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A-24

“Não À Substituição De Trabalho Por Máquinas”

por A-24, em 28.02.13
Existe uma história sobre  Milton Friedman que numa viagem por um país asiático por volta de 1960 visitou a construção de um novo canal. Ele ficou chocado ao observar que em vez de usarem equipamento pesado tal como escavadoras, os trabalhadores utilizavam pás. Ao perguntar porque é que os trabalhadores usavam pás o burocrata governamental que o acompanhava respondeu que se tratava de um “Programa de Emprego” ao que o Milton Friedman retorquiu: “Se são empregos que querem, porque é que não usam colheres?”.
De algum tempo para cá que tenho observado um certo número de artigos (tipo este, este ou este) relacionados com a “ameaça” da substituição de empregos por máquinas. Depois de um amigo meu me ter facultado a foto ao lado (priceless) de uma manifestação da CGTP que teve lugar no Porto no fim-de-semana passado onde se pode ler um cartaz onde está escrito “Não à Substituição de Trabalho Por Máquinas – Em Defesa do Emprego“, resolvi escrever este post em grande parte baseado no Capítulo 7 – The Curse Of Machinery do Economics In One Lesson, um livro absolutamente imperdível do Henry Hazlitt. 
A proliferação da utilização de máquinas é de facto bom ou mau e irá-se traduzir em mais ou menos emprego?
Na medida em que a utilização de máquinas e equipamento aumenta a produtividade (já os homens das cavernas tinham descoberto isso), a sua proliferação é altamente benéfica, pois:
O aumento da produtividade aumenta a produção, reduz o preço e permite o aumento de salários.
Liberta recursos humanos para se dedicarem a outras actividades que de outra forma não seria possível.
Do ponto de vista do emprego, o progresso tecnológico e a utilização de máquinas em particular também é muito positivo para o emprego uma vez que:
São sempre necessárias pessoas para desenvolver, instalar e manter as máquinas pelo que se vão criar novos empregos (geralmente muito qualificados).
O aumento da produtividade estimulará a competição; a concorrência terá também que comprar mais equipamentos; e no geral a indústria terá que baixar os preços. Se o preço for elástico e uma redução do preço causar um aumento percentual maior da procura, então serão precisas mais pessoas a trabalhar na produção desse bem. Isto foi o que aconteceu com a indústria textil Inglesa no início da revolução industrial tendo o número de pessoas a trabalhar no sector textil passado de cerca de 7.900 em 1760 para 320.000 em 1787 (um aumento de 4.400% em 27 anos!).
O aumento da produtividade reduz os custos o que resulta numa libertação de fundos. Estes fundos podem ser distribuídos – em parte por opção, em parte por força do mercado –  pelos accionistas (distribuição de lucros), pelos trabalhadores (aumento de salários) ou pelos consumidores (redução de preços).  Estes fundos que passam a ficar disponíveis como resultado do aumento da produção, serão aplicados quer pelos accionistas, quer pelos trabalhadores, quer pelos consumidodes em três formas todas elas criadoras de emprego:
Investimento – em mais máquinas, ou noutras empresas ou indústrias
Poupança – que permitirá a outras pessoas e empresas realizar investimentos
Consumo – porque foi precedida de um aumento da produção
Embora em termos agregados o volume de emprego cresça com a introdução de equipamento que aumente a produtividade, alguns tipos de empregos serão de facto reduzidos ou até extintos (operadores de telégrafo, condutores de carruagens, dactilógrafos, etc.). Esses empregos que deixam de ser necessários serão substituídos por outros empregos necessários. Afinal de contas, os desejos humanos são infinitos e os recursos são finitos. O perfil dos novos empregos necessitará obviamente de qualificações e competências diferentes.

Um emprego não pode ser visto como um fim em si mesmo. Se o objectivo é criar empregos, o governo (quem mais?) poderia facilmente criar inúmeros empregos que consistiriam apenas em cavar e tapar buracos. Um emprego deve ser visto como um meio de se produzir algo útil que seja valorizado pelos consumidores, o que por sua vez permite que se efectuem trocas comerciais com outros bens e serviços que também são valorizados pelos consumidores.
De notar que o objectivo da tecnologia não é criar empregos, mas sim aumentar a produção e elevar os padrões da qualidade de vida. O aumento da qualidade de vida é conseguido através da produção mais barata de bens e serviços assim como de salários mais elevados resultantes do aumento da produtividade. O aumento do emprego é um efeito colateral.
Por redução ao absurdo, admitamos que o progresso tecnológico causa desemprego. Tendo este ocorrido de forma contínua desde o tempo em que o homem começou a produzir machados e lanças, o desemprego deveria ter vindo a aumentar continuamente desde então.
O facto é que o mundo tem hoje cerca de seis vezes mais população do que existia quando começou a revolução industrial. Sem o progresso tecnológico que se verificou desde então seria impossível que este planeta conseguisse suportar este volume de população. O futuro da humanidade certamente que dependerá da evolução e do progresso tecnológico.

João Cortez, n'O Insurgente 

Presos de Portugal querem ficar nas cadeias

por A-24, em 27.02.13

Diante da pior crise económica e social do país em mais de 30 anos, Portugal vive uma situação inédita: alguns dos prisioneiros que teriam direito a passar parte da pena em casa das suas famílias estão a prescindir desse privilégio para não pesarem no orçamento familiar.
A informação é de Júlio Rebelo, presidente do Sindicato Independente da Guarda Prisional, que confirma que as prisões portuguesas vêm registando um número cada vez maior de detidos que optam por ficar na cadeia. "Nunca tinha visto isto nos meus quase 20 anos a trabalhar no sistema prisional", indicou.
"Em Portugal temos um sistema que permite que certos prisioneiros possam passar até 3 dias da semana em casa", explicou. "Mas, dada essa opção a alguns deles, o que verificamos é que vários têm escolhido ficar na prisão. Quando perguntamos o motivo, a resposta é muito clara: não ser um peso financeiro ainda maior para as suas famílias."
Rebelo já tinha causado sensação em novembro quando, numa entrevista ao The New York Times, admitiu o início desta situação. "Não temos dados exatos de quantos são os detidos, mas a proporção não é insignificante e revela muito da crise que vivemos. Não é normal que alguém prefira estar dentro da prisão do que na sua casa", declarou.
Os dados sociais portugueses são, de facto, graves. O desemprego atingiu os 16,9%, a 3.ª maior taxa da Europa, depois de Espanha e Grécia. A recessão deve aumentar em 2013, enquanto os salários e as reformas são cortadas. Ontem mesmo, o governo anunciou que a contração do PIB este ano não será de 1%, como previa, mas de 2%. No fim de 2012, o 4.º trimestre do ano registou uma queda de 3,2% na economia portuguesa.
No total, o país já perdeu 2% da população e o governo estima que mais de 220.000 portugueses abandonaram Lisboa, Porto e cidades menores em busca de trabalho em Angola, Brasil, Alemanha e Suíça.
Os partidos da oposição e os sindicatos insistem que a política de austeridade tem levado o país a registar mais um ano de recessão. Mas a União Europeia rebate que apenas continuará a conceder os recursos de resgate para Portugal se Lisboa mantiver os seus planos para reduzir o défice.
Rebelo confessa que a política de austeridade tem criado uma situação "crítica" nas prisões. "Além do corte no orçamento, há um número recorde de detenções."
Hoje, mais da metade das prisões do país estão superlotadas. Três delas recebem mais do que o dobro dos presos que deveriam: Angra do Heroísmo (taxa de ocupação de 251%), Elvas (234%) e Portimão (214%). Antes da crise, o governo tinha prometido a construção de 10 novas prisões, com um orçamento de 700 milhões. Agora, esse projeto prevê apenas uma nova cadeia.
Rebelo teme ainda o aumento de casos de corrupção dentro da prisão, por causa da crise porque os produtos de higiene e outros itens básicos começaram a ser cortados. O resultado é a ação de guardas prisionais venderem os produtos aos detidos.
Nas 53 prisões portuguesas, segundo dados de 2012 da Direção-Geral dos Serviços Prisionais de Portugal, existem 13.000 prisioneiros, dos quais 2.500 estrangeiros. Segundo a entidade, 325 são brasileiros. Trata-se da 2.ª maior nacionalidade, superada só por Cabo Verde, com cerca de 700 prisioneiros.
O Estado de São Paulo

Bélgica prepara lei para permitir a eutanásia a crianças

por A-24, em 26.02.13
Fernando Melro dos Santos

Na Bélgica, país brevemente islamizado graças às políticas meta-tolerantes da União Europeia (que só não tolera a liberdade dos que nela nasceram, promovendo uma agenda neo-marxista de dependência estatal e pensamento único) a mão de ferro do poderio político flecte agora as garras ameaçando a vida de menores.
Já não bastava considerarem um nascituro, na barriga da mãe, como um não-ser. Tinham que estender o conceito às crianças.
Nascemos ligados a um catéter controlado por um botão sob os dedos de alguém sentado em Bruxelas. Crescemos obnubilados pela doutrina facilitista e infantilizante de curricula escolares feitos para amorfizar. Trabalhamos para pagar almoços a nababos inchados e carecas. E morremos calados sem deixar rasto.

A crítica certa

por A-24, em 26.02.13

Por João Vaz

O velho discurso comuna
Porque há coisas que nunca mudam. E porque quem tem dinheiro ou é banqueiro é, necessariamente, fascista - já as elites comunas da URSS, Bloco de Leste e outros paraísos cleptocratas nunca eram ricas nem fascistas, apenas democráticas e populares.

Jerónimo, o cro-magnon, em terras do oriente
Jerónimo de Sousa, chefe da seita vermelha, está fora do país. Foi à democrática República Popular da China, a convite dos comuno-capitalistas lá do sítio. Depois disso o líder estalinista vai estar no Vietname e no Laos. A digressão do comuna parece mais uma romagem da saudade, mas é assim a mentalidade desta gente. Em visita pelos últimos redutos do partido único, apesar de convertidos ao capital, o dirigente que também é conhecido por acumular baba ao canto da boca quando fala fica agora à espera do convite da liderança norte-coreana para ter acesso a um verdadeiro paraíso capitalista. Mais uma vez ficamos esclarecidos quanto à natureza destes facínoras, os mesmos que clamam por liberdade e democracia mas apenas têm como companheiros os últimos ditadores e candidatos a tal do planeta.

Mais um dia mais uma interrupção
Desta vez foi ao ministro da saúde. Cinco inúteis entoando a cançãozita do bastardo Zeca - já agora, porque será que estes bandalhitos comunas têm sempre o mesmo ar desleixado?. Não gostam dos ministros, façam como eu, não os vão ver, não os ouçam. Mas poupem-nos ao mau gosto. Ou, se tiverem mesmo de os interromper, se a necessidade de aparecer na televisão for assim tão forte, arranjem uma musiquinha com interesse, uma coisa bonita, e não esta javardice da vila morena.


Se estes bandalhos vão ser jornalistas então sabemos com o que contar
O ministro Relvas pode ser um rapaz que suscita poucas simpatias, mas o comportamento de alguns estudantes no dia de hoje é ainda mais revoltante. Quando o ministro Relvas se preparava para intervir num colóquio sobre o futuro do jornalismo foi impedido de o fazer por um punhado de bastarditos armados em censores. Ainda por cima, pelo que ouvi, os ditos são estudantes de jornalismo. Quando futuros jornalistas se comportam como escroques está tudo dito. Posso não gostar - e não gosto - do ministro Relvas e de outros que o acompanham, mas gosto muito menos dos zelotas da democracia, dos hipócritas que usam a palavra liberdade e depois estão sempre prontos a censurar os que não lhes agradam. Os fulanos que cantam a ladaínha de Grândola ou insultam o ministro e não o deixam falar são legítimos herdeiros dos biltres estalinistas e maoístas e de outros facínoras que mancharam a história do século passado. Estes jovens dos nossos dias são da mesma cepa, pequenos ditadorzitos de pacotilha, bastarditos de terceira ordem rápidos a impôr aos outros a sua censura. Já podemos saber o que esperar destes futuros jornalistas. Esperemos que nunca venham a ser mais que isso, ums jornaleirozecos de trazer por casa arvorados em censores no seu pequeno canto.

A velha Itália ao espelho

por A-24, em 26.02.13
Sofia Lorena 
Um país ingovernável, um país de gente de esquerda e de direita e de gente apenas desesperada por alguém em quem acreditar, um país de políticos insonsos e pouco corajosos e de partidos fantasma, como o Povo da Liberdade, de Silvio Berlusconi, ou agarrados ao passado e incapazes de seguir em frente, como o Partido Democrático, de Pier Luigi Bersani. O país com os políticos mais velhos da Europa e os partidos mais novos, embrulhos diferentes para receitas já experimentadas e decrépitas.
Bersani julgava que tinha chegado o seu momento de governar a Itália sem ter querido perceber que o seu momento já passou. Nas primárias do Partido Democrático, em Novembro, foi obrigado a disputar uma segunda volta com Matteo Renzi, o presidente da câmara de Florença, com 37 anos e uma proposta de renovação e abertura para a esquerda. Renzi sabe que o mundo mudou e prometia liderar uma nova geração pronta a enterrar a classe de dirigentes saída da tradição comunista e da democracia-cristã. Renzi sabe que o mundo mudou mas o aparelho do PD preferiu Bersani, preferiu-se a si mesmo.
Matteo, um controlador aéreo reformado de 67 anos, votou Beppe Grillo mas teria votado Renzi, disse-nos em Roma, na segunda-feira. Antes das festas “bunga-bunga” acreditava nas promessas impossíveis de Berlusconi e dava-lhe o seu voto; agora já não o conseguiu fazer. Federico, jovem milanês, votou Nichi Vendola (Esquerda, Ecologia e Liberdade) mas teria votado Renzi. Aos 28 anos, a “falta de alternativas” ainda não lhe permitiu ter “um voto muito convicto”, admite.
Bersani ainda poderá ser o próximo primeiro-ministro de Itália mas é o grande derrotado político destas eleições. Escolheu a velha receita, a aliança à esquerda com Vendola na perspectiva de alargar a coligação à direita, ao centro católico de Mario Monti, caso fosse preciso, depois de contados os votos. Perdeu em toda a linha. Ganhou a Câmara dos Deputados, por poucos votos, e ficou numa situação em que nem Monti lhe vale no Senado.
Renzi queria um PD aberto à sociedade, empenhado em recuperar os desiludidos de centro e de esquerda e em conquistar os de direita. Queria aproveitar a crise e fazer dela um trampolim para a mudança profunda por que tantos italianos suspiram. O PD não entendeu dar-lhe essa oportunidade, acreditando que podia conquistar a Itália sem a encantar, sem a convencer. Só porque é menos mau do que Berlusconi, porque apoiou a austeridade de Monti em nome da estabilidade, dos mercados e do interesse do país, porque não fascina mas também não envergonha italianos nem europeus.

Monti é o outro derrotado destas eleições. Se não podia continuar a ser primeiro-ministro queria ser “fazedor de reis”, contribuir para instaurar uma nova forma de fazer política, dizia. Ajudar a lançar a Itália pós-Berlusconi.
Afinal, vimo-lo na campanha, tão pouco diferente de todos os outros, perdido entre anúncios, polémicas, promessas e contradições. Num dia, disse que desejava ver uma mulher na presidência da República. No dia seguinte, afirmou que apoiava um segundo mandato de Giorgio Napolitano. A seguir, sugeriu que Berlim e Bruxelas não queriam o PD no governo – ele que, tudo indica, já negociara uma aliança pós-eleitoral com o PD.
Berlusconi é um dos vencedores destas eleições. Vingou a forma humilhante como foi obrigado a deixar o poder, em Novembro de 2011, para apoiar Monti e o seu governo de “emergência nacional”. Mostrou que a direita está viva, é certo, mas até ele saberá que, desta vez, a maioria dos que lhe deram o seu voto estão cansados do seu espectáculo e gostavam de lhe poder dizer “vai para casa, acabou a brincadeira”.
Os italianos que votaram uma vez mais em Berlusconi fizeram-no porque são de direita e era ele o candidato, porque ainda temem os comunistas, porque não entendem Grillo ou apenas porque ele repetiu todos os dias a palavra impostos. E 2012 foi o ano em que os impostos doeram no bolso dos italianos. E o dinheiro deixou de circular, e as pessoas deixaram de consumir e o desemprego não parou de crescer. Impostos, impostos, impostos, repetiu Berlusconi.
Impostos, teria provavelmente repetido Matteo Renzi. “Na luta contra a evasão fiscal temos sido duros com os fracos e fracos com os fortes”, dissera o candidato derrotado por Bersani na liderança do PD.
Com excepção de Grillo e do seu Movimento 5 Estrelas, partido mais votado na Câmara dos Deputados, incontornável a partir de agora, a Itália que se apresentou a votos é uma Itália velha que os italianos conhecem demasiado bem. A Itália onde a direita aproveita a maioria absoluta para aprovar uma lei eleitoral destinada a não permitir que mais ninguém consiga governar o país. A Itália onde o centro-esquerda consegue estar duas vezes no poder depois da erupção de Berlusconi sem legislar contra os conflitos de interesses na política.
É por tudo isto que a votação de Grillo e do seu movimento de cidadãos moldado online e animado em comícios de praças a abarrotar não deve surpreender. A responsabilidade do sucesso do 5 Estrelas é de todos os que governaram a Itália nos últimos 20 anos, de Berlusconi (primeiro-ministro em metade deste tempo) a Bersani (ministro durante oito anos em governos do centro-esquerda), passando por Monti, pelo seu aliado Pierferdinando Casini (líder dos cristãos-democratas) ou pela Liga Norte, com os seus escândalos de corrupção e discursos baforentos e xenófobos.
Grillo limitou-se a ver o que todos os outros quiseram ignorar. Viu que os italianos estão impacientes por mudança, por respirar um ar mais limpo, viu que a Itália já mudou sem que os partidos e os políticos se tenham apercebido disso ou apenas sem o quererem aceitar. Viu que a crise transformou a Europa e que pede receitas diferentes, novas formas de fazer política, de comunicar, de pôr as pessoas a pensar no que as rodeia e a procurar novos caminhos.
A Itália é ingovernável apenas porque aqueles que a governaram assim o quiseram. Haverá quem se sinta tentado a culpar os eleitores. Mas a culpa é mesmo dos eleitos.

Ninguém ganha o Senado nem a Itália

por A-24, em 26.02.13
O vencedor das eleições de domingo e segunda-feira em Itália é Beppe Grillo, o comediante que fundou o Movimento 5 Estrelas, no fim de 2009. Isoladamente, foi o partido mais votado na Câmara dos Deputados, com 25,5%, e foi o seu resultado no Senado que impediu a obtenção de qualquer maioria. A lei eleitoral italiana ajudou.
As duas câmaras do Parlamento italiano têm poderes semelhantes e qualquer governo precisa da aprovação de ambas para entrar em funções.
Coligado com o Esquerda, Ecologia e Liberdade e com outras pequenas formações, o centro-esquerda do Partido Democrático de Pier Luigi Bersani emerge como vencedor na câmara baixa, somando 29,5% dos votos, à frente da direita do Povo da Liberdade, de Silvio Berlusconi, e da Liga Norte, que juntos obtêm 29,1% na Câmara dos Deputados.
A lei eleitoral prevê prémios de maioria. Na Câmara dos Deputados uma diferença de um voto chega para o partido ou bloco mais votado ocupar 55% dos lugares, com 340 parlamentares. No Senado, esse prémio de maioria, os mesmos 55%, é atribuído região a região. E aqui, em vez de contribuir para produzir um vencedor, teve o efeito de impedir que qualquer bloco chegasse à maioria absoluta.
O bloco de Bersani elege 113 senadores, menos do que os 115 obtidos pelo centro-direita. Segue-se o 5 Estrelas, cujos eleitos ocuparão 58 das 315 cadeiras do Senado. Muito atrás, com 18 senadores, surge a Escolha Cívica, grupo de partidos de centro que apoiaram a candidatura do ex-comissário europeu Mario Monti à presidência do governo.
Monti, o actual primeiro-ministro, símbolo das políticas de austeridade que aceitou pôr em prática sem ser eleito, é o grande derrotado (apenas 10,5% para a câmara baixa e 9,1% no Senado).
A maioria absoluta no Senado consegue-se com 158 senadores. Contas feitas, nem o PD aliado a Monti nem o PdL coligado com o homem que liderou o executivo técnico dos últimos 14 meses chegam para a obter.
Na prática, só há três soluções possíveis e todas são improváveis: ou o PD e o PdL se aliam e formam um governo de grande coligação ou os eleitos de Grillo se juntam a um dos dois grandes blocos tradicionais para assegurar a estabilidade de um futuro executivo.
“Sem Grillo será impossível governar”, escreve o diário Corriere della Sera. “Connosco não há inciucio”, responde Grillo, usando a expressão que nasce numa onomatopeia e saiu do dialecto napolitano para passar a referir, em Itália, um acordo entre adversários com o fim único de dividir o poder.
“Vão fazer uma grande coligação e conseguirão sobreviver por alguns meses. Estão falidos”, sentenciou o comediante profissional, que promete “mandar os políticos para casa”, pôr “a honestidade na moda” e mudar o país com uma “revolução cultural”.
Os comentadores sentenciam que os italianos terão de voltar a votar, nem que seja só para eleger o Senado (nunca aconteceu, mas está previsto na Constituição), nem que seja só depois destes eleitos aprovarem uma nova lei eleitoral – a actual, da autoria da Liga Norte (quando esteve no governo com Berlusconi, entre 2001 e 2006), ainda não foi mudada porque os partidos nunca se conseguiram pôr de acordo sobre uma nova.
Cabe ao Presidente da República, Giorgio Napolitano, ouvir os líderes e depois nomear um deles para que tente formar governo.
O PD já disse que assume essa responsabilidade, enquanto vencedor na Câmara dos Deputados. “Vamos gerir os resultados no interesse da Itália”, prometeu Bersani, numa intervenção iniciada já no início da madrugada de terça-feira. “O centro-esquerda venceu a Câmara e por número de votos também venceu o Senado. É evidente para todos que esta é uma situação delicadíssima para o país.”
O PdL, de Berlusconi, diz que é uma loucura mandar os italianos de novo para as urnas. Berlusconi, adivinha-se, vai dizer-se disposto a dar lugar a Angelino Alfano, secretário-geral do partido que fundou, numas eventuais negociações, garantindo assim que não será a sua presença numa coligação a impedir qualquer acordo. “Uma grande coligação? Estamos disponíveis”, disse Alfano. Talvez isso chegue, talvez não. 
Público

A Lisboa suja de António Costa

por A-24, em 25.02.13
Não me lembro de ver a cidade tão suja, tão desleixada, tão inimiga de quem escolheu viver aqui. O Dr. António Costa anda a fazer obras cool para repórter cool filmar (olha, olha, uma ciclovia que não serve para nada, porque ninguém vai para o trabalho de bicicleta numa cidade aos altos e baixos e com temperaturas altas), e depois esquece as coisas básicas do dia-a-dia. Na Rua do Ouro, no centro turístico da cidade, podemos ver um buraco mesmo no meio do passeio. Como se o perigo e o mau aspecto não fossem suficientes, o buraco dá acesso a um esgoto. Portanto, o cheirinho que anda por ali não é agradável, sobretudo para um turista que resolveu visitar a cidade.
Segundo o JN, a situação está assim desde Janeiro, os comerciantes já contactaram vezes sem conta os serviços da câmara, mas nada, ninguém aparece para resolver o assunto. E estamos a falar de uma Câmara que tem um exército de funcionários. Mas, ora essa, esta é uma burocracia portuguesa. A burocracia da câmara não está montada para servir os cidadãos, é uma máquina que se auto-alimenta, que gera mais empregos, mais papéis, mais serviços idiotas com excesso de chefes e défice de trabalhadores. Sim, o Dr. Costa herdou esta burocracia do passado, mas não fez nada para a alterar.
Mas, atenção, o Dr. Costa lá fez o favor de inventar novos problemas. Além de não ter resolvido os problemas clássicos da cidade (passeios impraticáveis, trânsito, etc.), o Dr. Costa piorou o sistema de recolha de lixo . E, por falar em lixo, convém registar que boa parte dos bueiros da cidade nem sequer tem tampa. Sim, António Costa tornou-se sinónimo de Lisboa suja, desorganizada, mal cheirosa e local aprazível para colónias de ratazanas e baratas. Obrigado, Dr. Costa. Obrigado por ter aproximado Lisboa de Istambul. Só faltam os bandos de gatos em cima dos montes de lixo. 
Henrique Raposo

O tormento da mulher sueca

por A-24, em 25.02.13
Durante os últimos anos, a Suécia importou um largo número de imigrantes muçulmanos, o que tem tido efeitos catastróficos. A população sueca aumentou de 9 milhões para 9,5 milhões durante os anos 2004-2012 - muito devido à imigração de países como o Afeganistão, Iraque e Somália. 16% de todos os recém-nascidos têm uma mãe que nasceu num país não-ocidental.

A Suécia tem hoje a segunda maior taxa de violações do mundo, logo depois da África do Sul, que, com 53.2 por cada 100.000, é seis vezes mais elevada que a taxa dos Estados Unidos. As estatísticas sugerem que uma em cada quatro mulheres suecas será vítima de abuso sexual.
Por volta de 2003, a estatística de violações da Suécia já era mais elevada que a média quando se encontrava à volta dos 9.24, mas em 2005 ele explodiu para 36.8 e por volta de 2008 ela atingiu os 53.2. Actualmente, ela deve ser ainda mais alta à medida que os imigrantes muçulmanos continuam a aumentar a sua presença junto da população.
Com os muçulmanos a representarem cerca de 77% de todas as violações, e existindo uma equivalência entre o aumento das violações e o aumento da população muçulmana, o resultado da imigração muçulmana é uma epidemia de abusos sexuais levados a cabo por uma ideologia misógina.
As estatísticas encontram-se focadas nos centros urbanos, onde os colonialistas islâmicos se concentram. Em Estocolmo, neste Verão, ocorreram em média cinco violações por dia. A Suécia deixou de ser uma cidade sueca e passou a ser uma cidade onde 1/3 das pessoas são imigrantes, e onde entre 1/5 a 1/4 dos locais adere à fé de Maomé.
Entretanto, e como demonstração clara da total subversão do senso comum europeu, em vez de se lidar com as causas da violação de mulheres (a imigração islâmica), os europeus constroem cintos anti-violação.

"Argo" vence Óscar máximo, numa noite com prémios para todos

por A-24, em 25.02.13


iOnline - "Argo" foi considerado o melhor filme pela academia norte-americana. O prémio foi entregue numa parceria entre Jack Nicholson e Michelle Obama, uma das supresas da noite. Ang Lee venceu o estatueta de melhor realizador pelo filme "A Vida de Pi".
O primeiro prémio da noite foi entregue a Christoph Waltz, que leva a estatueta de melhor actor secundário pela sua participação no filme "Django", de Quentin Tarantino. Anne Hathaway venceu o prémio de melhor actriz secundária com o seu papel em "Os Miseráveis". Ainda nas categorias de interpretação, Jennifer Lawrence foi considerada a melhor actriz em "Guia para um final feliz" eDaniel Day Lewis o melhor actor em "Lincoln".
"Django" ganhou ainda o óscar para melhor argumento original e "Argo" o prémio de melhor argumento adaptado.
Amour”, de Michael Haneke, venceu o óscar de melhor filme estrangeiro.

A curta-metragem de animação "Paperman" foi a vencedora e "Brave" ganhou a estatueta de melhor filme de animação.

"Curfew", de Shawn Christensen, venceu o óscar de melhor curta-metragem e "Inocente" o de melhor documentário em curta-metragem. "Searching for Sugar Man", que conta a história de Rodriguez, músico folk da década de 60, foi considerado o melhor documentário.

O prémio de melhor guarda-roupa foi entregue a Jacqueline Durran, pelo filme "Anna Karenina". Já o óscar de melhor caracterização foi para "Os Miseráveis". O prémio foi recebido por Lisa Westcott e Julie Dartnell.
A "Vida de Pi" ganhou duas categorias técnicas: melhores efeitos especiais e melhor fotografia. Na categoria de melhor montagem de som, há um empate: ganham Skyfall e 00:30 A Hora Negra.
A apresentação deste ano está a cargo do realizador, argumentista e actor Seth MacFarlane, que não desiludiu com o humor negro que o caracteriza.
A cerimónia contou já com uma performance de Charlize Theron e Channing Tatum e um momento musical que o apresentador partilhou com Daniel Radcliffe e Joseph Gordon-Levitt. Shirley Bassey cantou a música "Goldfinger", numa homenagem aos 50 anos dos filmes de James Bond.

Com uma cerimónia dedicada aos musicais, o elenco d' "Os Miseráveis" esteve em palco, assim como os anteriores vencedores "Chicago" e "Dreamgirls".

Mutilação genital feminina: a dignidade cortada

por A-24, em 24.02.13

Devido à fraca qualidade do autor do costume, a gerência de "A Tempo e a Desmodo" abriu uma nova secção: "os convidados". A convidada desta semana é Mónica Ferro, professora universitária e deputada do PSD. 
Às vezes não é preciso martelar os números para que eles falem: entre 100 e 140 milhões de meninas, raparigas e mulheres são todos os anos vítimas silenciadas de Mutilação Genital Feminina (MGF). São vítimas de procedimentos que envolvem a remoção parcial ou total dos genitais femininos externos ou que provocam lesões nos genitais femininos por razões não médicas. Não há qualquer razão religiosa, cultural, de saúde ou de outra índole que justifique uma intervenção deste tipo, uma intervenção que rouba dignidade às meninas e mulheres, que lhes provoca um sofrimento inenarrável, provoca problemas de saúde, de fertilidade, complicações por altura do parto, lhes reforça a vulnerabilidade ao VIH/SIDA, rouba o prazer sexual, quando não provoca mesmo a morte.
A MGF é uma forma de violência de género. Se homens e mulheres sofrem violências diferentes, esta é uma forma de violência específica contra meninas, raparigas e mulheres. Uma discriminação e forma de submissão aos padrões de poder masculino mesmo quando perpetrada por mulheres, pois estas são apenas as mãos e o veículo de perpetuação de uma prática. O mito mentiroso de que se trata de uma escolha das mulheres, que reproduziriam assim nas suas filhas os rituais a que elas próprias foram submetidas, cai por terra na palavra escolha. Não há escolha: estas mulheres não sabem que há escolha. Não sabem que podem não ser mutiladas, que há mulheres não são cortadas ou como algumas preferem dizer "circuncidadas". Além de que há quem ainda considere que certos lugares, práticas e ocasiões estão vedadas a mulheres que não sejam puras, advogando a MGF como o ato de purificação. E o ciclo mentiroso fecha-se sobre elas.
Também não há uma causa religiosa para a MGF, pois há relatos da prática em períodos anteriores ao Judaísmo, Cristianismo e Islão; assim como não há qualquer referência à sua obrigatoriedade em qualquer um dos textos religiosos fundadores. Nem por acaso, no dia 6 de Fevereiro, a Guiné Bissau deu um passo de gigante para a erradicação desta prática nefasta quando 200 líderes islâmicos guineenses pronunciaram, no parlamento nacional, uma fatwa proibindo esta prática que vitima mais de 50% das raparigas e mulheres do país.
A retórica de uma certa excecionalidade cultural, por certo por pura ignorância acerca dos resultados do crime, recorda-me sempre uma indignação de Mary Robinson que dizia que era no mínimo estranho que o argumento da exceção cultural surgisse sempre na boca dos perpetradores e nunca das suas vítimas.
Em Portugal, a MGF é estudada, denunciada, punida e também prevenida. Programas de ação nacionais dão corpo a uma estratégia em prol da dignidade, num país que é reconhecido pelas boas práticas pelo fim da MGF, pela atenção dada às crianças e jovens em risco e pela absoluta convicção de que devemos identificar pessoas e meios relevantes nas comunidades de risco, exercitar a igualdade e denunciar as consequências terríveis deste crime.
Todas as mulheres em todas as latitudes, de todas as classes e origens têm direito ao mesmo nível de proteção e de realização de todos os seus direitos humanos. Têm direito à dignidade sem ser cortada.

Mónica Ferro, professora universitária e deputada do PSD.
 

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