Há cerca de 2000 anos, a população mundial era de apenas cerca de 300 milhões e foram necessários mais de 1600 anos para este valor duplicasse. Atualmente, porém, segundo o relatório da ONU sobre a Situação da População Mundial em 2011 hoje apresentado em Lisboa, 7 mil milhões de pessoas habitam o planeta.
Uma das questões que o rápido crescimento demográfico coloca é até quando a Terra terá capacidade para sustentar tantas pessoas.
Algumas tendências são notáveis, refere o relatório das Nações Unidas. Atualmente, existem 893 milhões de pessoas acima de 60 anos em todo o mundo, mas em 2050 os sexagenários já serão 2,4 mil milhões.
Juventude, o novo poder global
Já as pessoas com menos de 25 anos compõem quase metade da população mundial. Há cerca de 1,2 mil milhões nas faixas etárias entre 10 e 19 anos.
Esse percentual já é uma realidade em alguns dos maiores países em desenvolvimento. Considerando que os jovens podem ser “uma força poderosa para o desenvolvimento económico”, a ONU recorda que essa oportunidade de “bónus demográfico” é passageira e deve ser aproveitada rapidamente, ou então perder-se-à.
Paralelamente, verifica-se que o segmento populacional entre os 10 e os 24 anos começou a declinar em vários países e não apenas nas nações industriais desenvolvidas,
No México, por exemplo, onde a fecundidade decresceu de modo significativo nas últimas décadas, a pirâmide populacional tem encolhido regularmente na base, com a faixa etária de 0 a 14 anos a passar de 38,6% do total nacional a 29,3% em 2010. Como consequência, em duas décadas a idade média do país subiu de 19 para 26 anos.
A ONU chama a atenção para os reflexos do desenvolvimento económico e social sobre a juventude na Índia, onde a taxa de fecundidade de 2,5 filhos por mulher ainda está bem acima do nível de reposição da população (2,1), e há mais de 600 milhões de pessoas na faixa de 24 anos ou menos.
Com 1,2 mil milhões de jovens, fenómeno que tem atraído o interesse de muitos demógrafos, a Índia está em vias de suplantar a China, considerada a nação mais populosa do mundo, com 1,3 mil milhões de pessoas, segundo o último recenseamento.
Gigantes populacionais
De acordo com as projeções da Divisão de População do Departamento de Economia e Assuntos Sociais das Nações Unidas, em 2025 a Índia, com 1,46 mil milhões de pessoas, terá superado a China (1,39 mil milhões).
Com base na variante média da projeção da ONU, a população chinesa irá declinar para 1,3 mil milhões em 2050. A Índia, por sua vez, continuará a crescer, devendo atingir os 1,7 mil milhões em 2060, antes de começar a descer.
O continente asiático, onde vive atualmente 60% da população mundial, vai continuar a ser o mais populoso no século XXI. Mas África, que já detém 15% dos atuais 7 mil milhões de cidadãos mundiais, caminha a passos largos para mais do que triplicar a sua população, que cresce a uma taxa de 2,3% ao ano, ou seja, mais do dobro da Ásia 1%).
Assim sendo, enquanto os africanos passarão a ser pelo menos 3,6 mil milhões em 2100 (contra os atuais mil milhões), a população asiática (4,2 mil milhões) atingirá os cerca de 5,2 mil milhões em 2052. Será o seu recorde, começando a declinar gradativamente a partir daí.
Todas as outras populações (Américas, Europa e Oceânia) perfazem 1,7 mil milhões em 2011, e a previsão é que alcancem quase 2 mil milhões em 2060, para então começarem a declinar muito lentamente – embora permaneçam muito próximas desse valor no virar do século. Prevê-se ainda que a população europeia atinja o ponto mais alto por volta de 2025, com 740 milhões de pessoas, para só então começar a declinar.
80 milhões de bebés por ano
O rápido crescimento populacional teve início em 1950, com as reduções de mortalidade nas regiões menos desenvolvidas, o que resultou numa população estimada em 6,1 mil milhões no ano 2000. Ou seja, quase duas vezes e meia a população de 1950.
De um ponto de vista, o facto de termos chegado aos 7 mil milhões pode ser encarado como um sucesso. Mas, refere a ONU, “nem todos beneficiam dessa conquista ou da maior qualidade de vida associada a esse crescimento. Há grandes disparidades entre e dentro dos países”.
Muito desse aumento populacional deve-se às altas taxas de fecundidade dos países mais pobres, dos quais 39 se situam em África, 9 na Ásia, 6 na Oceânia e 4 na América Latina.
Noutras regiões, ao contrário, a taxa de fecundidade declinou drasticamente desde 1950 até hoje. Na América Central, era de 6,7 filhos. Sessenta e um anos depois, essa taxa caiu para 2,6, ou seja, meio ponto percentual acima do “nível de reposição de 2,1 filhos, sendo um deles rapariga.
Já no Leste asiático, a taxa era de 6 filhos por mulher em 1950. Atualmente, é de 1,6, bem abaixo do nível de reposição.
Em África, porém, a queda foi mínima: a taxa de fecundidade atual é de 5 filhos por mulher.
A despeito do declínio das taxas de fecundidade globais, cerca de 80 milhões de pessoas nascem a cada ano, número equivalente ao da população da Alemanha ou da Etiópia.
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