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A-24

Onde o salário mínimo não existe

por A-24, em 23.12.10
Salário mínimo é coisa que não existe em países como a Áustria, a Suécia, a Dinamarca, a Finlândia e a Noruega. Que mais têm esses países em comum? Três coisas: têm mercados de trabalho mais flexíveis do que o nosso, apresentam menos desigualdades sociais do que o nosso e, como consequência, desmontam as falácias e as demagogias dos nossos medíocres do poder político e sindical.

O Insurgente

Macau veio com os portugueses que regressaram

por A-24, em 19.12.10
"Em qualquer sítio, estou em casa"
Manuel Vicente

Há um espelho com uma história pendurado numa das paredes de casa de Manuel Vicente, com mapas desenhados. "Um grupo de amigos deu-o a um restaurante chamado Cinco Continentes. Um dia, vi isto na rua e fiquei tão apaixonado que o comprei logo. Viajei com ele ao colo num daqueles triciclos de rodas." Não é fácil imaginar o arquitecto a atravessar Macau carregando nos braços um objecto que terá mais de dois metros de comprimento. 
E hoje o espelho ali está, no seu apartamento no centro de Lisboa. Como está um "niño imperador" em madeira, que trouxe das Filipinas, uma tapeçaria Jean Lurçat que era dos bisavós, com borboletas azuis esvoaçantes, ou um crucifixo de prata usado em procissões que veio de casa dos seus pais. A lista poderia fazer-se bem mais longa.
Não se esperava, por isso, ouvir o que dirá a seguir: "A minha relação com o passado é um pouco solta. Não é desencanto, vivo bem rodeado por estas coisas todas. Mas coisas são coisas. Não há nada meu que não seja partilhável." E também: "Gosto dos objectos por eles próprios e não necessariamente pela memória que carregam. Não ligo à carga das coisas." 
Isto não é um pormenor quando se trata de alguém que viveu com um pé na Ásia e outro em Portugal. Manuel Vicente gosta de viver o presente, "o futuro inventa-se". "Tenho desgostos e lutos como toda a gente, mas acabo por sobreviver." Não fica preso aos acontecimentos, como não fica amarrado aos objectos que estão à sua volta.
E assim se explica porque não há um antes e um depois na sua relação com Macau. Para o arquitecto, hoje com 75 anos, Macau foi sendo. A palavra "adaptação" não se lhe aplica. "Em qualquer sítio sinto-me em casa."
Veio para Lisboa depois da transferência - "em 1999 havia pouco trabalho e a minha mulher estava em conflito com Macau" -, mas se esta conversa tivesse decorrido há dois anos "ia dizer que nunca tinha regressado. Continuava a andar muito por lá". Tal como andava por cá, quando vivia em Macau. "Agora o atelier [que mantém com os seus sócios] está mais em crise."
Crise como, de certa forma, também está o território, e não estamos a falar de males financeiros. "Está a viver um período de medo: medo de fazer o que não deve, e por isso decide-se que o melhor é não fazer nada. Mas isso é só um período e Macau é como os gatos, tem várias vidas e recupera sempre."
Manuel Vicente saberá o que diz, porque em 1962, tinha ele 27 anos, assentou em Macau, já depois de uma estadia em Goa, e por ali foi ficando. 
"Na Índia tinha sido um deslumbramento. Mas vivíamos à margem de um acampamento militar; em Macau não. A tropa era a tropa e ninguém era importante por ser a mulher do capitão." Ou melhor: "Ninguém era muito importante porque os ricos eram os chineses."
Era um sítio "menos transbordante" que Goa. "Tudo era poucochinho, pouco denso." Mas com muito pragmatismo. "Acabou-se o ópio, veio o ouro" - "Macau viveu sempre do que não era lícito. Isso é muito engraçado. É uma cidade de traficância, como Veneza também deve ter sido." E uma cidade dada a marginalidades. 
Objectos são objectos, e há outros sinais de pertença. Que não o português. "A minha pátria não é a minha língua. A minha pátria é o bacalhau cozido com batatas", ri. Aprendeu cantonense, o "suficiente para apanhar um táxi". E inventou uma língua própria para comunicar com a empregada, meio português, meio chinês.
Manuel Vicente tem dezenas de obras construídas na cidade - incluindo um conjunto de prédios de habitação social que irá ser demolido, em Fai Chi Kei. Mas, em termos arquitectónicos, não se pode falar numa contaminação evidente. "A minha arquitectura pode ter feito com que os meus colegas lá tentassem fazer melhor, por haver um ponto de referência." De resto, e em sentido inverso, "a influência de Macau em mim não é muito consciente".
Mas revela-se. Como nesta casa, onde vive e onde a sua sogra, mal entrou, afirmou logo: "Nunca estive na China, mas este apartamento lembra-me a China." Provavelmente pelo encarnado que está presente em estantes, prolongando-se até às janelas e à lareira, nos pilares que separam a zona de estar da mesa de jantar. Uma cor que inevitavelmente transporta para os templos budistas. 
"Gosto muito dos templos, dos corredores entre os espaços onde nada acontece: são exteriores ao templo, mas ainda estão dentro, fora do contexto, mas em contacto com o santuário... O silêncio e o barulho em simultâneo, os fumos negros, a mediação entre a rua e o pátio. Provavelmente, foram-me figurando o imaginário."A espiritualidade urbana de Macau, diz, encontra-se nos templos e nas ruelas da cidade velha. "A arquitectura chinesa é mais de espaço do que de forma, ou desenho. Tem uma capacidade de configurar o espaço com recursos muito económicos, são poemas compostos sempre pelas mesmas palavras. O todo é que é importante e as partes são subsidiárias. Isso é que me marcou."
É raro o ano que não vai a Macau - 2009 será a excepção; em 2008 foi três vezes. "Sempre que volto, penso: "Que pena não ter ficado." Mas não sei se foi. Foi importante ter estado cá. É preciso estar atento à vida que passa por nós e ao que a intuição diz ser a coisa certa."
Se a vida lhe colocasse à frente um novo trabalho em Macau, Manuel Vicente - que ainda não sente que tenha regressado definitivamente a Lisboa - sabe qual seria a sua intuição. "Lá me metia num avião e ia."

"E cá estamos!"
Família Braga Gonçalves
José Alexandre, Celeste e João

Há caixotes e pacotes, obras na casa da família Braga Gonçalves, e por isso a conversa deslocou-se para um café. Em todo o caso, é como diz João, o filho, de 33 anos: "O meu Macau está comigo, está aqui." 
"Aqui" é no coração dele, nas suas memórias, nos seus afectos. E se é verdade que João voltou a Portugal, também é verdade que muitos amigos vieram com ele. E "Macau é feito das pessoas". Por isso, foi um tempo que passou, de que tem saudades, mas ainda que a sua vida se transferisse de novo para lá, aquele já não seria o seu Macau.
Chegou ao território com 15 anos, deixando em Portugal um rapaz inadaptado, tímido, com dificuldade em estabelecer relações pessoais. Talvez porque tivesse passado algum tempo a saltar de um lado para o outro com os pais, José Alexandre e Celeste. "Em Macau surgiu a estabilidade. Foi onde eu ganhei as minhas capacidades sociais."
Ajudou o facto de a cidade ser pequena, de todos os portugueses se concentrarem nos mesmos espaços: "Havia um liceu português e pronto. Essa era a principal base [de encontro] mesmo quando não havia aulas." As alternativas eram o McDonald"s e os jardinas públicos. "Estávamos sempre juntos, de manhã na escola, e à tarde e à noite" noutro sítio qualquer. "Foi bom para criar bases."



Muitos adolescentes não pediriam mais. Uma cidade onde há "liberdade, segurança, muito acesso ao desporto: os espaços desportivos eram gratuitos". E onde não era obrigatório estar sempre com uma nota no bolso, porque inevitavelmente se encontrava alguém que pagava um copo.
A língua nunca foi uma barreira. Os colegas eram portugueses, ou macaenses, e aprende-se sempre qualquer coisa. De tal forma que, ainda hoje, pode haver alguma dificuldade em perceber que língua fala quando fala com os seus amigos: uma mistura de português, inglês e chinês. 
Foi por decisão familiar que partiram - falta juntar ao quadro a filha, Inês, de 27 anos, que, já depois de ter tirado o curso em Inglaterra, estuda agora na Suécia. "Fomos todos em Dezembro de 1991", diz Celeste, médica, que despoletou a ida para a Ásia quando foi convidada para ir para o Hospital Conde São Januário. 
Para José Alexandre, era como se o destino se estivesse a cumprir. "O meu pai era militar e tinha estado em Macau num momento crítico, durante a consolidação de Mao [Tsetung] no poder, na década de 1960. Havia muita tensão na fronteira [com a China]. Acabou por regressar e morreu pouco depois. Fiquei sempre a achar que seria bonito ir a Macau." 
Começou por trabalhar no controlo e fiscalização farmacêutica, mas como não sabia chinês sentia-se "a fazer figura de parvo". Em 1993 foi para o Turismo, e foi ele o curador do Museu do Vinho.Mãe e filha regressariam três anos depois da chegada. Pai e filho ficariam por mais tempo, já que havia trabalho para um e estudos para o outro. 
"Não fomos para Macau atrás da árvore das patacas. E todos os benefícios económicos foram investidos na educação dos filhos", diz José Alexandre. Celeste acrescentará: "Somos uma família de funcionários. Macau não nos levou para negócios ou investimentos."
João tirou lá o curso de Educação Física, no Instituto Politécnico. E com a transferência de Macau para a China só via duas possibilidades de carreira: "Ficar a dar aulas na Escola Portuguesa, ou aulas de ginástica em hotéis." Preferiu regressar, em 2000.
Hoje pode dizer: "Estou perfeitamente adaptado a Portugal." Mas não foi fácil. "Estive seis meses em casa, até a minha mãe dizer "pronto, já chega". Muitos colegas, da minha geração, tiveram muita dificuldade, houve problemas com drogas, suicídios." 
A ele ajudou-o ter uma base familiar forte. Conseguiu transplantar as suas raízes para aqui. Vários amigos aproveitaram a oferta de trabalho criada pelo boom dos casinos para voltar. 
Para Celeste, "Macau ficou visto, ficou arrumado", diz. O filho é menos peremptório, até porque visita a cidade com frequência - prepara-se para lá ir passar o Natal com a namorada, macaense. "Macau deu-me aquilo que tenho hoje. Acho que me recriei lá. Ganhei asas. Mas consigo viver sem lá ir." 
José, que regressou apenas há dois anos, lança para a mesa a carta de condução e o cartão de eleitor com caracteres chineses a acompanhar o português para provar: "Sou um cidadão de Macau." Depois ri, porque no fundo não é bem assim. "A família, que nos levou para lá, também nos trouxe de volta. E cá estamos!"

Fui retornada duas vezes
Deolinda Portela

A casa pode ser uma visita guiada ao passado. Mesas, cadeiras, caixas, caixinhas, animais, cestos, e budas, vários budas. Deolinda Portela guarda o seu mundo dentro da sala de estar, num apartamento em Lisboa. Índia, Tailândia, Nepal, mas sobretudo Macau.
Voltou para Portugal pouco depois da transferência do território para a China, já em 2000. "Foi um choque tremendo", diz esta engenheira de 54 anos. Como já tinha sido em 1975, quando trocou Luanda pelo Porto, para fazer o curso superior - "não vim para fugir de lá, vim para estudar", faz questão de sublinhar. O clima era difícil, as mentalidades muito diferentes. "Acabei o curso e só queria fugir dali." Não fugiu para longe, e deteve-se em Lisboa.
Tinha emprego, tinha marido, tinha um filho de seis anos quando, em 1983, surgiu a possibilidade de irem para Macau. "Fui e fiquei 15 anos. Aquilo tem muito mais a ver comigo."
Macau - "as luzes e o cheiro a especiarias, as cores, vermelho, dourado" - não é só Macau. É um ponto de partida. "Conheci a Ásia toda, e conheci mesmo, não passei por lá. Fazia duas, três viagens por ano, às vezes mais, juntando os feriados chineses e portugueses." 
Foi uma relação de amor ódio, como gosta de ter com tudo. "Não há meios termos, e nisso sou como os chineses, yin e yang, sim, não, branco e preto. Daí a dificuldade que tenho em me encaixar neste esquema" de relações em Portugal. "Fala-se conforme as ligações, só fala quem tiver padrinhos, porque por mérito próprio ninguém vai lá."
Macau não é grande, e em pouco tempo conhecia a cidade como a palma da sua mão. É especialista em planeamento, e foi requisitada pelo governo local para os Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, e o Norte do território estava por sua conta. "Em Macau trabalhava-se e muito. [Os chineses] são pragmáticos e objectivos. Trabalhar é trabalhar, divertir é divertir. Cá trabalha-se muito pouco, há muita burocracia instalada, e há uma falta de responsabilidade e rigor de todas as "faces ocultas" que não deixam que Portugal siga o seu caminho."São várias as críticas. "Muitos portugueses iam para lá com toda a arrogância, a achar que tinham muito para ensinar. Alguns até vinham das aldeias e chegavam ali e apanhavam um choque. Eu dizia-lhes: "Ensinem tudo o que puderem, mas primeiro aprendam.""
Foi lá que Deolinda aprendeu tudo o que sabe. Que se realizou profissionalmente, e que deu ao seu filho uma educação que ajudou a que hoje esteja a trabalhar como consultor da FIFA, em Zurique, especialista em propriedade intelectual. "Lá os miúdos eram muito mais bem formados. Recebiam outro background. O absentismo não existia, ninguém faltava. Havia todas as condições."
Rendeu-se ao confucionismo, passou a admirar a religião budista - "traz muito mais paz interior do que o cristianismo em que fui criada". Em Macau, estava no seu habitat. 
"Macau é para retornados. São pessoas que têm muito mais abertura. Eu já fui retornada duas vezes." Corrige: "Aliás, eu não sou retornada. Só seria retornada se estivesse a voltar à minha terra, que é Angola." Não sente Portugal como terra sua. "Absolutamente nada."
Mas chegou um momento em que teve de tomar a decisão de voltar para Lisboa. "Vim por razões emocionais [separou-se]. E porque o meu contrato acabou e não foi renovado por Rocha Vieira, que foi o pior governador [e o último] que passou por Macau. No fundo, impediu que eu ficasse no território. Tudo junto, pensei: "Então, vou regressar." Foi a pior coisa que fiz. Estou arrependidíssima. Não tenho nada a ver com isto, aqui nada me dá alegrias."
Pôs todas as suas coisas num contentor - "houve gente que encheu vários, e o meu era dos pequenos" - e fez a viagem de volta exactamente no dia em que partira para Macau 15 anos antes: 29 de Agosto.
Não se colocava a questão de encontrar trabalho porque, tendo sido requisitada pelo governo de Macau, o seu lugar na EPUL (Empresa Pública de Urbanização de Lisboa) estava à sua disposição. A cabeça vem fresca, cheia de "vontade de poder intervir, dando ideias de como se pode fazer diferente". Dura pouco. "Começavam a olhar, espantados primeiro, depois pensavam "está-se a armar". Senti logo que ia sofrer, que não me iria adaptar."
Em Fevereiro, e pela primeira vez desde que partiu, vai visitar Macau. Com uma certeza: tal como os "portugueses que partiam das aldeias", também ela irá apanhar um choque. "Mas tenho a certeza de que vou gostar muito. Ou vou odiar."Os Braga Gonçalves (só falta a Inês): José Alexandre, Celeste e o filho João. "Somos uma família de funcionários. Macau não nos levou para negócios ou investimentos"Deolinda Portela voltou para Portugal pouco depois da transferência do território para a China, já em 2000. "Foi um choque tremendo", diz esta engenheira de 54 anos.

Poder de compra 24% abaixo da média europeia

por A-24, em 17.12.10
O poder de compra dos portugueses distancia-se cada vez mais dos restantes países da União, ficando 24% abaixo da média. O Luxemburgo continua a oferecer o maior poder de compra, quase três vezes superior à média.
Há já três anos consecutivos que os portugueses mantêm o poder de compra relativamente à média da União Europeia, afastando-se cada vez mais dos seus pares. Segundo os dados divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o Produto Interno Bruto (PIB) por habitante ajustado às paridade de poder de compra situou-se em apenas 76% da média europeia, longe dos 276% do Luxemburgo, que continua a oferecer o maior poder de compra de toda a Europa.
No conjunto dos 37 países europeus analisados, Portugal surge no 22.º lugar. Os portugueses têm um poder de compra 24% inferior à média europeia (100) e quase 30% inferior ao dos espanhóis. Ainda países recém aderentes à UE estão acima de Portugal, como Chipre e Malta. No final da tabela está a Albânia.
Entre as conclusões retiradas da análise feita aos dados do INE, entre 2004 e 2008, o PIB per capita aumentou no nosso país apenas um ponto percentual, passando de 75% para 76% da média europeia. Portugal não foi o único a registar quedas, entre os 27 Estados-membros, a Irlanda registou a maior descida. Em quatro anos, o país perdeu 30% do seu poder de compra. Pelo contrário, as maiores subidas registaram-se nos países do centro e leste europeu, que aderiram em 2004 à UE com um PIB per capita baixo. É o caso da República Checa e Eslovénia.
Não é só no que diz respeito ao poder de compra que os portugueses perdem o comboio da Europa. Recorde-se que, segundo números do Eurostat, Portugal ocupa a 11.ª posição na lista de salários mínimos dos países da UE, com 525 euros. As disparidades são grandes e os valores oscilam entre os 123 euros mensais e os 1600 euros. Em Janeiro de 2009, o montante mais elevado encontrava-se no Luxemburgo nos 1642 euros por mês. Segue-se a Irlanda com 1462 euros e a Bélgica com 1387 euros. Três dos países com maior poder de compra. Embora tenha um poder de compra superior ao de Portugal, os checos auferem um salário mensal menor (306 euros).
Olhando apenas para o território nacional, os 16 concelhos com menor poder de compra per capita em Portugal estavam, em 2007, situados na região Norte. Vinhais (45,88), Ribeira de Pena (46,34) e Sernancelhe (46,95) encabeçam um conjunto de 21 municípios com um Indicador per Capita do poder de compra que não chega a metade da média nacional. No topo, Lisboa mantém o primeiro lugar e 235,7 pontos. O concelho de Lisboa está 135% acima da média europeia, o Porto teve um avanço de apenas 70,5%, segundo dados publicados no final de Outubro pelo INE.
Público

SERÁ VERDADE QUE... O SEXO MELHORA COM A IDADE?

por A-24, em 12.12.10
Pode ser um cliché... mas eu sempre ouvi dizer que o sexo melhora com a idade... e em relação aos homens até se diz que eles são como o Vinho de Porto!

Sim, ok! E em relação às mulheres?
Quem desfruta melhor do sexo? As mulheres dos 20, dos 30, dos 40... ?

Folheando a revista HAPPY deste mês de Janeiro dei de caras com um artigo precisamente sobre este tema que sempre me interessou.
Fui ler os testemunhos colhidos entre várias mulheres da faixa dos 30 e dos 40 e aqui ficam algumas conclusões:

Joana, 32 anos - «Aos 30 anos o sexo é melhor, não que aos 20 não fosse, mas agora este foca-se mais na qualidade do que na quantidade. Agora sabemos o que é preciso para ser intenso e focamo-nos nisso. As mulheres de 30 praticam sexo por elas, quando querem e quando têm vontade. Já não é para conquistar ou para serem desejadas, como confesso que fiz aos 20. Quando era mais nova tinha uma t-shirt a dizer "Sex is like pizza. When it's good, it's really good. When it's bad, it's still pretty good". Acreditem, essa ideia vai desaparecer porque existe bom sexo, e o mau... bem, esse passamos a dispensar.»

Rita, 36 anos - «O sexo muda com a idade porque as nossas exigências também se alteram, ou evoluem, para ser mais exacta. Aos 20 anos estava na fase das descobertas e tudo era bom. Aos 30 anos, as vontades mudam, os desejos também, quanto mais não seja porque já não são uma novidade. A maturidade traz uma certa sabedoria, perdem-se determinados preconceitos e ganham-se outros, mas agora sei o que quero e o que fazer para o tornar especial. Se posso dizer que o sexo aos 30 é melhor que aos 20? Acho que não. É apenas diferente. Percebo quando dizem que aos 30 a mulher atinge uma das melhores fases na vida. O conhecimento do nosso corpo, a maturidade e a confiança tornam-nos mais exigentes com os homens e com os desejos, e isso acaba por influenciar a intensidade e o prazer que retiramos do sexo.»

Paula, 44 anos - «Aos 40 atingi a idade perfeita. Se aos 20 confundia sexo e amor e não aproveitava porque perdia demasiado tempo a pensar nos "e se...", aos 30 também não retirei prazer suficiente porque continuava demasiado obcecada com o trabalho e o meu filho ocupava-me muito tempo. Agora sei o que quero, do que gosto e deixei de ter expectativas irrealistas. Hoje conheço o meu corpo e sei que sou mais exigente porque retiro do sexo o prazer que quero ao invés de achar que é a salvação para a minha relação. Notei algumas diferenças relativamente aos 30 porque sinto muito mais desejo por sexo. perdi a vergonha para uma série de coisas e não me inibo de dizer ao meu marido o que quero e como quero. Confesso que tenho a fasquia mais elevada, mas o bom dos 40 é que acho que nos libertamos de todos os padrões que nos foram impostos durante a vida sobre como deveria ser o sexo.»

Luísa, 47 anos - «Uma coisa que me tenho apercebido ao longo do tempo é que os homens na casa dos 20 e 30 preferem sexo com mulheres mais velhas, e o motivo é muito simples: com elas, cada noite de sexo é uma descoberta. Somos mais maduras, mais ousadas e não temos medo de arriscar porque já pouco temos a perder. Digo-vos mesmo que a mulher atinge o pico sexual aos 40. É uma idade em que atingimos uma maior maturidade relativamente aos homens e surge uma nova redescoberta sexual porque, para fugir à rotina, há que encontrar novas experiências. Hoje em dia, já a sair dos 40, estou mais aberta e disponível para o sexo e a verdade é que se tornou muito melhor.»

WikiLeaks: Bento XVI opõe-se à adesão da Turquia à UE

por A-24, em 11.12.10
O Papa Bento XVI é visto como responsável pela crescente hostilidade do Vaticano em relação à eventual adesão da Turquia à União Europeia, revelam telegramas diplomáticos divulgados pela WikiLeaks.
Segundo o diário britânico “Guardian”, uma das publicações que teve acesso aos documentos, já em 2004 o então cardeal Ratzinger falava publicamente contra a entrada de um país maioritariamente muçulmano na UE. 
A Santa Sé era oficialmente neutra sobre esta matéria, o que levou o monsenhor Pietro Parolin, secretário de Estado em funções, a sublinhar que se tratava de uma opinião pessoal. Os telegramas revelam, no entanto, que Ratzinger era já o membro da Cúria romana mais envolvido nos esforços para que o futuro Tratado de Lisboa sublinhasse as raízes culturais judaico-cristãs da Europa. 
A iniciativa, que não colheu apoios suficientes entre os Estados-membros, desagradava a Ancara, que a interpretava como um sinal vermelho à sua candidatura. Em 2006, já com Ratzinger no trono de São Pedro, a oposição do Vaticano à adesão turca torna-se-ia mais visível, segundo um telegrama enviado para Washington pelo encarregado de Negócios norte-americano. Parolin confiara-lhe que o Papa não se pronunciaria a favor ou contra a entrada, mas temia que os Estados-membros não estivessem a pressionar o suficiente para forçar a Turquia a respeitar a liberdade de culto. Três anos mais tarde, o então embaixador norte-americano informava o Presidente Barack Obama, que se preparava para visitar Roma, que Bento XVI preferia que, ao invés da adesão, a UE oferecesse a Ancara uma “parceria especial” – solução do agrado também de Berlim e Paris, e que o Governo turco rejeita.

Uma cadeira vazia recebeu o Nobel por Liu Xiaobo

por A-24, em 10.12.10
Entre críticas ao regime chinês e ovações a Liu Xiaobo, repetiram-se na cerimónia de atribuição do Nobel da Paz os apelos à libertação do dissidente e à democratização na China. Numa cadeira vazia, o Comité norueguês colocou a medalha e o diploma que o académico chinês receberia se estivesse presente em Oslo.
Por várias vezes a plateia levantou-se para aplaudir o discurso do presidente norueguês do Comité, Thorbjorn Jagland, que exigiu a libertação de Liu e voltou o discurso para as críticas ao regime de partido único na China e para pedir a abertura de Pequim ao Ocidente.
Na cerimónia Liu Xiaobo esteve representado por uma cadeira vazia e uma grande fotografia colocada junto do púlpito onde Thorbjorn Jagland discursava.
Enquanto da China chegam relatos de protestos a favor dos direitos humanos, e face à pressão de Pequim nos últimos dias para as representações diplomáticas em Oslo boicotarem a cerimónia, Jagland fez questão de frisar o primeiro parágrafo do discurso do Comité quando, em Outubro, atribuiu o galardão a Liu.
Disse acreditar numa “ligação entre os direitos humanos e a paz” para, a seguir, acrescentar: Esta é uma atribuição “apropriada e necessária”. E logo a plateia arrancava uma longa salva de palmas, levantando-se em homenagem ao académico chinês.
Mas grande parte do discurso serviu para deixar recados ao regime de Hu Jintao.
Jagland disse que este é o momento para a China se democratizar, face ao “rápido crescimento económico”. Momento, sublinhou, que é uma “oportunidade” para fazer cumprir os direitos humanos e aceitar a crítica externa e interna.
Lembrou que as tecnologias da informação são uma oportunidade para abrir o regime e disse em nome do Comité que foi o isolamento da antiga União Soviética nos anos 1970 que levou à queda do regime comunista. E deu, depois, exemplos do processo de abertura democrática à Europa e ao Ocidente, falando na Turquia e na Tunísia.

O elogio ao pensador
A Liu, o Comité referiu-se como homem de “grandes riscos”. Elogiou-lhe a “humildade”, o optimismo e a “dignidade” nas críticas ao regime e lamentou a sua prisão por ter expressado a “sua opinião” sobre o caminho a seguir pelo seu país.
“Liu só exerceu direitos civis”. Por isso, avançou, “tem de ser libertado”, disse Jagland. De novo, arrancou uma longa salva de palmas da assistência.
Da longa descrição do percurso académico de Liu, destacou o papel de conciliador nos protestos de Tiananmen, em Pequim em 1989, quando preveniu o confronto entre as forças da ordem e os estudantes – “tornou-se um ponto importante na vida de Liu”.
No final, o presidente do Comité colocou a medalha e o certificado do Nobel sob a cadeira vazia de Liu, enquanto a plateia aplaudia mais uma vez.
Foi a segunda vez nos 109 anos de história do Nobel da Paz que o Comité colocou simbolicamente uma cadeira vazia para pontuar a impossibilidade de o galardoado – ou de familiares directos ou próximos – poderem receber o prémio.
Para terminar a cerimónia, a actriz Liv Ullmann leu o discurso "Não tenho inimigos", que Liu Xiaobo proferiu durante o seu julgamento a 23 de Dezembro do ano passado.
Para além da China, outros 16 países recusaram estar presentes na cerimónia de Oslo. Os representantes da Rússia, Arábia Saudita, Paquistão, Iraque, Irão, Afeganistão, Ucrânia, Cazaquistão, Venezuela, Filipinas, Vietname, Colômbia, Egipto, Sudão, Marrocos e Cuba, todos declinaram os convites invocando “razões variadas”.

Rússia organiza o Mundial 2018

por A-24, em 02.12.10
O Mundial 2018 vai ser organizado pela Rússia, decidiu hoje o comité executivo da FIFA, depois de ter analisado as candidaturas conjuntas de Portugal-Espanha e Holanda-Bélgica e a proposta da Inglaterra. Em 2022, será a vez de o Qatar receber a maior prova do futebol mundial.
A Rússia apresentou-se na corrida à organização com um argumento que terá funcionado a seu favor: o facto de nunca ter acolhido o Mundial de futebol. Na Europa já houve 10 campeonatos do mundo, mas será a primeira vez que uma prova vai ser organizada na Europa de leste.
Ao contrário do que acontecia nas candidaturas ibérica e inglesa, na proposta russa o trabalho infra-estrutural está quase todo por fazer. Na verdade, só o estádio Luzhniki, em Moscovo, cumpre os requisitos impostos pela FIFA para uma fase final da competição.
Devido à extensão do território russo, a componente logística constitui um desafio de grande dimensão para as 13 cidades que integram o projecto - com excepção de Ekaterimburg, todas as cidades-anfitriãs ficam situadas na zona europeia do país.
Para Blatter, esta é uma oportunidade de voltar a desbravar território num Mundial, depois de ter aberto as portas à Coreia e ao Japão em 2002 e à África do Sul ainda este ano.

Inglaterra caiu logo na primeira fase
Na primeira fase da votação, a candidatura inglesa terá ficado desde logo pelo caminho, segundo apurou o PÚBLICO junto de Miguel Ángel López, responsável máximo pela candidatura ibérica. A FIFA confirmou entretanto os resultados desta fase, em que se registaram nove votos para a Rússia, sete para a candidatura ibérica, quatro para a Bélgica/Holanda e apenas dois para Inglaterra.
À segunda fase passaram, assim, Portugal/Espanha, Bélgica/Holanda e Rússia, que viria a vencer, com um total de 13 votos contra novamente sete da proposta ibérica e apenas dois da parceria entre Bélgica e Holanda.
Conhecida a decisão, Gary Lineker, antiga glória do futebol inglês, confessou a sua desilusão: "Estamos naturalmente decepcionados. Demos tudo o que tínhamos, a nossa candidatura foi muito bem apresentada. Tudo o que podemos fazer agora é desejar sorte à Rússia e esperar que organizem um grande campeonato".
O representante do governo russo em Zurique, Igor Shuvalov, deixou precisamente essa garantia, num comentário breve: "Acreditaram e confiaram em nós e não vamos desiludir-vos. Juntos vamos fazer história".

Recorde aqui o vídeo completo da apresentação da candidatura russa.