorragia de capitais
“A OCDE não nos inclui na sua lista de paraísos fiscais”, repetem as autoridades de Jersey. “Nessa lista, só figuram 2 ilhas minúsculas do Pacífico, Nauru e Niue. Se esse critério fosse válido, não haveria paraísos fiscais no mundo”, replica Mike Lewis, assessor da organização Action Aid. “Todos os paraísos fiscais dizem o mesmo. Só usam as listas da OCDE para tentarem provar que estão limpos”, acrescenta o escritor e jornalista Nicholas Shaxson.
Mas os problemas de Jersey não resultam apenas da pressão das organizações não governamentais nem da mobilização da sociedade civil. Os governos também parecem decididos a travar uma hemorragia de capitais que escapa ao seu controlo.
“A mensagem é simples. Iremos atrás de quem esconde o seu dinheiro”, disse, na semana passada, o ministro das Finanças britânico, George Osborne, depois de o Reino Unido ter detetado 100 casos graves de evasão fiscal, na sequência de uma investigação conjunta com os Estados Unidos e com a Austrália, realizada em Singapura e nas Ilhas Virgens Britânicas, nas ilhas Caimão e nas ilhas Cook. Foi este impulso renovado de realizar cobranças que levou Jersey a aceitar o intercâmbio automático de informação bancária com Londres e Washington.
Organizações como a Tax Justice exigem que, para poder ser levada a sério, esta medida seja alargada a todos os países da UE. Jersey contrapõe que dará esse passo, quando os 27 se comprometerem também a fazê-lo.
Reino Unido controla 1 em 5 paraísos fiscais
O representante do setor financeiro, Geoff Cook, admite ter reservas quanto a esta nova onda de regulamentação. “Queremos ser bons vizinhos e cooperar com o que outros governos decidirem. Mas existe o risco de, se se difundir a ideia de que nós, europeus, vamos divulgar toda a informação sobre os nossos clientes, estes preferirem transferir o seu dinheiro para outros territórios. O intercâmbio de informação está muito bem, se todos o praticarem”, garante este britânico que, como conselheiro delegado da Jersey Finance, representa os interesses de um setor que absorve 40% da economia.
O ministro Ozouf mostra-se muito amável com o jornalista que se deslocou ao seu país. Mas uma pergunta congela o seu sorriso. O próprio Governo britânico estima que um acordo de intercâmbio automático de informação com as 3 dependências da Coroa renderia aos cofres públicos cerca de 1.000 milhões de libras (€1.185 milhões). Não estará o Reino Unido a admitir, assim, que vocês são um paraíso fiscal? “Esses números não são nossos e não os reconhecemos. Mas, mesmo partindo do princípio de que estão certos, esse montante equivaleria ao que pagariam, no total, Jersey, Guernsey e Man, ao longo dos próximos 5 anos”, responde o ministro.
Apesar deste novo papel de irmão mais velho, que obriga os pequenos a seguir as regras, o Reino Unido tem primado, até agora, por uma indefinição que permitia que as suas antigas colónias, os territórios ultramarinos e as Dependências da Coroa agissem como entendessem. O Reino Unido controla 1 em cada 5 paraísos fiscais existentes no mundo e muitos críticos consideram que poderia ter feito muito mais.
Oportunidade perdida?
No seu bestseller Treasure Islands (Ilhas do Tesouro) – que se transformou na bíblia do movimento contra os paraísos fiscais –, Nicholas Shaxson define Jersey como uma combinação de “finanças deslocalizadas futuristas, com um sistema político medieval”.
A estrutura política de Jersey é muito particular, mas o seu sistema tributário não lhe fica atrás. Os legisladores não gostam de complicações mas, em contrapartida, adoram os números redondos: 0% de impostos para as empresas não financeiras; 10% para as financeiras e 20% diretos de imposto sobre os rendimentos, independentemente do valor desses rendimentos.
A aposta é alta. Organizações como a Tax Justice estabeleceram um triplo objetivo: saber quais os particulares, empresas, fundos e fundações que depositam dinheiro nos paraísos fiscais; acordos de intercâmbio de informação entre todos os governos e envolver os países em desenvolvimento, para que estes beneficiem destas melhorias.
Já foram dados alguns passos. Os Estados Unidos, o Reino Unido e a Austrália chegaram a acordo para esquadrinhar os capitais das empresas em paraísos fiscais de meio mundo. Na cimeira desta semana, os dirigentes europeus tratarão de conceber um quadro comum para combater a evasão fiscal. Se os gigantes da política agirem com decisão, os anões como Jersey serão obrigados a responder. Mas ninguém pode garantir que esta não vá ser uma oportunidade perdida. Mais uma.
Press Europe

O porquê da renovação de Jorge Jesus ser justa e obrigatória

por A-24, em 30.05.13
1. A Jorge Jesus, no Benfica, é pedido muito mais que o mero papel de treinador e gestor de recursos humanos, é pedido o papel de criador e valorizador de activos, activos esses que são alienados para enfrentar o passivo do clube. Não fosse isto e o Benfica podia, como fazem outros grandes da Europa, acumular no plantel valores como os vendidos nos últimos anos, e que dariam uma dimensão desportiva diferente pela antiguidade e desempenho técnico.
2. Ao analisar esta época, recuando a Setembro, tempo da venda de Witsel e Javi Garcia e lesões de Pablo Aimar e Carlos Martins, exercício que poucos analistas fazem, o que estranho não é o Benfica ter perdido três finais, é o facto de, perante os meios disponíveis e gestão seguida, lá ter conseguido chegar.
3. Vejamos, à entrada para a época desportiva 2012/13 o Benfica fez €71,49M em vendas e investiu €26M em aquisições. Mais uma vez o património desportivo do clube foi delapidado, com as vendas de Witsel e Javi Garcia, como sucedeu nas épocas anteriores. Nem assim, o Benfica deixa de, 9 meses volvidos, ter mais uma série de nomes cobiçados pelo mercado, como Garay, Matic, Enzo Perez ou Nico Gaitán, que prometem encaixe financeiro semelhante. 
4. Especialmente grave foi a oportunidade em que se desinvestiu este ano. Witsel e Javi Garcia são vendidos à segunda jornada, depois de toda uma pré-época trabalhada à volta de um meio campo composto por eles. Mais, quando o plantel parecia tornar-se curto, Bruno César e Nolito são dispensados em Janeiro, para reduzir custos. Em qualquer destes quatro caso não é feita qualquer contratação para suprir lacunas. Acresce a isto as indisponibilidades de Carlos Martins e Pablo Aimar, meio campo da época anterior e de Luisão, capitão e líder da equipa.
5. Nunca, desde que me lembro de ser gente, vi o Benfica jogar tão bom futebol e dar tanta luta na conquista das competições. Eu não sou da geração que viveu nas épocas de glória, sou da geração que só viveu vitórias dos adversários, e nunca o Benfica esteve tão perto de as quebrar. Se hoje assim é, deve-se a alguma visão estratégia de quem dirige, e a um grande gestor de activos e recursos humanos, que pratica autênticos milagres: Jorge Jesus. 
Se algo estiver errado no Benfica actual não é o treinador, é a estratégia da Direcção. É o atirar de areia para os olhos dos associados, com objectivos que contrariam a gestão praticada. É o momento absolutamente danoso em que são tomadas as decisões desportivas, privando o plantel de jogadores fulcrais com as épocas em curso, como aconteceu com todos os principais, à excepção de Di Maria e Coentrão. O Benfica não pode ser Campeão Nacional, muito menos Europeu, com esta estratégia, o triplete que este ano esteve quase a acontecer deve-se apenas ao facto de contar com um dos grandes treinadores da Europa nas suas fileiras. É importante que assim continue a ser.

in Delito de Opinião

Dopping com 15 anos de atraso

por A-24, em 30.05.13
Dois cientistas italianos revelaram que os jogadores da Juventus que venceram o Ajax na final da Liga dos Campeões de 1996, entre os quais se encontrava o português Paulo Sousa, estavam dopados.

Segundo afirmaram Giuseppe d'Onorfio e Alessandro Donati, citados no canal holandês NOS, as análises sanguíneas dos jogadores da Juventus a que tiveram acesso mostravam "claros indícios da presença da substância ilegal EPO (eritropoietina)". 


Os dois cientistas italianos tiveram recentemente acesso aos testes realizados antes do encontro, confiscados à Juventus em 1998, e acreditam que não há muita margem para dúvidas acerca dos resultados a que chegaram.
Entre os jogadores que venceram a segunda Liga dos Campeões da Juventus estava o ex-internacional português Paulo Sousa, que treinou na primeira metade desta época a equipa húngara do Videoton, e o atual treinador da seleção francesa, Didier Deschamps, que já por muitas vezes tinha sido acusado de ter recorrido à substância ilegal EPO durante a sua carreira. 
A Juventus venceu o jogo decisivo com o Ajax, que decorreu no estádio Olímpico de Roma, na marcação das grandes penalidades, depois de ter terminado o tempo regulamentar com um empate a uma bola. 
Os resultados completos da investigação feita pelos cientistas italianos serão divulgados no próximo domingo, num espaço de grande reportagem no canal holandês NOS.

Lusa

Casamento gay em França

por A-24, em 30.05.13
Segundo a polícia, eram 150 mil, segundo os organizadores, um milhão: a 26 de maio, Paris foi de novo palco de uma manifestação contra o casamento para todos, numa altura em que a lei que institui o casamento homossexual foi adotada a 23 de abril e a primeira união está prevista para 29 de maio.

Apesar do sucesso desta mobilização, os organizadores “não conseguiram esconder as suas dissensões”, escreve Le Parisien, como acontece dentro do UMP (direita, oposição), onde duas correntes se opõem sobre a questão do casamento homossexual.
“Se, ontem, o Governo queria sobretudo sublinhar essas divisões e esperava poder, finalmente, virar a página, também compreendeu que uma parte da população não está preparada para aceitar essas reformas”, afirma Le Parisien.

Press Europe

Patriotas suecos patrulham Estocolmo para proteger a população autóctone dos extremistas muçulmanos

por A-24, em 29.05.13
Alerta Digital

Tras el anuncio entreguista del jefe de Policía de Estocolmo de no emplear la fuerza para detener los disturbios de inmigrantes musulmanes que azotan la ciudad desde hace casi una semana, los nacionalistas suecos se han puesto manos a la obra. La noticia de que unos ciudadanos tengan que organizarse para proteger las vidas y las haciendas de las personas, ante la complicidad de las autoridades políticas y policiales con los criminales extranjeros, refleja elocuentemente el grado de putrefacción y vesania de las democracias liberales europeas.
Siguiendo el ejemplo de miembros de la formación griega Amanecer Dorado, estos patriotas marchan por los barrios donde los inmigrantes incendian contenedores y coches y agreden a los ciudadanos suecos, evitando con su presencia, y en muchos otros casos con sus acciones, que los agitadores somalíes, como son en su gran mayoría, campen a sus anchas provocando unos disturbios que a diferencia de los ocurridos en Francia hace pocos años, apenas están teniendo relevancia en la prensa internacional..
Ante estas patrullas ciudadanas en Estocolmo, muy activas en el guetto de Tumba, los medios han puesto el grito en el cielo y la policía, que no actuaba contra los extremistas musulmanes, está tratando de evitar estas patrullas. Vivir para ver. Se trata de impedir el apoyo voluntario al mantenimiento del orden y no la violencia antiblanca desatada por inmigrantes mayoritariamente musulmanes.

Gdańsk e os russos

por A-24, em 29.05.13
Nunca houve tantos russos em Gdańsk desde a primavera de 1945. São principalmente habitantes da região de Kaliningrado, que fazem compras na Polónia. Um comércio que atinge cerca de €20 milhões por mês.


Os tanques de guerra deixaram lugar aos autocarros e aos carros matriculados “39”, que representam a região de Kaliningrado. Já não deixam a cidade de Gdańsk com os braços carregados com troféus de guerra, mas com sacos de compras, para grande satisfação dos comerciantes locais.
“Fazemos excelentes compras”, admite Tatiana Babak, que acaba de sair do Ikea, enquanto coloca sacos cheios de compras na mala do seu carro. Veio a Gdańsk com Władimir Poliakov, o amigo taxista. 130 quilómetros só a ida. O gasóleo russo é barato: 3 zł [€0,72] o litro, é uma viagem low cost. Tatiana vai a Trójmiasto (uma aglomeração portuária composta por Gdańsk, Sopot e Gdynia) pelo menos uma vez por mês, Władimir faz o trajeto mais vezes.
“Aqui é tudo mais barato”, explica, “à exceção da gasolina. O leite, os legumes, os produtos de limpeza, as fraldas ficam entre duas a duas vezes e meia mais baratos. Até as bebidas alcoólicas compensam mais. O preço é acessível, há mais escolha e pelo menos temos a certeza de que não estamos a lidar com produtos adulterados. Além disso, é uma região linda, e as pessoas são geralmente abertas e simpáticas. É um sítio onde nos sentimos bem”.
A chegada em massa de residentes de Kaliningrado a Gdańsk tornou-se possível com a introdução, no verão do ano passado, de um regime fronteiriço específico chamado “pequeno tráfego fronteiriço”, na sequência do acordo assinado em dezembro de 2011 por ambos os governos e ratificado seis meses depois.
Doravante, os russos apresentam no consulado polaco sedeado em Kaliningrado um pedido para circular no âmbito do regime do pequeno tráfego fronteiriço e, após dois meses, recebem uma autorização válida durante dois anos.

Viagem é uma primeira necessidade

“A nossa cooperação tem sido um êxito e desejamos que este sucesso se torne um argumento nas nossas discussões com Bruxelas, favorável à supressão dos vistos para os cidadãos russos que desejam entrar na UE”, explica o Cônsul-geral russo Sergei Puchkov. “Temos muitos projetos de cooperação no setor económico, cultural, universitário e desportivo. Os polacos estão ajudar-nos com os preparativos do Campeonato do Mundo de Futebol de 2018”, recorda o Cônsul.
Há mais de seis meses que, todos os fins de semana, cerca de trinta autocarros e várias centenas de veículos afluem para os centros comerciais de Gdańsk. Há de tudo: pequenos comerciantes, operários, estudantes, professores, funcionários. Mais do que uma distração luxuosa, esta viagem é, para todos eles, uma primeira necessidade.
A Polónia tem 210 km de fronteira terrestre com a Rússia e 22 km de fronteira marítima no nordeste do país. O enclave de Kaliningrado tem uma superfície de 13 mil km² e uma população de 950 mil pessoas. Faz fronteira com a Lituânia no Norte e no Leste, com a Polónia no Sul e é banhado pelo Mar Báltico no Oeste.
Cerca de dois terços da população do enclave vivem em Kaliningrado, a capital, criada após a Segunda Guerra Mundial, no local onde estava a antiga cidade alemã de Königsberg, chamada Królewiec pelos polacos. Completamente destruída durante a guerra, a cidade foi mais tarde reconstruída num estilo soviético. O mapa das ruas mudou totalmente, sendo hoje em dia impossível reconstituir, até mesmo aproximadamente, o trajeto diário do habitante mais famoso de Königsberg, Emmanuel Kant. Felizmente, foram conservadas as ruínas da antiga catedral com o túmulo do filósofo, tornando-se umas das poucas atrações turísticas do Kaliningrado pós-soviético.

Audi 100
A estadia dos polacos que atravessam a fronteira dura em média duas horas, dedicadas principalmente ao comércio do combustível.
Segundo Sergei Puchkov, o comércio fronteiriço do combustível é muito organizado: “dos cem veículos que esperam na fila da fronteira, cerca de 90 pertencem a polacos da região fronteiriça. Utilizam um tipo de carro muito específico: o Audi 100.” “Porquê? Por ter um enorme depósito, que pode conter cerca de 100 litros”, explica Puchkov.
A embaixada russa em Varsóvia sugeriu às autoridades polacas que criassem uma via especial para esses turistas, poupando assim aos outros passageiros uma fila de espera interminável. “Responderam-nos que seria contrária às regras”, relata Puchkov. “Que todos devem ter os mesmos direitos.”

Salsichas caras
Como é possível o preço de um simples iogurte comprado de um lado da fronteira duplicar depois de se atravessar a fronteira?
Adam Hlebowicz, autor de um guia turístico sobre Kaliningrado publicado recentemente, explica claramente o cerne da questão. “De onde vêm estes preços? Era, para mim, um verdadeiro mistério, até os comerciantes de Kaliningrado me explicarem que os preços incluíam os custos da… extorsão, que beneficia funcionários locais.”
A abertura da fronteira polaca começou a causar perdas consideráveis para as lojas russas. Segundo o relatório do portal de informação Kaliningrad.ru, o governador chegou mesmo a perguntar recentemente aos seus ministros se a diferença do preço de uma mesma salsicha de um lado e de outro da fronteira era justificada. A resposta foi curta e punha em causa as margens excessivas das grandes empresas de distribuição.

20 milhões de euros por mês
A corrupção é um problema sistémico na Rússia. Não se trata de criminalidade organizada no sentido ocidental do termo. Já na época dos czares prevalecia o sistema universalmente aceite de “aquisição”. O funcionário de Estado recebia um salário modesto porque, segundo uma regra não escrita, iria completá-lo “por baixo da mesa”.
Sendo os suecos intransigentes relativamente à corrupção, o Ikea demorou anos para finalizar um contrato que lhe permitiria construir uma loja em Moscovo, por recusar pagar uma quantia substancial exigida “por baixo da mesa”.
Toda a Rússia sofre de uma extorsão de fundos organizada. Os habitantes de Kaliningrado ficaram numa situação muito particular: compensa-lhes mais fazer compras na Polónia. Os benefícios vão para as empresas polacas. Não dispomos de dados exatos, mas estimamos que todos os meses o enclave perde cerca de €20 milhões, investidos na Polónia.

Austeridade sem troika

por A-24, em 28.05.13
Miguel Noronha in O Insurgente 

…e com contas públicas bem mais saudáveis que as nossas. Na Holanda
O Governo holandês, liderado pelo liberal Mark Rutte, prepara-se para acelerar o ritmo de redução dos funcionários públicos. A intenção do Executivo (que governa em coligação com os socialistas) é reduzir o universo da Função pública, que integra actualmente cerca de 150 mil trabalhadores, em 8% a 12% até 2018.
“A dívida do Estado continua a subir e o défice orçamental ainda é demasiado elevado. O governo tem de gastar de acordo com os meios de que dispõe e terá de reduzir a despesa pública para um patamar mais baixo”, explica Stef Blok, o ministro da tutela, em carta enviada ao parlamento holandês, citada pela Reuters.
A Holanda, quinta maior economia da zona euro, fechou 2012 com um défice de 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) e uma dívida pública de 71,2% do PIB. O défice e a dívida ultrapassaram os limites europeus ( de 3% e de 60%, respectivamente) pelo quarto ano consecutivo. Não obstante, o défice holandês tem vindo a cair desde 2009: nessa ano era de 5,6% do PIB; decresceu para 5,1% em 2010 e para 4,5% em 2011.
O Governo holandês anunciou no início deste ano um reforço das medidas de contenção no valor de 4,3 mil milhões de euros. “Precisamos de medidas adicionais em 2014 para pôr em ordem as finanças do Governo”, revelou então o primeiro-ministro Mark Rutte. O novo pacote de austeridade acresce aos cortes orçamentais de 16 mil milhões de euros que haviam sido já definidos para este e para os próximos três anos.

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