Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

A-24

Budapeste nos dias de hoje

por A-24, em 28.09.10
A maioria dos jovens húngaros não vê o futuro assegurado no seu próprio país. É esta a conclusão, evidente para todos, da última sondagem científica realizada por investigadores da Academia húngara. Hoje, os jovens não se contentam em sonhar com uma vida no estrangeiro. Assim que têm os seus diplomas na mão, fazem projetos concretos para emigrar.
Apenas 39% dos alunos do secundário consideram que o amor pela pátria implica ficar no país. Entre eles, um terço hesita, mas um outro terço já decidiu emigrar. A situação não é tão dramática entre os universitários: "apenas" 19% tencionam partir e, consequentemente, devemos alegrar-nos pelos 61% de jovens universitários que pensam que o seu futuro está na Hungria.

Quem pode travar um milhão de desempregados?

Há dias, no Parlamento, um deputado cristão-democrata lamentou o decréscimo da população húngara. Não chega a haver dez milhões de magiares. É preciso encorajar os jovens a ter filhos, declarou. Mas a maior parte das nossas crianças, nascidas e criadas aqui, que terminam o secundário e são quase licenciadas, não encontram lugar nesta sociedade.
O meu mais velho também me disse que, se não fosse a família ser tão grande e tão afetuosa, não ficava. Na opinião dele, os filhos de famílias separadas vão-se embora mais facilmente do que os das famílias unidas. Também acha que, com um bom diploma universitário, é impensável não encontrar trabalho que permita criar uma família nos países da Europa ocidental. E que, no nosso, não é isso que acontece.
Presseurope

Escolha: ideologia ou viver melhor

por A-24, em 24.09.10

Durante anos a Suécia foi o paraíso na terra. Um exemplo. O sonho de qualquer ideólogo socialista era transformar Portugal na Suécia. Os impostos eram altos, a despesa do estado abissal, mas os serviços públicos estavam acima da média dos países mais ricos. E para cereja em cima do bolo, a economia continuava a crescer. Até que estancou. Alguma coisa aconteceu para que os Suecos quisessem algo diferente.
O que sucedeu na Suécia não impressiona ninguém. Afinal, ela sofre os mesmos problemas de qualquer país europeu: serviços públicos caríssimos que, mais tarde ou mais cedo, impedem o normal desenvolvimento da economia, a normal criação de empresas e conduzem a um anormal número de desempregados. Perante estes problemas, os Suecos decidiram há 4 anos encetar algumas mudanças de forma a manterem na medida do possível o Estado social. Prescindir de algumas vantagens, para manterem o máximo possível das benesses.
Por cá, para o governo PS e o primeiro-ministro José Sócrates, que sempre adularam o exemplo nórdico, a Suécia deixou de contar. Já não serve de exemplo. Os Suecos entre a ideologia e o viver bem, escolheram a segunda opção. O PS prefere ter os Portugueses a viver mal, a aceitar qualquer mudança. A histeria de Sócrates à volta da tentativa do PSD querer liquidar o Estado social não é mais que o grito de quem não consegue fazer marcha atrás e começar outra vez. Talvez seja tempo de pararmos um pouco e pensarmos bem o queremos da vida.

6000 vs. 330157

por A-24, em 23.09.10

A manifestação destacada pelo Público terá tido cerca de 6000 manifestantes. Já o partido liderado por Jimmie Akesson e alvo da manifestação conseguiu recolher os votos de 330157 suecos nas eleições: Suecos manifestam-se contra a entrada da extrema-direita no Parlamento
À volta do slogan “Esmaguem os racistas”, e palavras de ordem como “Somos pela diferença” e “Sim à vida em conjunto, não ao racismo!”, cerca de seis mil suecos respondiam às posições anti-imigração do Democratas da Suécia (SD), segundo os números da polícia.
No domingo, o partido de extrema-direita de Jimmie Akesson conseguiu eleger 20 deputados, inviabilizando uma maioria da coligação de centro-direita e arrastando o país para um cenário de incerteza política. 
O Insurgente

"Spínola foi sempre muito perseguido pelo seu passado"

por A-24, em 21.09.10
Luvas de pelica, pingalim na mão, monóculo no olho direito, António de Spínola (Estremoz, 11 de Abril de 1910, Lisboa, 13 de Agosto de 1996) permanece na memória nacional como uma figura algo trágica. Foi um militar admirado e um político controverso, que, até à sua morte, viveu perseguido por um passado de mágoas e ressentimentos. No ano de comemoração do 100º aniversário do seu nascimento, surge a primeira biografia de Spínola, primeiro Presidente da República após o 25 de Abril, da autoria de um historiador.

A investigação demorou a Luís Nuno Rodrigues dois anos, durante os quais teve acesso a arquivos nacionais e internacionais e ao arquivo pessoal de Spínola, na posse da família Campos Coelho. Spínola (Esfera dos Livros) acompanha os trajectos militar e político do antigo governador-geral da Guiné, desde os anos no Colégio Militar até ao Palácio de Belém, passando ainda pelo 11 de Março e pelo exílio no Brasil. O autor, investigador no Centro de Estudos de História Contemporânea do ISCTE e doutorado em História Americana pela Universidade do Wisconsin (EUA), revela nesta obra os momentos que mais marcaram a vida política de Spínola, nomeadamente os esforços para aplicar o seu modelo de descolonização - "deparou-se com um conjunto de impossibilidades históricas que impediam a sua concretização" -, as acções justificadas pelo receio da implantação de uma didatura comunista no país e as várias tentativas frustradas para regressar ao poder.

Começando pelo fim: do seu trabalho de investigação, qual a imagem de António de Spínola que prevalece?

A do militar. Independentemente dos cargos políticos que desempenhou - foi o primeiro Presidente da República após o 25 de Abril, num momento charneira da vida política nacional -, foi estruturalmente um militar. Pensava e agia como um militar. Quando esteve na Guiné, foi comandante-chefe das Forças Armadas e governador-geral, o que indiciava já aí uma acção governativa. Mas o militar prevaleceu sobre o político.

E isso terá condicionado algumas das suas decisões políticas...

Eventualmente. Era um militar habituado a dar ordens. Foi condicionado pela sua formação militar, mas também pela sua personalidade. Nesse sentido, a comparação com a biografia do marechal Costa Gomes é interessante: enquanto Costa Gomes era uma pessoa racional, contida, mais fria, Spínola era mais espontâneo, mais emocional.

Escreve que as feridas abertas após o 25 de Abril, e ainda não saradas, alimentam opiniões bastante divergentes sobre Spínola. Mas o antigo chefe de Estado, após o seu regresso do exílio, em 76, acabou por ser gradualmente reabilitado, tanto no campo político como militar. Onde é que é mais notória essa falta de consenso?

Nos meios políticos e militares, sobretudo entre as pessoas que viveram os acontecimentos imediatamente antes e após o 25 de Abril. Obviamente que aqueles que, na altura, foram adversários políticos de Spínola ainda hoje têm dele uma imagem negativa. Essas marcas ainda permanecem. E este é um dos problemas de escrever História contemporânea. Muitas vezes, a avaliação é transposta para o plano do debate político. O historiador não se pode deixar contaminar por esse debate acerca das personagens.

Esta é a primeira biografia de Spínola feita por um historiador. As divergências a que alude estão também presentes na narração historiográfica mais recente?

Não há muita historiografia sobre a figura do marechal. Não temos muitos elementos para fazer essa avaliação. Há ainda muita relutância em escrever a História deste período, relativamente ao qual existem muitas pessoas que viveram os acontecimentos. É um plano onde memória e História se podem confundir. Na historiografia sobre este período, a geração mais nova de historiadores está a fazer uma análise mais distanciada, menos envolvida e menos emotiva. Claro que a História não é uma ciência objectiva. Há sempre uma componente subjectiva, mas tudo isso tem de ser ancorado pelo rigor do método histórico.

Em vários momentos, escreve que Spínola nunca se reconciliou totalmente com o país. Foi a forma como foi feita a descolonização que mais contribuiu para essa mágoa?

Foi uma das grandes feridas que ficaram abertas e não sararam.

Foi também uma derrota pessoal.

E política. A descolonização não teve o desfecho que ele defendeu naqueles primeiros meses após o 25 de Abril. Mas essa sensação de frustração é muito visível numa entrevista que ele deu 12 anos antes de falecer, ao Expresso, na qual ele deixava antever que era um homem muito perseguido pelo seu passado. Continuava a não perdoar as hesitações e o medo de Marcello Caetano, a penalizar-se por não ter assumido o poder quando Caetano lho quis transmitir, pouco antes do 25 de Abril, e continuava a não perdoar aquilo que considerava ser a traição de Costa Gomes e de outros oficiais que ele diz que à ultima hora lhe falharam com apoio no 11 de Março. Há questões que ficaram abertas, e nessa entrevista transparece alguma amargura com o que se passou depois de Abril, sobretudo no período em que ele ocupou a Presidência da República. A descolonização foi, sem dúvida, uma das suas mágoas maiores. Porque o modelo que ele queria implementar era um modelo que deparava com um conjunto de impossibilidades históricas que impediam a sua concretização. Era como se esbarrasse contra uma série de muros.

Nomeadamente os projectos do MFA.

Saliento quatro impossibilidades históricas da descolonização spinolista. A sua primeira ideia era fazer com que os movimentos de libertação aceitassem um cessar-fogo incondicional que permitiria acabar com as hostilidades militares e iniciar um período, que não era especificado, em que os movimentos se iriam converter em partidos e em que se iria preparar o exercício da autodeterminação dos povos das colónias. Este modelo tinha quatro obstáculos: em primeiro lugar, a posição dos próprios movimentos nacionalistas, que não estavam dispostos a aceitar o cessar-fogo sem garantias por parte do poder político de que o fim dos combates conduziria ao reconhecimento da independência e à transferência do poder. Spínola não estava disposto a dar essas garantias e a guerra continuou.

Chegou a ser acusado, sobretudo pelos socialistas, de não dar qualquer atenção aos boicotes ao embarque de soldados para as colónias e de não querer ouvir os ultimatos das Forças Armadas (FA), que ameaçavam que não combateriam mais e que queriam regressar a casa.

São essas as outras impossibilidades históricas. As FA que estavam nas colónias convenceram-se de que o 25 de Abril tinha sido feito para acabar com a guerra colonial e não estavam dispostas a continuar a combater. Depois, a tese de Spínola estava longe de reunir consenso interno. Até poderemos considerá-la minoritária, pelo menos no que diz respeito às forças políticas e militares. O líder do PS, Mário Soares, que veio a ocupar o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros, tinha a consciência de que era preciso avançar mais rapidamente com as conversações com o PAIGC - a Guiné tinha um lugar especial no coração de Spínola. O mesmo era defendido pelo PCP. E destacava-se ainda a pressão internacional, que era muito forte: a ONU e a OUA [Organização de Unidade Africana] incitavam os movimentos a não aceitarem o cessar-fogo sem garantias de independência; e Soares, no MNE, ouvia dos chefes de governos dos principais países da Europa Ocidental que Portugal precisava de descolonizar rapidamente, que o mundo estava à espera dessa acção.

Spínola mostrava-se coerente com a solução federativa que preconizara em Portugal e o Futuro e que também já tinha sido defendida, muitos anos antes, por Venâncio Deslandes [governador-geral e comandante-chefe de Angola] e pelo próprio Marcello Caetano, em 1962. Não se poderá afirmar que apanhou o MFA desprevenido. Porque, quando falou ao país, na madrugada de 26 de Abril, sublinhou que pretendia "garantir a sobrevivência da nação soberana no seu todo pluricontinental".

E o MFA percebeu isso. Na noite de 25 para 26 de Abril, Spínola reuniu com o MFA para elaborar a versão final do programa do Movimento. A aparição televisiva foi um pequeno intervalo nesta reunião. Na discussão houve uma cedência clara do MFA relativamente ao discurso de Spínola. Foi um compromisso que se conseguiu obter. Desde o início que o MFA tinha a ideia de que, uma vez conquistado o poder pelos capitães, seria necessário entregá-lo a alguém hierarquicamente superior. Os dois generais que se impõem são Costa Gomes e Spínola.

Costa Gomes não aceitou a Presidência.

Manteve-se à margem do processo e não apareceu no próprio 25 de Abril.

Podiam já antever-se as dissensões entre Belém e o MFA.

O conflito é anterior. Desde cedo que no MFA existiam duas correntes distintas: uma ala mais spinolista e outra mais à esquerda, que quis evitar que o MFA fosse apenas visto como um movimento de apoio a Spínola. Isso mesmo foi visível na tentativa falhada do 16 de Março, uma arrancada precipitada protagonizada por alguns oficiais da linha spinolista.

O próprio percurso de Spínola, antes do 25 de Abril, revela o seu comprometimento com o regime estado-novista: ainda em 31, defendeu a ditadura militar; em 37, fez escolta aos comboios alimentares para as tropas franquistas; em 41, integrou uma missão de estudo das unidades militares alemãs e chegou mesmo a visitar a frente de guerra germano-russa, em Leninegrado; em 47, foi agraciado por Franco. Em 68, Salazar convidou-o para governador-geral e comandante-chefe da Guiné...

Enquanto militar, manifestou discordâncias sobre a forma como a política colonial era conduzida. Mas nunca passou para a oposição, nunca fez a ruptura com o regime. Até às vésperas do 25 de Abril, procurou que a transição fosse feita sem uma revolução.

Chegou a dizer a Caetano, em Março de 74, que não colaboraria em revoluções e que não era "um homem de golpes de Estado".

Pela sua formação, tornou-se rapidamente um adepto da nova ordem. Até pelo próprio enquadramento familiar: o pai chegou a ser do gabinete de Salazar quando este ocupou a pasta das Finanças; e o sogro [general Monteiro de Barros] foi uma das figuras militares mais importantes do regime. Na famosa "Abrilada" de 61 [tentativa fracassada de derrubar Salazar, liderada pelo então ministro da Defesa Nacional, Júlio Botelho Moniz], Spínola esteve ao lado do presidente do Conselho. Ele não fez uma ruptura com o regime. Mas apercebeu-se de que a questão colonial teria de ser resolvida não apenas pela força das armas. Isto nem sequer era uma originalidade de Spínola: os estrategos das FA pensavam nesta solução desde finais dos anos 50, inspirados na experiência francesa na Argélia. Quando esteve em Angola, entre 61 e 64, apercebeu-se de que a guerra também necessitava de uma acção psicossocial, que permitia retirar o apoio da população ao inimigo. Nada disto se traduzia numa oposição ao regime.

Numa dimensão pessoal, a ruptura deu-se com Caetano.

A chegada de Caetano ao poder foi uma boa nova para Spínola, que conhecia a sua tese para a questão colonial (a autonomia progressiva das colónias) e com a qual se identificava plenamente. Mas Spínola ficou impaciente com a forma como Caetano conduzia a política colonial. E procurou explorar no terreno (Guiné) várias soluções políticas e negociadas. Daí os encontros dele com guerrilheiros do PAIGC, o encontro com o Presidente Leopold Senghor (do Senegal), a estratégia gizada quer pelos spinolistas, do ponto de vista militar, quer pela Ala Liberal, para promover sua candidatura presidencial, em 72.

Esta ruptura deve-se menos aos pedidos de Spínola para avançar com as negociações com o PAIGC do que à intenção de se candidatar à Presidência da República?

O mais importante da ruptura foi o facto de Spínola ter sentido que Caetano não estava disposto a aceitar a intermediação de Senghor. Caetano disse-lhe que não podia aceitar que Spínola se sentasse à mesa com Amílcar Cabral, que isso seria perder a face e que provocaria um efeito de dominó nas restantes colónias.

Spínola veio, mais tarde, a admitir ter cometido um "erro histórico" quando convenceu Caetano a não abandonar as suas funções, na sequência da publicação de Portugal e o Futuro. Poderia ter liderado a mudança sem acesso à via revolucionária, acreditava. Esta hipótese seria exequível, numa altura em que processo revolucionário já estava em andamento?

Seria muito difícil. Nessa altura, existiam outros actores com muita importância: o Presidente da República [Américo Tomás] e os ultras que estavam em conspiração permanente, desde meados de 73; como é que eles reagiriam? O próprio MFA, por outro lado, já tinha o movimento em marcha. Não sabemos como é que estes sectores reagiriam a um pacto Spínola/Marcello. Spínola e Costa Gomes convenceram Caetano a não se demitir porque não estavam dispostos a atravessar o Rubicão da legalidade. Não eram revolucionários. Procuravam dar uma retaguarda suficiente para Caetano avançar com reformas e novas políticas. Era muito difícil para estes homens, que foram formados nos anos 20 e 30, assumirem uma postura de ruptura com o regime.

Com a chegada ao poder de Vasco Gonçalves, Spínola concentra-se totalmente no objectivo de evitar que o país se transformasse num bastião comunista apoiado pela União Soviética. Manifesta essas mesmas preocupações ao então Presidente dos EUA, Nixon [num encontro na ilha Terceira, Açores], e as suas acções têm sempre em conta esses receios.

É sempre esse o argumento que usa.

Mas acha que ele não acreditava piamente nisso?

Estava genuinamente convencido da tentativa de tomada de poder pelo PCP e pelos seus sectores no MFA.

As acções de Spínola no 28 de Setembro e no 11 de Março podem ser lidas sob essa crença?

São coisas diferentes. O problema é que, ao longo dos meses, após o 25 de Abril, os apoios que ele recebe começam a chegar de sectores cada vez mais à direita do espectro político. E ele deixa-se encostar a esses sectores. Isso não é favorável à sua imagem. São eles que promovem a manifestação da "maioria silenciosa" do 28 de Setembro.

Sem uma forte base política e militar, procura apoio na extrema-direita?

Na luta política que se trava de 27 para 28 de Setembro, Spínola e os spinolistas procuraram a realização da manifestação, que daria uma prova de legitimidade do poder do Presidente. A rua era então um palco privilegiado da disputa política. Mas havia uma trama paralela a esta iniciativa: Spínola queria aproveitar a conjuntura para demitir Vasco Gonçalves e fazer uma espécie de golpe de Estado. Tentou fazer isso nessa noite. Porque não o fez? Porque sobreavaliou a sua capacidade. E depois recuou, não quis provocar uma guerra civil. E demitiu-se.

Mesmo depois da demissão, não desistiu dos seus intentos. Até ao 11 de Março, multiplicou contactos para regressar ao poder.

Tinha uma espécie de dupla estratégia. Os militares têm sempre um plano de contingência. Entre o 28 de Setembro e o 11 de Março, existiam duas hipóteses paralelas: aquela que era defendida pelos sectores mais puramente spinolistas, e que consistia num plano de recuperação política do General e no estabelecimento de uma rede de contactos com PS, PSD e CDS para que estes partidos apoiassem Spínola nas futuras eleições presidenciais; e a que era planeada por sectores com ligações ao Exército de Libertação Português e ao general Kaúlza de Arriaga e que pretendia convencer Spínola a embarcar numa aventura golpista.

São estes que o convencem a embarcar no 11 de Março, alegando a "matança da Páscoa".

Foi empurrado para essa manobra. Mas foi empurrado convictamente.

Não se tratou, portanto, de uma participação resultante de alguma ingenuidade.

Aderiu convictamente ao golpe para regressar ao poder e libertar o país de uma eventual ditadura comunista. A história da "matança da Páscoa" foi uma espécie de gota de água que fez transbordar o copo e que o convenceu. Há quem defenda que a lista foi uma armadilha feita por sectores afectos ao PCP, que sabiam que Spínola iria reagir e seria mais fácil reforçar o poder. O 11 de Março foi uma acção mal planeada e desastrada - ainda hoje, ninguém compreende como é que Spínola se deixou arrastar para aquela operação.

Já no exílio, no Brasil, continuou muito activo em termos políticos. Viajou, apadrinhou a criação do Movimento Democrático para a Libertação de Portugal (MDLP), angariou fundos para as acções do movimento. Não desistiu de acalentar o sonho de recuperar o poder em Portugal.

Há aqui uma dimensão de drama pessoal. Chegou à Presidência da República com 64 anos e em menos de um ano estava no exílio a conspirar para invadir o seu próprio país. Regressou em 76 e, sendo um dos heróis da transição para a democracia, foi-lhe dada ordem de prisão no aeroporto. O exílio foi uma realidade difícil, mas ele acalentou essas esperanças. Mas mesmo o MDLP dividia-se em duas tendências: a que estava ligada ao ELP e que defendia a criação de um exército para libertar o país do jugo comunista; e uma vertente mais realista, promovida por Sanches Osório, que defendia que o MDLP devia trabalhar com grupos de resistência que já estavam no terreno.

Spínola inclina-se para qual?

Oscila entre as duas. Não recusa nem uma nem outra. Tanto recebe Alpoim Calvão, como fala com Sanches Osório. O que é que funciona contra Spínola ao longo do Verão de 75? Quanto mais a situação portuguesa se vai normalizando, mais difícil se torna o discurso de Spínola e menos sentido faz apoiar um movimento como o MDLP.

A história de Spínola tem algo de trágico e de irónico. Já nos anos 80, depois de ter sido reintegrado nas FA e de ter sido ilibado do caso do 11 de Março, tem uma presença política discreta. Embora regresse, de facto, a Belém, pela mão de Mário Soares, que o nomeia chanceler das Antigas Ordens Militares.

Tratou-se da reabilitação do marechal e de uma tentativa política de Soares para alargar o espectro de eventuais apoiantes. De certa maneira, foi também uma preocupação para sarar feridas do passado.

Pescadores madeirenses e açorianos poupados na Samoa

por A-24, em 19.09.10
Maioria estava no mar na altura do sismo e tsunami

O sismo e o tsunami de terça-feira na ilha de Samoa, no Pacífico sul, pouparam as vidas e os bens dos pescadores açorianos e madeirenses, cerca de cem no total, que na sua maioria ali se fixam sazonalmente.Edgar Feliciano, natural da ilha do Pico (Açores) e residente na ilha há 20 anos, disse hoje à Lusa que "não houve problemas com portugueses" em resultado do sismo de magnitude 8.0 e do tsunami que fez pelo menos 150 mortos, segundo o balanço mais recente."A nossa frota estava toda fora a pescar. Só um [barco] estava dentro [do porto] e não teve problemas. O barco estava amarrado à doca, a tripulação foi mandada evacuar. [o mar vazou] e quando voltou a entrar não houve problema nenhum", disse Feliciano, que foi para Samoa como pescador e trabalha hoje numa fábrica de processamento de pescado.

Com um tio e sua família directa - a mulher é natural da vizinha ilha de Tonga - Feliciano e os seus parentes constituem o pequeno núcleo de residentes portugueses na ilha.Mas existe uma população flutuante, que faz temporadas de pesca, como sucede actualmente, juntando cerca de uma centena de pessoas."A frota começou a vir para cá em 1983, a maioria portugueses açorianos, quase todos da ilha do Pico, e outra parte da Madeira, Paul do Mar", afirmou."

Antes pescavam na América do Sul ou Pacífico, na Califórnia, mas depois abriram uma fábrica de peixe cá, a maior do mundo, e [a frota] começou a vir por causa da grande quantidade de peixe que se encontrava. É o meu caso", disse à Lusa.O tio de Feliciano é dono de cinco barcos, dos quais quatro estavam no mar e outro no porto, quando se deu o tsunami.Nenhum sofreu estragos, mas na fábrica onde o português trabalha "está tudo fechado" devido aos grandes danos e assim deverá ficar 2 a 4 semanas.Em duas décadas no sul do Pacífico, o açoriano já havia vivido sismos e alertas de tsunami mas "nada a este nível"
"Nesse dia ia a caminho do trabalho bem cedo, parei para tomar café e senti o sismo. Voltei ao carro quando parou e liguei o rádio para ouvir a informação. Só pela duração e intensidade pensei que podia haver um tsunami. Mas o rádio a primeira informação que deu era que o sismo era de 6.6 e não havia tsunami", disse."Meti-me no carro, comecei a andar para o trabalho de novo, ia passando à volta da baía de Palo-Palo e vi a água toda a vazar, uma coisa que nunca tinha visto, via-se até o fundo do mar. Sabia logo que vinha um tsunami, virei o carro para um lugar mais alto da cidade", contou.Na subida, Feliciano cruzou-se com várias crianças que desciam a caminho da escola, e, em inglês, tentou avisá-las: "Algumas talvez não tenham compreendido, outras sim." "Safei-me por pouco. Quando cheguei ao lugar alto comecei a ver o que se estava a passar. Era mesmo horrível", relatou.
Seguiu-se o desespero de tentar contactar os familiares, quando as comunicações estavam em baixo.Apesar do susto, Feliciano quer participar na reconstrução da ilha e diz que só na reforma regressará à sua ilha natal."É a vida. O que aconteceu cá pode acontecer em qualquer parte do mundo. Um dia volto", afirmou.Os sismos nas ilhas Samoa e em Samatra (Indonésia) não estão relacionados, apesar de terem ocorrido na "cintura de fogo" do Pacífico, onde a junção de placas continentais origina forte actividade sísmica, segundo os peritos.
DN

O SEXO EMAGRECE?

por A-24, em 18.09.10
Num artigo publicado em 2003 pela revista canadiana "Homemakers Magazine" e citado pelas Selecções do Reader''s Digest, o urologista Dr. Jay Lee indica que uma mulher de 65 kg queima cerca de 90 calorias em 20 minutos de sexo, quase tanto como num jogo de ténis e mais do que num passeio de bicicleta. Já o médico Luís Gerk de Azevedo Quadros, doutorado em Ginecologia em São Paulo, referiu em 2004 na revista "Isto é Gente" que um acto sexual intenso durante 15 minutos pode queimar até 300 calorias e que o esforço físico despendido no acto sexual ajuda a fortalecer as pernas, os glúteos e o abdómen. No entanto o médico coloca um travão nos mais impetuosos, ressalvando que o sexo pelo sexo pode ser prejudicial até em termos físicos. 

"DÓI-ME A CABEÇA" É UMA DESCULPA VÁLIDA? Segundo o artigo da "Homemakers Magazine", não. A peça cita um estudo realizado no Illinois em que 11 das 34 mulheres sujeitas a análise sentiram um alívio total ou parcial das enxaquecas depois de atingirem o orgasmo. No mesmo artigo, o Dr. Lee refere que o aumento de endorfinas libertadas durante o sexo prolonga-se até três horas. Uma opinião que vai ao encontro da publicada por Luís Quadros em 2004, quando sublinhou na "Isto é Gente" que a relação sexual favorece a produção de endorfina, serotonina e dopamina, substâncias antidepressivas. Já Stuart Brody, da Universidade de Paisley (www.uws.ac.uk) na Escócia, realizou em conjunto com o investigador Rui Miguel Costa um estudo cujos resultados foram publicados no "Archives of Sexual Behavior" e sugeriram que o sexo pode ser um elemento importante na prevenção da depressão e na melhoria da saúde mental.

EXISTEM MESMO PREDADORAS SEXUAIS? Alegadamente há várias, mas nem todas terão justificação clínica. A britânica Donna Glover foi notícia recentemente no "News of the World" devido à sua ânsia constante por sexo, consequência de uma doença que atinge uma em cada seis milhões de pessoas. Trata-se da síndrome de Kleine-Levin, também denominada síndrome da Bela Adormecida, caracterizada por uma necessidade excessiva de sono e uma elevada desinibição sexual. Ao jornal inglês, Donna relata uma vez quando um homem que a observava no supermercado a abordou e se apresentou. Poucos minutos depois estavam num parque a fazer sexo rápido. A britânica afirma que nestes episódios é invadida por um desejo tremendo de sexo, o que a leva a procurar parceiros na internet, levando o seu histórico de parceiros sexuais para mais de 150 segundo a própria. Os tratamentos mais radicais para esta patologia passam pelo recurso a anfetaminas e lítio. 

EMPREGADAS "BOAZONAS" RECEBEM MELHORES GORJETAS? Parece um comportamento básico e primário, mas a julgar pelo estudo do Professor Michael Lynn, da Universidade de Cornell (www.cornell.edu) em Nova Iorque, parece ser verdade. Lynn realizou uma pesquisa com 374 mulheres que trabalharam como empregadas de mesa em Nova Iorque e concluiu que factores relacionados com a aparência, como o tamanho do peito e a cor do cabelo, são preponderantes na gorjeta oferecida pelos clientes. Nesta pesquisa, mulheres na casa dos 30 anos, com peitos generosos, cabelos loiros e corpos esguios receberam maiores gorjetas que as restantes empregadas. Conclusões que não surpreendem quem leu no "Journal of Experimental Social Psychology" o estudo realizado pela Universidade de Radboud (www.ru.nl) na Holanda, que revelou que a presença de mulheres bonitas afecta a capacidade cognitiva dos homens.

AGORA (MAIS) A SÉRIO... Com mais ou menos credibilidade, estudos como estes contribuem para mistificar ainda mais as questões relacionadas com a sexualidade feminina. Para contrariar todos os mitos e sublinhar todas as verdades, a Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Lisboa receberá amanhã a conferência "Sexualidade Feminina, Mitos e Verdades". Olhando para o painel de convidados, sobressai a diversidade de competências dos oradores, a contrariar qualquer pensamento mais leviano em relação a uma iniciativa deste género. Radmila Jovanovic, ginecologista; o cirurgião plástico João Anacleto; Laira Ramos, fisioterapeuta; a sexóloga Erika Morbeck; Marília Pereira, enfermeira especializada em Saúde Materna e Obstetrícia; Paula Ferreira, especialista em medicina tradicional chinesa; a terapeuta corporal Paula Salgado e o mestre de ioga tântrico Swami Mahalayananda Saraswati compõem um elenco multidisciplinar, preparado para esclarecer todas as dúvidas que sempre teve e nunca ganhou coragem para partilhar. 

Conferência "Sexualidade Feminina, Mitos e Verdades"; Amanhã, 14h00; Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Lisboa; Bilhetes: 30€, à venda na Ticketline (www.ticketline.pt); Site: sexualidadefeminina-mitoseverdades.blogspot.com

Sarkozy sugere à comissária Reding que receba os ciganos no seu país, o Luxemburgo

por A-24, em 15.09.10
O Presidente francês, Nicolas Sarkozy, reagiu às críticas da comissária europeia da Justiça sobre a expulsão dos ciganos romenos de França sugerindo que abrisse as fronteiras do seu país, o Luxemburgo, para os receber.
Estas declarações não foram feitas de viva voz, mas relatadas por senadores do partido presidencial, após uma reunião com Sarkozy. “Ele disse que estão a ser aplicadas as leis europeias e francesas e que não há nada a reprovar no comportamento da França nesta matéria, mas que se os luxemburgueses quiserem ficar com eles [os ciganos] não há problema nenhum”, relatou o senador Bruno Sido. 

“Disse ainda que a nossa política é correcta e que é escandaloso que a Europa se exprima desta maneira sobre as acções da França. Disse ainda que se explicará melhor amanhã”, em Bruxelas, na reunião do Conselho Europeu, adiantou ainda aos media o senador. 

Viviane Reding, comissária para a Justiça e para os Direitos dos Cidadãos, criticara violentamente a política francesa de desmantelamento dos acampamentos ciganos e expulsão dos membros da etnia para os seus países de origem, nomeadamente a Roménia e Bulgária. “Acho que a Europa não quer voltar a ver este tipo de situação similar à da Segunda Guerra Mundial”, afirmou então.

Classificando esta decisão do Eliseu como uma “vergonha” – e especificamente o envio de uma circular pelo Governo francês aos perfeitos assinalando os acampamentos como “alvo prioritário” específico – a comissária ameaçou mesmo processar judicialmente a França por não respeitar a legislação da União Europeia.

Já antes, o secretário de Estado francês para os Assuntos Europeus, Pierre Lellouche, se insurgira contra os comentários de Reding, avaliando que Bruxelas “não se pode pôr a censurar os Estados”. “Este tipo de perda de controlo não é conveniente. Creio que a paixão se lhe sobrepôs à razão. E a paciência tem limites, não é assim que se fala com um grande país”, afirmou numa entrevista à RTL.

A Comissão Europeia montou uma defesa unânime a Viviane Reding no seu braço-de-ferro com a França, por causa da expulsão dos ciganos – que estão a ser visados como uma comunidade –, mas traçando limites: tanto o presidente da Comissão, Durão Barroso, como outros comissários, distanciaram-se da parte do discurso em que Reding faz a alusão às deportações da Segunda Guerra Mundial.

“Uma ou outra expressões usadas pela senhora Reding ontem no calor do momento podem ter suscitado um mal-entendido”, disse Durão Barroso, tentando apagar o incêndio. “A senhora Reding não quis estabelecer um paralelo entre o que se passou durante a Segunda Guerra Mundial e o que se passa hoje”, garantiu.

"Este continente não é para nómadas"

por A-24, em 14.09.10
É raro falar-se dos Irish Travellers, uma população nómada de origem histórica e dimensão incertas, espalhada sobretudo pela Irlanda, mas presente um pouco por toda a parte na Grã-Bretanha e até nos Estados Unidos, que recusa ser considerada um grupo étnico distinto e, muito menos, identificada como cigana.


Os Irish Travellers não podem ser expulsos para paragens longínquas porque não lhes tiram a nacionalidade, mas ninguém os quer por muito perto: compram terrenos, pedem licenças de construção que são recusadas, continuam a viver em roulottes e propõem-lhes alojamento espalhados por vários prédios, o que eles recusam porque a solução não se adapta ao seu modo de vida em comunidade.As crianças vão às escolas do bairro e as pessoas têm acesso aos centros de saúde, mas os seus acampamentos estão sempre sob a ameaça de serem arrasados com bulldozers, como agora em Hovefields, no Sudeste de Inglaterra. 

Trata-se apenas de sete famílias, mas sabe-se que Hovefields é uma espécie de ensaio geral para a maior expulsão da história do Reino Unido, a ser concretizada durante as próximas três semanas: mil Irish Travellers de Dale Farm, uma localidade relativamente próxima.A Europa liofilizada que não suporta aqueles que não utilizam os seus locais de habitação «selon lens bons principes de la bourgeoisie», como estabelecia o manual de condóminos do prédio em que morei três anos, em Bruxelas, em finais da década de 80…

in "Entre as brumas da memória"

Open dos EUA - Já não falta nenhum Grand Slam a Nadal

por A-24, em 14.09.10
O tenista espanhol Rafael Nadal, n.º 1 mundial, conquistou o seu primeiro Open dos EUA, o único dos quatro torneios do Grand Slam que lhe faltava vencer.
Nadal, que derrotou na final o sérvio Novak Djokovic por 6-4, 5-7, 6-4 e 6-2, arrecadou o nono torneio do Grand Slam da sua carreira e o seu 42.º título.
Aos 24 anos, Nadal torna-se o quarto tenista da era Open (desde 1968) - e sobretudo o mais jovem - a completar o Grand Slam de carreira, depois de Rod Laver, Andre Agassi e Roger Federer (Fred Perry, Don Budge e Roy Emerson também ganharam os quatro títulos mais importantes antes de 1969). Dos quatro, só o australiano Laver venceu as quatro provas no mesmo ano (em 1969).
“É mais do que aquilo que eu podia sonhar, chegar à final era já inacreditável, mas agora ter este troféu...”, disse Nadal, após a vitória.
O espanhol, já vencedor nesta época de Roland Garros e de Wimbledon, torna-se assim também o quarto jogador a conquistar três torneios consecutivos do Grand Slam na era Open (depois de Laver, Pete Sampras e Federer).
“Foi uma grande honra estar de novo na final depois de três anos”, disse Djokovic. “Felicito Rafa pelo seu super torneio. Hoje, ele é o melhor jogador do mundo e merece este título”.
“Espero um dia ter uma nova oportunidade de me bater para conquistar este troféu”, referiu ainda o sérvio, o novo n.º 2 mundial, depois de destronar Federer.
A final entre Nadal e Djokovic, que estava prevista para domingo, foi adiada 24 horas por causa do mau tempo, acabando por decorrer em dois tempos, em virtude de uma interrupção de quase duas horas motivada pela chuva.

Britânicos têm pior qualidade de vida em ranking europeu

por A-24, em 13.09.10
Os moradores da Grã-Bretanha têm a maior renda e a pior qualidade de vida em um ranking de 10 grandes países europeus realizado pelo site de comparação de preços uSwitch.com.
O Índice de Qualidade de Vida comparou 17 fatores que influenciam a qualidade de vida, entre eles a renda, horas de trabalho, dias de férias, preço de combustíveis e alimentos, gastos do governo com educação e saúde e ainda horas de sol por ano e idade de aposentadoria.
De acordo com o estudo, a França é o país com melhor qualidade de vida, seguido pela Espanha. Os britânicos ficaram em último e os irlandeses em penúltimo lugar.
Segundo o ranking, os britânicos têm renda familiar anual de 35.730 libras (cerca de R$ 99 mil), 10 mil libras (cerca de R$ 28 mil) acima da média do grupo, mas também trabalham, em média, três anos a mais que os outros e morrem dois anos mais cedo do que os franceses.
Em relação ao custo de vida, os britânicos gastam mais com alimentos, combustível, álcool e cigarros.
Dinheiro não basta

Ranking de Qulidade de Vida

1. França
2. Espanha
3. Dinamarca
4. Holanda
5. Alemanha
6. Polônia
7. Itália
8. Suécia
9. República da Irlanda
10. Reino Unido

Segundo a diretora de política do consumidor da uSwitch.com, Ann Robinson, o estudo mostra que, para alcançar boa qualidade de vida, é necessário mais do que dinheiro.
“A gente ganha substancialmente mais do que nossos vizinhos europeus, mas este nível de renda é necessário só para manter um teto sobre nossas cabeças, comida na mesa e nossas casas aquecidas”, diz ela. “Nos dá um padrão de vida decente, mas não está nos ajudando a alcançar a qualidade de vida que moradores de outros países têm.”
A pesquisa foi realizada durante o mês de setembro e os autores do estudo afirmam que ela não revela o impacto total da recessão sobre a qualidade de vida nos países analisados, o que deve ocorrer no ano que vem.
Mas o estudo ressalta que a França entrou em recessão em maio e saiu dela em agosto, portanto, é bastante provável que o país mantenha sua elevada qualidade de vida, enquanto que os outros países da lista enfrentam dificuldades econômicas.
O país tem a idade média mais baixa para aposentadoria, tem a expectativa de vida mais alta do grupo e é o que mais gasta (em termos de porcentagem do PIB) com saúde.
Seus trabalhadores têm direito a 34 dias de férias por ano e, na lista, a França só perde para a Espanha e a Itália em termos de horas de sol durante o ano.
“Já há muito tempo o foco na Grã-Bretanha tem sido no padrão de vida e não qualidade de vida. Como resultado, perdemos todo o senso de equilíbrio entre riqueza e bem-estar”, disse Robinson.
“A recessão pode se tornar um ponto de mudança, nos forçando a reavaliar nosso modo de vida, voltar ao básico e às coisas que realmente contam. Os consumidores já começaram a fazer isso – o governo e os políticos fariam bem em segui-los.”
A Espanha, que tem a renda média familiar mais baixa entre os 10 países, tem a maior quantidade de sol e ficou em segundo lugar na lista. Os espanhóis vivem mais do que os britânicos, são os que têm mais férias na Europa (41 dias por ano) e pagam menos por combustível e bebidas alcoólicas.

BBC Brasil

Pág. 1/2