Portugal foi um dos países do mundo em que o PIB menos cresceu nos últimos dez anos. A Comissão Europeia aponta o tamanho da máquina estatal como um dos factores de atraso.
O "monstro", como em tempos Cavaco Silva descreveu a máquina do Estado - que alimenta cerca de 14 mil organismos e entidades públicas e consome quase metade da riqueza nacional -, está a atrasar o desenvolvimento económico de Portugal. Prova disso é o facto de o nosso país ter sido um dos Estados que menor crescimento do produto interno bruto (PIB) registou nos últimos dez anos. Numa lista elaborada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e que compara o crescimento económico de 179 países na última década, Portugal ocupa a penúltima posição. Em termos europeus, no grupo dos 27 países da União Europeia, está igualmente no penúltimo lugar. De acordo com análises efectuadas pelo FMI e pela Comissão Europeia, a estrutura do Estado é um dos factores que mais contribuíram para este fraco desempenho do País. O estudo do FMI, que se debruçou sobre o avanço das economias mundiais, mostra que entre 2000 e 2010 o PIB de Portugal cresceu apenas 6,47%. Um valor que contrasta com o crescimento de 22,43% que registou a economia espanhola, com a subida de 28,09% do PIB da Grécia e com o aumento de 28,96% da riqueza nacional da Irlanda. Com um desempenho pior que Portugal aparece apenas a Itália. Ao longo da última década, a economia italiana avançou apenas 2,43%, o que vale a este país o último posto no ranking elaborado pelo FMI para os países da União Europeia. À frente do grupo dos 27 no que concerne a crescimento económico, o destaque vai para a Eslováquia, que ocupa a primeira posição, com um crescimento de 60,63% entre 2000 e 2010. Com crescimentos muito próximos dos 50% ficaram ainda a Lituânia (48,05%) e a Roménia, onde a economia cresceu 47,02% na última década. No que diz respeito ao desempenho da economia nacional, o Fundo destaca que o fraco crescimento da economia está relacionado com os problemas de consolidação das contas públicas, "causados pela despesa primária e pela dimensão do Estado". Já a Comissão Europeia sublinha que, "desde o ano 2000, Portugal tem registado um débil crescimento económico, abaixo da média da Zona Euro. [O crescimento do PIB] fica caracterizado pela baixa produtividade, uma competitividade desgastada e um considerável défice externo". Situações que, adianta o organismo liderado por Durão Barroso, "foram exacerbadas pela actual crise" e que estão a ser prejudicadas pela "demasiado lenta e parcial correcção dos desequilíbrios" na organização do Estado. João Duque, economista e presidente do ISEG, disse ao DN que concorda com a análise do FMI e da Comissão Europeia, sublinhando que o Estado é "demasiado pesado, muito burocrático, muito lento e em que não existe qualquer tentativa de melhorar a eficiência dos organismos públicos". "A maior parte dos organismos não produz riqueza, representa apenas despesa para o Estado e isso atrasa a economia", afirmou João Duque. O presidente do ISEG defendeu que uma das formas de melhorar a eficiência do Estado - além do corte de organismos supérfluos - é através do modelo de remuneração dos gestores públicos: "A remuneração devia ser variável, com incentivos à poupança e à melhoria da produtividade e eficiência", adiantou. Além de estar entre os países com piores índices de desenvolvimento económico, Portugal registou ainda uma forte perda do nível de riqueza. Os dados do FMI mostram que o PIB per capita em paridade com o poder de compra se fixou nos 16 903 euros, um valor que representa uma quebra de 26% face aos dados de 2000. Contas feitas, Portugal caiu sete posições - da 34.ª para a 41.ª - na lista do FMI que compila os países com maior nível de riqueza nos últimos dez anos. DN 08.01.2011
BUFORD, WYO. -- Buford is a small place for sure, but so is the world.
A remote, unincorporated area along busy Interstate 80 that advertised itself as the smallest town in the United States, Buford was sold at auction for $900,000 on Thursday to an unidentified man from Vietnam.
It's owner for the last 20 years, Don Sammons, served with the U.S. Army as a radio operator in 1968-69.
After meeting the buyer, an emotional Sammons said it was hard for him to grasp the irony of the situation.
"I think it's funny how things come full circle," he said.
The buyer attended the auction in person but declined to meet with the media or to be identified. Sammons and others involved in the auction would not discuss the buyer's plans for Buford.
It will take about 30 days for all the paperwork to be completed before ownership of the place located almost equidistant between Cheyenne and Laramie in southeast Wyoming changes hands, Sammons said.
The new owner will get a gas station and convenience store, a schoolhouse from 1905, a cabin, a garage, 10 acres, and a three-bedroom home at 8,000 feet altitude - overlooking the trucks and cars on the nearby interstate on one side and the distant snowcapped mountains in Rocky Mountain National Park in Colorado on the other.
The town traces its origins to the 1860s and the construction of the Transcontinental Railroad. Buford had as many as 2,000 residents before the railroad was rerouted.
Sammons, who moved to the Buford area in the late 1970s from Los Angeles to get away from the busy city life, bought the trading post on Jan. 31, 1992. He plans to retire from his unofficial title as "mayor" and write a book about his experiences in Buford, he said.
"I felt my time here has been very happy for me, and hopefully the new owner will be able to enjoy what I've enjoyed over the years - conversations with people, the uniqueness of the area and so on - and keep the history alive," Sammons said.
As workers boarded up the windows of the convenience store behind her, Rozetta Weston, a broker with a Cheyenne real estate auction company that represented the buyer, said the buyer was excited to own a "piece of the United States." But she declined to discuss the buyer's future plans for Buford.
Weston said the buyer and a companion arrived in Wyoming - their first trip to the United States - on Monday, touring Cheyenne and the University of Wyoming at Laramie before the auction.
Williams & Williams Co. of Tulsa, Okla., conducted the auction on a sunny, windy day outside the trading post, which has been closed since Dec. 31. The number of bidders was not released.
Dozens of people, including some of the 125 residents who live in remote areas and get their mail at the outdoor post office boxes on the property, showed up for the event. Officials with Williams & Williams stood out in their business suits among the locals dressed in jeans and western attire.
Inside the convenience store, most of the candy, snacks, pop, beer and all the Marlboro cigarettes had been sold off already. Bags of charcoal, whistles made from animal antlers and dozens of T-shirts proclaiming Buford as the smallest town in the United States remained unsold.
Wearing a weather beaten cowboy hat, Gary Crawford, who lives about 4.5 miles northeast of the trading post - "Post Office Box 7" - said the trading post is important to the surrounding residents who mostly live on widely scattered ranches.
"At different times, this has been a community gathering place where you caught up with your neighbors and shoot the breeze, learn what's going on, who is around," Crawford said.
He looked forward to meeting the new owner.
"I think we may have very nice, new neighbors," he said.
“SENTENCE first – VERDICT afterwards,” said the Queen. “Nonsense!” said Alice loudly. “Off with her head!” the Queen shouted at the top of her voice. – Alice In Wonderland
They say Lewis Carroll was a serious dope fiend, his mind totally scrambled on opium, when he concocted “Alice in Wonderland.” A place where the sentence comes first and the verdict afterward? Where people who protest the madness are sentenced to death themselves? What lunacy!
If only Carroll had lived a bit longer. If only he’d visited Cuba in 1959 when every paper from the New York Times to the London Observer – when every pundit from Walter Lippman to Ed Murrow, every author from Jean Paul Sartre to Norman Mailer, every TV host from Jack Paar to Ed Sullivan were touting the judicial outrages, mass larceny and firing-squad orgies instituted by Fidel Castro and Che Guevara as the most glorious events since VJ day.
“To send men to the firing squad, judicial proof is unnecessary,” Carroll would have heard from the chief executioner, named Ernesto “Che” Guevara. “These procedures are an archaic bourgeois detail. This is a revolution! And a revolutionary must become a cold killing machine motivated by pure hate. We must create the pedagogy of the paredon (The Wall)!”
For the first year of Castro’s glorious revolution Che Guevara was his main executioner—a combination Beria and Himmler, with a major exception: Che’s slaughter of (bound and gagged) Cubans (Che was himself an Argentine) exceeded Heinrich Himmler’s prewar slaughter of Germans—to scale, that is.
Nazi Germany became the modern standard for political evil even before World War II. Yet in 1938, according to both William Shirer and John Toland, the Nazi regime held no more than 20,000 political prisoners. Political executions up to the time might have reached a couple thousand, and most of these were of renegade Nazis themselves during the indiscriminate butchery known as the “Night of the Long Knives.” The famous Kristallnacht that horrified civilized opinion worldwide caused a grand total of 71 deaths. This in a nation of 70 million.
Cuba was a nation of 6.5 million in 1959. Within three months in power, Castro and Che had shamed the Nazi prewar incarceration and murder rate. One defector claims that Che signed 500 death warrants, another says over 600. Cuban journalist Luis Ortega, who knew Che as early as 1954, writes in his book “Yo Soy El Che!” that Guevara sent 1,897 men to the firing squad. In his book “Che Guevara: A Biography,” Daniel James writes that Che himself admitted to ordering “several thousand” executions during the first few years of the Castro regime.
So the scope of the mass murder is unclear. So the exact number of widows and orphans is in dispute. So the number of gagged and blindfolded men who Che sent – without trials – to be bound to a stake and blown apart by bullets runs from the hundreds to the thousands.
But the mass executioner gets a standing ovation by the same people in the U.S who oppose capitol punishment! Is there a psychiatrist in the house?!
But vengeance – much less justice – had nothing to do with this bloodbath. Che’s murderous method in La Cabana fortress in 1959 was exactly Stalin’s murderous method in the Katyn Forest in 1940. Like Stalin’s massacre of the Polish officer corps in the Katyn forest, like Stalin’s Great Terror against his own officer corps a few years earlier, Che’s (Castro-ordered) firing squad marathons were a perfectly rational and cold-blooded exercise that served their purpose ideally. This bloodbath decapitated – literally and figuratively the first ranks of Cuba’s Contras.
Equally important, his massacre cowed and terrorized. These were all public trials. And the executions, right down to the final shattering of the skull with the coup de grace from a massive .45 slug fired at five paces, were public too. Guevara made it a policy for his men to parade the families and friends of the executed before the blood-, bone- and brain-spattered paredon (The Wall, and Pink Floyd had nothing to do with this one).
The Red Terror had come to Cuba. “We will make our hearts cruel, hard, and immovable ... we will not quiver at the sight of a sea of enemy blood. Without mercy, without sparing, we will kill our enemies in scores of thousands; let them drown themselves in their own blood! Let there be floods of the blood of the bourgeois – more blood, as much as possible.”
This from Felix Dzerzhinsky, the head of the Soviet Cheka in 1918: “Crazy with fury I will stain my rifle red while slaughtering any enemy that falls in my hands! My nostrils dilate while savoring the acrid odor of gunpowder and blood. With the deaths of my enemies I prepare my being for the sacred fight and join the triumphant proletariat with a bestial howl!”
This from Che Guevara’s “Motorcycle Diaries,” the very diaries made into a heartwarming film by Robert Redford. But it seems that Redford omitted this inconvenient portion of Che’s diaries from his touching film.
The “acrid odor of gunpowder and blood” never reached Guevara’s nostril from anything properly describable as combat actual combat. It always came from the close-range murder of bound, gagged and blindfolded men. He was a true Chekist: “Always interrogate your prisoners at night,” Che commanded his prosecutorial goons. “A man is easier to cow at night, his mental resistance is always lower.”
And the same crowd moaning and wailing about the judicial rights of Guantanamo prisoners give this sadist’s movies a standing ovation and adorn themselves with his T-shirt! Again, is there a psychiatrist in the house?!
Che made “Alice in Wonderland’s” Red Queen look like Oliver Wendell Holmes. His models were Lenin, Dzerzhinsky and Stalin. The Cheka came to Cuba with Guevara.
Call Fidel everything in the book (as I have) but don’t call him stupid. Outside of his efficiency at the mass-murder of the defenseless, Guevara’s attributes—his inane twaddle and idiotic projects—must have driven Castro nuts. The one place where I can’t fault Fidel, the one place I actually empathize with him, is in his craving to rid himself of this insufferable Argentine jackass.
That the Bolivian mission was clearly suicidal was obvious to anyone with half a brain. Fidel and Raul weren’t about to join him down there –you can bet your sweet bippy on that.
But sure enough! Guevara saluted and was on his way post haste. Ten months later he was dead. His pathetic whimpering while dropping his fully-loaded weapons as two Bolivian soldiers approached him on Oct. 8 1967 ( “Don’t shoot!” I’m Che!” I’m worth more to you alive than dead!”) proves that this cowardly, murdering swine was unfit to carry his victims’ slop buckets.
But “Bingo!” Fidel scored another bulls-eye. He rid himself of the Argentine nuisance and his glorious revolution had a young handsome martyr for the adulation of imbeciles worldwide. Nice work.
Che Guevara was monumentally vain and epically stupid. He was shallow, boorish, cruel and cowardly. He was full of himself, a consummate fraud and an intellectual vacuum. He was intoxicated with a few vapid slogans, spoke in clichés and was a glutton for publicity.
But ah! He did come out nice in a couple of publicity photos, high cheekbones and all! And we wonder why he’s a hit in Hollywood. (link)
Os ingleses têm assegurado o aumento de cidadãos centenários. Em Portugal, o número triplicou na última década, passando dos 589 no Censos 2001 para 1791 no ano passado. Para os portugueses, as hipóteses de viverem mais anos são boas, mas há naturais receios de uma degradação da qualidade de vida. As projecções oficiais do instituto de estatística inglês dizem: um em cada três bebés nascidos este ano no Reino Unido pode chegar aos 100 anos. Sugestivamente intitulado Quais são as hipóteses de sobreviver até aos 100 anos, o relatório do Office for National Statistics (ONS) prevê também que mais de 95 mil pessoas que actualmente têm 65 anos têm grandes probabilidades de celebrar o seu 100.º aniversário em 2047. O número de centenários deverá, aliás, aumentar 40 vezes nos próximos 50 anos, de acordo com o documento, citado peloThe Telegraph.Divulgadas na semana passada, as projecções baseadas nas taxas de mortalidade indicam que as mulheres têm mais hipótese de soprar 100 velas do que os homens. No caso dos cerca de 826 mil bebés que nascem este ano no Reino Unido, isso poderá acontecer a 39% das raparigas e apenas 32% dos rapazes. O aumento dos centenários tem sido e continuará a ser exponencial: segundo o ONS, as pessoas com 100 ou mais anos passaram de seis centenas em 1961 para 13 mil em 2010, prevendo-se 456 mil em 2060. Maior longevidade não é, todavia, sinónimo de saúde e maior qualidade de vida, avisam os especialistas. E este é o cerne da questão. Para muitos cidadãos, o futuro pode significar isolamento social, à medida que perdem amigos e familiares, e isolamento físico, se a saúde piorar e ficarem encurralados em casas não adaptadas às suas necessidades, alerta David Sinclair, director do Centro Internacional de Longevidade britânico, citado peloThe Guardian."A possibilidade de tantas pessoas vieverem mais tempo é obviamente uma boa notícia, mas há aqui um grande "mas". Os actuais centenários são pouco representativos, em vários sentidos. São pessoas que escaparam ao cancro, a tromboses e, assim, são mais saudáveis do que muitos mais jovens. O problema reside em vivermos mais tempo mas em piores condições de saúde e sozinhos em casas pouco adequadas. Outro problema é que somos péssimos a planear o futuro. Não vejo sinais de que estejamos a pensar em medidas para lidar com este fenómeno", acrescenta. O aumento da longevidade até níveis há bem pouco tempo impensáveis é uma realidade que pode ser replicada, com adaptações, em países com condições sociais semelhantes às do Reino Unido. Os resultados até podem ser mais avassaladores: em Outubro de 2009, um estudo na revista médica britânicaThe Lancet, baseado no progresso dos índices de qualidade de vida, sugeria que mais de metade dos então recém-nascidos poderia chegar aos 100 anos.Em Portugal, o que acontecerá? "É preciso perceber qual é o cenário" que os especialistas utilizam, diz, cautelosa, Maria Filomena Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Demografia. Chegar a um número de centenários tão elevado "será verdade ou não em função das hipóteses e dos cenários". E é necessário reflectir nas consequências desta evolução: "Se as pessoas viverem com qualidade de vida, será óptimo. Se não, será complicado. A sociedade terá entretanto de se adaptar a outro modelo etário." "Fazer projecções da esperança média de vida com base numa tábua de mortalidade e nas condições actuais é uma coisa. E, se se agravarem as condições ambientais, como a temperatura, a subida do nível médio das águas do mar, a degradação dos suportes de bem-estar, nomeadamente alimentar?", pergunta Jorge Malheiros, do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa. Malheiros destaca igualmente a questão da qualidade de vida dos centenários. "É um desafio conseguir viver com qualidade e com autonomia. Se a dependência aumentar muito, serão menos a sustentar uma massa maior. E isto é sobretudo um desafio para a forma como se concebe a sociedade", reflecte. Público
Daniel Erk, que documenta num blogue menções ao antigo ditador na cultura popular, diz que está farto de ver publicidade com o führer nos mais variados países.
O bigode de Hitler, o penteado, o seu queixo levantado e a sua voz aguda: perfeito para publicidade? Sim e não, diz o alemão Daniel Erk, que há cinco anos segue aparições de Hitler enquanto figura de cultura popular. Por um lado, ao escolher Hitler, é garantido que se vai conseguir atenção - como aconteceu esta semana com um anúncio a um champô turco. Por outro lado, é certo que esta atenção se vai centrar na figura e na polémica, e ninguém se vai lembrar do produto, garante Erk.
O autor do Hitlerblog, em que documenta presenças de Hitler ou de nazis na cultura popular, seja em projectos de arte na Alemanha ou música pop na Tailândia, contou ao PÚBLICO o que lhe passa pela cabeça de cada vez que vê um anúncio com o antigo ditador alemão. "Imagino uma sala com criativos da agência e a conversa que terão tido: "Vamos pôr o Hitler a fazer isto ou aquilo", e os outros a dizerem "sim, sim, isso é boa ideia". É-me difícil de admitir que ninguém na sala levante fortes objecções e que não se desista."
Neste mais recente anúncio, o ditador alemão fala no seu habitual tom zangado, gritando num comício: "Se não veste roupas de mulher, porque usa champô de mulher?", para depois indicar a alternativa, um champô "para homens a sério". "Quem fez esse anúncio tem uma percepção estranha da História e da figura de Hitler", critica Daniel Erk. A apresentação do líder nazi como alguém especial é enganadora, defende: "Ele era uma pessoa normal que beneficiou de uma série de circunstâncias históricas. Não era um Super-Homem."
A vitória da propaganda
De um certo modo, tudo isto é fruto, ainda, da máquina de propaganda nazi. Daniel Erk nota que não há uma vaga de aproveitamento de imagens de Mussolini, embora já tenha havido anúncios com outros chamados super-heróis negativos, como Bin Laden ou Mao Tsetung. Hitler tem traços especiais: por isso aparecem imagens de gatos, peixes, ou até casas parecidos com ele. "Isso não é coincidência", diz Erk: tudo isso se deve ao emprego de técnicas de marketing modernas pelos nazis.
"O bigode, o penteado, tudo foi pensado para chamar a atenção, para ser marcante." Ainda hoje é. Embora Daniel Erk se apresse a sublinhar que, obviamente, não resulta em termos ideológicos - ninguém vai olhar para estes anúncios e sentir uma afinidade com os ideais nazis. Mas "passa a ideia de que ele era uma pessoa especial".
No blogue de Daniel Erk (que é publicado no site do diário Tageszeitung, mais conhecido por TAZ, de esquerda), há vários exemplos de anúncios e, no seu livro So Viel Hitler War Selten (qualquer coisa como Raramente Houve Tanto Hitler, em tradução livre, publicado em Janeiro), tem um capítulo dedicado exclusivamente à publicidade.
Hitler vende pizza ("É possível fazer com que as pessoas acreditem que o céu é o inferno", diz um Hitler segurando numa fatia da cadeia Hell"s pizza, a pizza do inferno) ou chá (mais uma vez, a Turquia, onde Hitler é apresentado como um hippie - "Faz a paz com o mundo", dizia o líder alemão, transformado pelo chá de rosa do anúncio).
A figura do antigo ditador nazi também já foi usada por activistas: uma campanha da organização de defesa dos animais PETA comparava a busca da raça pura dos nazis à manipulação da raça pelos criadores de cães. Na Alemanha, nas poucas vezes que apareceram referências a Hitler em publicidade, uma foi num anúncio a preservativos (um espermatozóide com o bigode e penteado de Hitler, acompanhado pela mensagem: "Usa preservativo e certifica-te de que não vais trazer o próximo Hitler, Bin Laden ou Mao Tsetung ao mundo"). No mesmo ano, numa campanha por sexo protegido - em que se vê um casal num acto sexual, e quando a câmara revela que o homem era Hitler -, A sida é um assassino em massa era o slogan. As organizações de apoio a doentes com sida criticaram o anúncio, por ser ofensivo para os seropositivos.
Mas Daniel Erk não consegue apontar um anúncio de que goste. "Haverá exemplos mais ou menos. Mas o único de que me lembro é um do canal História. Mostrava Mugabe e Hitler e dizia qualquer coisa como: infelizmente, a história repete-se no History Channel". É um anúncio "aceitável", declara Erk. "Usar Hitler para vender vinho não é."Num mundo em que a ideia de fazer humor com Hitler já não é polémica (basta ver o número incrível de vezes que cenas do filme A Queda estão na Internet, com Hitler a expressar raiva seja por uma nova alteração no Facebook ou por uma escolha de um treinador de futebol), Erk queixa-se dos efeitos perversos da "banalização do mal". O que sobrevive são os clichés, ainda mais numa geração que verá mais Hitler em clips do YouTube do que ouvirá histórias de quem viveu sob o regime nazi.
Daniel Erk afasta a ideia de dedicar uma boa parte da sua vida profissional a Hitler (é freelancer e já trabalhou para várias publicações, desde a revista Der Spiegel ao site do jornal Die Zeit). Ironicamente, a ideia do livro surgiu quando ele propôs ao seu editor acabar com o blogue. "Não o quero continuar mais. Sinto que se está a repetir", desabafa. "Ao início, poderia ainda achar alguma piada ao absurdo, simplesmente pelo absurdo", diz. Mas agora já não há sequer o prazer da surpresa: "Já espero ver o Hitler em qualquer lado. Raramente tenho o prazer de encontrar algo interessante por acaso."
Os primeiros anúncios deixaram Daniel Erk "confuso e chocado". "Agora é só uma repetição. São demasiadas repetições."