A crise está a reavivar velhas querelas históricas e económicas entre regiões ricas com um forte sentido de identidade e governos centrais. Mas, como mostra o exemplo recente da Catalunha, a questão é se a UE impulsiona a estabilidade ou as tendências secessionistas.
A Catalunha pode ser o catalisador de uma nova vaga de separatismo na União Europeia, com a Escócia e a Flandres não muito atrás. O grande paradoxo é que a União Europeia, que assenta no conceito de soberania partilhada, reduz os riscos para as regiões que aspiram à independência.
Ao mesmo tempo que, da crise da zona euro, poderá vir a emergir uma União Europeia pós-nacional, caminhando no sentido de mais união fiscal e do controlo mais centralizado dos orçamentos e bancos nacionais, a crise acelerou os apelos à independência das regiões mais ricas de alguns Estados-membros, encolerizadas por terem de financiar as regiões mais pobres.
O presidente catalão, Artur Mas, abalou recentemente a Espanha e os mercados ao convocar eleições regionais antecipadas e ao prometer um referendo sobre a independência de Espanha, apesar de Madrid o considerar ilegal. A Escócia planeia realizar um referendo sobre a independência no outono de 2014. Os flamengos da Flandres obtiveram uma autonomia quase total, a nível administrativo e linguístico, mas ainda se ressentem daquilo que consideram ser a hegemonia remanescente dos belgas de língua francesa e da elite de Bruxelas, emoções que estarão patentes nas eleições autárquicas de 14 de outubro.
Há inúmeras coisas, como casamentos, que mantêm unidos países descontentes: história partilhada, guerras partilhadas, inimigos comuns. Mas a crise económica na União Europeia está também a pôr a nu velhos ressentimentos.
Separatismo ligado à injustiça histórica e à língua
Na Catalunha e na Flandres, por exemplo, muitos argumentam que pagam bastante mais para o tesouro nacional do que recebem, num momento em que os governos nacionais fazem cortes nos serviços públicos. Neste sentido, o argumento regional é, em escala menor, o argumento da zona euro, na qual os países mais ricos do Norte, como a Alemanha, a Finlândia e a Áustria se queixam de que a sua riqueza relativa está a ser drenada para manter à tona países como a Grécia, Portugal e a Espanha.
"O conjunto do desenvolvimento da integração europeia reduziu os riscos de separação, porque as entidades emergentes sabem que não precisam de ser plenamente independentes e autónomas", disse Mark Leonard, diretor do [think-tank pan-europeu] Conselho Europeu de Relações Externas. "Sabem que terão acesso a um mercado de 500 milhões de pessoas e algumas das proteções da UE."
Heather Grabbe, que trabalhou durante cinco anos como conselheira política do comissário europeu para o Alargamento, concorda: "Qualquer pequeno país da UE, como é o caso de Malta e do Luxemburgo, tem probabilidades de ter uma sobre-representação em Bruxelas em comparação com a sua dimensão, e por isso é de ir frente". Heather Grabbe, agora diretora do instituto Open Society, considera que a variável-chave do separatismo é menos uma questão de dinheiro e mais uma questão de injustiça histórica e de língua.
Agrupamentos regionais torneiam governo central
"Muita da pressão tem a ver com a reapreciação de velhas soluções e derrotas e com acordos sobre quem contribui com quê para os orçamentos centrais", acrescentou. "Mas, quando chega o momento da verdade, a questão não tem a ver com dinheiro mas com mitos nacionais – que tipo de pessoas somos, meta narrativas e emoções: 'Sentimo-nos oprimidos? Sentimo-nos suficientemente seguros para nos separarmos? Fantasmas de repetição da História e, apesar de a economia ter o seu papel, no fim as pessoas votam com o coração."
Contudo, a crise também constituiu um dilema para os dirigentes regionais, por ter prejudicado os atrativos da União Europeia. Na Escócia, por exemplo, partiu-se do pressuposto de que, uma vez independente, a região passaria a ser membro da União sem grandes complicações, uma vez que os escoceses já são cidadãos da União Europeia. (Afinal, cerca de 20 milhões de alemães de Leste tornaram-se membros da União Europeia de um dia para o outro, sem terem que fazer nada.) Mas a Escócia herdaria a cláusula de autoexclusão do euro britânica, ou, como novo Estado da UE, teria de adotar o euro? E, sendo assim, quem seria responsável pelo resgate do Banco da Escócia?
Tradicionalmente, a União Europeia tem sido popular entre os dirigentes destas regiões, disse Josef Janning, diretor de estudos do Centro de Política Europeia, que acrescenta: "Encaram o reforço do poder de Bruxelas como uma perda de terreno dos governos nacionais, um processo que foi acelerado pelo mercado único na Europa”. Muitas delas formaram agrupamentos regionais que constituem uma forma de tornear o governo central – a Catalunha e, também o Baden-Württemberg na Alemanha, o Rhône-Alpes em França e a Lombardia em Itália, por exemplo, são centros de poder regionais, que se autodenominam "os quatro motores da Europa" e que, em conjunto, têm um PIB maior do que o de Espanha.
Crise representa um dilema para as regiões
"Mas depois", prosseguiu Janning, "veio a crise", que representa um dilema para as regiões, porque significa igualmente uma nova concentração de poder nas capitais nacionais que tentam fazer cortes no orçamento nacional. "Agora, os olhos estão de novo postos em Madrid, Roma, Paris e Berlim e, por isso, as oportunidades regionais diminuem e os ricos são forçados a pagar", disse ainda.
Os dirigentes europeus acreditam que a resposta para a crise é "mais Europa", o que normalmente agradaria às regiões separatistas, mas os eleitores e contribuintes europeus estão abalados, céticos e encolerizados.
Mark Leonard, do Conselho Europeu de Relações Externas, contou ter estado recentemente em Barcelona, onde as autoridades catalãs lhe fizeram perguntas insistentes sobre a Escócia. "O conhecimento que eles têm dos assuntos internos escoceses é muito maior que o meu", disse. "É óbvio que se observam uns aos outros e se viram uns para os outros."
Sei que pode parecer paroquialismo, mas vamos lá, que desta vez é que é, pois já é tempo de não usar este espaço apenas para outras coisas.
O panorama defronte do meu humilde domicílio de subúrbio rural (freguesia da Quinta do Anjo, Palmela) era este e, sim, o veículo que escapou a levar com um ecoponto em cima era um dos cá de casa. Foi coisa de centímetros não ter ficado com a luz da frente esmagada.
Pela madrugada, uns jovens com um conceito particular de doce ou travessura, andaram a vandalizar os eco-pontos, fazendo um ligeiro upgrade em relação ao que é habitual em muitas noites sem aulas no dia seguinte ou apenas quando lhes dá vontade, e que passa por estragar canteiros, defecar e urinar nas traseiras de casas alheias, fumar os seus charritos enquanto dizem aos papás que vão passear o cão, ouvir música em (relativos) altos berros nos telemóveis, discutir dilemas juvenis e tardo-juvenis para que toda a gente em redor possa ouvir.
Quando confrontados, ofendem como lhes dá na gana, achando que o número os protege e intimidam com ameaças de danificar a propriedade alheia, ou acabam por fugir quando, por fim percebem estar a ser fotografados para a posteridade.
É verdade que não se trata de um único grupo mas de vários, alguns deles fui observando ao longo dos tempos evoluindo do fim da infância para o fim do Secundário, o início do desemprego ou, no caso de alguns grupinhos mais favorecidos, para o que passará por ser Ensino Superior.
Nem todos são descamisados ou pequenos marginais, em potência ou já em efectividade de funções. Não são poucos os que apenas são filhos de famílias que não estão para aturá-los e os preferem ver pelas costas até á hora que eles entendem voltar para casa deixando rasto de ruído, lixo e pequena destruição por onde passam e estacionam, mais alcoolizados ou menos inebriados por umas fumaças aditivadas que suportam apenas ao custo de muita escarradela e alguma tosse.
Nos momentos mais giros, arrancam as plantas dos canteiros, partem as garrafas no empedrado ou na estrada, falam aos berros uns com os outros com uma riqueza de palavrões que não escolhe género, sendo a estridência das meninas equiparável à grunhice dos meninos, procuram vandalizar equipamentos públicos ou tentam acrobacias próprias de símios, algo que foi muito notório em algumas noites de Verão em que os papás e mamãs estavam fora ou, estando dentro, tinham mais do que fazer do que verificar o que a sua prole fazia nas redondezas. Bem… no caso de se preocuparem minimamente porque em muitos casos, quando os crianços andam lavadinhos pela manhã e se lhes faça algum reparo, respondem que é próprio da idade e já todos fizemos o mesmo, que é o argumento típico da desresponsabilização parental.
Bem como o argumento do sempre foi assim nos remeter para – e talvez seja apropriado – uma estabilização dos comportamentos por altura dos neandertais.
E há sempre o canónico, sacramental, não foi o meu(minha) filho(a). Claro, que a culpa é sempre dos outros, tadinhos do Bruninho ou da Catiazinha. Que no outro dia eram dois irmãos aos berros, que ela ia telefonar à mãe e vou dizer-lhe que estás a fumar droga, só porque ele não a queria partilhar.
Mas, por acaso, não, não andei a subir aos candeeiros para tentar partir os globos de vidro para apagar a luz e ficar a zona em penumbra.
Claro que num país crescentemente disfuncional em meios e valores, tudo se passa sem especiais consequências. As autoridades policiais queixam-se, justamente, de falta de meios mas, quando aparecem e para evitar chatices, ligam a sirene e as luzes para que todos possam desaparecer das zonas visíveis e percorrem duas ruas e, quase sempre, desaparecem em poucos minutos deixando tudo na mesma. Consideram que estas coisas são menores, não valendo a pena burocracias e discussões. Os lesados pelos actos de pequeno ou médio vandalismo, receando represálias dos grupos mais complicados, preferem fingir que não vêem ou ouvem ou, quando saem da apatia por um momento, recuam logo a seguir, perante ameaças e ofensas. Os comerciantes preferem mesmo o silêncio pois acabam com material partido, dejectos à entrada dos estabelecimentos e outros mimos assim. E instala-se o silêncio, amedrontado por pivetes de 3ª ordem.
Mesmo quando tudo se passa à luz do dia, seja o consumo, o tráfico ou apenas o vómito ou o wc onde dá vontade fazer, reagindo à necessidade do momento, não interessando onde se está (sim, o menino da camisola amarela…).
Restam uns quantos palermas que ainda tentam extrair um pouco de sentido da vida em sociedade e que, mesmo que de forma irregular, vão documentando o crescimento destes simpáticos seres humanos que certamente se tornarão adultos muito responsáveis e progenitores de descendência que descomprovará a teoria da evolução como eles próprios já o fazem à saciedade.
Quanto a mim, já me preocupo quase só em manter um perímetro de algum conforto visual e auditivo e agradeço ao meu bom senso não dar aulas perto de casa, porque assim não tenho de me cruzar com estes seres dentro de quatro paredes, nem – há que ser sincero – com alguns dos seus demissionários encarregados de educação, mais preocupados com a pose de esplanada. A apatia que vejo perante estes actos, repetidos, semanas após semana, ao longo dos meses, com esta ou aquela intermitência, já me moeu mais o neurónio. Agora apenas desejo que quem tolera um dia se arrependa e que quem permite que a sua linhagem faça estas figuras um dia acabe por ter de ir a uma esquadra.
Um dia, em que ostensivamente estava a fotografá-los começaram a gritar que eu não podia fazer isso, que era proibido e que se iam queixar à polícia (dos direitos todos têm uma imensa, mesmo desmesurada) consciência. Agradeci-lhes e perguntei se precisavam de telemóvel e do número, pois que eu percebesse estavam em local público a fazer uma bela m€rd@, algo que eu estava a registar e que sempre poderia servir-lhes de prova para mostrar em casa.
Quanto ao resto, enfim, tudo corresponde ou ao meu intolerante envelhecimento ou a um estado de progressiva degenerescência dos usos e costumes de um país governados por patetas ignorantes, assessorados por gente de condomínio privado e mandados porulricos, doces e salgados.
Nota final: os serviços camarários revelaram-se os únicos eficazes nesta matéria. A meio da manhã apareceram e removeram a porcaria feita por quem não faz isto por qualquer desagregação ou desestruturação familiar, mas apenas por pulverização completa de noções de civilidade, em particular de quem teria como função transmiti-las aos seus filhos. Mas… em boa verdade andam mais ocupados com aipódes e a passear os canídeos que fazem o mesmo que os filhos, quase nos mesmos sítios. De ser do reconhecimento do cheiro…
Nas mais disputadas eleições internas, em que pela primeira vez teve um concorrente, Jardim obteve apenas mais 88 votos do que Miguel Albuquerque, cuja votação é considerada bastante expressiva atendendo às adversidades encontradas na campanha. O presidente da câmara do Funchal, Miguel Albuquerque, derrotou o presidente do governo, Alberto João Jardim, naquele concelho e ainda em mais três concelhos da região (Santa Cruz, Calheta e São Vicente), além de ter vencido num total de 22 freguesias no arquipélago. O autarca ganhou em nove das dez freguesias do maior município da região (onde estão inscritos um terço dos militantes com direito voto) e apenas empatou na freguesia de São Roque. "Foi lamentável o que se passou na campanha eleitoral. Não se pode repetir", lamentou o candidato ao confirmar ter obtido 49% dos votos, numas eleições em que não compareceram às urnas cerca de 10% dos 3859 militantes com direito a voto. “O partido ficará dividido se o seu líder não tiver capacidade de o unir”, afirmou Albuquerque, instado a comentar a surpreendente votação nestas terceiras eleições directas, realizadas no Dia de Finados. Ainda não foram divulgados os resultados oficiais, havendo ligeiras divergências entre os anunciados pelas duas candidaturas. Reconduzido desde 1976 com percentagens superiores a 90%, o presidente do PSD madeirense disse nesta sexta-feira que depois do novo escrutínio é tempo “de curar as mazelas” provocadas pelo aparecimento, pela primeira vez, de duas listas candidatas à liderança. E ameaça desencadear o processo de revisão constitucional, no Parlamento, através dos deputados sociais-democratas eleitos pela região, caso sejam rejeitadas as suas propostas de alteração ao Orçamento do Estado. “O partido foi, de certo modo, penalizado por toda esta palhaçada e vão ficar algumas mazelas mas, agora, a nossa função é curar as mazelas”, declarou Jardim, que promete passar “uma esponja sobre tudo e todos”. No decurso da campanha, em que utilizou meios oficiais e partidários para atacar o adversário interno e seus apoiantes, com os característicos excessos de linguagem usados nas campanhas eleitorais regionais contra políticos da oposição, o líder insular tinha ameaçado expulsar Miguel Albuquerque do partido, sob a acusação de desferir “facadas nas costas” e de “tentar destruir o partido por dentro”. Jardim tinha também ameaçado demitir-se da liderança do executivo madeirense se não fosse reeleito presidente do partido nestas eleições, a que teve de recandidatar-se, contrariando o que considerava irreversível, para travar a crescente vantagem do presidente da Câmara do Funchal, Miguel Albuquerque, em relação ao seu candidato, Manuel António Correia, que teve de substituir.
Referendo na Madeira? Na moção “Realizar a Esperança” com que se apresentará ao XIV congresso regional, a realizar a 24 e 25 de Novembro, Jardim sustenta o PSD-M só é “derrotado através da divisão interna”. E, referindo-se directamente a Albuquerque que acusa de “deslealdade”, questiona: “Cabe perguntar à consciência dos filiados no PSD, vamo-nos suicidar politicamente só para seguir as leviandades e oportunismos? Vamos entregar o PSD-M a um testa-de-ferro dos nossos inimigos políticos?” Jardim diz na moção esperar que “quando derrotados, os que provocaram tudo isto ao partido que os propôs, ajudou e trabalhou para os eleger, se demitam dos cargos para que foram eleitos em nome do PSD” porque, em 2013, o “PSD-M tem de enfrentar as dificuldades da conjuntura, trabalhar tranquilamente para preparar e ganhar as eleições autárquicas e preparar o congresso regional de finais de 2014, princípios de 2015”. E deixa “muito claro que se os derrotados agora continuarem a tentar rebentar o PSD por dentro devem ser afastados nos termos estatutários”. Em termos de revisão constitucional – com que ameaça recorrentemente quando trava, como agora, complexas negociações para ultrapassar as crónicas dificuldades financeiras da sua governação –, Jardim defende a “separação” da Madeira de Portugal se não forem ampliadas as competências legislativas regionais. “Esclarecemos que ante a recusa de uma maior autonomia no seio da pátria portuguesa, que desejamos fortemente, optamos pela separação”, realça. E desafia o Estado para, em caso de dúvidas, “ter a coragem de permitir um referendo na Madeira que, de uma vez por todas, demonstre a vontade do povo madeirense, reforce a coesão nacional e finalmente encerre o contencioso das autonomias”.
Obama aposta na reeleição após gestão da crise gerada pelo furacão e Romney tira proveito político pedindo donativos em Ohio para vítimas do 'Sandy'. Mortos elevam-se a 62 e danos materiais estão estimados em 20 mil milhões de dólares.
O regresso à rotina com menos energia e transportes públicos. A manchete do jornal "The New York Times" de sexta-feira retrata o esforço que os norte-americanos estão a fazer para prosseguirem o dia-a-dia depois da passagem do furacão "Sandy". Mas o presidente da Câmara Michael Bloomberg aconselha: "Permaneçam em casa. Não queremos mais vítimas".
Os transtornos e as perdas (estimadas em 20 mil milhões de dólares) são considerados descomunais, podendo arrefecer o fraco crescimento económico registado no quarto trimestre. Mas, concretizarem-se as previsões de alguns especialistas, a aposta na reconstrução poderá suavizar o impacto negativo na economia.
Segundo o mais recente balanço, a tormenta provocou pelo menos 131 do Haiti ao Canadá, dos quais 62 nos EUA.
Só na área metropolitana de Nova Iorque, registaram-se 18 mortes. "Esperávamos, um impacto sem precedentes, e foi o que se viu", disse o presidente da Câmara. E cerca de 5,9 milhões de casas em 15 estados dos EUA continuam sem energia elétrica.
Nova Jérsia ficou devastada. A tempestade engoliu quilómetros de costa.
15.400 milhões de euros de prejuízos
Os primeiros cálculos dos danos materiais, incluídas infraestruturas - tais como estradas, pontes, estações de metro, túneis, etc.-, avançados esta manhã, apontam para 20 mil milhões de dólares. Ou seja, 15.400 milhões de euros. Para se ter uma ideia, cada dia de paralisação económica na região entre Nova York e Washington representa perdas de 7700 milhões de euros.
A título de comparação, o furacão 'Irene', que afetou os EUA no ano passado, causou cerca de 11.500 milhões de euros de prejuízos. Neste caso, porém, o fenómeno ocorreu num fim de semana, o que minimizou os danos. Já o 'Katrina', que arrasou Nova Orleans em 2005, provocou prejuízos de 77 mil milhões de euros.
"Não é catastrófico, mas não é trivial", assegura Gregory Daco, um economista da IHS Global Insight citado pelo "The Wall Stree Journal", acerca dos prejuízos.
De qualquer maneira, os investimentos na reconstrução servirão para neutralizar em boa parte as perdas económicas atuais, como explicou à agência "Reuters" Peter Morici, da Universidade de Maryland.
Segundo o especialista, os danos causados pelo 'Sandy' oscilarão entre os 27 mil milhões e os 35 mil milhões de dólares, os quais vão somar-se aos cerca de 28 mil milhões de gastos que serão necessários para a reconstrução.
Tradicional desfile do Halloween suspenso
Em Nova Iorque, milhões de pessoas continuam sem eletricidade, não têm condições para chegar ao local de trabalho, ou perderam as suas casas ou os seus negócios, varridos pelo furacão.
O fornecimento eletricidade só ficará normalizado no fim de semana. As escolas vão continuar encerradas, os parques também, neste caso por tempo indeterminado. Segundo Bloomberg, pelo menos sete mil árvores tombaram nos parques da cidade. "Afastem-se dos parques", recomenda o autarca novaiorquino.
Pela primeira vez em 39 anos de História, o desfile do Halloween, em Greenwich Village, Nova Iorque, foi suspenso.
Nova Iorque levará vários dias para recuperar a normalidade. O metropolitano, com a sua rede de mil quilómetros de linhas, sofreu os piores danos já registados em 108 anos de existência, e poderá reabrir amanhã com restrições.
Bloomberg disse que apesar de ser prioritária a recuperação dos serviços de autocarros (que hoje voltaram a funcionar, sendo o transporte gratuito enquanto as estações do metro permanecerem encerradas devido aos danos provocados pelo furação) e de comboios, além do sistema elétrico, ainda não é possível estabelecer um prazo para isso.
Em Connecticut, Nova Jérsia e Nova Iorque, espera-se que muitas estradas e pontes, interrompidas em consequência do fenómeno, comecem a ser reabertas a partir de amanhã.
Pelo túnel Lincoln. sob o rio Hudson, já se circula mas mas apenas numa direção, de Manhattan para Nova Jérsia. Já estão abertas, também, algumas pontes que ligam Manhattan a Broklyn e Queens. O Brooklyn-Battery, o Hugh L.Carey e o Midtow, entre Manhattan e Queens, que nunca antes na sua história esteve encerrado, vão continuar fechados.
Não há previsão para a reabertura normal dos aeroportos, mas espera-se que pelo menos os aeroporto JFK e o Newark Liberty voltaram a funcionar hoje, embora com limitações.
Depois de dois dias de paralisação forçada por causa do furacão, a Bolsa de Valores de Nova Iorque reabriu hoje.
Barack Obama (que acredita que a boa gestão da crise gerada pelo 'Sandy' contribuirá para a sua vitória nas presidenciais) cancelou todos os atos de campanha nos últimos dias para conduzir o esforço nacional para superar a tragédia, sendo representado nos comícios por Bill Clinton.
O republicano Mick Romney foi menos subtil, ou seja, não deixou de ir a Ohio, um Estado que não foi afetado pelo furacão mas é fundamental nas eleições, e ali fez campanha para a angariação de donativos para as vítimas do 'Sandy'.
"Bruxelas rejeita a independência da Catalunha no seio da UE", diz o título de El País. Este diário revela um documento dirigido, em 4 de outubro, ao Governo espanhol pela vice-presidente da Comissão Europeia, Viviane Reding. Nele, a comissária para a Justiça e Direitos Fundamentais mostra-se "favorável à tese" exposta numa carta que lhe fora enviada pelo secretário de Estado espanhol dos Assuntos Europeus.
Face às reivindicações independentistas na Catalunha, Iñigo Méndez de Vigo invocava o artigo 4.2 do Tratado da União Europeia, que estipula que a UE "deve respeitar a integridade territorial" dos seus membros e "não pode reconhecer qualquer declaração unilateral de independência de uma parte de um Estado-membro". Resposta de Viviane Reding: "Estou plenamente de acordo com a análise do quadro constitucional europeu" desenvolvida na carta.
A revelação do apoio de Bruxelas a Madrid ocorre em plena campanha para as eleições regionais de 25 de novembro na Catalunha, que poderão ser seguidas de um referendo sobre a independência da região num prazo de quatro anos. Para este diário de Madrid, a mensagem lança água fria sobre a febre do nacionalismo. […] Não tem portanto cabimento jogar com os eleitores para os levar a acreditar que a UE acolheria de bom grado uma parte separada unilateralmente da Espanha.
El País critica igualmente a possibilidade de a Catalunha se tornar um Estado independente da Espanha, em 2020, mencionada no programa eleitoral da CiU (nacionalista de centro-direita), o partido de Artur Mas, presidente do governo regional:
Um prazo tão prolongado poderá ter a ver com um primeiro reconhecimento nacionalista das dificuldades com que vai deparar-se a sua aventura para a Catalunha ser admitida como um Estado na Europa. […]
Na sua ânsia de rejeitar o impulso da Catalunha no sentido da independência, Madrid torna também clara a sua falta de entusiasmo pela secessão escocesa, salienta o Financial Times.
Em antecipação do referendo sobre a independência da Escócia de 2014, o chefe do governo regional escocês, Alex Salmond, declarou que a Escócia se tornaria automaticamente membro da UE, se se separasse do Reino Unido. Contudo, na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel García-Margallo, disse que a Escócia independente teria de "ir para o fim da fila", para ser membro da UE.
“Não pode tomar a sua existência internacional como um dado adquirido… teria de se candidatar à adesão", disse. "Não se pode esperar que entrem nas reuniões da UE no dia a seguir a terem obtido a independência. A Comissão, o Conselho e o Parlamento Europeu não aceitariam isso."
Segundo este diário financeiro,
os burocratas da UE recusaram-se a enunciar claramente a posição legal na sequência da secessão da Escócia do Reino Unido, argumentando que não havia um precedente. Mas, nos bastidores, é quase unânime a ideia de que qualquer país nascido da separação de um Estado-membro teria de se candidatar à adesão.
Há 257 anos, no dia 1 de novembro de1755, um dos maioresterramotosda História destruiuLisboa. Agora, usando a tecnologia do ambiente virtualKitely, pode passear pela primeira vez pelas ruas, praças e edifícios da cidade, tal como eram antes dacatástrofe.
A Galeria Real, local de embarque e desembarque do rei e da sua comitiva para o Palácio da Ribeira. À direita vê-se o Torreão poente do Terreiro do Paço e à esquerda uma parte do edifício da Ópera do Tejo. Entre as duas construções, sobressai a Torre Canevari ou Torre do Relógio
Quer passear pelas praças, ruas e edifícios mais emblemáticos do centro de Lisboa tal como eram antes do terramoto de 1 de novembro de 1755? Agora pode fazê-lo usando a tecnologia de mundos virtuais do Kitely, graças a um projeto científico, inédito a nível mundial, que pretende recriar vitualmente a memória da cidade destruída por um dos maiores terramotos da História.
O projeto chama-se "Cidade e Espectáculo: uma visão da Lisboa Pré-Terramoto", foi desenvolvido por uma equipa coordenada pelos historiadores Alexandra Gago da Câmara, Helena Murteira e Paulo Rodrigues, investigadores do Centro de História da Arte e Investigação Artística (CHAIA) da Universidade de Évora, e conta com a parceria da empresa Beta Technologies.
A iniciativa foi divulgada há cerca de dois anos, mas como está em desenvolvimento, não permite ainda que os investigadores ou o público em geral possam passear pela Lisboa pré-terramoto.
Por isso mesmo, e para assinalar os 257 anos do terramoto de 1 de novembro de 1755, os seus promotores disponibilizaram temporariamente, em exclusivo para o Expresso, uma parte da Lisboa pré-terramoto já reconstruída para ser visitada pelos leitores através da tecnologia que é também usada noKitely.
Os leitores podem também ver (no final deste artigo) uma galeria fotográfica dessa Lisboa desaparecida e um video narrado em inglês, feito para a apresentação do projeto em variadas conferências internacionais que já tiveram lugar na Áustria, Reino Unido, Alemanha, República Checa e Bélgica. O projeto está neste momento mais adiantado do que esse video e a própria tecnologia de foto-realismo usada também evoluíu.
Descobrir a cidade desaparecida
A realidade a recriar pelo projeto da Universidade de Évora pretende abranger o desenho urbano de Lisboa, o tecido arquitectónico do conjunto desaparecido e os interiores de alguns edifícios mais emblemáticos, tais como o Palácio Real, a Patriarcal, a Ópera do Tejo, o Convento de Corpus Christie o Hospital de Todos-os-Santos.
A Lisboa anterior ao terramoto de 1755 desapareceu quase completamente, não só com a catástrofe de 1 de Novembro, mas também com a reconstrução empreendida pelo futuro Marquês de Pombal, ministro do rei D. José I, da qual resultou uma cidade de traçado regular e quarteirões uniformes. Da Lisboa barroca ficou apenas a memória de uma cidade mítica que perdura até hoje e cujas descrições oscilam entre a extrema miséria, a devoção religiosa e a desmedida opulência.
"O primeiro objectivo do projecto é, precisamente, resgatar a realidade urbana absorvida pela memória mítica através de uma visualização digital e interativa, menos abstrata que o discurso narrativo. E não condicionada a um único ponto de vista ou somente à percepção visual, como sucede com o formato bidimensional das plantas, desenhos e gravuras ou com o formato tridimensional das maquetas convencionais", explica ao Expresso a historiadora Alexandra Gago da Câmara.
Ouvir os sons das praças e ruas da capital
O Terreiro do Paço em 1650, segundo o pintor holandês Dirk Stoop. Na praça vêem-se nobres, comerciantes, padres e soldados. São também visíveis o Paço da Ribeira, o Tejo, o cais e à direita em segundo plano, o Convento de São Francisco
No futuro, haverá também componentes áudio e de animação, com a introdução de sons do ambiente citadino setecentista, e a reconstituição de espectáculos de ópera, touradas, procissões e outros eventos de destaque no quotidiano da Lisboa da primeira metade do século XVIII.
Na fase actual do projeto foi recriado o exterior do conjunto do antigo Paço da Ribeira que inclui, para além do Palácio da Ribeira, a Rua da Capela, a Praça da Patriarcal, a Torre do Relógio, a Casa da Ópera e o espaço confinante da Ribeira das Naus. O mais antigo teatro público de Lisboa, o Pátio das Arcas, foi igualmente recriado.
Todo este conjunto encontra-se ainda em modelação, podendo sofrer retificações de acordo com o avanço de todo trabalho de investigação.
A historiadora Helena Murteira esclarece que "a utilização da tecnologia Kitely permite que a recriação virtual de Lisboa antes do terramoto de 1755 ultrapasse as ferramentas tradicionais da modelação em 3D, ainda presas à contemplação, tornando possível que qualquer pessoa visite a cidade dessa época do conforto da sua casa. E até possa imergir e interagir virtualmente no seu contexto físico, social e cultural, inclusivamente partilhando-o com outros utilizadores e ganhando, deste modo, também uma dimensão social".
Aprender história e investigar de forma inovadora
As potencialidades didáticas da aplicação desta tecnologia à recriação de uma cidade histórica desaparecida são inúmeras. Mas também há potencialidades científicas, na medida em que a plataforma Kitely (compatível com a aplicação de mundos virtuais Second Life) torna a recriação virtual em algo mais que uma sofisticada maqueta de alta definição e interativa.
De facto, "confere a dimensão laboratorial possível, mas urgente, à investigação nas áreas da história urbana e da arquitetura ao suportar, a baixo custo e em tempo real, a experimentação das conclusões retiradas da análise e da interpretação das fontes documentais e iconográficas para o estudo da cidade, cuja validade pode ser assim debatida e verificada", afirma o historiador de arte Paulo Rodrigues.
Inicia-se assim uma nova metodologia de investigação em que a recriação é o principal instrumento de análise da Lisboa desaparecida depois de 1 de Novembro de 1755, e não a sua etapa final, "enquanto síntese ilustrativa dos resultados obtidos pelo processo tradicional baseado na descrição documental, na representação iconográfica e na interpretação arqueológica".
Testar as fontes documentais
Mas como pode uma recriação virtual ser um instrumento de análise? "Testando a informação retirada das fontes documentais, iconográficas e arqueológicas numa dimensão virtual que recrie a implantação urbana, a escala, a disposição e o desenho interior e exterior dos edifícios desaparecidos, a realidade ambiental, espacial e paisagística do construído", salienta por sua vez Alexandra Gago da Câmara.
Isto é, verificando, por exemplo, a possibilidade, em termos de espaço urbano, de os corpos de um determinado conjunto edificado se articularem com o que é descrito ou representado na documentação, o mesmo se passando com a arquitetura da estrutura interna de um edifício ou com a configuração da sua fachada.
"Na plataforma Kitely é possível propor uma recriação, debatê-la e actualizá-la em tempo útil e a baixo custo. Permite ainda que esta actualização científica alimente diretamente a dimensão didática, recreativa e de divulgação do projecto", acrescenta a mesma investigadora.
Em 2014, os estrangeiros poderão comprar terras agrícolas, por enquanto reservadas apenas aos húngaros. Enquanto não chega esse fim de prazo fixado pela UE, que o Governo de Viktor Orbán tenta adiar, camponeses e personalidades ricas, frequentemente próximas do poder, disputam as parcelas mais interessantes.
No campo, algures na Hungria. Let the world change you... and you can change the world / Flickr Joëlle Stolz
Um alto portão branco, com grades novas: faz lembrar a entrada na mítica propriedade do clã Ewing, no Texas. Só a campainha, fabricada em Florença, revela que o antigo couto de caça dos condes de Széchenyi, no sudoeste da Hungria, pertence a Carlo Benetton, da dinastia italiana do têxtil. Proprietário de grandes extensões de terra na Argentina, explora aqui sete mil hectares, plantados de milho, trigo e álamos. “As pessoas chamam ‘Dallas’ ao castelo”, sorri Harri Fitos, secretário municipal de Görgeteg, a sul do lago Balaton. Quanto à aldeia de 1200 habitantes, rodeada de cercas que protegem os campos dos animais, há quem lhe chame “Alcatraz”, como a antiga prisão de alta segurança norte-americana: a taxa de desemprego aqui é de 50% e a esperança de encontrar um emprego é muito pouca, salvo na segurança das grandes propriedades. A Hungria não tem petróleo. Mas tem terras aráveis – mais de cinco milhões de hectares – que aguçam os apetites. Porque a proibição de compra imposta na Hungria a todos os estrangeiros, desde 1994, prolongada aquando da adesão à União Europeia, em 2004, deverá chegar ao fim em maio de 2014. Pelo menos, segundo as previsões de Bruxelas.
Hectares que valem ouro
Mas está em curso uma corrida para que esta fonte de riqueza continue, na sua maior parte, em mãos húngaras. A nova lei agrária, adotada em julho por iniciativa do Governo conservador de Viktor Orbán, impede os estrangeiros de adquirirem, no futuro, terrenos agrícolas e torna nulos os contratos-promessa, celebrados perante a perspetiva de abertura do mercado. “Todos os especialistas dizem que a Hungria tem um grande potencial”, lembra Peter Roszik, presidente da associação de agricultores de Györ-Moson-Sopron, na raia da fronteira com a Áustria. “Toda a gente quer terras e há seis ou sete vezes mais candidatos à compra do que lotes disponíveis.” E não há grande coisa para distribuir, exceto o meio milhão de hectares cultiváveis do setor público, que o Fidesz, o partido no poder, prometeu, durante a campanha das legislativas de 2010, reservar prioritariamente para explorações familiares. Atualmente, cresce a tensão entre os pequenos agricultores húngaros, sobrecarregados de dívidas, e os “oligarcas”, quase sempre próximos de Viktor Orbán, que recentemente beneficiaram das atribuições de terras (cerca de 100 mil hectares) que o Estado lhes aluga a preços baixíssimos, por um prazo de 20 anos. Ora, essas terras valem, literalmente, ouro: “Nos atos notariais, na Hungria, o valor da terra é sempre expresso em coroas de ouro da imperatriz Maria-Teresa”.
Uma república das bananas? O secretário de Estado da agricultura, Jozsef Angyan, paladino dos pequenos agricultores, demitiu-se em finais de janeiro, no meio de grande polémica, protestando contra o favoritismo. Desde então, Jozsef Angyan, que continua a ser deputados pelos conservadores, não para de publicar os números que demonstram que “barões verdes” ou “laranja” – a cor do Fidesz -, dividem entre si a parte de leão. A agricultura é um excelente negócio, graças aos subsídios europeus de cerca de 200 euros por hectare, e à isenção, no mínimo durante cinco anos, de imposto sobre os rendimentos de exploração. Os espertos conseguem embolsar somas que atingem os 75 milhões de florins [cerca de €264 mil] por ano, por cada mil hectares. Se os estrangeiros puderem investir como entenderem, os preços das terras vão subir, mas o seu rendimento será menor: esta é “a prosaica verdade que se esconde atrás do zelo nacionalista”, afirma o jurista austríaco Peter Hilpold, no diário Die Presse. A comunicação social húngara sublinha que 58% dos deputados com assento no parlamento de Budapeste são donos de terras, na maior parte das vezes arrendadas a terceiros. Na Hungria, a tentação de especulação fundiária é tal que, adverte Jozsef Angyan, o país corre o risco de, muito rapidamente, se tornar numa “república das bananas”, com arame farpado e guardas armados para impedirem a criminalidade galopante. Sinal da degradação do clima, começa a haver ocupação pontual de terras.
Jogaram a carta xenófoba “Por aqui, somos uma espécie de América Latina”, acrescenta, em Görgeteg, Ander Balazs, representante regional do partido de extrema-direita Jobbik, a terceira força parlamentar. Ander Balazs juntou-se a um grupo de ativistas musculados para destruírem o portão de uma das propriedades de Carlo Benetton. Mas, por que fazem de Benetton um alvo, quando ele comprou terras dentro da legalidade, no início dos anos de 1990, antes de alugar as de uma antiga cooperativa comunista? “Porque ele é italiano, não é húngaro”, responde Enikö Hegedüs, deputado todo-o-terreno do Jobbik, que nesse dia vinha servir de reforço em Görgeteg. As próprias autoridades de Budapeste jogaram a carta xenófoba ao anunciarem a anulação de contratos duvidosos. “Alguns desses contratos”, explica ao jornal Le Monde o atual secretário de Estado da Agricultura, Gyula Budai, “estavam registados junto de um notário ou de um advogado. Mas não tinham data, por estarem à espera do fim da moratória”. Nessa altura, bastava completá-los e inscrever o nome do novo proprietário no cadastro. Os visados são italianos, belgas, alemães, eslovacos e, sobretudo, austríacos: só eles, a acreditar nas autoridades, controlam dois milhões de hectares de terra dos seus vizinhos húngaros. Na verdade, dez vezes menos, protesta o adido agrícola austríaco em Budapeste, Ernst Zimmerl. Ao longo dos caminhos de Görgeteg, Harri Fitos revela os discretos negócios de que estão a ser alvo os campos húngaros: aqui, 50 hectares da sociedade florestal do Estado, postos gratuitamente à disposição de um “oligarca” com bons contactos; ali, um terreno reservado, em princípio, à caça, onde semearam milho. “Nada disto figura em cadastro algum nem em nenhum produto interno bruto”, sublinha. “Bem vistas as coisas, os Benetton fazem tudo dentro da absoluta legalidade.”
Basicamente, combina centenas de sondagens para gerar as cores num mapa em que cada estado está representado não pela sua dimensão geográfica mas sim pelo número de representantes no colégio eleitoral. Podem ir ao site e fazer as vossas próprias previsões. As padrão são estas:
A A fraqueza do Obama é um pouco surpreendente, mas continuo a prever a vitória dele…
Curioso o facto de todas as últimas alterações serem a favor de Romney…
É sabido que o país das tulipas é um dos grandes formadores do futebol mundial (tudo começou anos 70 com o Ajax, e desde então a Holanda nunca mais parou. Em todas as décadas conseguiram resultados importante ao nível da selecção, e principalmente deram ao Mundo alguns dos melhores praticantes desta modalidade).
Olhando para os jogadores que representam a seleção nacional holandesa atual, observa-se que grande parte destes mesmos atuam no seu país de origem, contrariamente ao que se passou no Europeu de 2012, onde com Van Marwijk a comandar, acumulou 3 derrotas em tantos outros jogos. Existiram ecos de que a falta de profissionalismo de alguns elementos como Van Persie, que parava os treinos para falar ao telemóvel ou que arrogância de outros (Afellay foi para o estágio gabar-se de que jogava no Barcelona, questionando outros colegas onde estes atuariam) foram razões para esta desastrosa prestação. Mas a verdade é que os pupilos não pareciam estar do lado do seu mestre. Mas Holanda de hoje mudou.
Esta ''laranja mecânica'' aparece comandada por Van Gaal (treinador com um currículo que fala por si e Campeão Europeu com o Ajax) e já soma 4 vitórias em 4 jogos. Mas não só o comando técnico mudou (para melhor, diga-se). Esta seleção apresenta um curioso numero de jovens que atuam no seu país de origem e que têm feito parte do 11 inicial nesta fase de qualificação. Falo de jogadores como Van Rhijn (21 anos) e Bruno Indi (defesa nascido no Barreiro de 20 anos), que têm tomado bem conta da defesa, de Clasie (21) que têm comandado o miolo holandês ou de Lens (24 anos e que esta época tem feito vários golos, curiosamente no ano passado foi até meio da temporada suplente de Labyad) e Narsingh (22 anos) que têm revolucionado o ataque. Parece óbvio que existindo confiança e trabalho na área de formação, os resultados podem aparecer e apesar de muitos terem uma idade muito tenra, em 2014 estarão mais experientes.
No entanto, não deixa de ser extraordinário esta capacidade/coragem de, numa fase onde a Holanda podia acusar a pressão do mau Euro 2012, renovar a equipa com jogadores muito jovens (na Holanda não se olha a idades), com pouca experiência, e que pouco ou nada tinham actuado pela selecção principal até à chegada de Van Gaal.
Junto com outros jovens como Zoet, Viergever, Janmaat, Willems, Leroy Fer, Luuk de Jong e Adam Maher, aparecem os já habituais Sneijder, Van Persie, Van der Vaart, Heitinga, Robben, Kuyt, Huntelaar, Nigel de Jong ou Stekelenburg (entre outros que poderão e irão aparecer) e depois do grande Mundial 2010 (onde foi finalista vencido) e do desilusivo Europeu de 2012, onde poderá ir esta Holanda no Mundial 2014 (em condições normais estará presente)? Teremos de novo futebol espetáculo por parte dos holandeses (tal como no Europeu de 2008)? Como se explica esta capacidade da Holanda em renovar a sua selecção (algo que já dura desde os anos 70), conseguindo que a mesma seja sempre competitiva? Seria possível a selecção portuguesa imitar esta política do país das Tulipas?