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A-24

Elma Aveiro (crónica Hot Magazine, Fevereiro de 2012)

por A-24, em 03.03.13

Lembro-me quando Pimpinha Jardim esgotou a Maxmen, quando Alexandra Lencastre surpreendeu meio mundo na FHM e quando a Floribella mostrou que afinal até podia ser alvo do desejo masculino, também na FHM. Nos últimos anos, estas foram as capas que mais impacto causaram pela positiva. Depois veio a Maya. Estávamos em Agosto de 2009 e as críticas foram terríveis. A capa da taróloga, com idade para ser mãe da maioria dos leitores da FHM, foi no entanto das que mais vendeu nesse ano e se todas as outras edições (com boazonas na capa) tivessem vendido tanto como a dela, se calhar, a revista ainda existia.
Tudo isto para chegar a Elma Aveiro. Desde a Maya que não tinha havido nenhuma capa que tivesse provocado tanto falatório. A irmã mais velha de Cristiano Ronaldo mostrou que está em boa forma e que é uma mulher com atributos. Claro que num país como o nosso, a sessão fotográfica que realizou foi arrasada por muita gente, mas se nem Cristiano Ronaldo consegue agradar a todos os portugueses, seria impossível que a irmã conseguisse tal feito. O que mais me espantou nas críticas (principalmente, no Facebook) foi o nível de educação de algumas pessoas e o facto de não perceberem muito sobre o assunto Ao serem mal-educadas, só estão a dar uma má imagem delas próprias às milhares de outras pessoas que lêem esses mesmos comentários - é sempre possível criticar de forma construtiva, mas é mais fácil fazê-lo com falta de nível, e nisto, os portugueses são os maiores – e é alarmante a quantidade de pessoas que não se lembra que todos nós existimos na internet e que há coisas que vão perdurar no tempo, seja vídeos caseiros comprometedores ou comentários invejosos e ofensivos feitos numa qualquer rede social.
Outro ponto que me deixou particularmente perplexo foi a constante referência ao uso de photoshop. Não é preciso ser um génio para saber que TODAS as sessões fotográficas feitas em revistas masculinas têm photoshop. E no dia em que for publicada uma fotografia sem tratamento hão-de rolar algumas cabeças, principalmente, se na pele dessa futura pobre coitada constarem cicatrizes, verrugas ou algo que sirva como prova que afinal as mulheres não são perfeitas. Mas fica bem fazer comentários com a palavra photoshop metida lá pelo meio. Faz-nos passar a ideia que a nós ninguém nos come por parvos e que percebemos do assunto.
Também achei delicioso ler que a Elma aceitou o convite da Hot Magazine porque a crise toca a todos e precisa de ganhar dinheiro. Melhor do que isto, foi ter lido que a própria família Aveiro pagou para a irmã mais velha de Ronaldo ser capa de uma revista. A imaginação das pessoas, ao contrário da perna do anão, é muito grande. E são estas mesmas pessoas que absorvem como uma esponja o que lêem nas revistas cor-de-rosa, as quais andam há meses a escrever que a família Aveiro não gosta que Irina Shayk faça fotografias com pouca roupa. E, ao terem isto como verdade, não faltaram as críticas que apontavam a uma incoerência gritante por parte de Elma, que também se despiu. Ponto um: nunca ninguém da família Aveiro criticou em discurso directo a russa por se despir. As revistas é que escrevem que a Dona Dolores e a Elma não gostam e todos sabemos que nem sempre o que aparece na imprensa cor-de-rosa é verdade. Ponto dois: faz tanto sentido a família de Ronaldo criticar a Irina por se despir, como faria se a família da russa criticasse Ronaldo por jogar futebol de calções. Ou seja, ambos fazem o que a profissão os “obriga” e no caso da russa é difícil ser modelo de lingerie e depois aparecer em fotos com roupa dos pés à cabeça.
E termino com isto: há pouco tempo uma revista masculina fez capa com uma ex-concorrente do Peso Pesado e só li elogios (à publicação em causa e à jovem que aceitou o convite). Acho isto tudo muito lindo e de quase ir às lágrimas de tanta emoção, mas colocar na capa uma mulher que passou de muito gorda (pesava 136 kgs) a gorda é de elogiar, mas fazer capa com Elma Aveiro (tem 37 anos e, mesmo depois de já ter sido mãe, tem melhor corpo que muitas miúdas de 20) é de criticar? Pois, por mim podem ficar com as gordas todas, que eu fico com a irmã mais velha do Ronaldo...
n'O Homem Invisível

Swing: Uma casa de família

por A-24, em 03.03.13
As cenas desta reportagem foram todas feitas em uma noite de sexta-feira, na Nefertitti

Bem sabemos muitos de nós que vocação e ofício constituem uma relação que nem sempre chega aos finalmentes. A vantagem é que esse coito interrompido não impede o sujeito de gozar o sucesso profissional. Exemplo disso vem de uma trinca de sócios improváveis – um ex-líder religioso mórmon entusiasta do então revolucionário conceito dos hipermercados; a filha jovem, bonita e bem-criada de um professor da USP; e seu tio torto, proprietário de linhas telefônicas vitimado pela privatização. São donos de um negócio igualmente improvável: uma bem-sucedida casa de swing para quem não faz exatamente swing, localizada na Rua Augusta, em São Paulo, e chamada Nefertitti. Com o “t” dobrado porque a numeróloga do tio torto mandou e o religioso mórmon preferiu não objetar.
Diante do esforço que os três fazem para que não se chame a Nefertitti de casa de swing, é até uma sacanagem chama-la assim. E, embora em seu interior role uma trepantina danada, trata-se de fato de uma balada excêntrica muito mais do que um espaço para o escambo de maridos e esposas. Em sua singularidade kitsch e depravada, a Nefertitti é como se fosse o famoso Love Story paulistano de uma década atrás, quando playboys e prostitutas – já despidas de suas pessoas jurídicas – celebravam a libido, a putaria e o uísque paraguaio na “casa de todas as casas”. Com a diferença de que na Nefertitti não há prostitutas – a não ser aquelas apenas vocacionadas para a mesozoica profissão. A despeito disso, o que se desbunda lá dentro é uma enormidade. Despeito, desbunda, despênis e desvagina.
A moderna pista de dança da Nefertitti nada deve às melhores da cidade. Pelo contrário: os dois grandes bares que ladeiam a pista têm balcões suficientemente largos para que neles se pratique um pole dance versão nóis lá em casa, e que talvez devesse ser executado de capacete. As clientes podem ali mostrar suas poupanças e aplicações de silicone. O sujeito no balcão está autorizado a passar a mão em tais ativos (e até nos passivos), desde que respeitosamente, sem assaltar o cofrinho.
Por volta de 1h da manhã, um competente e divertidíssimo show erótico terminará em striptease. Para o freguês que já alcançou o terceiro drinque, também. Porque, se ele estiver acompanhado, penetrará então no labirinto onde o sexo é liberado, a partir de uma porta lateral onde todo mundo entra assim que o show se encerra. É providencial a camisinha na carteira e a amnésia alcoólica no dia seguinte. A iluminação a meia-bomba emagrece os gordos e enrijece as flácidas – um milagre.
A Nefertitti é algo que saiu da cabeça – não se sabe ao certo se da de cima ou da debaixo – do carioca Paulo Machado, de 51 anos, o religioso mórmon. Nunca lhe ocorrera abrir uma casa de swing. O que lhe provocava a ereção empreendedora era “aquela coisa do hipermercado, em que cada metro quadrado de loja precisa ser vendável”. Há dez anos, o Paulo assistiu em Paris ao show erótico do cabaré Crazy Horse. Estava com a mulher, Luciana Godoi, a filha bonita do professor da USP que hoje é sua sócia e também sua ex. Degustava um vinho na Champs Élysées quando veio aquele clique: “Não existe no Brasil nada como esse Crazy Horse”.
Administrador de empresas com passagens pelo Carrefour e pela rede grega Candia, tão crente nas virtudes do hipermercado como no Livro de Mórmon, perguntou-se: “E se eu trouxer para um único espaço várias atrações que permitam à pessoa fazer tudo o que deseja ali dentro?”. Lembrando que no hipermercado havia “pneu, farmácia, geladeira, ração de cachorro”, bolou seu negócio na mesma linha. A prioridade era o “show sensual” – mas também ia ter jantar, happy hour e o c… a quatro. Sim, o c… a quatro, porque depois do show, calculou o Paulo, “o cara quer pegar um motelzinho”. Prevendo uma frequência maior de pessoas casadas, conjecturou: “Há quanto tempo esse sujeito não faz uma brincadeira divertida? O casamento acaba com isso, é só papai-e-mamãe, no máximo uma lingerie nova”. Pensou então num lounge onde as pessoas “pudessem fazer uma preliminar, resgatar essa questão do beijo, cê tá me entendendo?”. Sei, sei…
Lembrou-se de um outro Love Story, que funcionava na Rua Maracatins, em Moema, nos anos 1970. Lá se podia fechar a mesa com uma cortininha e ficar à vontade. Cogitava alguma coisa do tipo quando um amigo sugeriu que fossem, ele e a Luciana, a uma casa de swing. “Casa de swing??? Como é que é, meu amigo? Troca de casais??? Tá pensando que eu quero um negócio desse pra minha vida? Eu e a minha mulher???”. O Paulo nunca tinha ouvido falar em casa de swing. “Eu juro.”
A Luciana, bem, a Luciana não jura nada. Mas faz sentido que o Paulo não conhecesse as casas de swing, porque se trata afinal de um religioso que chegou a líder da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a casa de todos os mórmons. Mórmons não bebem café, assim como não fazem sexo antes do casamento. Aos 21 anos, Paulo casou virgem com uma moça da igreja, com quem teve duas filhas (hoje é avô de um casal). Antes, entre os 18 e os 20, interrompeu os estudos para empreender uma missão de catequese no Nordeste. Todo mórmon passa por tal missão, executada em dupla com outro companheiro de fé. Com os hormônios saindo pela orelha, manteve-se casto até a volta, quando então se casou.
Mórmons são menos radicais do que se imagina, defende Paulo. Ao contrário de algumas religiões neopentecostais, não demonizam a televisão, incentivam o teatro e o cinema. Seus grupos de jovens promovem torneios esportivos e festas animadas, nas quais o Paulo atuava como DJ. Com relação ao sexo, a igreja não fica fornicando o casal com questões por demais particulares. “E não tem isso de que o mórmon só transa no escuro”, esclarece. Fundamentalmente é o seguinte: “Ensinamos os princípios. Agora, querido, boa sorte”.
Fato é que a trepantina não alcançava o prefácio do Kama Sutra durante o primeiro casamento do Paulo. Separado depois de 14 anos, a sorte veio bater à sua porta sete meses mais tarde, quando uma amiga pediu que fizesse a gentileza de buscar no Aeroporto de Guarulhos a sobrinha de 24 anos que acabara de desembarcar. “Com espírito cristão”, o Paulo foi fazer o carreto. Então chegou a Luciana, “saradinha”, ela diz, “bundinha, peitinho, tudo certinho”. Tinha um estilo “hippie chique”, com a calça de cintura baixa e a barriguinha, “zero de barriga”, displicentemente à mostra. O Paulo viu aquilo e disse: “Pôôô…”.

Aos 39 anos, Luciana Godoi ainda é a filha bonita do professor da USP, agora aposentado. É uma mulher de estatura mediana, o cabelo liso e castanho, a pele muito branca. Passa com louvor pelo conceito segundo o qual a beleza advém de metades de rosto as mais semelhantes possíveis. Entre os 24 e 39 anos, teve um filho e engordou 6 quilos, uma bênção para quem tinha complexo de magra. Tudo isso, agregado que está naturalmente à temática do sexo, faz da Luciana uma pessoa interessante e desejável. Luciana é de Piracicaba, interior de São Paulo. Começou a trabalhar aos 15 anos. Escolada nos livros de “saiba como”, aprendeu com eles desde estampar camisetas até como nascem os bebês. Com relação a este último ensinamento, pôde finalmente colocá-lo em prática aos 16. “Gozei junto com ele. Difícil acontecer isso na primeira transa… Hoje entendo melhor o que se passou: tenho uma facilidade incrível pra isso, sabe?” Sei, sei… “Vai rapidinho, é um absurdo. Se doeu? Uma dorzinha gostosa… Durou uns 20 minutos”, cronometra, reafirmando em seguida seu gosto pelo esporte. “Daí pra frente não parei mais.”
Luciana fala de sexo de uma forma que seria constrangedora, não fosse sincera e divertida. É capaz de citar suas posições preferidas mencionando a retaguarda com a mesma naturalidade com que cita a vanguarda – e nem assim soar deselegante. Certa vez, nem bem tinha completado 20 anos, apresentou ao pai, rígido e circunspecto, uma conta: “Eu tenho emprego e cartão de crédito, mas dá só uma olhada aqui na quantidade de dinheiro que eu gasto com motel. Veja que absurdo! Será que você não poderia ser o meu fiador numa quitinetezinha que eu estou pensando em alugar com o Fernando?”. A quitinete rolou, e o Fernando, podendo treinar bastante, “até hoje ganha de todos disparado”.

Já formada em publicidade, com especialização em artes gráficas pela PUC-RJ e vocação para fotógrafa, Luciana pretendia morar em São Paulo quando desembarcou na cidade e o Paulo foi pegá-la no aeroporto. Ela se sentiu observada pelo espelho retrovisor. Depois, a convite dele, saíram outras vezes. Na terceira, beijou Paulo dentro do carro na hora de se despedir. Ela tinha 24, e ele, 35. Engataram então uma história que duraria 12 anos.
A Luciana não gostava muito do estilo do Paulo. Com o passar do tempo, foi dando aquela remodelada: “Pô, mas essas calças semibags não dão mais, tenta uma mais retinha”. Ele foi experimentando e tomando gosto. “Os sapatos, consegui que trocasse por uns All Stars.” Alcançados esses objetivos macros, partiu então para intervenções mais cirúrgicas. Corrigiu a miopia, fazendo-o abandonar os óculos. Depois mandou uma plástica no nariz. O que não são as mulheres quando resolvem dar um tapa na gente, né não?
Sexualmente, Luciana considerava Paulo “meio basiquinho, papai-e-mamãe”. Por ela tudo bem, mas foi logo avisando que, “por uma questão de útero invertido”, teria de ser o inverso: “Olha, o meu normalzinho é de quatro e, para cavalgar, só se eu estiver de costas”. Vendo o mundo dessa perspectiva, ela diz, o Paulo começou a gostar da brincadeira. A Luciana foi em frente – de frente, de costas, de cabeça para baixo, pendurada. Passaram a ver uns filmes pornôs. Na recém-demolida Kilt, boate colada ao Cultura Artística e que na época pegava mais fogo do que o teatro, assistiram juntos a uma perfomance de sexo.

Uma noite foram parar no Marrakesh, a mais antiga das casas de swing do bairro de Moema. Estavam por ali esperando o início do show de striptease, que julgavam ser a única atração, quando o Paulo foi ao banheiro. Voltou escandalizado: “Lu, você não sabe o que tem depois daquela portinha”. Foram lá conferir. “Eu não acreditei naquilo”, conta Luciana. “Aquele pessoal todo lá, um casal transando, o outro olhando, um cara passando a mão na mulher do outro.” Não ficaram excitados mas “extasiados”. A Luciana achou “engraçadíssimo”.

Depois dessa experiência, passaram a frequentar o Inner, uma outra casa de swing em Moema. Divertiam-se, enquanto o Paulo já “fazia laboratório” para o seu Carrefour particular. A essa altura, segundo a Luciana, estavam certos de que “a balada sensual, com essa pegada dos shows e do swing, tem um aspecto viciante – quem vai uma vez volta, e quem nunca foi tem curiosidade de ir”. O conceito deveria ser esse, mas o nível, superior. Também não deveriam chamar o empreendimento de “casa de swing”, sob pena de limitar o público aos praticantes da modalidade. Acabaram por cunhar um slogan: “Uma balada liberal, onde tudo é permitido e nada é obrigatório”. No Inner, começaram a fazer as contas da Nefertitti. Faturamento, receita, gastos com a instalação – chegaram enfim a um número: precisavam de R$ 100 mil.
A Luciana tinha um tio torto, Gabriel Gonzalez Fuentez, que necessitava se endireitar. Ganhara muito dinheiro comprando, vendendo e alugando linhas telefônicas. Mas as privatizações do governo FHC tinham acabado com esse mercado, onde “cada US$ 1 mil que você colocava viravam US$ 6 mil em dois anos”. Filho de refugiados da Guerra Civil Espanhola, seus pais chegaram pobres a São Paulo na década de 1950. Gabriel, que hoje tem 53 anos, começou a trabalhar aos 10. Adulto, vendeu carros e cabines reformadas de caminhões. Mas fez dinheiro mesmo “no ramo das telecomunicações”. Estava procurando “oportunidades de negócios” quando a Luciana telefonou convidando ele e a mulher, Ivete, para conhecer o Inner.

A impressão que teve sobre o público da casa é a mesma que tem até hoje a respeito das pessoas que se aventuram no labirinto da Nefertitti: “Uns desajustados… Ou o que posso dizer mais sobre quem traz a namorada para transar na frente dos outros, e fica com a bunda à mostra para todo o resto?”. Fala da experiência do Inner com a expressão de quem viu algo de fato lamentável: “É um negócio que choca, né?… Você ver essas surubas, essas orgias… É meio esquisito, vai… A Ivete nem dormiu aquela noite”. Duas semanas depois, o Gabriel entrou no negócio, liberando “o dinheiro da aposentadoria”.

A pretexto de “montar um bufê”, saíram à caça do imóvel ideal. Alugaram um em Moema, que foi inteiramente reformado pelos parentes da empregada da Luciana. Foram eles que construíram o labirinto, incluindo pequenos orifícios que aparecem em algumas paredes, “para que as pessoas enfiem as mãos” – bondade do Paulo, porque pela altura e circunferência é outra coisa o que se põe ali. Depois que a Nefertitti começou a funcionar, a Luciana trouxe os parentes do interior para conhecer seu novo investimento – veio a mãe, o pai, a irmã, o irmão, uma avó. Ninguém foi ao labirinto.
A Nefertitti tem 10 anos. Passou por três endereços – Moema, Brooklin e Rua Augusta. No endereço de Moema ainda funciona o Casablanca, de propriedade dos três sócios e assumidamente uma casa de swing. A Luciana considera que as incursões do Paulo ao labirinto e a sua disposição em transformar a fantasia em realidade acabaram com o seu casamento. Hoje ela vive de novo em sua cidade natal, com o Fernando – aquele que “ganha de todos disparado”. Voltou a se relacionar com a fotografia: dá workshops de “nu artístico” e fotografa para uma revista de moda. O Paulo acha que o casamento com a Luciana terminou porque falta a ela a noção do compromisso eterno. “Para o mórmon, e eu ainda me considero um, não existe isso de ‘até que a morte nos separe’.” Como o Paulo não está morto, namora a bela Dirlene, a Dih.
Embora a Nefertitti dê lucro e seu investimento já tenha retornado há muito tempo, Gabriel está triste. A falta de vocação para o trabalho na noite, “repugnante”, tem tirado o seu sono. “O dinheiro que eu ganho aqui parece amaldiçoado. Na noite, você conhece pessoas boas no varejo, mas a maldade opera no atacado.” Gabriel é do tipo que, quanto mais conhece o homem, mais admira o cachorro. No seu sítio em Mairiporã, na Grande São Paulo, tem 80 cães, além de um pássaro preto que fala (a Ivete jura). Uma das cadelas se chama Nefertitti. Tem a ver.
Vip Abril


Acredite se quiser

por A-24, em 02.03.13







“Funções de Intérprete em negócios com outros países (nomeadamente o Irão) e Relações Públicas".

Disponibilidade para longas viagens internacionais (periódicas) em representação da empresa.

Trabalho de secretariado (gestão de encomendas).
Trabalho de desalfandegamento de bens importados.
Tradução de documentos para outras línguas.
Actualização de informação diretamente em base de dados e paginas web.
Tarefas contabilísticas.
Facilidade de trabalho em ambientes linux, redes de comunicação, base de dados e web.
Outras funções e tarefas:
- nativo persa/farsi.
Fluente em inglês, português.
Conhecimentos avançados de alemão, espanhol, italiano e mandarim;
- fácil acesso ao Irão.
Com habitação em Teerão;
– disponibilidade para viajar internacionalmente periodicamente;- contatos comprovados com empresas de peles, especiarias, material electrónico e informático;
- conhecimentos de programação de aplicações (java, c, c#, vb), conhecimentos de base de dados (oracle, mysql, h2, monetdb, mongo), conhecimentos de design web (html, css3, ajax, jquery, php, photoshop, ai, fw), conhecimentos de redes de comunicação (tcp/ip, udp, voip, ipv4, ipv6);
- conhecimentos de normas iso9000, iso9001 e sua implementação dentro da organização;
- conhecimentos de linux (bash);
- conhecimentos avançados de contabilidade a nível internacional.”

Salário: 485 euros + 5€ Sub. alimentação/dia

serviço público: fomos a Grândola interrogar os populares acerca da moda de interromper ministros com a cantiguinha comuna

por A-24, em 02.03.13
António Silva, popular:

- Penso que é bom para a terra. Põe Grândola no mapa e as pessoas lembram-se de nós.


Manuel Severino, desempregado:
- Vão mas é cantar para o caralho. O que a gente precisa é de emprego não é de cantorias.

Suzete Bernardo, doméstica:
- Acho que é falta de educação interromper as pessoas assim. Ainda por cima se fosse uma canção bonita, tipo do Tony Carreira, mas assim não acho bem.

Carlos Afonso, publicitário:
- Não acho que traga nada de novo. O que eles querem todos é poleiro. Depois quando lá estão esquecem-se do povo e só pensam em roubar.

Carla Bolota, enfermeira:
- Para cantarem canções de merda mais vale estarem calados. A mim já me mete nojo esta história de pensarem que aqui em Grândola somos todos comunas. Eu, aos comunas, quero-os bem longe, eles que vão para Cuba ou para a Coreia já que o comunismo é assim tão bom, os cabrões.

Zeca, estudante:
- O Zeca era bués fixe, o comunismo também, é a favor da ganza e tudo. Já fui à festa do Avante e é bués fixe, a malta fuma lá ganza e tudo. Acho bem, é preciso cantar contra o fascismo e mostrar que o povo é unido.

In A Corte na Aldeia

Podem ir indignar-se para outra freguesia?

por A-24, em 02.03.13

Como eu moro relativamente perto dos locais onde os indignados costumam indignar-se nos últimos tempos, pedia aqui encarecidamente que amanhã se fossem indignar para outros lados (Istambul, por exemplo). Apetecia-me ter um dia calmo, à noite vou ter gente cá em casa e além de ser simpático não levarmos com berraria o tempo todo também é mais prático os meus amigos poderem deslocar-se até aqui sem ter que ir dar uma volta a Cascais.
Garanto, como registo de interesses, que eu própria ando muito indignada: com os absurdos aumentos de impostos, com a dimensão da contracção económica e do desemprego, com a quantidade de falências de empresas, com a evidente frieza com que o primeiro-ministro reage aos efeitos devastadores em famílias e empresas que as suas medidas têm (estou convencida, até, que o dito senhor de início se regozijava com a aura de implacável que as medidas fiscais draconianas lhe atribuíam), com a desolação, a incerteza e o medo que todos sentimos por percebermos que o governo não teve qualquer noção do que provocaria no país e agora está em pânico ao começar a entender que vai tudo continuar a piorar. Sobretudo indigno-me porque o governo traiu quem votou nos partidos que o constituem, preferindo manter o status quo estatal e saquear os contribuintes em vez de reformar o estado de forma a diminuir despesa pública estruturalmente (e agora conta com a recusa do PS como desculpa para continuar a nada fazer).
Tenho, no entanto, indignações menos selectivas: indigno-me com aqueles que fingem que os nossos problemas começaram em Junho de 2011; com os que assobiaram para o lado perante as criminosamente despesistas políticas de Guterres e Sócrates ou até as louvaram como conquistas civilizacionais; com os que fazem por ignorar que desde o ano 2000 temos estado ou estagnados ou em crise; com os que evidentemente pretendem que o país continue a viver à conta do que os estrangeiros nos emprestam e têm a lata de se indignar com quem nos emprestou dinheiro quando já mais ninguém o fazia; com os que claramente desejam violência generalizada e caos para se poderem aproveitar dos escombros que restarem; enfim, indigno-me com estes indignados.
Maria João Marques n'O Insurgente

Liga inglesa começou há 125 anos

por A-24, em 01.03.13

A criação de um campeonato inglês de futebol foi motivo de uma carta, enviada em 2 de março de 1888, pelo então presidente do Aston Villa, William McGregor, para outros clubes britânicos. A competição arrancou seis meses depois com 12 participantes.
"Cada ano que passa está a tornar-se cada vez mais difícil os clubes de futebol cumprirem os seus compromissos particulares ou organizarem jogos amigáveis. A consequência é que, recentemente, os clubes estão obrigados a defrontar equipas que não atraem o público", escreveu o escocês, com a ambição de que "dez ou 12 dos mais proeminentes clubes ingleses organizassem jogos em casa e fora em cada época".
A missiva, que teve Blackburn Rovers, Bolton Wanderers, Preston North End, West Bromwich Albion e Aston Villa como destinatários, tinha como objetivo "chamar a atenção" e tentar agendar um encontro entre os clubes a 23 de março, em Londres, antes da final da Taça de Inglaterra.
Os dirigentes voltaram a encontrar-se em abril, em Manchester, onde decidiram batizar a futura competição de "The Football League", que viria a iniciar-se em 08 de setembro de 1988, com 12 clubes (Accrington, Aston Villa, Blackburn Rovers, Bolton Wanderers, Burnley, Derby County, Everton, Notts County, Preston North End, Stoke, West Bromwich Albion e Wolverhampton Wanderers).
Só a partir de 21 de novembro de 1888 é que os organizadores decidiram premiar a vitória com dois pontos e o empate com um. Por isso, até essa altura não existiu classificação naquela que foi a primeira liga de futebol do Mundo.
Sem qualquer derrota, o Preston tornou-se o primeiro campeão inglês. Dois anos depois, a Irlanda do Norte, a Escócia e a Holanda deram início às respetivas competições.
Portugal só organizou o primeiro campeonato nacional 40 anos depois.

Ainda sobre as últimas eleições em Itália

por A-24, em 01.03.13
O resultado das eleições italianas recordam-nos que não devemos confundir a realidade com os nossos desejos. Particularmente quando se é jornalista. Temos pois de volta Berlusconi e a (previsível) instabilidade governativa. É mau? É péssimo. Como dizia há dias um amigo meu, enquanto tiver um tipo daqueles como seu líder (e nem estou a pensar na sua atribulada vida privada) a direita italiana terá um sério problema de credibilidade. Da esquerda e do seus Grillos pouco ou nada se espera.

Miguel Noronha

Nas próximas eleições italianas os jornalistas portugueses faziam uma declaração de voto ou melhor dizendo de não voto na qual explicariam porque acham que os italianos devem erradicar Berlusconi da cena política etc etc… e depois assim desobrigados faziam notícias. Porque não é possível continuarmos a ter alegadas reportagens sobre as eleições italianas em que só se entrevistam, vêem e avistam pessoas que pensam como os jornalistas. Digamos que isto é tão bizarro quanto nas últimas presidenciais da Venezuela só se terem feito notícias sobre o candidato Capriles ignorando o Chavez ou vicer-versa.
Helena Matos

Deve ser extremamente doloroso para a Comunicação Social Portuguesa que Berlusconi, um empresário corrupto com ares de chulo, ofereça melhores soluções para a crise que a esquerda italiana, o fantoche Monti e a classe política portuguesa somada. Como sugeriu o outro: “meta manteiga”.
Ricardo Lima

Apesar dos sentimentos da comunicação social portuguesa, a política italiana vai continuar a depender de Berlusconi, de quem os italianos – essa gente ignara e analfabeta – parece não querer ainda prescindir. A divisão de votos entre a esquerda de Bersani e a direita de Berlusconi irá, por sua vez, lançar a Itália na “ingovernabilidade”, condição quase natural do país, à qual todos já se habituaram sem grande prejuízo. Quanto a Monti, o asséptico Monti, o desejado Monti, o virtuoso Monti, o Monti com que a basbaquice nacional sonhou durante meses, irá esfumar-se no ar com uns míseros 7% a 9%. Uma interessante lição a reter.
Rui A.

Cenas dos últimos capítulos em Portugal

por A-24, em 01.03.13
À atenção dos defensores do porco na auto-estrada (Rui Rocha)

Que se lixe a troika
O título acima é um pouco diferente do movimento que dá a cara pelas manifestações convocadas para amanhã (“Que Se Lixe a Troika – Queremos a Nossa Vida”). Mas ao contrário do que aqueles indignados pretendem, eu sei que, nos próximos anos, a vida como a conhecemos não volta.
O empréstimo da troika permitiu apenas adiar as muito necessárias reformas a que está obrigado um Estado endividado e ao qual (quase) ninguém deseja financiar. Mandar a troika às urtigas seria, na minha opinião, a melhor forma de finalmente “educar” milhões de portugueses que não entendem os reais danos causados por décadas de défices públicos.
BZ n'o Insurgente

Portugal socialista
É uma característica dos portugueses. Todos os partidos portugueses são socialistas. Todos eles querem o Estado, estão sempre a falar do Estado, só pensam no Estado, são socialistas – não no sentido estrito mas no sentido genérico.
Os portugueses fascinam-se com o Estado. Na maior parte dos outros países do mundo, as pessoas estão a tratar da sua vida. O Estado chega – umas vezes ajuda outras vezes complica – mas não é o agente central.
Portugal só fala do árbitro. Nunca chuta à baliza. Nunca fala dos jogadores. Os portugueses estão sempre a falar do árbitro. É assim no futebol, é assim na política, é assim na economia.
Tem vantagens. Tem inconvenientes. É verdade que depois desprezamos sempre o Estado. Ao mesmo tempo que estamos sempre a pensar no Estado, estamos também sempre a tentar enganar o Estado. Temos uma atitude ambígua perante esta realidade. É importante perceber que esta é a situação. João César das Neves

Grandolar
A Esquerda, que popularizou as profissões do Sindicalista, do Activista e do Intelectual, parece empenhada em introduzir no mercado de trabalho a do “Grandolador”. Aguardem para a ver bem definida naqueles artigos de opiniões escritos por Investigadores que, barafustando contra os ricos, recebem às dezenas de salários mínimos para estudarem as virtudes bolivarianas do Comandante Chavez ou para apontarem as causas da decadência do sistema económico que lhes patrocina o Circo.
Entretanto, Paulo Portas demonstra que os gostos musicais não são o seu forte e quase ressuscita a máxima de que “o povo é sereno”.
Ricardo Lima n'O Insurgente

Inenarrável
Recebi um telefonema da FedEx, que tem para mim uma encomenda oriunda dos Estados Unidos, no valor declarado de USD $67, portes incluídos.
Diz a minha interlocutora, a simpática e profissional Marisa, que para "desalfandegar" o pacote, terei de pagar o seguinte:
- 15€ de formulários e impressos
- 23% de IVA (a acrescer ao IVA que já paguei em USD)
- 45€ de serviço da FedEx
- 30€ de taxa alfandegária

E digo eu à Marisa que me recuso a pagar seja o que for para cabrões e chulos, muito menos para os almoços de perdiz na Assembleia da República, preferindo perder os USD $67 que já paguei (mas que dificilmente perderei uma vez que o fornecedor é bom rapaz e conhece bem as loucuras europeias, indo provavelmente reembolsar-me) a dispender um tostão para alimentar ladrões.
Fernando Melro dos Santos no Estado Sentido


8 anos
O Insurgente assinala hoje o seu oitavo aniversário e, como habitualmente, este é um momento adequado para agradecer a preferência continuada de todos os leitores. Num ano que foi de forte e consolidado crescimento para O Insurgente englobo no agradecimento, naturalmente, tanto os leitores mais antigos como os mais recentes.

Além da média acima das 3000 visitas diárias (segundo o Sitemeter), destaco entre os restantes canais apágina d’O Insurgente no Facebook: há um ano reunia cerca de 1500 pessoas e entretanto mais do que duplicou agregando hoje já mais de 3400. Recordo também que no dia 2 de Maio de 2012 foi batido o recorde absoluto de visitas com mais de 17000 pageviews registadas num só dia.

Fazendo uso das estatísticas agregadas proporcionadas pela página d’O Insurgente no Facebook publicarei mais tarde alguns dados sobre o perfil da comunidade Insurgente (ou pelo menos da comunidade tal como ela se apresenta em termos de adesões à página d’O Insurgente no Facebook).

Quanto à identidade d’O Insurgente, é com muito gosto que mantenho e reafirmo o que escrevi há um ano: nem politicamente correcto nem subserviente ao poder.
André Azevedo Alves



"A criminosa da maquilhagem". Colocou "rimel"? Paga multa!

A arquitecta Diana Vasconcellos e Sá ficou retida durante mais de meia hora pela GNR ontem, dia 26, para ser multada pela prática de "aplicar o rimel", aproveitando os momentos em que estava com o carro PARADO, no pára-arranca na A5 até Lisboa. Depois de apelar ao bom-senso do agente da GNR, explicando que o fez sem o carro estar em andamento e que por isso não pos propriamente em causa a condução em segurança, ele insistiu que a coima para a contra-ordenação era de 60€, sendo que, como a visada se recusou a pagar, ficou com os documentos apreendidos. Acautelai-vos senhoras! Agora em cada agente há um Gaspar!
Pedro Quartin Graça no Estado Sentido

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