O ex director da organização de saúde da ONU Brock Adams alegadamente proferiu uma das frases mais emblemáticas dos nossos tempos:
“Para atingir o governo mundial, é necessário remover das mentes dos homens o seu individualismo, a lealdade à família, tradições, nacionalismo patriota e dogmas religiosos”.
À primeira vista parece uma frase carregada de radicalismo que não merece demasiada atenção, mas o facto é desde o fim da segunda guerra mundial que as elites do mundo ocidental estão empenhadas em promover o fim destes supostos “vícios” da mente popular. Não é preciso procurar muito para verificar que o discurso “educativo” governamental europeu equipara o tradicional amor pela nação a uma forma de xenofobia perigosa e equipara o apego às tradições locais a uma espécie de negação anacrónica (e até patológica) da modernidade globalizada.
No ocidente, desde o pós-guerra que as nações passaram a ser vistas como perigosas, como entidades nocivas ao ser humano e que como tal precisam de ser diluídas, contidas ou, preferencialmente, abolidas. Nasceu assim a ideologia anti-nação, tal como o amor das elites pelo supranacionalismo, onde se destaca, naturalmente, o nascimento do projecto da União Europeia.
Como resultado, para estas elites, avançar para um governo europeu de um momento para o outro seria impossível devido à existência destes “vícios da mente” que ditam inexoravelmente que as pessoas se preocupam mais com os que pertencem ao seu grupo (nação ou família) do que com os que não pertencem, e como tal prezam a sua independência. Perante este obstáculo, as elites europeias optaram por uma integração opaca e à revelia dos povos, baseando-se no excelso modelo económico do futuro (o euro, o mercado único, harmonização legal e fiscal, eurobonds, etc…). Porém, como todas em todas as centralizações de poder, a competição económica jurisdicional perde-se e o relativo declínio económico torna-se um destino fatal. Contudo, não serão os actuais problemas económicos que destruirão as nações; os ex-países da União Soviética também passaram pelo declínio material comunista e conseguiram refazer a sua vida aderindo à economia de mercado e mantendo intacto o seu espírito nacional.
Não, dificilmente será pela via económica que as nações serão abolidas; o segredo para tal está, obviamente, na política de imigração que o supranacionalismo impunha. Este baseia-se numa ideia simples amplamente documentada por historiadores: se os nativos deixarem de ser as únicas vozes dentro das nações, estas perderão a sua força como entidades políticas e sociais. Inicialmente, a abolição de fronteiras foi feita entre os países da União Europeia, mas rapidamente se constatou que a migração permanente entre países europeus foi quase insignificante (tirando os casos mais recentes de países como a Roménia). As diferenças económicas entre países europeus não eram tão grandes ao ponto de desafiar em massa o apego dos europeus a viver nas suas nações. Perante este “fracasso”, avançou-se paralelamente com o plano B, imigração não-europeia; e esta estratégia, devido às diferenças económicas entre a Europa e os países de origem dos imigrantes, foi extremamente bem sucedida (principalmente para partidos de esquerda, que assim ganharam eleitorado).
Programas de refugiados, justificações de que os países precisam de imigração em massa para ter crescimento económico, a defesa da sustentação da segurança social pública, alegações de dívidas morais para com outros povos … todas as justificações serviram o propósito. Como consequência, países como o Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Suécia, estão agora todos com grupos de imigrantes com números elevados que em vários casos chegam a rondar os 20% da população.
Chegados a este ponto, torna-se relevante questionar o que são nações e se estas podem de facto ser abolidas.
Uma nação é tipicamente definida como um grupo territorialmente circunscrito cujos elementos estão ligados por tradições, genealogia, valores, cultura, língua, religião e normas sociais. Naturalmente, uma nação nem sempre corresponde a um Estado soberano e muitas vezes existe apesar dessa falta de independência, mas é lógico que quando sentem a sua identidade em causa essa necessidade torna-se premente (e.g. País Basco, Catalunha, Escócia). Outra noção mais alargada de nação não implica um território específico mas apenas uma ligação familiar/cultural dispersa geograficamente, tal como era o caso dos judeus antes da formação do Estado de Israel.
De uma perspectiva evolutiva, o espírito de nação pode ser explicado com a formulação canónica da “Inclusive fitness” do biólogo William Hamilton, que postula que os indivíduos estarão sempre mais dispostos a sacrificar-se por outros indivíduos que estejam genealogicamente próximos do que por indivíduos que estão distantes; algo óbvio em relação a familiares, mas igualmente relevante para o espírito de nação como família alargada, em que o altruísmo devotado ao “in-group” (nação) é totalmente diferente do que é devotado ao “out-group” (os outros).
De facto, ao olhar-se para as chinatowns espalhadas pelo mundo ou para outras comunidades, rapidamente percebemos que os indivíduos por norma trazem “a nação” com eles, especialmente quando há uma diferença acentuada entre a nação receptora e a nação “exportadora”.
Assim sendo, é possível abolir as nações?
É possível que se consiga abolir uma ou duas ou 10 nações em concreto, mas dificilmente será possível abolir o conceito de nação como entidade real e orgânica. Dadas as tendências comportamentais humanas, as tentativas actuais de criar o homem universal sob o mesmo Estado estão muito provavelmente condenadas ao fracasso e não vão fazer mais do que baralhar os mapas das nações, com prováveis conflitos territoriais pelo meio.
O prémio Nobel e economista Thomas Schelling demonstrou no seu modelo de segregação que basta que os indivíduos tenham uma leve preferência pelos “seus” para que o mapa se transforme por completo levando a uma completa segregação territorial. Isto não é surpresa para ninguém, mas as elites ocidentais, munidos dos seus pensadores racionalistas, declararam guerra à tradição, para que no fim de todas as crispações entre grupos se volte a uma situação de independência grupal. É por isto que o problema da União Europeia (e dos EUA) está muito para além do Euro e das questões económicas. É sim um problema de conceptualização utópica da essência humana e de ignorância propositada sobre a história dos grupos na natureza.
Sem surpresa, os países orientais como o Japão ou a China não aderiram a estas ideologias anti-tradição e anti-nação; tal irá fazer com que não só possam manter as suas identidades, mas também com que consigam evitar todos os problemas que a ruinosa tentativa de criar novas identidades por decreto irá trazer.
Por conseguinte, o actual racionalismo anti-nação é possivelmente o maior inimigo das liberdades que o mundo ocidental enfrenta, mas este enfrenta necessariamente um inimigo ainda maior: a nação.
A violência policial é uma infeliz realidade. Já a utilização do termo “skinhead” e a associação ao racismo parecem-me uma tentativa de distorcer um problema que não se limita a afectar a população negra. Quem conhece a realidade dos bairros sociais do Porto, como eu conheço, sabe que na maior parte das vezes a violência policial é dirigida contra brancos, que constituem a maioria dos habitantes dos guetos da cidade. Estamos perante uma dupla crise da força policial em Portugal. Em primeiro lugar pela falha constante em assegurar a segurança dos cidadãos perante o crescente clima de criminalidade e impunidade. Em segundo lugar porque continuam a aparecer histórias – e são inúmeras as que se desconhecem – de abusos da autoridade, incluíndo uma absoluta prepotência em rusgas e operações stop e espancamentos dentro e fora das esquadras. E a sádica ironia está no facto de que se os telefones das esquadras são lentos a responder aos pedidos de auxílio, já as listas telefónicas têm, aparentemente, uma sinistra e frequente utilização. É também curioso que o Estado, que fecha os olhos à efeméride de algumas zonas da cidade correrem o risco de transformação num mini-Big Brother, ergue a voz contra a videovigilância nas esquadras, como se “direitos” de meia dúzia de comerciantes fossem superiores à necessidade de fiscalizar a acção dos gorilas no seio da PSP, da GNR ou da PJ. Tenho a certeza absoluta que os bons polícias, que decerto são muitos e sofrem na pele a descredibilização provocada pelas “ovelhas negras”, seriam os primeiros a agradecer a medida.
As estatísticas não são absolutamente fiáveis e há contributos genéticos e culturais difíceis de pesar. Luiz Gamito, da Associação de Psiquiatria Alentejana, defende que o único factor certo e evitável por detrás da elevada prevalência do suicídio no Alentejo é a falta de médicos. O alerta volta a servir de mote no segundo congresso da associação, que arranca hoje em Serpa. “O Alentejo tem das maiores prevalências de suicídio do mundo. Enquanto assim for, esta será a nossa principal preocupação.”
Embora o Instituto Nacional de Estatística contabilize as mortes por lesão auto-infligida, que servem de base aos números oficiais do suicídio, existe uma percentagem elevada de mortes violentas por causa indeterminada onde poderá estar uma fatia significativa de casos. A taxa oficial de suicídios em 2010 rondou os 10,32 casos por 100 mil habitantes (1098 mortes) mas na realidade poderá rondar os 20,72 casos, cerca de 2204 óbitos nesse ano, estimou ao i em Fevereiro o psiquiatra Ricardo Gusmão, que tem estudado o fenómeno. O facto de a região norte ser mais religiosa pode fazer com que haja mais casos ocultos por motivos de estigma social.
Se com todas estas nuances é difícil avaliar com exactidão a realidade, o psiquiatra Luiz Gamito sublinha que historicamente os indicadores têm apontado para uma diferença avassaladora ente Norte e Sul, com o cenário mais grave no Alentejo, onde a taxa de suicídios oficial supera em algumas zonas os 20 casos/ano por 100 mil habitantes. Em Odemira, concelho com recorde de suicídios a nível europeu, aponta-se para 40 casos/ano por 100 mil habitantes. Luiz Gamito avisa que nos últimos anos a incidência tem vindo a aumentar mo litoral alentejano, nos concelhos de Santiago do Cacém, Sines e Grândola, algo que na sua opinião deveria ser estudado. Entre tudo o que está apurar, inclusive as próprias causas genéticas e culturais do suicídio, a lacuna médica parece evidente, até pelo paralelismo com o único país europeu onde também há uma divisão nacional na incidência do suicídio, explica Gamito. Em Portugal, a divisão faz-se a partir de Santarém. Na Hungria, constata-se o mesmo, mas na metade Leste. O ponto em comum é o número de psiquiatras por habitantes, conclui o médico. No Alentejo serão no total oito a nove especialistas no SNS. “É razoável admitir que a falta de assistência permite que a praga avance. E se não sabemos com certezas que factores têm mais responsabilidade, sabemos que se houver mais médicos a tratar pessoas com depressão, há menos suicídios.”
Política de incentivos Para Gamito, até para resolver situações como a do Hospital de Beja, que tem tido dificuldades em recrutar psiquiatras para a futura unidade de internamentos urgentes, seria importante definir uma política de incentivos que atraísse os médicos, que acabam por fazer formação nos grandes centros urbanos e encontrar trabalho. O médico refere também que, numa situação de crise, em que os casos psiquiátricos tendem a aumentar, a ausência de planeamento e um país em que os serviços tendem a variar “entre o péssimo e o excelente”, tornam a capacidade de resposta em termos de pessoal e instituições inconsistente.
Além do suicídio e dos riscos acrescidos da crise, vai debater-se o potencial de novas ferramentas como a realidade virtual e diferenças nos casos rurais e urbanos de psicopatologia. Este ano o tema foi abordado com o caso do autor do triplo homicídio em Beja, que viria a cometer suicídio poucos dias após ter sido detido. Francisco Esperança, de 60 anos, tinha sido diagnosticado com depressão aos 30 anos. Segundo o advogado de defesa num caso de desfalque no banco onde trabalhava, julgado nos anos 1980, o tribunal acabou por decidir-se pela prisão em vez do acompanhamento recomendado numa perícia psiquiátrica feita na altura. Sem comentar o caso, Gamito diz que as dificuldades de acesso e falta de assistência podem precipitar casos violentos.
A associação foi criada em 2011 para enfatizar o problema regional da saúde mental e contribuir com soluções. Em parceria com a Delta Cafés, lançam este ano no congresso uma campanha que aproveita o espaço para mensagens nos pacotes de açúcar. A provocação do humorista Art Buchwald “Não se suicide. Poderá sempre arrepender-se duas semanas depois” foi uma das frases escolhidas. O objectivo é transmitir a ideia de que o suicídio é o fim da linha de uma doença e pode ser prevenido.
O Económico divulga hoje uma notícia preocupante sobre o decréscimo de utilização de comboios e de metropolitano pelos portugueses.
Traduzindo as percentagens, ficamos a saber que no primeiro trimestre de 2012, quando comparado com o de 2011, houve menos 3 milhões de passageiros que recorreram ao transporte ferroviário e 4,3 ao metro, em Lisboa e no Porto.
Como é de crer que apenas uma percentagem relativamente baixa tenha passado a utilizar o automóvel (também decresceu o seu uso, e muito, segundo outras estatísticas), só se pode concluir que a razão está na conjugação de aumento de preços dos transportes, diminuição geral do poder de compra e desemprego a crescer em flecha.
Ou seja: para além de muitos portugueses terem deixado de se deslocar para trabalhar, vão certamente menos às suas terras, não passeiam pelas cidades com os filhos durante os fins-de-semana, têm mais pais e avós reformados colados à casa, aos bancos dos jardins, quando muito ao bairro.
Não estamos a falar de peanuts: num país com menos de 11 milhões de habitantes, os números acima indicados são assustadores. Só daqui a algum tempo seremos capazes de avaliar as consequências sociais e psicológicas que decorrem de tudo isto. E não serão boas.
Se está a pensar emigrar, saiba que os Estados Unidos lideram a lista dos países que mais importam talento e são, simultaneamente, o maior exportador de executivos de topo. Em termos regionais, a liderança na importação de talento pertence à Ásia-Pacífico, seguida imediatamente pela América do Sul. No fim da tabela de importadores de talentos estão a Rússia e a Bélgica. Os dados são da Heidrick & Struggles, a empresa especialista em gestão de talento do grupo Ongoing, detentor do Diário Económico, e podem ser lidos no estudo "Cross Border Placements 2011".
Um relatório que analisa todas as colocações intermediadas pela Heidrick&Struggles, no ano passado, que envolveram mudança de país de residência do candidato.
Já na lista dos maiores exportadores de talento, a seguir aos Estados Unidos vem o Reino Unido, seguido pela China, Alemanha e Singapura. Já os países que menos exportam os seus quadros superiores são os Emirados Árabes Unidos e o Brasil.
"Num mundo globalizado, as empresas precisam cada vez mais de executivos para liderar as crescentes operações internacionais", lê-se no relatório. Razão pela qual a consultora quis estudar todas as contratações que passaram pelos seus escritórios e que implicaram que o candidato mudasse de país. No total, conclui-se que 18% dos executivos que trocaram de emprego tiveram de relocalizar a sua vida num país diferente, sendo que o maior número de contratações registou-se na região da América do Norte. Contudo, o maior número de contratações "além-fronteiras" foi registado na região da Europa, Médio Oriente e África. Cerca de 8% das contratações "além-fronteiras" registam-se na região da América do Norte constituindo movimentações inter-regionais.
Quando analisados por género, os dados dão razão à tradição: se é verdade que 19% das contratações internacionais pertencem aos homens, é igualmente verdade que o número de mulheres a procurar emprego fora do seu país de origem está a crescer significativamente, estando já muito perto do valor masculino, 16%.
É certo que as posições de consultoria em liderança foram excluídas deste estudo, mas é de notar que a maior mobilidade além-fronteiras se regista na prática industrial. E se a grande maioria das contratações internacionais para SCM, COO e CEO foram realizadas no masculino, já no caso de posições na área dos recursos humanos e direito, a maior percentagem foi conseguida pelas mulheres.
Todos os dias há notícias sobre executivos que saem dos seus países de origem para liderarem projectos internacionais a partir de outro país. Só em Portugal, 58 desempregados, por dia, anulam a sua inscrição no centro de emprego para emigrarem. Dos 528 executivos que mudaram de país para conseguir um emprego melhor, assessorados pela Heidricks & Strugles, é de salientar que apenas 94 mudaram de um país que não fala inglês para outro cujo inglês é falado de forma fluente. Ou seja, as mudanças de executivos de países de língua inglesa para outros que não usam o inglês tem crescido exponencialmente, mas isso não se verifica de todo no sentido contrário.
Conclusões
Viver fora O relatório da Heidricks & Strugles concluiu que dos 2.946 executivos que ajudou a encontrarem novo emprego, 528 foram obrigados a mudar de país de residência, aquilo a que chamaram "Cross Border Movements". Fora da análise ficaram as funções ligadas à consultoria de liderança.
No mundo Os dados mostram que o maior número de contratações de executivos foi feito na região da América do Norte. Contudo, a maioria dos "Cross Border movements" aconteceram na Europa, Médio Oriente e África. Ainda assim, é significativo ver que 7,7% dessas mudanças de país realizaram-se dentro do mesmo continente.
Ásia-Pacífico Os países asiáticos e do Pacífico são a região que mais precisa e contrata executivos em todo o mundo, embora no topo dos países estejam os Estados Unidos, que são também o maior exportador de talentos, seguidos do Reino Unido e da China.
Mulheres Das 2.335 mudanças dos executivos homens, 19% foram mudanças de país e região, enquanto esse valor apenas chega aos 16% quando analisadas as contratações de mulheres. É, ainda assim, um número que parece estar a crescer a um ritmo elevado, em especial em funções ligadas aos recursos humanos e ao direito.
Comerciantes inconformados com os planos de urbanização para os bairros históricos de Lisboa, que só admitem comércio de bebidas a quem já está instalado.
A proposta da Câmara de Lisboa de interditar a abertura de novos bares ou discotecas nos núcleos históricos do Bairro Alto, Bica, Mouraria, Madragoa, Alfama e colina do Castelo é considerada positiva por juntas de freguesia e moradores, mas os comerciantes do Bairro Alto acham-na injusta e uma sentença de morte à diversidade cultural do local. A alteração aos planos de urbanização para aqueles núcleos, que já vigoravam há 12 anos, e que estão abertos até amanhã à discussão pública, teve inexpressiva participação popular. Se não se esgota no capítulo da diversão nocturna, pois define regras para novas dinâmicas urbana e social, é a noite o principal vector dos documentos, de maior interesse para residentes e agentes económicos. E a dedo aponta-se: ninguém quer ser um novo Bairro Alto.
"Não há respeito por quem quer descansar, a lei do ruído não é cumprida no Bairro Alto, mas vamos obtendo algumas vitórias, mesmo sendo uma guerra longa", argumenta, em síntese, Luís Paisana, presidente da associação de moradores do bairro.
Pretendem os planos de urbanização, que se sobrepõem ao actual Plano Director Municipal, e que deverão vigorar por dez anos após aprovação, diversificar a actividade comercial, e incentivar a instalação de unidades turísticas, regenerando o espaço público. Quanto ao património edificado, os planos não se limitam a definir parâmetros para a sua reabilitação, pois liberaliza a possibilidade de crescerem em altura, permitindo a construção em sótão, também a abertura de caves, que em nova obra terá de prever estacionamento automóvel. Mas se interdita remendos nas fachadas e privilegia obra inteira, também avaliza a demolição de aberrações, ou de reabilitação economicamente inviável.
Todavia, o facto de confinar a animação nocturna aos locais onde esta já existe (são definidos zonamentos, uns para habitação, outros para os bares) constitui o vinco diferenciador para os anteriores regulamentos. "Como forma de preservar o sossego", assim define a câmara.
"Há mais de 300 bares", esclarece Luís Paisana: "Há anos que não se podem abrir mais bares, mas o que tem acontecido é que se vão montando novos comércios, seja do que for, e que, acto contínuo, pedem licenciamento para uma secção acessória. Rapidamente, essa secção passa a principal. Na prática, deixam de vender roupas, e passa a ser um bar."
De ora em diante, os novos pedidos de abertura de bares não serão autorizados, tal como essas secções acessórias serão banidas. "Esse é um ponto a favor dos moradores e do próprio bairro", diz Luís Paisana.
Belino Costa, em representação dos comerciantes do Bairro Alto, remete para o comunicado-carta da associação, dirigido ao presidente da câmara. Em sete pontos de contestação às medidas, lê-se ser de prever que, "numa década, as actividades comerciais da zona estejam maioritariamente nas mãos de emigrantes, transformando o bairro cultural numa espécie de 'Martim Moniz do século XXI'".
Impacte negativo
Lamentando não terem sido ouvidos na preparação do plano, advertem que tal medida poderá ser "uma sentença de morte à diversidade cultural do bairro e terá um impacte negativo no equilíbrio comercial de toda a zona (...) e que a multiplicação de restaurantes levará a tal concorrência que arrastará o sector para níveis de oferta de baixo preço, multiplicando os angariadores de clientes". Acrescentam os comerciantes: "Tal visão estratégica é contrária à alma e democraticidade do Bairro Alto e terá consequências muito negativas."
Luís Paisana advoga que a abertura a empreendimentos turísticos "pode beneficiar o bairro, se for turismo de qualidade, pois esses empresários não terão interesse em ver a zona conspurcada". Mas também alerta que o regulamento deveria ser mais claro a respeito do que pode ou não, e onde, abrir ao público.
Semelhante preocupação tem o presidente da Junta de Freguesia de Santos-o-Velho (Madragoa), Luís Monteiro: "Há que dar atenção ao espaço público e aos estabelecimentos existentes, não vá dar-se o caso de cairmos noutro Bairro Alto. Preocupa-nos a possibilidade de mudanças de ramo de actividade e as secções acessórias, com horários nocturnos. Queremos que haja zona de divertimento saudável, que não incomode os residentes."Propõem os comerciantes que seja permitida a instalação de bares na zona de restrição, "porque são complementares à actividade turística e à restauração" e que, reconhecendo a câmara a existência de um conjunto de estabelecimentos não licenciados, possam estes processos ser analisados para eventual legalização. "Durante 16 anos, a CML foi permitindo a abertura e atribuindo horários de funcionamento a estabelecimentos de bebidas, de facto. Não podemos fazer de conta que não existem, especialmente em tempos de crise e desemprego", lê-se no comunicado dos comerciantes.
"Não tem lógica abrir mais bares, mas é positivo que se abra outro comércio", diz a autarca de Santo Estêvão (Alfama), Maria de Lurdes Pinheiro, referindo-se à zona interdita a novos bares, apenas a Rua dos Remédios. A autarca também lamentou que, na sessão pública, tivessem comparecido mais técnicos (cinco) do que residentes – "apenas eu e três moradores" –, e que os regulamentos definam horários para o Bairro Alto, e não para outros bairros, no caso das lojas (de conveniência ou não) que à noite vendem bebidas, e onde os jovens se juntam à porta, em grande algazarra. "Isto não pode ser um novo Bairro Alto", concluiu a autarca.
"Lisboa não é um todo", critica Luís Monteiro, referindo-se à portaria só aplicável ao Bairro Alto. "No Conde Barão, que já é freguesia de São Paulo, mas que tem influência na de Santos, há ali uma linha de montagem. O vidro que por ali corre à noite é uma arma e de manhã é lixo."
Antenas de TV fora, ar condicionado escondido
A proposta de alteração de regulamento dos planos de urbanização quer que o horizonte dos núcleos históricos dos bairros seja limpo de antenas de televisão, da mesma forma que impede a colocação de aparelhos de ar condicionado salientes nas fachadas dos edifícios. Sob o título "instalações especiais", diz o articulado que os utentes do serviço de distribuição de televisão por cabo que tenham instalado no prédio antenas individuais de recepção de emissões por via hertziana ou por satélite (parabólicas), já sem utilidade, devem retirá-las dentro do prazo máximo de seis meses. Não especifica, porém, aquelas que servem televisores antigos e que requerem antenas para recepção das emissões de televisão digital terrestre. Já no que se refere à construção de novos edifícios, ou em qualquer tipo de obras, também interdita a instalação de equipamentos de ar condicionado salientes em relação ao plano da fachada, em varandas, beirados, platibandas ou cornijas.
WASHINGTON, D.C. -- South Asians rated their lives worse in 2011 than most residents in other parts of Asia. At least one in five residents in Nepal (31%), Afghanistan (30%), India (24%), Sri Lanka (22%), and Pakistan (21%) rated their lives poorly enough to be considered "suffering." Bangladesh is the only South Asian country where suffering is significantly lower than its regional neighbors, at 10%.
Gallup classifies respondents as "thriving," "struggling," or "suffering" according to how they rate their current and future lives on a ladder scale with steps numbered from 0 to 10 based on the Cantril Self-Anchoring Striving Scale. Respondents are not asked to classify their lives according to these labels. Those who rate their present life a 7 or higher on the ladder and their life in five years an 8 or higher are classified as thriving, while those who rate both dimensions a 4 or lower are considered suffering. Respondents whose ratings fall in between are considered struggling.
The relatively high levels of suffering in South Asia likely reflect the economic turmoil, war, conflict, domestic terrorism, or separatist movements that have afflicted many of these countries in the past decade. Additionally, most South Asian countries currently have higher levels of unemployment and corruption and lower levels of college education than the rest of Asia.
Relatively low levels of suffering in Bangladesh may run counter to extremely poor economic conditions in the nation. According to 2011 World Bank data, GDP per capita in Bangladesh is the third lowest in Asia, slightly above Nepal and Afghanistan -- countries with the highest levels of suffering in Asia, at 31% and 30%, respectively.
That Bangladeshis are less likely than residents in other South Asian countries to rate their lives poorly enough to be considered suffering may be related to Gallup's findings about education in the country. Educational attainment in Bangladesh is the highest in South Asia -- 50% of the adult population has at least secondary or higher education. Gallup also finds 82% of Bangladeshis are satisfied with their schools, perhaps providing a relatively young Bangladeshi population with optimism for a bright future.
One in Seven Hong Kong Residents Are Suffering
Hong Kong's 14% suffering rate may be surprising, given the region's fairly quick recovery from the global economic downturn and its high GDP per capita. Hong Kong residents, however, are beset with several problems that may contribute to them having one of the highest suffering rates in East Asia. A slim majority (54%) say they are dissatisfied with the availability of affordable housing, the highest percentage in East Asia. Also, when asked if they are satisfied or dissatisfied with the quality of air, 30% of Hong Kong residents say they are satisfied -- consistently one of the lowest percentages of satisfaction with air quality that Gallup measures worldwide.
In Southeast Asia, Suffering Is Lowest in Thailand; Highest in Cambodia
Although Thailand experienced flooding in October and November 2010 that badly damaged the manufacturing centers north of Bangkok and stunted the nation's recovery from the global recession, 1% of the population rated their lives poorly enough to be considered suffering in 2011. This is the lowest rate in Asia and one of the lowest rates in the world. This low level of suffering may relate to the low unemployment levels in Thailand, which Gallup estimates to be less than 5%.
After decades of conflict and political upheaval, it is not surprising that Cambodia is at the opposite end of the wellbeing spectrum in Southeast Asia, with more than one-quarter of Cambodians (26%) considered suffering. Demands for Cambodian exports lessened considerably during the economic downturn and GDP is among the lowest in Asia.
Implications
Asian countries are vastly diverse in terms of economic conditions, size, population, governance, culture, language, and religion; therefore, each country has a unique path toward improved wellbeing. Governments should carefully examine the root causes of suffering and create solutions for their citizens. Although there is no one-size-fits-all solution, policymakers cannot ignore some important building blocks of a thriving population: strong governance, available employment, satisfactory income levels, good health, and available education.
For complete data sets or custom research from the more than 150 countries Gallup continually surveys, please contact SocialandEconomicAnalysis@gallup.com or call 202.715.3030.
Survey Methods
Results are based on face-to-face and telephone interviews with approximately 1,000 adults, aged 15 and older, conducted between April 5 and Dec. 4, 2011, in the 20 countries identified in the article. For results based on the total sample of national adults, one can say with 95% confidence that the maximum margin of sampling error ranges from ± 2 percentage points to ±4 percentage points. The margin of error reflects the influence of data weighting. In addition to sampling error, question wording and practical difficulties in conducting surveys can introduce error or bias into the findings of public opinion polls.
Num comunicado hoje emitido, o Governo Regional da Madeira revela que a moção de censura que o PS-M apresentou e hoje retirou não tem "substância". O documento assinado por Alberto João Jardim diz o seguinte: "De novo o partido socialista local bate um recorde de originalidade, ao propôr uma moção de censura e retirando-a sem discussão. Para já, tratava-se de mais uma falta de vergonha dos socialistas, na medida em que são os responsáveis pelo estado a que Portugal chegou e por medidas que agravaram as finanças madeirenses. Se o argumento é o da não presença do presidente do Governo Regional, então fica demonstrado que o partido socialista não tem qualquer razão substancial para apresentar uma moção de censura, pois tendo-a, mantinha, debatia e votava. Assim, ficou provado que se tratava apenas de mais um episódio no terrorismo político montado contra o presidente do Governo Regional da Madeira. Aliás, para além de a lei não exigir a presença em causa, o argumento não colhe, na medida em que a própria Oposição aprovou um Regimento em que menciona o presidente do Governo ou quem o substituir. Todo este folclore dos pequenos partidos visa perturbar a acção governativa, através de constantes pretensões de “chamadas” à Assembleia Legislativa, quando os Órgãos de governo próprio estão concentrados em desafios mais importantes para o futuro do Povo Madeirense".
Claro que o “music-hall” Eurovision Song Contesté “coisa inferior e própria de países subdesenvolvidos”. Não tendo qualquer interesse ou substância, apenas os supra-pacóvios moradores de distantes tugúrios como a Suécia, a Alemanha, Noruega, Dinamarca, Holanda e alguns países do leste lhe poderão dar alguma atenção. Por mero e ardiloso acaso, são precisamente os países onde existe uma educação musical ministrada nas escolas, coisa por cá desaparecida há uns quarenta anos. Enfim, deixando desde logo este tranquilizador ponto de descanso da consciência dos nossos intelectuais do lacrimoso neo-realismo doutoral, vamos ao que interessa. Bem podem os portugueses encontrar uma linda rapariga que cante bem. Bem fazem em esforçar-se por enviar canções com letras que transmitam algo para além dos lá-lá-lás, yeah! e boom-boom-boom que ontem escutámos. Pode a RTP até colocar os dois filhos de Toni Carreira nus em palco e mesmo assim não vai a sítio algum. Esmifre-se a RTP em utilizar bandeiras de Património Mundial, pois isso de nada serve. Temos apenas um vizinho e mesmo esse, bastas vezes como é seu costume noutras matérias mais importantes, faz de conta não existirmos. Se Vasco da Gama “nunca existiu”, who cares about Simone, Cid, Doce and so on?
“A Vergonha da Europa”, assim intitulou o seu poema o escritor alemão, que não se conteve nas críticas à atitude da chanceler alemã Angela Merkel, que defende que a austeridade é a única forma de a Grécia suplantar a crise que atravessa. O Nobel da Literatura lembrou ainda a história da Grécia, a quem a Europa muito deve. “Tu vais definhar privada de alma sem o país que te concebeu, tu, Europa”, escreveu Günter Grass, num poema com 12 estrofes de dois versos cada. O escritor, de 84 anos, vai ainda mais longe e num diálogo directo com a Europa, evidencia que é graças à riqueza histórica da Grécia, conhecida como fundadora do pensamento europeu, que muitos museus vivem. “Tu afastas-te do país que foi o teu berço, próximo do caos, porque não conforme aos mercados”, escreve Grass, acrescentando que a Grécia, que está a ser “condenada à pobreza, cujas riquezas ornamentam os museus”, é “agora mal tolerada”. “Humilhado, porque crivado de dívidas, um país sofre.” Numa referência directa à história grega, Günter Grass termina o poema escrevendo que a Europa está a obrigar a Grécia a beber de um copo envenenado, tal como aconteceu com o filósofo grego Sócrates, depois de ter sido condenado à morte. O poema não passou despercebido e está já a gerar controvérsia na Alemanha. Para Günther Krichbaum, presidente da comissão de assuntos europeus do Bundestag (Parlamento alemão), as palavras de Günter Grass ignoram a realidade. “Particularmente a realidade de que a Grécia foi enormemente ajudada com enormes esforços que, no fim, não vêm dos estados mas sim dos cidadãos e das suas carteiras”, disse ao The Independent o alemão, do partido de Merkel. O poema de Günter Grass sucedeu as palavras da directora-geral do FMI, Christine Lagarde, que no sábado deu uma entrevista ao britânico The Guardian, onde disse que os gregos deviam pagar os seus impostos para conseguirem sair da crise. Lagarde deixou claro que não tenciona suavizar os termos do pacote de austeridade para a Grécia, afirmando-se mais preocupada com as crianças da África subsariana do que com os pobres gregos, porque elas “precisam mais de ajuda do que as pessoas em Atenas”. Se as crianças gregas estão a ser afectadas pelos cortes na despesa pública, disse a responsável pelo FMI, os pais têm de assumir responsabilidades: “Têm de pagar os seus impostos”. Em Abril, Günther Grass foi considerado “persona non grata” em pelo governo israelita, depois de ter publicado um poema no qual advertia que o Estado judaico era uma ameaça para o mundo devido ao seu poder nuclear. Defensor de causas de esquerda e que se manifestou por exemplo contra as intervenções militares no Iraque, o escritor alemão foi durante décadas considerado uma espécie de "consciência moral" da Alemanha.