Hoje em dia em muitas partes do mundo ocidental celebra-se o Halloween. Esta efeméride, que originou-se a partir do Sanhaim (o senhor da morte), remonta aos povos bárbaros celtas e aos druídas da Grã-Bretanha, entre os anos 600 e 800 a.C. Sanhaim significava também "festa dos mortos". Segundo os celtas, o lugar dos mortos era um lugar de felicidade perfeita, onde não haveria nem fome nem dor. A festa era celebrada com ritos presididos pelos druídas que actuavam como médiuns entre as pessoas e os antepassados delas. Segundo eles, os espíritos dos mortos voltariam nesta data para visitar os seus antigos lares e conduzir os seus familiares para o outro mundo.
Nesta data, e principalmente nos países de expressão inglesa (mais concretamente os Estados Unidos), as crianças fantasiam-se de bruxas ou feiticeiros e pedem doces de porta em porta com o seguinte mantra: trick or treat (doces ou travessuras, em português). Este mantra não seria, supostamente, senão uma feitiçaria ameaçadora, pois os que se recusam a dar o que o espírito exige (no caso, doces), será perturbado por ele.
O Halloween hoje em dia é bastante promovido por grupos neopagãos, como os adeptos da macabra WICCA (bruxaria moderna), sendo que em muitos casos é mesmo usado como uma celebração ocultista e satânica. Existem grupos neopagãos que se rendem ao ocultismo durante o Halloween, como o Bohemian Grove, que literalmente têm as mesmas práticas que o povo Amorreu, referenciado no Antigo Testamento, que sacrificava crianças e/ou fetos humanos em frente a uma estátua do seu deus Moloque. A estátua tinha uma fenda, uma cavidade, onde se colocava fogo e para onde eram atiradas as crianças vivas em sacrifício. O calendário da bruxaria define o dia 31 de Outubro como o dia da morte do "deus chifrudo", o filho da "grande deusa" imortal que é representada pela lua. Os druídas, com medo do Sanhaim e como forma de lhe agradar, realizavam rituais macabros sacrificando, para além de crianças também os criminosos e animais, que eram queimados vivos em oferendas aos deuses. Segundo a Encyclopœdia Britannica, "Tanto na época dos celtas como dos anglo-saxões o dia 31 de Outubro era também a véspera do ano novo e um dos antigos festivais do fogo... Visto que Novembro dá início ao semestre mais obscuro e mais infrutífero do ano, o festival do Outono assumia um significado sinistro, com fantasmas, bruxas, duendes, fadas e demónios de toda sorte vagando por toda a parte. O festival era realizado em honra a Sanhaim, senhor celta dos mortos, que, segundo se acreditava, permitia que as almas dos que haviam morrido no ano precedente voltassem à sua casa naquela noite. As festividades incluíam fazer enormes fogueiras ao ar livre para espantar as bruxas e os demónios. Sacrifícios na forma de safras, animais e até mesmo de humanos eram feitos para aplacar as almas dos falecidos. As pessoas se empenhavam também em tirar a sorte e vestiam-se de roupas feitas de cabeças e de peles de animais. Os romanos também contribuíram com alguns dos seus rituais pagãos aos costumes dos celtas que foram conquistados por eles. Um dos seus festivais de Outono, realizado em honra a Pomona, divindade dos frutos e dos jardins, é provavelmente responsável pelo notório uso de maçãs nas festividades do Halloween - por exemplo, os costumes de se pegar maçãs com os dentes de dentro de uma bacia cheia de água e de morder uma maçã suspensa na ponta de um fio de barbante". O ocultismo, a feitiçaria ou os demónios da maneira como hoje nos são apresentados, de forma épica e romantizada onde se exalta os vilões e os anti-heróis, correspondem a uma espantosa inversão de mentalidades: o mau é o bom, o perverso é o correcto, e vice-versa. Daí hoje em dia filmes como o Harry Potter ou o Crepúsculo fazerem o sucesso que fazem.
E é agora que os leitores perguntam indignados comigo: então e a Igreja Católica que usurpou mais esta data pagã e a mesclou no calendário cristão? Ou que o Halloween é mais um paganismo disfarçado da "igreja romana"? De facto a Igreja Católica cristianizou o que era pagão, tal como cristianizou, na sua excelsa sabedoria, o culto pagão ao deus do sol e o transformou no Natal. Trata-se de uma estratégia religiosa que foi ensinada por São Leão Magno e São Gregório Magno. O Papa Bonifácio IV converteu o panteão romano (templo dedicado aos ídolos romanos) num templo cristão dedicado a todos os santos cujo dia de celebração era o dia 13 de Maio. Com o Papa Gregório III, o dia de todos os santos passou a ser celebrado no dia 1 de Novembro, que era o dia da dedicação da capela de Todos os Santos na Basílica de São Pedro.
O Halloween é a cristianização do Sanhaim pagão, portanto na verdade uma coisa não é a outra. O paganismo que foi cristianizado não significa que foi adaptado: significa que foi substituído. Aliás, Halloween é na verdade cristão, até porque o nome não engana: Halloween vem de All Hallows' Eve (véspera do dia de todos o santos). Identificar o Halloween com o paganismo, como se fosse algo errado e satânico, é algo relativamente recente. Fantasiar-se de bruxa, de demónio ou de esqueleto é, por mais incrível que pareça, algo até defendido por certos católicos, apesar da sua conotação folclórica e de ser algo com o qual eu pessoalmente não concordo. Ao fantasiar-se destas personagens, as pessoas estão na verdade a debochá-las: é um ataque ao paganismo. O Halloween era uma festa cristã que constava no calendário litúrgico até à reforma de 1962 e foi uma resposta cristã contra o Sanhaim, uma resposta vencedora, do triunfo do Cristianismo sobre o paganismo. Nesta altura do ano é aos santos que nós devemos render a nossa veneração, pois eles são reais e intercedem por nós. Acabo esta posta citando o professor brasileiro Carlos Ramalhete sobre o tema: "As fantasias de seres malignos postas em crianças é uma forma de mostrar como eles são fracos e ridículos (como as crianças, que na Europa são tradicionalmente vistas como adultos que ainda não estão 'prontos'). As fantasias de Halloween têm, assim, um sentido simbólico mais ou menos parecido com o uso de fantasias de políticos no Carnaval brasileiro. Como, contudo, com a descristianização da sociedade americana houve um ressurgimento dos medos pagãos, atribuindo aos demónios poderes maiores que a realidade, criando-se novas formas de culto demoníaco (WICCA, etc.), no que a visão calvinista de mundo não ajudou pouco (basta lembrar-se do episódio das Bruxas de Salém para ver este medo em acção), esta festa derivou até ter para alguns o significado presente de celebração da bruxaria. O que era ridículo tornou-se 'mágico', o que era uma demonstração de fraqueza tornou-se demonstração de força. Podemos assim dizer que o Halloween actualmente adicionou conotações não-cristãs a uma festa cristã (a festa celta foi completamente perdida e submergida no Cristianismo, como a nossa festa de São João – originalmente data magna da comemoração celta do solstício de Verão -, o uso de alianças de casamento, etc.). Estas conotações, porém, dentro do 'mainstream' americano, não tem em absoluto um sentido de protesto aberto contra a Igreja, sendo apenas uma festa algo farsesca (logo ainda preservando algo do espírito cristão original). Apenas alguns amalucados (WICCAns e outros) a vêem como celebração da bruxaria e não como uma espécie de Carnaval". As coisas que os pagãos sacrificam, sacrificam-nas aos demónios e não a Deus. E eu não quero que tenhais comunhão com os demónios. Não podeis beber ao mesmo tempo o cálice do Senhor e o cálice dos demónios. Não podeis participar ao mesmo tempo da mesa do Senhor e da mesa dos demónios. Ou queremos provocar a ira do Senhor? Acaso somos mais fortes do que Ele? (1 Coríntios 10:19-22)
A detenção do "padrinho" da máfia chinesa em Espanha, em meados de outubro, levantou o véu sobre as práticas ilegais no seio dessa comunidade e reflete o poder, a complexidade e a coesão internacional dos grupos criminosos chineses.
Por certo que nem nos seus piores pesadelos a comunidade chinesa em Espanha teria imaginado um acontecimento tão negativo para a sua imagem como a operação "Cheqian-Emperador". Para um grupo que faz da discrição um elemento fundamental do seu modo de vida – e um dos seus pontos fortes –, a informação que chegou à opinião pública não podia ser pior: histórias rocambolescas sobre como os grupos criminosos defraudaram o Tesouro espanhol em €35 mil milhões, violência exercida pelo clã do cabecilha Gao Ping para atos de extorsão, corrupção e negócios ligados à prostituição e à venda de droga.
Embora não se deva tomar a parte pelo todo e não se deva julgar por igual todos os 170 mil chineses que vivem no nosso país, a expansão dos negócios chineses em Espanha e noutras regiões do planeta apresenta componentes que convidam pelo menos à reflexão.
Como todo o emigrante, o chinês emigra sem outro fim que não seja o desejo de lucro. Mas este processo migratório, de evolução vertiginosa em países como a França, a Itália ou a Espanha, não foi acompanhado por uma integração social completa, limitando-se em demasiados casos ao contacto económico e comercial. E foi precisamente esta falta de integração e ligação às sociedades de acolhimento – expressa, em termos urbanísticos, através do conceito de bairro chinês – que contribuiu para criar "Estados dentro do Estado", segundo as palavras de vários comissários, numa espécie de extraterritorialidade chinesa, na qual a justiça ou as condições laborais, por exemplo, seguem padrões marcados pela comunidade e não pelo Estado.
A operação "Cheqian-Emperador" pôs a claro uma teia de lavagem de dinheiro e de evasão fiscal de proporções gigantescas. Das operações policiais dos últimos anos contra o tráfico de pessoas, a exploração laboral e a fraude fiscal destacam-se dois elementos. O primeiro é a extensão das redes criminosas intrachinesas no nosso território, que se organizam em forma de pirâmide e proliferam paralelamente em vários setores. O setor de importação-exportação é o único evocado por agora na operação em curso, mas provavelmente as reverberações também afetam outros setores tradicionais dos imigrantes chineses (restauração, venda a retalho de têxteis, consultoria administrativa, imobiliárias, bares).
Mobilidade e organização excecionais
O sistema – que investigámos igualmente noutros países – funciona mais ou menos assim: o empresário chinês "importa" mão de obra ilegal, através das suas redes e "cabeças de serpente" e explora essa mão de obra durante anos, nos seus negócios (restaurantes, oficinas, lojas), até ficar completo o pagamento da dívida. A precariedade e as condições de vida e laborais impostas a esses trabalhadores são, por vezes, brutais. Depois de ter pago a dívida por ter sido levado até à terra prometida, o novo imigrante tem de pagar posteriormente a legalização e a obtenção de papéis (na qual intervêm, como que por artes de magia, as consultoras administrativas chinesas controladas ou participadas pelos mesmos barões).
Por último, o imigrante contrai uma derradeira dívida com a rede, sob a forma de crédito informal para poder montar o seu próprio negócio e, desse modo, passar de explorado a explorador. Sugada a margem da venda de uma sopa ou da camisola interior acabada de confecionar, o novo empresário tem de resolver habilmente o problema do pagamento, e recorre a trazer mais imigrantes através do seu negócio, aos quais endivida e explora. Se os setores tradicionais já estiverem muito saturados por outros chineses, quem não tiver medo nem escrúpulos explora setores completamente ilegais, como a prostituição, o jogo e o tráfico de droga.
O segundo elemento que torna esta trama ainda mais complexa é a internacionalização de algumas redes que, no seu lugar de origem, estão curiosamente muito concentradas. No caso da Europa, a maioria dos imigrantes chineses provêm de Zhejiang, onde fica a região de Qingtian, epicentro da emigração para Espanha e Itália, que se desenvolveu aceleradamente graças às remessas.
Estes emigrantes, que chegaram primeiro à Holanda e a França e posteriormente à área do Mediterrâneo, apresentam uma mobilidade e uma organização excecionais. Vão para onde há trabalho ou negócios, para onde se possa ganhar bastante dinheiro, para se reformarem cedo e regressarem à China, para onde seja mais fácil repatriar o dinheiro a custo fiscal zero.
A Espanha, que foi um dos últimos países da Europa Ocidental a receber imigrantes chineses, deveria olhar para os seus vizinhos para evitar males maiores, fomentar a integração e evitar situações como as que se vivem em Prato. Nesta localidade da Toscânia, situada a cerca de trinta quilómetros de Florença, a tensão entre chineses e toscanos é constante.
Uma espécie de apartheid
Berço tradicional dos têxteis mais valiosos da Europa, os chineses começaram a chegar nos anos 1980, empregados pelas empresas familiares italianas que exportavam os seus tecidos para toda a Europa. Em menos de uma década, nasceu a primeira geração de empresários têxteis chineses e, hoje, estes controlam 60% da atividade, com mais de 4800 empresas e uma população oficial de cerca de 25 mil chineses, num total de 200 mil.
A delinquência proliferou ao mesmo ritmo e, agora, a localidade é um epicentro das atividades criminais e lavagem de dinheiro das máfias chinesas de toda a Europa. "A proliferação do crime chinês na região é a mais alta de todos os grupos de imigrantes", explica um subinspetor que acompanha o fenómeno há mais de dez anos.
Na cidade, uns vivem de costas viradas para os outros, numa espécie de apartheid entre cidadãos locais e chineses. Os italianos encaram mal o enriquecimento chinês e acusam-nos de evasão fiscal e de não trazer valor acrescentado para a região: os tecidos, a maquinaria, os trabalhadores e os distribuidores são todos chineses. Só o cliente final é italiano. Como beneficia então a região?
Os chineses condenam que todos sejam julgados pela mesma bitola. Como se isto fosse pouco, o poder político só tem contribuído para dificultar as coisas: em 2009, foi eleito presidente da autarquia o populista Roberto Cenni e as comunidades parecem agora mais afastadas do que nunca. Um conjunto de condições nada ideal para a solução de um problema que – em Itália como em Espanha – exige adaptação do lado chinês, incrementando por exemplo a dispersão de riqueza entre os locais, com contratação de pessoal local, e maior tolerância da nossa parte para com um grupo, cuja presença ganhou merecidamente peso e prestígio nas nossas sociedades.
O papa defendeu hoje "o direito a não emigrar" como um direito fundamental e convidou os governantes a fazerem tudo para que as populações permaneçam nos respetivos países.
"Antes mesmo do direito de emigrar, é necessário reafirmar o direito a não emigrar, isto é, o de ficar na sua própria terra", sublinhou Bento XVI na mensagem para preparar a Jornada dos migrantes e refugiados, que será celebrada em janeiro.
O papa recordou que "o direito da pessoa a emigrar está inscrito nos direitos humanos fundamentais" mas sublinhou a importância de ter "sob controlo os fatores que empurram para a emigração".
Em vez de uma "peregrinação animada pela confiança, pela fé e pela esperança", "numerosas migrações são consequência da precariedade económica, da falta de bens essenciais, de catástrofes naturais, de guerras e de desordens sociais".
Situações de marginalização e exploração
"Migrar torna-se então um calvário para sobreviver, onde homens e mulheres aparecem mais como vítimas do que como atores e responsáveis da sua aventura migratória", observa o papa.
O papa denuncia ainda as consequências de tais situações para alguns, afirmando que "muitos vivem condições de marginalização e, talvez, de exploração e de privação dos seus direitos humanos fundamentais, ou ainda adotam comportamentos prejudiciais para a sociedade no seio da qual vivem".
Das suas deslocações, do Líbano ao México e a África, o papa recorda a questão da emigração, considerando que destrói as famílias e enfraquece o tecido social.
Foi assim que Bento XVI lançou em meados de setembro no Líbano um apelo aos cristãos do Médio Oriente para permanecerem, apesar dos conflitos e das dificuldades económicas. Expresso
Na época soviética, a Lituânia e a Bielorrússia faziam parte da URSS e muitas aldeias amontoavam-se em cima de uma fronteira que só existia no papel. Hoje, ir ao outro lado tornou-se um pesadelo.
Há vinte anos, a Lituânia e a Bielorrússia pertenciam à União Soviética. Os dois vizinhos estavam separados apenas formalmente, por uma linha traçada num mapa. Hoje, uma cerca marca a fronteira, uma espécie de nova cortina de ferro erigida após a queda do comunismo. Enquanto a Lituânia se tornou membro da NATO, da União Europeia e pertence ao espaço Schengen, o regime autocrático de Alexander Lukachenko reina na Bielorrússia.
Essa cerca de arame, encimada por rolos de arame farpado, não divide unicamente os dois países, mas também uma aldeia. A parte lituana de um lado, conhecida pelo seu restaurado castelo do século XVI e pelo seu festival de música Be2gether, chama-se Norviliskes; a parte bielorrussa do outro, Piackunai. Algumas famílias ficaram separadas, outras estão longe dos seus vizinhos de sempre, da igreja, do cemitério.
“A minha tia mora do outro lado da fronteira. Falamos através da cerca. Nem lituanos nem bielorrussos o proíbem. Só precisamos da ajuda dos vizinhos para combinar a hora”, conta Stanislaw Alencenowiczius, cuja casa marca o fim do território lituano. A fronteira passa exatamente no meio do seu campo de batatas.
Apesar de as duas aldeias distarem apenas alguns passos uma da outra, do outro lado da fronteira entramos num outro mundo. A noroeste do terreno de Stanislaw Alencenowoczius, distingue-se entre as árvores o branco castelo de Norviliskes. A Leste, há apenas casebres de madeira abandonados, alinhados atrás da cerca de arame.
“Por que hei de desrespeitar a lei?”
Outrora, este homem nascido na Lituânia, costumava receber a visita dos seus parentes da Bielorrússia e ele próprio ia visitá-los frequentemente. Hoje, para ir a casa da tia, com quem pode conversar em voz alta, tem de fazer 40 quilómetros até à cidade de Salcininkai para conseguir um visto no centro cultural bielorrusso, antes de se dirigir ao posto fronteiriço. A estrada que passa em frente da casa de Stanislaw Alencenowiczius acaba numa porta fechada a chave. A alguns passos da fronteira, do lado lituano, não há sinais de vida na guarita de metal verde.
Do outro lado, não há um único bielorrusso em funções. Mas não nos deixemos enganar: é proibido atirar objetos de um lado para o outro da fronteira ou tentar passar por cima da cerca. Mal começámos a caminhar ao longo do muro, apareceu um miniautocarro verde escuro sem qualquer identificação. Parou durante alguns minutos e depois foi-se embora tão discretamente como tinha chegado.
Em Norviliskes, a fronteira separou Leokadija Gordiewicz do marido e das duas irmãs. Uma, mora em Piackunai, apenas a 500 metros dali. A sua colega de escola também ali se instalou, mas é impossível manter aquela relação. As mulheres nem sequer se comunicam através da vedação. “Por que hei de desrespeitar a lei?”
Casada na época soviética, primeiro, viveu com o marido na Lituânia. Depois, ele arranjou trabalho na Bielorrússia, conseguiu um passaporte bielorrusso e decidiu ficar do outro lado da fronteira, em Asmena. A nossa interlocutora nunca visita os seus parentes. Uma viagem até Salcininkai e um visto anual custam 600 litas [174 euros]. Ela não pode dispor desse dinheiro.
“Aqui começa a Europa”
Quando se lhe pergunta quando foi a última vez que esteve com o marido, Leokadija Gordiewicz põe-se a fazer contas de cabeça. Já foi há uns anos, mas ela não se lembra exatamente há quanto. “Gostava de me divorciar, mas é muito caro”, diz a rir. Encara todas as perguntas com humor, mas dificilmente esconde o sofrimento com que responde, quer seja por causa desta vida separada quer por causa das suas dificuldades financeiras.
A meio da conversa, um miniautocarro passa a caminho do castelo de Norviliskes. Segundo Leokadija Gordiewicz, ao fim de semana, não faltam visitantes. “Os carros são tão bonitos. No entanto, toda a gente diz que vivemos mal. Mas de onde veem eles? Da Bielorrússia.” Ela não tem dúvidas, aqueles carros são comprados graças ao dinheiro ganho vendendo cigarros e gasolina mais baratos [vindos de contrabando da Bielorrússia].
Numa outra aldeia, Sakaline, igualmente dividida, a visão é a mesma. As casas lituanas estão pintadas de cores diferentes, nos jardins, os canteiros de flores estão bem tratados, as hortas cuidadas e os ramos das macieiras vergam sob o peso dos frutos. Do outro lado da fronteira todas as casas estão abandonadas. Mas, perto da guarita verde do posto fronteiriço, encontramos um todo-o-terreno e um guarda fronteiriço de serviço. Aqui, é preciso vigiar, caso contrário, voam os pacotes de cigarros.
“Aqui começa a Europa”, afirma orgulhosamente Ceslava Marcinkevic, chefe do cantão de Dieveniskes, a pequena cidade deste pedaço de terra lituana na Bielorrússia, a uma hora de carro de Vilnius, na Lituânia. “Mas também acaba aqui, porque, a toda a volta, há apenas uma cerca de arame que separa Estados e famílias. As pessoas não se podem visitar umas às outras. As possibilidades existem, mas custam tempo e dinheiro.” Este pequeno território, o enclave de Dievenikes, estende-se ao longo de cerca de 30 quilómetros dentro de território bielorrusso.
O cachimbo de Estaline
Em 1939, quando as fronteiras da Lituânia foram redesenhadas no Kremlin depois do território de Vilnius ter sido devolvido à Lituânia, o cachimbo de Estaline estava pousado em cima do mapa, ninguém se atreveu a desviá-lo, contornaram-no. É esta a lenda que os habitantes daquelas terras gostam de contar com um sorriso dissimulado.
A história verdadeira não é assim tão trepidante. Em cem anos o traçado da fronteira mudou, pelo menos, cinco vezes. Os habitantes mais velhos da região divertem-se a contar que, sem terem de mudar de casa, conseguiram viver em três Estados diferentes, a Polónia, a União Soviética e, depois, a Lituânia ou a Bielorrússia. O território de Vilnius pertenceu à Polónia durante quase todo o período entre as duas guerras. O exército vermelho ocupou-o em 1939, mas a fronteira só foi traçada em 1940, quando a URSS já era dona e senhora da Lituânia.
Quando os dois países reconquistaram a independência, a fronteira interna tornou-se o limite entre os dois Estados e visitar os vizinhos era possível sem muitas restrições. Os bielorrussos podiam ir à Lituânia rezar e entregarem-se ao recolhimento, no cemitério, junto dos túmulos dos seus parentes próximos.
Mas com a adesão da Lituânia à União Europeia, a fronteira com a Bielorrússia, que se estende por 677 quilómetros, tornou-se a fronteira externa da União Europeia e, a seguir, a fronteira do espaço Schengen, daí a necessidade de a vigiar ainda mais contra o contrabando e a imigração ilegal. O visto que antes custava cinco euros custa agora 60. Para entrarem na Lituânia, os bielorrussos que vivem ali mesmo ao lado da fronteira têm de ir ao consulado de Grodno, a mais de 100 quilómetros, entrarem na fila, voltarem mais uma vez para irem levantar o visto, passar a fronteira e, finalmente, chegarem a Norviliskes, que é mesmo ali, do outro lado. Ir visitar a família que vive a umas centenas de metros é mais complicado do que ir passar o fim de semana a Londres ou a Paris.
Não contem com os dirigentes da UE para nos tirarem da crise. O futuro vai ser moldado pelos jovens que eles marginalizaram, escreve o filósofo polaco Jaroslaw Makowski, numa altura em que Bruxelas procura fundos para ajudar o programa de intercâmbio de estudantes a sobreviver aos cortes orçamentais.
Jarosław Makowski
Até agora, os sociólogos têm-se debruçado sobre a chamada "geração perdida". Os políticos tinham-se mostrado cautelosos, não utilizando a expressão, até que o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, quebrou a conspiração do silêncio, dizendo aos seus jovens compatriotas: "Vocês são uma geração perdida". Ou, mais precisamente: "A verdade, que infelizmente não é agradável, é que a promessa de esperança – em termos de transformação e melhoria do sistema – será apenas para os jovens que surgirão daqui a alguns anos”.
A chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, podiam ter dito a mesma coisa, mas foi Mario Monti a tomar a dianteira. Isto significa que os dirigentes vão, em breve, começar a pregar "boas notícias", de modo a fazer os jovens esquecerem a vida agradável que os pais tiveram.
Falemos com clareza: são as elites políticas e intelectuais as responsáveis pela atual crise da Europa. São uma geração de dirigentes que cresceu num "palácio de cristal". Curiosamente, a existência protegida que viveram, desfrutando de prosperidade e segurança, não foi criação sua. Merkel e Cameron, tal como o antigo chanceler alemão Gerhard Schröder e o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, antes deles, herdaram-na dos seus antecessores. E revelaram ser apenas uma eficiente "cooperativa de consumo", como lhes chamou Zygmunt Bauman, consumindo os frutos do trabalho dos outros e desfrutando do brilho de êxitos que não produziram.
A Europa foi criada e construída por uma geração para a qual um passado trágico – encarnado por Auschwitz – representava uma experiência de vida. Os fundadores da União Europeia – Konrad Adenauer, Robert Schumann ou Alcide de Gasperi – perceberam que só trabalhando em conjunto poderiam construir algo duradouro e positivo. A solidariedade europeia revelou-se uma bênção.
Desenvolvimento não lucrativo mas sustentável
As elites dominantes de hoje viveram sob condições totalmente diferentes, desfrutando de segurança, paz e uma melhoria sistemática da qualidade de vida. Foi o resultado da construção de um razoável Estado social. Como é que, depois de tão espetacular sucesso, a Europa vive hoje um talvez igualmente espetacular fiasco? Isso deve-se à crença das elites atuais de que herdaram a UE dos seus antecessores, em vez de a terem tomado emprestada para os seus filhos. A mentalidade e o espírito das pessoas que lideram hoje a Europa podem ser resumidos da seguinte forma: "Vamos aproveitar a vida enquanto podemos, porque em breve a UE vai ser apenas uma memória”.
Qual é o maior problema da Europa, o tema mais escaldante dos nossos dias? Vemo-lo nas ruas e praças das nossas cidades. "Temos o direito de votar, mas não temos trabalho!", gritam os jovens desempregados. Temos uma democracia, mas não temos pão nem casa. A precariedade cresce diante dos nossos olhos. Que tipo de pessoas a sente? Guy Standing, autor de “The Precariat: The New Dangerous Class” [Precários: a nova classe perigosa], dá uma resposta curta e incisiva: praticamente toda a gente. Fundamentalmente, os jovens.
E a única coisa que ouvem dos seus dirigentes é que são uma "geração perdida", que a UE pode entrar em colapso. A precariedade, observa Standing, arrasta "quatro AA": acrimónia, anomia (ou seja, quebra dos laços sociais), ansiedade e alienação. O resultado de um tal espírito social é o "cidadão enfurecido" que vimos em ação nas ruas de Londres, no verão de 2011. São os "novos pobres", que não têm nada em comum com o desamparo dos sem-abrigo. Uma geração com uma perspetiva de vida de desemprego de longa duração ou flexi-empregos abaixo das suas qualificações e ambições. Esta situação gera raiva e fúria.
A questão que enfrentamos hoje é esta: como se cria coragem a partir desta fúria? Em primeiro lugar, não esqueçamos que a coragem de pensamento deriva da coragem de visão. Vamos, pois, dizer em voz alta: "Não tenhamos medo do nosso ódio". Temos o direito a ele, na presente situação que vivemos. Há apenas uma condição: raiva, revolta e, em última análise, ódio não devem ser dirigidos contra o outro. Não devem ser dirigidos contra outros seres humanos, porque, senão, seria como deitar petróleo no lume. Transformaríamos o nosso mundo num pesadelo absoluto.
O ódio e a raiva que milhões de jovens europeus carregam hoje nos seus corações têm de ser dirigidos contra a indiferença. O nosso imperativo categórico, presentemente, é este: "Odeio a minha indiferença". Em segundo lugar, como escreve Claus Leggewie no seu famoso livro, “Mut statt Wut” ["Coragem em vez de raiva"], grandes mudanças exigem "imaginação construtiva e iniciativa". Mas quem pode garantir que os novos fios condutores que uma Europa unida seguirá não vão ser egoísmo mas solidariedade, não concorrência letal mas colaboração, não lucro mas desenvolvimento sustentável?
Vamos primeiro assentar em quem seguramente não irá fazê-lo, por razões que são morais, intelectuais, bem como espirituais: os dirigentes europeus. Aqueles que nos últimos dois anos têm tratado de salvar a UE com tanto êxito que ela pode tornar-se apenas uma memória. Os atuais dirigentes não são a solução para os problemas da União, mas a sua origem. Pedir a Merkel ou Hollande para nos tirarem da atual crise é como pedir a um cego para debater pintura impressionista.
Crise de esperança
Então, quem? Por mais louco que possa parecer, acho que o último recurso da Europa é a geração Erasmus. Um projeto que, como ouvimos aos eurocratas de Bruxelas, é tão extravagante que pode ter de ser sacrificado, como parte das suas "medidas de austeridade". Realmente, porque havíamos de gastar dinheiro dos contribuintes em bolsas para os jovens europeus que, segundo consta, passam a maior parte do tempo a divertir-se? Em que é que as conferências, debates e viagens de estudo dos eurocratas, com as respetivas ajudas de custo, tudo financiado com os nossos impostos, serve melhor a coesão da UE do que o financiamento de experiências de estudo e de vida a jovens noutros países?
A geração Eramus é a que está confrontada com a perspetiva de desemprego. É uma geração que vive uma crise de esperança. Ao mesmo tempo, foi a que cresceu a conhecer a diversidade da Europa através do contacto entre pares. Uma geração que, devido à sua situação desesperante, entende aquilo a que o grande filósofo checo Jan Patocka chamou "solidariedade dos chocados". Este destino comum faz com que a geração Erasmus saiba hoje que o mundo como nós o conhecemos está a chegar ao fim. O que está a começar? O futuro está nas nossas mãos. É tempo de a "geração perdida" de hoje começar a construir uma nova Europa. Precisamos de uma política progressista, que não se baseie na lógica de crescimento, mas numa mudança radical com base nele. Hoje, a única liberdade não é a daqueles que dizem "mais, mais, mais" (mais consumo, mais crédito, mais destruição da Mãe Natureza), mas daqueles com força e determinação para dizer "basta!"
Membros da geração Erasmus, bem sei que estão sem trabalho, repetidamente privados de esperança num futuro melhor, mas, hoje, vocês são a última oportunidade da Europa. Se não forem vocês, quem vai salvar a UE? Quando, se não hoje? Façam-no por vocês e pelos vossos filhos. O "sonho europeu" está nas vossas mãos.
O encerramento da fábrica em Genk anunciado pela construtora americana choca a Bélgica. Mas em Espanha, para onde a produção vai ser transferida, regozijam-se da diferença de competitividade entre os dois países.
A fábrica da Ford em Genk fechará em 2014. O anúncio feito a 24 de outubro provocou uma vaga de indignação na imprensa flamenga [no dia 25, a Ford anunciou também o encerramento de duas fábricas e a supressão de 1400 empregos em Inglaterra]. Uma vez que são mais de dez mil empregos, incluindo a própria fábrica e os seus subcontratantes, que se encontram ameaçados. No Gazet van Antwerpen, Paul Geudens crítica a falta de humanidade revelada pela construtora automóvel americana:
Grosseira. Insensível. Cínica. Cobarde. Rude. Não podemos utilizar outras palavras para qualificar a atitude da direção europeia da Ford. Esta nem sequer teve a coragem de se deslocar para declarar a sentença de morte. É um insulto sem precedentes.
O editorialista, que relembra que, no mês anterior, a direção tinha assinado um contrato para a fabricação de três novos modelos, incentiva os sindicatos e os governos belgas a
iniciar um processo jurídico, […] uma rutura de promessa não deve permanecer impune. […] As dezenas de milhões de euros em subsídios que a Ford recebeu indevidamente deveriam ser reembolsados. Seriam muito mais úteis aqui [na Bélgica] para a reconversão do que nas fábricas na Espanha ou na Alemanha.
No Standaard, o chefe de redação Bart Sturtewagen admite que a forma como a Ford está a agir é “repugnante”, mas apela aos belgas que “arregacem as mangas” e parem de procurar culpados:
Valerá a pena desperdiçar esta crise com debates estéreis que não salvarão nem criarão qualquer emprego? Gastamos constantemente energias a dividir as pessoas: empregadores contra empregados, banqueiros contra contribuintes, esquerda contra direita. […] Flamengos contra Valões. […] Por que não utilizar um décimo desta energia na busca de medidas e escolhas políticas mais prometedoras e que terão mais efeito na nossa competitividade?
A 1500 quilómetros do local, o ABC utiliza a mesma fotografia que o Gazet van Antwerpen na primeira página, mas com um tom completamente diferente: “Ford deixa a Bélgica atraída pela competitividade da Espanha”. Na medida em que a produção da fábrica em Genk será transferida para Almusafes, na região de Valência:
A reestruturação mundial desenhada pela Ford reforça os interesses da indústria automóvel espanhola […]. Pela primeira vez depois de vários meses, a Europa do Sul impõe-se perante a do Norte numa decisão de grande importância industrial.
A decisão da construtora americana resulta na perda de dez mil empregos na Bélgica, mas garante a continuidade de 15 mil outros em Espanha, adianta o ABC:
As lágrimas dos trabalhadores de Genk contrastavam ontem com o alívio na fábrica de Almusafes. […] As tensões nacionalistas que abalam a Bélgica estão relacionadas com o encerramento da fábrica de Genk, cujos modelos passarão a ser produzidos com custos inferiores em Valência. […] Num período de ajustamentos e de encerramentos, a Espanha consolida a sua posição de segunda construtora europeia após a Alemanha, no setor que representa 10% do PIB e emprega mais de 300 mil trabalhadores.
Face a esta reviravolta, La Libre Belgique recorda os encerramentos das fábricas da Renault em Vilvorde, em 1997, e da Opel (General Motors) em Antuérpia, em 2010, e interroga-se: “Haverá um mal belga?”:
O encerramento da fábrica Ford em Genk deve-se aos elevados custos salariais na Bélgica (€40,60 à hora), […] que detinha em 2011 o recorde da União Europeia em matéria de custo salarial por hora, sendo duas vezes mais elevado do que na Espanha (€22).
No entanto, Peter Van Houte, economista responsável pela ING, quando interrogado pelo diário belga, constata que “ignorar este problema de custo na Bélgica seria uma falta de discernimento. […] Mas focar-se neste custo também seria um erro”. As questões “relacionadas com a dimensão do país, outras com decisões políticas ou perspetivas estratégicas” podem explicar um clima pouco apreciado pelas multinacionais. O último relatório de competitividade do Banco Mundial confirma-o, colocando
a Bélgica em 20º lugar em 2008 e em 33º lugar em 2012. Contudo, neste mesmo espaço de tempo, outros países europeus progrediram. Como é o caso da Espanha, que saltou do 62º lugar para o 44º.
31 da Armada - Com este post, proponho demonstrar como podemos sair da crise com treze medidas relativamente simples.
Todas as propostas foram desenvolvidas e maturadas no meu gabinete, onde participei em longas sessões de brainstorming comigo mesmo, são racionais do ponto de vista económico e foram devidamente testadas num modelo matemático que consta de uma folha excel que eu próprio desenvolvi.
Notem que algumas das medidas não são fáceis e vão exigir bastantes sacrifícios dos Portugueses. Não obstante, as desvantagens, que procurarei identificar sempre que aplicáveis, parecem ser negligenciáveis em face dos objetivos subjacentes às medidas.
O post é um pouco longo, mas, devido à seriedade e urgência do tema, peço que tenham alguma paciência.
Por fim, sublinho que este post reflete exclusivamente as posições pessoais do autor.
A - Medidas de fomento económico
I - Cluster Industrial
Cada família cede o filho mais velho para, a partir dos seis anos de idade, trabalhar gratuitamente em sweatshops de multinacionais a instalar em Portugal.
Baixa a média dos custos unitários do trabalho, reduz efetivamente a despesa pública com educação e saúde, diminui o consumo das famílias, capta investimento estrangeiro e cria novo cluster industrial em Portugal focado em exportações de produtos de alto valor acrescentado.
II - Cluster marítimo
Concessionar a Zona Económica Exclusiva de Portugal para a prática de atos de pirataria marítima, concentrando os esforços de captação de investidores nas regiões onde existe capacidade instalada (e.g. Corno de África e Sudeste Asiático).
Capta investimento estrangeiro e rentabiliza recursos públicos pouco utilizados, com a vantagem adicional de o risco da atividade ser integralmente suportado pelos concessionários.
III - Alugar os Portugueses à ciência
Permitir que governos estrangeiros, mediante o pagamento de remuneração adequada, testem nos Portugueses modelos económicos que pretendam implementar nos respetivos Estados.
Rentabiliza capacidade instalada (e.g. a experiência que os Portugueses têm vindo a adquirir enquanto cobaias da medição científica dos efeitos na economia dos aumentos de impostos) e, em simultâneo, aumenta o rendimento das famílias.
IV - Exportar excedentes de dirigentes sindicais
Vender dirigentes sindicais a países com carências neste setor. Os mercados alvo identificados até ao momento são Cuba, onde os funcionários públicos foram alvo de um despedimento coletivo massivo e não tiveram o apoio dos sindicatos locais, e a República Democrática Popular da Coreia, onde o movimento sindical é controlado pela única entidade patronal do país.
Revitaliza uma indústria algo obsoleta mas em que Portugal é líder e reconhecidamente fabrica os melhores produtos do mundo. Permite escoar os excedentes resultantes de uma oferta superior à procura local e contribui para o equilíbrio da balança comercial.
B - Medidas de controlo da despesa pública
V - Exportar pensionistas
Vender pensionistas a países em vias de desenvolvimento que queiram aumentar os índices de esperança média de vida, por contrapartida da assunção dos encargos com pensões pelos países de destino.
Reduz despesa pública com prestações sociais e também contribui para o equilíbrio da balança comercial.
VI - Pagamento de subsídios de férias e de Natal dos funcionários público em espécie
Pagar os subsídios aos funcionários públicos em espécie através de mensagens de incentivo transmitidas pelos utentes de serviços públicos, tais como "boa, pá!", "continue, que está a fazer um bom trabalho" e "nunca tive um atendimento tão bom como este e olhe que já fui atendido muitas vezes no setor privado".
Reduz a despesa pública com remunerações, aumenta a autoestima dos funcionários públicos e cria proximidade entre cidadãos e Estado, embora o estudo dos efeitos da irreversibilidade dos direitos adquiridos com esta medida deva ser aprofundado.
VII - Desincentivos à dependência excessiva do Estado
O acesso ao Serviço Nacional de Saúde, a prestações sociais ou à inscrição de filhos em escolas públicas passa a ficar condicionado à participação e vitória em combates de vale tudo ou em super maratonas entre os potenciais utentes.
Reduz a despesa pública e melhora a forma física dos Portugueses.
C - Receitas Correntes
VIII - Tributar presenças em manifestações
Tributar em sede de Imposto do Selo a presença em qualquer tipo de manifestação à taxa única de 50€ por manifestante (agravada em 10€ sempre que a presença em manifestações seja acompanhada da utilização de bens de luxo), devendo o pagamento do imposto ser feito pessoalmente nos serviços de finanças com antecedência mínima de 15 dias em relação à manifestação proposta.
Aumenta as receitas públicas e permite regular um setor em franca expansão e com amplo potencial de crescimento.
IX - Sobretaxa extraordinária de IRS com base em avaliação indireta
Aplicar a sobretaxa extraordinária de IRS utilizando o peso em kg do agregado familiar como base tributável.
Conduz a uma tributação mais de acordo com as possibilidades presumíveis de cada contribuinte, melhora o coeficiente de Gini, simplifica o sistema tributário e reduz a evasão fiscal. Como desvantagem, identifica-se um provável decréscimo da receita fiscal no próximo quinquénio em resultado do previsível emagrecimento dos contribuintes e consequente erosão da base tributável.
D - Receitas extraordinárias
X - Venda da História de Portugal
Vender direitos de utilização de episódios e figuras da História de Portugal. A título de exemplo, os Descobrimentos poderiam ser vendidos a Espanha (que passaria assim a deter o monopólio nesta área), a Restauração de 1640 seria propriedade da Comunidade Autónoma da Catalunha e o património do 25 de Abril podia ser franchisado a partidos comunistas estrangeiros sem historial de resistência e clandestinidade.
Permite encaixe financeiro imediato. No entanto, o valor destes ativos não deverá ser significativo, uma vez que, contabilisticamente, os mesmos já estão completamente amortizados pelo decurso do período da vida útil. Será talvez possível recuperar o valor residual.
XI - Rentabilização da Base das Lajes
Denunciar acordo para utilização da Base das Lajes com os EUA e ceder a Base à República Islâmica do Irão para instalação de base de mísseis balísticos intercontinentais com ogivas nucleares, pelo preço de 100.000.000.000 EUR.
Permite encaixe financeiro imediato significativo e contribuirá para uma maior dinâmica da economia mundial em resultado do início da Terceira Guerra Mundial.
E - Medidas Estruturais
XII - Independência
Deslocar o Presidente da República, Governo, Assembleia da República, Tribunal Constitucional e a capital da República Portuguesa para as Ilhas Desertas. Em seguida, o território continental, a Madeira e os Açores (em diante conjuntamente designados por Lusitânia) declaram a independência de Portugal, esse estado colonialista e opressivo gerido com mão de ferro a partir das Desertas. Os cidadãos de Portugal (i.e., os que vivem nas Desertas) ficam responsáveis pelo pagamento das dívidas contraídas por Portugal e que até então foram abusivamente suportadas pelos habitantes dos territórios ocupados por esta anterior potência colonial. A Lusitânia segue o seu caminho sem qualquer dívida pública.
As vantagens para os Lusitanos são evidentes.
XIII - Enorme aumento de impostos
Aumentar os impostos cobrados aos Portugueses até ao ponto de estes ficarem com um rendimento disponível inferior a 50% do rendimento bruto.
Permite alterar por via legislativa a classe social dos Portugueses, desviar recursos das famílias e da economia para manter níveis de despesa pública em relação aos quais não existe qualquer margem de manobra, bem como...
Ao anunciar a sua saída da Assembleia da República, Francisco Louçã espeta mais um prego – daqueles bem grandes – no caixão do Bloco. A arrogância extrema, a superioridade moral cega e a demagogia perigosa que têm servido de imagem de marca e de pilares de sustento da existência bloquista perderam o seu principal executante. Uma má notícia para o BE, uma esperança para o país.
Venceu tudo em Portugal, conquistou para sempre os adeptos do FC Porto, mas é o actual momento no Atlético e a projecção que tem no futebol actual que impressiona. Guardiola deu o mote quando rotulou na época passada o colombiano como o melhor jogador de área do Mundo, Falcao juntou a isso golos (quase todos decisivos, principalmente os na final da Liga Europa e Supertaça Europeia), e desde então El Tigre ganhou uma dimensão estratosférica. O avançado é um dos nomes mais falados da actualidade (imprensa inglesa e espanhol dedicam-lhe muito espaço), muitos (várias figuras conceituadas na modalidade) afirmam que deviam ficar no pódio da Bola de Ouro e alguns cometem mesmo a ousadia de o colocar ao nível de Messi e Ronaldo. Algo exagerado, pois em termos gerais está num patamar inferior em relação a nomes como Iniesta, Xavi, Ozil, Robben, como a nível de avançados não é sequer melhor que Aguero, Benzema, Higuain, Ibrahimovic, Dzeko, Van Persie e Rooney. No entanto toda esta visibilidade é sem dúvida notável (ainda para mais quando é praticamente um produto "made in Portugal"). Aliás todo o seu trajecto no futebol europeu é incrível. Na sua primeira época no Porto, alcançou um número de 43 jogos oficiais em todas as competições onde furou por 34 vezes as redes adversárias, vencendo a Supertaça e a Taça de Portugal.
Na segunda e ultima época ao serviço dos azuis e brancos e comandado por André Villas-Boas, conquistou 4 títulos dos 5 onde participou (a Taça da Liga foi para o Benfica) e embora tivesse marcado menos golos no campeonato, acumulou um devastador numero de golos na Liga Europa que viria a vencer (17 tentos nesta mesmo edição, um record histórico). Rumou ao Atlético de Madrid - muitos foram os que o criticaram, inclusive Pinto da Costa, acusando-o de se ter mudado por dinheiro e refutando que não iria vencer nada no seu novo clube - e deu continuidade ao que tinha feito no Dragão, conquistando títulos e principalmente facturando como nunca. Golos atrás de golos atrás de golos (ficou em terceiro na Liga Espanhola, atrás dos ''extraterrestres'' Messi e Ronaldo e renovou o prémio de melhor marcador na Liga Europa) e conquistou pelo seu novo emblema a Liga Europa (um bis pessoal na competição) e a Supertaça Europeia edição 2012, onde marcou 3 dos 4 golos com que o Atlético de Madrid venceu o Chelsea, clube que tanto desejava contar com os seus serviços. Uma nova época se desenrola e já vai na frente dos marcadores em Espanha (em termos globais conta já com 15 golos esta época, tendo marcado nos últimos 9 jogos que disputou). Tem atingido grandes metas, demonstrado um talento fora do normal em termos de área , não só nos clubes onde passa mas também na sua seleção, onde começa a afirmar-se como mais um grande talento de um país que viu brilhar Carlos Valderrama ou Asprilla. Veremos o que mais irá atingir, e principalmente se irá um dia emprestar a sua finalização num daqueles 10 clubes que se diferenciam de todos os outros pela dimensão que tem (Real, Barça, Milan, Inter, Juventus, Man Utd, Bayern, City, Chelsea e Arsenal).
Conseguirá conquistar o pichichi? Será Falcao uma referência no Mundial 2014? Por onde passa o futuro de El Tigre? E no que diz respeito aos melhores jogadores da actualidade em que lugar está o colombiano? Será mesmo o melhor avançado da actualidade?
A vice-presidente da Comissão Europeia Viviane Reding acredita que, se mais mulheres tivessem poder de decisão nas instituições financeiras e económicas, menos erros teriam sido cometidos, evitando uma crise com a dimensão da actual.
(…)
Viviane Reding, também comissária europeia da Justiça, está a trabalhar numa proposta de directiva que imporá um sistema de quotas para os conselhos de administração (não executivos) das empresas de todos os estados-membros, que passariam a ter de incluir 40 por cento de mulheres.
E se tivesse sido um homem a fazer este tipo de declarações, dizendo, por exemplo, que a crise não é pior porque os homens “estão no poder” ? O Feminismo é uma perigosa aberração, bastante similar ao racismo e à xenofobia e que nos últimos anos se tem tornado política pública. Veja-se o caso da Islândia que criminalizou a prostituíção e os bares de strip.