Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

A-24

(Alemanha) Nobel da Literatura para Herta Müller

por A-24, em 18.01.10

O Prémio Nobel da Literatura foi atribuído este ano à escritora alemã de origem romena Herta Müller, de 56 anos.
A Academia sueca sublinha que Herta Müller consegue, "com a densidade da sua poesia e a franqueza da sua prosa, retratar o universo dos desapossados".
Müller é autora de livros como “O homem é um grande faisão sobre a terra”, editado em Portugal pela Cotovia, e “A terra das ameixas verdes”, publicado a nível nacional pela Difel.
Nascida a 17 de Agosto de 1953, na aldeia de Nitzkydorf, perto de Timisoara, na Roménia. Estudou alemão e literatura romena na sua terra natal e trabalhou depois como tradutora numa fábrica de Timisoara, antes de ser demitida das suas funções em 1979 por se ter recusado a colaborar com a polícia política de Nicolae Ceaucescu.
Müller acabou por abandonar o seu país em 1987 para ir para a Alemanha com o marido, o também escritor Richard Wagner. Para trás deixou uma longa luta perdida pela publicação dos seus trabalhos frontalmente críticos ao regime totalitário de Ceausescu, que acabaria por ser derrubado dois anos depois de Müller sair da Roménia.
Em 1984 foi distinguida com o Prémio Aspekte e onze anos depois recebeu o prémio europeu de literatura Aristeion e foi eleita para a Academia Alemã para Língua e Poesia. Em 1998, recebeu o prémio irlandês IMPAC, no ano seguinte o Prémio Franz Kafka. Em 2003, foi galadoarda com o prémio Joseph Breitbach de literatura alemã, em 2004 com o prémio de literatura da Fundação Konrad Adenauer e, em 2006, com o Prémio Würth de literatura europeia.
A notícia da distinção com o Prémio Nobel da Literatura 2009 apanhou desprevenida a escritora alemã. “Estou surpreendida e ainda nem acredito, de momento não posso dizer mais nada”, disse Herta Müller num comunicado divulgado pela Hanser Verlag, a editora da romancista. (Outubro/2009)

Del Potro coloca final no reinado de Federer

por A-24, em 16.01.10
O argentino Juan Martin Del Potro, cabeça-de-série número 6, venceu o seu primeiro torneio do Grand Slam com a vitória na final em Nova Iorque no US Open sobre o pentacampeão e número 1 mundial Roger Feder, com os parciais 3-6, 7-6 (7/5), 4-6, 7-6 (7/4), 6-2.
Del Potro, de apenas 20 anos, nunca tinha atingido uma final dos quatro maiores torneios de ténis e nunca tinha ganho a Federer nos seis confrontos anteriores.
O sul-americano conseguiu ainda impeder o tenista suíço de vencer o seu 16.º torneio do Grand Slam, o seu terceiro desta temporada (depois de ter ganho Roland Garros e Wimbledon) e o seu sexto US Open consecutivo. Federer esteve a dois pontos de vencer o encontro no quarto set, a 4-5 no serviço do adversário.
O argentino deve a sua vitória à sua direita (com 37 pontos ganhantes) e a um melhor serviço que o suíço, que somou 11 duplas faltas e apenas conseguiu concretizar 50 por centos dos primeiros serviços.
“É um sonho, não tenho palavras. Nunca mais esquecerei isto durante toda a minha vida”, disse no final Del Potro, com lágrimas.
Del Potro é o primeiro argentino e sul-americano a vencer o US Open desde o argentino Guillermo Vilas em 1977, que esteve presente nas bancadas.
Com os seus 1,98m de altura, o argentino é o jogador mais alto a vencer um título do Grand Slam. (16-09-2009)

Kim Clijsters regressa em grande e vence torneio

por A-24, em 14.01.10
A tenista belga Kim Clijsters conquistou domingo pela segunda vez o Open dos Estados Unidos ao derrotar em Nova Iorque a dinamarquesa Caroline Wozniacki por 7-5 e 6-3.
Clijsters já havia ganho o Open dos Estados Unidos em 2005, antes de pôr fim à carreira em Maio de 2007. Após uma pausa de dois anos, durante a qual foi mãe, regressou à competição em Agosto e foi convidada para participar no último torneio do Grand Slam da época.
Com esta vitória inesperada, a primeira de uma atleta convidada e sem pontuação no "ranking" mundial, Kim Clijsters tornou-se a terceira jogadora mãe a conquistar um torneio na história do Grand Slam, a primeira depois da australiana Evonne Cawley-Goolagong, em Wimbledon, em 1980.
A filha Jada, de 18 meses, assistiu à partida e juntou-se à mãe quando Kim Clijsters recebeu o troféu.
"É verdadeiramente incrível, não previa que o meu regresso fosse assim", afirmou no final, acrescentando que agora quer regressar a casa e "recuperar a rotina da família".
Kim Clijsters, 26 anos, que liderou o "ranking" do ténis mundial em Agosto de 2003, sucedeu à norte-americana Serena Williams, vencedora do torneio dos Estados Unidos em 2008.
(14-09-2009)

Breve história das eleições autárquicas desde 1976

por A-24, em 11.01.10
1976 

O mesmo número de câmaras para PS e PSD 

O PS foi o mais votado, conquistando a presidência de 115 câmaras municipais, incluindo as principais cidades do país. Apesar de ter tido menos nove por cento dos votos, o PSD conquistou o mesmo número de presidências, com predominância nos pequenos concelhos do interior-norte e centro. Os comunistas, através da Aliança Popular Unitária (APU), foram a terceira força mais votada, dominando o Alentejo e a então chamada "cintura vermelha" de Lisboa e totalizando 37 câmaras. Seguiu-se o CDS, com 36 presidências, e o PPM com uma.

1979

Vitória da Aliança Democrática

Quinze dias depois de umas eleições legislativas que deram a vitória à Aliança Democrática (PPD/CDS/PPM), as autárquicas traduziram-se numa severa derrota dos socialistas, que recuaram para apenas 60 presidências de câmara. O PSD conquistou 101 presidências, a AD 73, a APU 50, o CDS 20 e o PPM uma. Além da clara vitória dos partidos de direita, a derrota socialista foi acentuada pela perda das Câmaras de Lisboa, Porto e Cascais. É de realçar ainda a subida dos comunistas, de 37 para 50 câmaras, em que ultrapassaram a barreira dos 20 por cento dos votos.

1982
PS começa a recuperar

O PPD continua a ser o partido mais votado, conquistando 88 câmaras, que se somaram às 49 presidências obtidas no âmbito da Aliança Democrática (PPD/CDS/PPM). Fora da coligação, o CDS conquistou 27 municípios. É nestas autárquicas que os socialistas começam a sua recuperação eleitoral (no ano seguinte venceram as legislativas), chegando às 84 presidências de câmara, e em que os comunistas obtiveram o seu melhor resultado de sempre, tendo ocupado a presidência de 55 municípios. Foi nestas eleições que a ASDI, o grupo dissidente do PPD, elegeu um presidente de câmara, em Lajes das Flores (Açores).

1985
PSD de Cavaco reforça posições

As eleições realizaram-se em Dezembro, ainda na ressaca da votação para a Assembleia da República, realizada em Outubro e que ficou marcada pelo fim da AD e o surgimento do PRD. O PSD, que venceu as legislativas, cresceu ainda mais nas autárquicas, chegando às 149 presidências de câmara. O PS desceu para 79 e os comunistas para 47. O CDS manteve o mesmo número de presidências (27) em relação às eleições anteriores, tendo o PRD assumido a liderança de três municípios.

1989
PS passa a liderar a ANMP

O PSD caiu para 114 presidências de câmara (uma em coligação com o CDS), tendo sido ultrapassado pela primeira vez pelo PS que conquistou 120 (três em coligação com o CDS e uma com a CDU). Foi a primeira derrota do PSD de Cavaco Silva, que deixou fugir também para os socialistas a presidência da Associação Nacional de Municípios Portugueses. Os comunistas continuaram a dominar o Alentejo e a cintura de Lisboa, com 50 câmaras, enquanto o CDS se quedou pelas 20 presidências. A UDP chega à presidência da Câmara de Machico, na Madeira.

1993
Poder socialista consolida-se

A vitória do PS marca o arranque para a maioria absoluta nas legislativas de 1995. Os socialistas alargam o número de presidências de câmara, passando a liderar 127 municípios. Às vitórias em Lisboa (em coligação com a CDU e a UDP) e no Porto, que constituíram um sério revés para o PSD de Cavaco Silva, juntou-se a conquista de Sintra e Cascais. Mesmo assim, o PSD segurou a presidência de 116 municípios. Estas eleições marcam também o início do declínio do CDS, que recua para 13, enquanto os comunistas perdem apenas uma, passando para as 49.

1997
PS e PSD voltam ao empate

PS e PSD reeditam o empate das primeiras eleições, com 127 presidências de câmara cada, mas ainda com ligeira vantagem para os socialistas, que mantiveram Lisboa, em coligação com a CDU e a UDP. A coligação comunista, CDU, começa a perder terreno no Alentejo e recua para as 41 presidências de câmara. Mas a maior queda é do CDS, que segura apenas a presidência em oito municípios. O PPM voltou à presidência do único município que antes deteve: Ribeira de Pena.

2001
Guterres afasta-se do "pântano"

Vitória absoluta do PSD que levou à demissão do primeiro-ministro António Guterres, com o discurso do "pântano" proferido em plena noite eleitoral. A derrota dos socialistas saldou-se ainda pela perda de municípios como Lisboa, Porto, Coimbra e Faro. A vitória do PSD abriu caminho a Durão Barroso, que três meses depois chegou à liderança do Governo. Os sociais-democratas conquistaram a presidência de 157 municípios (15 em coligação com o CDS), enquanto os socialistas se quedaram pelos 113. A CDU passou a ter apenas 28 presidentes de câmara e o CDS quase desapareceu do mapa autárquico, com apenas três municípios. É nestas eleições que, pela primeira vez, se candidataram grupos de independentes, tendo conquistado três câmaras.

2005
PSD vence apesar de Oeiras e Gondomar

Humilhado nas legislativas deste ano, o PSD resistiu e manteve a presidência de 157 municípios, mesmo "prescindindo" de Oeiras e Gondomar, cujos candidatos (Isaltino e Valentim) foram vetados pelo líder Marques Mendes. Em 20 daqueles concelhos, o PSD concorreu coligado com o CDS; em dois a coligação juntava ainda o PPM e num também o MPT. O PS, que vinha da maioria absoluta nas legislativas, ficou-se pelas 110 câmaras, enquanto a CDU recupera algumas posições, chegando à liderança de 32 municípios. Sete presidentes de câmara foram eleitos em listas independentes, enquanto o CDS e o BE elegeram um presidente cada. (12-10-2009)

Intelectuais árabes criticam “espantalho do islamismo”

por A-24, em 10.01.10
Esta questão tem vindo a ser colocada por inúmeros intelectuais árabes, e foi repetida várias vezes num debate realizado em Bruxelas pelo Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia (ISSEU) sobre o envolvimento dos europeus no processo de paz israelo-palestiniano e sobre a violência política no mundo árabe, mas que foi inevitavelmente dominado pelas revoluções de rua na Tunísia e Egipto.
“A Europa precisa de ir além do medo da mudança”, começou por afirmar Álvaro de Vasconcelos, director do ISSEU e promotor do debate, fustigando implicitamente a ideia de que os valores democráticos têm uma “excepção árabe” em nome da estabilidade na região. 
"Porque é que a mudança a Leste foi sinónimo de estabilidade e no Sul do Mediterrâneo representa a instabilidade?", interrogou-se, ecoando outras intervenções no mesmo sentido. Azzam Ajoub, professor da Universidade de Tunis, foi o mais veemente na crítica aos receios dos europeus face aos acontecimentos na Tunísia e no Egipto, considerando que resultam de um profundo desconhecimento, mesmo entre os intelectuais, sobre a realidade sociológica destes países. 
O “espantalho do islamismo”, que tem sido apresentado como justificação para a defesa da estabilidade da região, “é uma forma de [os europeus] continuarem a não nos ver, e é uma humilhação para nós”, criticou, defendendo que “a verdadeira garantia de estabilidade e de segurança passa por Estados democráticos”. 
Acima de tudo, Ajoub teme que a UE se contente em apoiar “pequenas mudanças” na Tunísia em nome da estabilidade, sublinhando que “o que os tunisinos querem é “verdadeiramente a democracia”. É por isso, defendeu, que os europeus deverão “fazer prova de antecipação e imaginação e dizer-nos que estão connosco até ao fim do processo”. “Precisamos de ser acompanhados e apoiados e que a UE apoie uma verdadeira mudança”, defendeu.
O professor tunisino acredita que tanto os seus compatriotas como os egípcios que se batem pela democracia não deixarão que a sua revolução seja “confiscada” pelos islamistas. De todos os modos, frisou, os islamistas fazem parte do equilíbrio sociológico destes países e há “uma franja” pronta para jogar o jogo democrático. “São partidos políticos, não podemos impedir que uma corrente conservadora tenha uma referência ao Islão”, afirmou, traçando um paralelo com os democratas-cristãos na Europa. Apesar disso, Ajoub reconheceu que os países árabes terão de ter um verdadeiro debate interno sobre “o papel do Islão” na sociedade.

Quanto menos se conhece, maior a tendência para recear

por A-24, em 10.01.10
Mais de metade dos eleitores suíços saiu de casa para votar há uma semana e a maioria, 57,5 por cento, disse "sim" à proibição de construir minaretes. Apesar de ser uma maioria confortável, este número não conta a história toda do "sim" suíço. Em 26 cantões, 22 votaram como a maioria e apenas quatro disseram "não" à proibição. O que estes números não dizem, por exemplo, é que três dos quatro minaretes que existem hoje na Suíça estão em três cantões onde o voto contra a proibição foi menos expressivo.Andreas Tunger-Zanetti, do Centro de Investigação em Religião da Universidade de Lucerna, lembra que "os quatro cantões da excepção têm mais conhecimento prático sobre viver com os muçulmanos". "Quanto menos uma população conhece muçulmanos verdadeiros, mais se inclina a acreditar em todo o tipo de histórias - verdadeiras ou não, eles não podem julgar, porque não sabem - sobre os muçulmanos em geral", diz.
O sociólogo Stefano Allievi nota a ironia dos três minaretes existentes em três dos quatro cantões que votaram contra a proibição, mas pensa que isso não quer simplesmente dizer "que, se os conhecemos, sabemos que eles não são perigosos". Mas admite: "Imagino que em Appenzell provavelmente nunca viram um muçulmano a não ser na televisão! "Tunger-Zanetti conclui que "pouco contacto com "muçulmanos reais" facilita concordar com a proibição aos minaretes" e escolhe como exemplo precisamente o pequeno cantão de Appenzell-Innerrhoden, caracterizado pela existência de "vacas, artesanato, turismo, catolicismo", onde a proposta passou com 71,4 por cento. Na verdade, há muçulmanos em Appenzell: 503 em 16.618 habitantes, 3,4 por cento, pouco abaixo da média nacional, de 4 por cento.
Mais importante do que o perfil sociodemográfico dos eleitores, sustenta Tunger-Zanetti, parece ser o ideológico. "Combinados, estes perfis, um efeito de mobilização forte e o conservadorismo explicam o resultado do "sim". Surpreendente é que as sondagens antes da votação não tenham antecipado estas tendências."
Para Allievi, coordenador do estudo Conflitos sobre Mesquitas na Europa, mais significativo do que perceber se os eleitores que votaram "sim" conheciam ou não muçulmanos, é confirmar que nas zonas onde os muçulmanos estão há mais tempo, "há mais políticas de integração, são regiões mais misturadas, com casamentos mistos, actividades culturais, debates". Onde não havia políticas de integração, porque quase não havia muçulmanos, era na Caríntia, que em 2008 se tornou na primeira região da Áustria - e da Europa - a proibir os minaretes. A força dextrema-direita de Jorg Haider foi aqui o factor determinante. A legislação chegou depois a Voralberg, uma das regiões austríacas com maior presença do islão. 

Sofia Lorena Dez.2009

José Maria Pedroto - O mestre da táctica e do conflito

por A-24, em 09.01.10
A melhor obra do "Zé do Boné" foi a que libertou o FC Porto dos seus complexos de inferioridade e o preparou para as conquistas. Por Bruno Prates
Delese contam mil e uma histórias, sendo cada vez mais difícil distinguir a realidade da fabulação relatada pelos que não resistem a colar-se à sua imagem - nalguns casos, o contacto ter-se-á resumido à escuta de uma tirada de José Maria Pedroto vinda lá de longe, da mesa de cartas envolta pelas nuvens de fumo saídas dos seus cigarros fumados uns atrás doutros na Petúlia, confeitaria portuense que era um dos portos de abrigo daquele que muitos ainda consideram o melhor treinador português de todos os tempos.
Visceralmente intuitivo, frontal e ardiloso, mas também culto, paternalista, estudioso e visionário, segundo a generalidade dos que trabalharam às suas ordens ou o defrontaram. Truculento, duro, irónico, noctívago e supersticioso, na perspectiva dos que preferem destacar-lhe predicados menos bondosos, mas que também acabam por ser tidos por virtudes no mundo em que ficou célebre. Pedroto, o "Zé do Boné", morreu fez ontem 25 anos.
O FC Porto, seu clube de coração, assinalou a data com uma homenagem que incluiu missa, jantar, concerto musical e a promessa de Pinto da Costa de lhe dedicar a conquista do campeonato que está na decorrer. Um programa de fato de gravata para distinguir quem passou a vida de fato de treino a desbravar horizontes, travar batalhas importantes dentro e fora dos relvados e a marcar um antes e um depois no nosso pontapé na bola.
Pinto da Costa ficará na história do futebol nacional como o líder carismático e controverso, eventualmente até como o herói epónimo que levou o FC Porto ao sucesso. Mas se o executante do plano operacional foi ele, o ideólogo chamou-se Pedroto. A sublevação que nos anos 80 do século passado começou a derrubar a ditadura dos resultados imposta pelo Benfica e pelo Sporting foi executada e terminada pelo presidente. Mas o mentor foi o técnico que muitos tratavam por "mestre". Porque Pedroto foi mais do que um treinador. "Foi a figura mais fascinante que conheci entre os homens de futebol", disse um dia Fernando Vaz, que o treinou e defrontou e garantiu igualmente um lugar especial nos compêndios da bola.

Aquecer no relvado
Pequeno e franzino, Pedroto foi um dos melhores médios portugueses nos anos 50 (17 vezes internacional). Foi também um treinador sagaz como talvez só Artur Jorge e José Mourinho conseguiram ser em Portugal, mesmo que sem os títulos supranacionais deles. Pedroto foi autor de muitas e boas obras, mas aquela em que todos reconhecem a sua assinatura foi a que libertou o FC Porto dos complexos de inferioridade, fase embrionária do sucesso interno e do arranque do projecto europeu.
Justo reconhecimento, mesmo que Pedroto tenha também inovado na concepção táctica, na acção psicológica junto de comandados e adversários, na disciplina e no profissionalismo. Dele se diz ter sido o primeiro em Portugal a obrigar os jogadores a aquecerem no relvado, antes de descerem ao balneário para a derradeira palestra. O primeiro a introduzir preparadores físicos, a obrigar os jogadores a fazerem alongamentos no final de cada treino e ainda o primeiro a estudar verdadeiramente as armas e as debilidades dos adversários. "Claro, objectivo, pragmático! Era assim Pedroto", escreveu na sua autobiografia Pinto da Costa, fã do poder de argumentação do treinador, apurado na dialéctica dos cafés que ambos frequentaram.
Pedroto nasceu a 21 de Outubro de 1928, em Almacave, freguesia urbana do concelho de Lamego. Foi o mais novo de 11 filhos. Quando o pai, capitão do exército, morreu, a família mudou-se para o Porto. Pedroto tinha sete anos e foi, em regime de internato, para o Colégio Araújo Lima, paredes-meias com o Campo da Constituição. Foi lá que cultivou a adoração por "Pinga" (jogador que iria imitar no estilo) e foi lá que se iniciou no futebol - aos dez anos, foi inscrito nos infantis do FC Porto. Tinha pouco físico, mas muito talento. A II Guerra Mundial não tardou e com ela as restrições alimentares, razão por que a família Pedroto se mudou para Pedras Rubras. Com alguns amigos, formou o FC Pedras Rubras, onde rapidamente acumulou as funções de presidente e de capitão de equipa.
A proximidade levá-lo-ia aos juniores do Leixões. Foi no clube de Matosinhos que recebeu a sua primeira lição de vida. Num jogo no Bessa, fintou todos os adversários que lhe surgiram, guarda-redes incluído, mas em vez de marcar golo, colocou primeiro a bola em cima da linha fatal, arranjou os calções, alisou o cabelo, e só então é que, de calcanhar, rematou para o fundo da baliza. Saiu nos ombros dos colegas de equipa, mas no balneário estava um treinador mal disposto. Chorou e nunca mais esqueceu a reprimenda.
O serviço militar levou-o para Tavira. Entrou na Escola de Sargentos e passou a jogar pelo Lusitano de Vila Real de Santo António. Recebia 100 escudos (50 cêntimos) por vitória, 60 por empate e 20 no caso de derrota. Ali, desperta o interesse de vários clubes. Quem ganha a corrida é o Belenenses, que lhe paga 25 contos para o convencer. Dias depois, por querer manter a palavra, Pedroto recusou um cheque de 80 contos do FC Porto. Em Belém, encontrou Fernando Vaz, que o transformou de avançado promissor em médio da selecção (foi chamado por Cândido de Oliveira em 1952).
No ano seguinte, mudou-se para o FC Porto, que fez uma colecta para pagar os 500 contos (335 para o clube de Belém e o resto para o jogador), então recorde de transferências. O FC Porto construía uma boa equipa, com jogadores como Miguel Arcanjo, Jaburu e Hernâni. Em 1956, treinado por Yustrich, chegou ao título que acabou com o "jejum" de 16 anos. Conquistaria também o campeonato de 1959 e as taças de Portugal de 1956 e de 1958.
Já enquanto jogador mostrava lidar mal com a derrota e ainda um lado zombeteiro que, muitos anos mais tarde, lhe valeu uma rara crítica de um adversário. "O célebre Pedroto tinha um grande defeito. Como não lhe bastasse já a sua nítida superioridade técnica para iludir os adversários com jogadas magistrais, gostava, quase sempre, de gozá-los no momento em que os fintava", recordou um dia Curado, um antigo jogador da Académica que certa vez o deixou estendido no campo por já não suportar ouvir tantos "olés".

Despedido
Ainda jogador e com apenas 25 anos, Pedroto tirou o curso de treinador (ministrado por Cândido de Oliveira), não demorando a dar-lhe uso. Foi o primeiro técnico português com uma especialização tirada na afamada Federação Francesa (apresentou uma tese final com aquilo que considerava serem os 17 princípios de jogo, obtendo uma brilhante classificação - entre os 87 inscritos, apenas cinco foram aprovados, sendo Pedroto o único estrangeiro a obter o diploma).
Tinha então 31 anos e o carácter e a personalidade tornavam-no um líder natural. O bom trabalho na formação do FC Porto levou-o também à selecção de juniores. Em 1961, com jogadores como António Simões e Fernando Peres, Portugal venceu o Torneio Internacional da UEFA, que antecedeu o Europeu da categoria. A primeira experiência de Pedroto com uma equipa sénior foi na Académica, durante duas épocas, seguindo-se o Leixões e o Varzim. Na Póvoa revelou a qualidade de jogo que se tornaria na sua imagem de marca, sempre com muita posse de bola e virado para o ataque.
A experiência acumulada permitiu-lhe regressar ao FC Porto, em 1966. Durante três épocas rondou o êxito, mas venceu apenas uma Taça de Portugal (67/68). No campeonato, somou dois terceiros lugares e um segundo, após disputa pelo título com o Benfica e imediatamente antes de ser despedido. Tudo começou quando o presidente Afonso Pinto de Magalhães não quis pagar mais sete contos para que a viagem de regresso da Luz fosse de avião. "Não posso fazer guerra e poupar balas e gasolina", reagiu Pedroto.
À chegada ao Porto, obrigou a equipa a ficar no lar dos jogadores até ao jogo seguinte. Custódio Pinto, Américo, Gomes e Alberto desobedeceram com o argumento de que tinham de tratar dos negócios. Foram afastados pelo treinador, que viu a aposta numa equipa de segundos planos resultar numa derrota em casa com a Académica e num empate em Tomar. Foi demitido, mas exigiu uma indemnização de 452 contos, 300 dos quais por danos morais. Como resposta, a assembleia geral do FC Porto decidiu que não poderia voltar a ser funcionário do clube.

Regresso ao Norte
Pedroto comprometeu-se com o Setúbal, recebendo 350 contos de prémio de assinatura. Foram cinco épocas de sucesso, somando um segundo lugar (1971/72), o melhor campeonato de sempre dos setubalenses, dois terceiros e dois quartos. Isto, para além de boas campanhas na Taça UEFA (foi duas vezes aos quartos-de-final). A relação acabou quando a direcção impôs aos jogadores um regulamento que os obrigava a pedir autorização para falarem aos jornais, casarem-se ou irem à praia. Pedroto bateu com a porta, uma demissão que os jornais rotularam contra a "lei da rolha".
O 25 de Abril de 1974 estava à porta quando Pedroto regressou ao Norte, para treinar o Boavista. No primeiro ano levou-o ao quarto lugar. No segundo, foi vice-campeão, após disputa animada com o Benfica treinado por Mário Wilson, com quem travou batalhas verbais violentíssimas (por este chegou a ser acusado de "mestre do conflito"). Nos dois anos no Bessa, venceu outras tantas Taças de Portugal.
Entre 1974 e 1976, foi também seleccionador. Sem resultados brilhantes, talvez porque ao futebol português continuassem a faltar-lhe "os últimos 30 metros", como o próprio Pedroto acusava. Acabou por se demitir por não ser satisfeita a reivindicação para que todos os técnicos recebessem um livre-trânsito para os jogos. Social-democrata próximo de Sá Carneiro, o seu passado sindicalista vinha dos tempos em que foi um dos impulsionadores do Sindicato Democrático dos Profissionais de Futebol (Sinbol).
Supersticioso e noctívago por natureza, era obcecado com os rituais antes e depois dos jogos. Nunca usava roupa nova (nem queria que ninguém usasse) em dia de jogo. Gostava de pescar, mas passava noites à volta de mesas de cartas a jogar a ricardina (variante da sueca, em que as regras dependiam do seu humor). À sua volta sobravam os copos de whisky e o fumo de tabaco. No Café Orfeu ou na Pastelaria Petúlia, os parceiros mais frequentes eram Hernâni Gonçalves, Pinto de Sousa, Valentim Loureiro, os jornalistas Nuno Brás e José Saraiva, e Pinto da Costa. Este último foi uma noite gozado por o FC Porto ter perdido para o Boavista a corrida ao leixonense Albertino. No dia seguinte aceitou o convite de Américo de Sá para chefiar o departamento de futebol e não tardou a convencer Pedroto a regressar às Antas. Antes, a assembleia geral do FC Porto anulou a decisão que impedia o seu regresso.
A contratação, estabelecida em casa de Pinto da Costa a 1 de Fevereiro de 1976, manteve-se secreta entre os dois e só seria revelada a 23 de Junho. Pedroto ainda terminou a época no Boavista (acabou o Campeonato no segundo lugar e venceu a Taça de Portugal), mas Pinto da Costa foi contratando os jogadores que ele indicava: por exemplo, Freitas (Belenenses), Duda (Sevilha), Taí (Boavista) e Torres (Setúbal), que fizeram uma mescla com o talento de António Oliveira, Octávio Machado e Fernando Gomes. Foi um regresso messiânico, como se Pedroto tivesse sido escolhido para resgatar o FC Porto das trevas.

Ano 1 nas Antas
O primeiro ano nas Antas serviu para os ajustamentos necessários, mas Pedroto levou o FC Porto ao título em 1978/79. O clube tinha interrompido o "jejum" de 19 anos à custa de um futebol personalizado e ambicioso, ultrapassando o que o próprio Pedroto rotulara de "complexo da Ponte da Arrábida". De braço dado com Pinto da Costa, Pedroto acentuou o discurso bairrista e em torno da dicotomia norte-sul. Sabia usar a imprensa e algumas das suas frases ficaram célebres: "É tempo de acabar com a centralização de todos os poderes em Lisboa"; "Um campeonato ganho pelo FC Porto vale por dois ou mais dos clubes de Lisboa"; "Um brasileiro é bom, dois é de mais, três é uma escola de samba"; "Quanto a árbitros, em casa serve qualquer um. Fora convém que seja um bom árbitro"; "Temos de lutar contra os roubos de igreja no Estádio da Luz"; "Passamos de pombinhos provincianos a falcões moralizados"; "Quando disse que Mário Wilson era um palhaço, não estava a querer ofender os palhaços". O chorrilho de polémicas em que se envolveu deu menor notoriedade ao seu lado visionário. Evidente quando, por exemplo, afirmou: "O verdadeiro calcanhar de Aquiles do nosso futebol reside no simples facto de quase todos pensarmos que, quando saímos dos estádios, já não somos profissionais de futebol."
Na terceira época nas Antas, Pedroto falhou o "tri", ficando a dois pontos do Sporting. Isso tornou evidente que a sua "guerrilha" desagradava a muitos, mesmo no clube. Era o caso do presidente Américo de Sá, também deputado pelo CDS na Assembleia da República. Este, como não conseguiu desmobilizar Pinto da Costa, substituiu-o por Teles Roxo, dando início ao que ficou conhecido nas Antas como o "Verão quente". Pedroto reagiu acusando o presidente de traidor. Resultado: a equipa técnica foi também substituída, dando azo a uma rebelião no balneário.
Apesar de assediado pelo Benfica e pelo Sporting, Pedroto só começou a trabalhar à oitava jornada, quando Pimenta Machado (provavelmente incentivado por Pinto da Costa) o convidou para treinar o Guimarães. Levou Artur Jorge, que Pedroto já via como seu sucessor. Levou também o jogador António Carlos Bernardino, hoje um treinador conhecido na praça por "Bernardino Pedroto". O apelido terá sido a única herança deste filho nunca registado e fruto de uma relação não assumida e anterior ao casamento do "Zé do Boné".
O Vitória foi quinto nesse ano e quarto no seguinte (Artur Jorge já tinha saído para o Belenenses). Durante este período, Pinto da Costa ganhou a sua luta pelo poder e foi eleito presidente do FC Porto. E, em 1982/83, cumpriu a promessa eleitoral de fazer regressar Pedroto.
A soma do carisma e da perspicácia de Pinto da Costa e de Pedroto tinha resultado não só na reorganização de todo o futebol, mas também numa estratégia de afrontamento dos rivais lisboetas e de todos os poderes instituídos, fossem eles os órgãos dirigentes, a comunicação social ou os políticos. Recorreram amiúde a jogos psicológicos e a argumentos regionalistas e bélicos nas suas lutas contra "o Terreiro do Paço" e o "poder macrocéfalo" de Lisboa.
Com o "Zé do Boné", como Pedroto também ficou conhecido devido à habitual indumentária, o FC Porto terminou no segundo lugar. No início da época seguinte, descobriu que tinha um cancro nos intestinos. Seguiram-se viagens a Londres, onde esteve internado em Janeiro de 1984, numa luta inglória e que o impediu de se sentar no "banco" a partir da décima jornada. A partir daí, António Morais seguia as indicações à distância do seu "mestre". Foi já de sua casa que Pedroto viu o FC Porto falhar por pouco em Basileia a conquista da Taça das Taças.
A 24 de Novembro de 1984, Ramalho Eanes foi ao Porto entregar-lhe a Ordem do Infante. Pedroto estava acamado, mas ergueu-se a custo, vestiu-se, colocou os óculos escuros de massa grossa, e fez questão de ir à porta do quarto receber o Presidente da República. Faleceu na manhã do dia 8 de Janeiro de 1985, com 56 anos. Durante a madrugada, satisfez os últimos desejos, tentando beber um whisky por uma colher e fumar um cigarro. Já não viu o FC Porto campeão europeu. Mas os dados foi ele que os lançou. "Pedroto e Pinto da Costa, quando foram para o FC Porto, criaram um clube", diria mais tarde, Artur Jorge.

Texto adaptado do artigo do mesmo autor publicado no quinto volume da Crónica de Ouro do Futebol Português (edição Circulo de Leitores, Lisboa, 2008)

UE: Cidadãos da Sérvia, Macedónia e Montenegro com livre acesso ao espaço Schengen antes do Natal

por A-24, em 07.01.10
Os governos da União Europeia decidiram hoje em Bruxelas permitir o acesso sem visto dos cidadãos da Sérvia, Macedónia e Montenegro ao espaço Schengen de livre circulação de pessoas já a partir de 19 de Dezembro.Reunidos em Bruxelas, os ministros do Interior e da Justiça dos 27 aprovaram assim a proposta apresentada em Julho passado pela Comissão Europeia de isenção de vistos para os cidadãos destes três países, decidindo concretizá-la ainda antes do Natal.O executivo comunitário iniciou em 2008 discussões para a liberalização de vistos com a Macedónia, Montenegro, Sérvia, Albânia e Bósnia-Herzegovina, tendo Bruxelas considerado que os primeiros três países preencheram os requisitos necessários, designadamente ao nível do estabelecimento de passaportes biométricos, reforço dos controlos fronteiriços e luta contra a corrupção e crime organizado.Albânia e Bósnia-Herzegovina não fizeram progressos suficientes, tendo por isso
Os seus cidadãos de esperar, talvez até ao Verão de 2010, para também verem levantada a imposição de vistos para viajar para o espaço Schengen. O espaço Schengen de livre circulação de pessoas é formado por 28 países: todos os Estados-membros da União Europeia à excepção de Reino Unido e Irlanda, e ainda três países não-comunitários, Islândia, Noruega e Suíça.Em Dezembro de 2008, no final da presidência portuguesa da UE, o espaço Schengen foi alargado aos 'novos' Estados-membros, que aderiram à União em 2004, e no ano passado à Suíça, graças a uma solução informática avançada por Portugal, o 'SISone4all', que desde então é aplicado 'transitoriamente' enquanto a versão do SIS II tarda em ser concretizada. O atraso no desenvolvimento desta tecnologia, que ameaçou o alargamento do espaço Schengen, é outro dos assuntos em discussão no conselho de ministros do Interior e da Justiça que decorre entre hoje e terça-feira em Bruxelas. 
Público 07-12-2009

Foram precisas quatro horas para Federer fazer história

por A-24, em 07.01.10
A final masculina do torneio de Wimbledon chegou aos 77 jogos e decidiu-se no mais longo quinto set, em mais de cem anos de prova.
Sim, Roger Federer conseguiu-o! Aos 27 anos, o tenista suíço conquistou o tão procurado 15.º título do Grand Slam. Depois de um suspense de quatro horas e 18 minutos, Federer derrotou Andy Roddick na final do torneio de Wimbledon e tornou-se no maior campeão da história do ténis mundial, aplaudido de pé pelo anterior detentor do recorde, Pete Sampras, vindo expressamente dos EUA para assistir ao momento. O realizar de um sonho que começou há duas dezenas de anos, quando o pequeno Roger viu uma final em Wimbledon, entre Boris Becker e Stefan Edberg, e ganhou forma com o primeiro grande triunfo, alcançado em 2003, na relva do All England Club.
"Estou contente por ter batido o recorde aqui, porque este sempre foi o torneio com mais significado para mim, por causa de os meus heróis e ídolos terem ganho aqui. É como o completar de um círculo, pois começou aqui e termina aqui, mas claro que a minha carreira está longe do fim. É sempre bom ver tantas lendas, em especial Pete", frisou Federer, depois de bater Roddick num encontro épico que terminou com os parciais de 5-7, 7-6 (8/6), 7-6 (7/5), 3-6 e 16-14.
"Eu sei o que o recorde significava para ele e ele sabe o que o recorde significa para mim. De certa forma, sinto que o partilhamos. Sabem, em miúdo, costumava ficar nervoso quando um amigo me ia ver jogar, depois foram os meus pais, depois as grandes lendas do ténis, mas agora podem vir todos ver-me jogar que já não fico nervoso. Mas, hoje [ontem], quando o Pete entrou no court fiquei mesmo um pouco mais nervoso", confessou o campeão suíço, após o encontro de elevada qualidade e que entrou para a história por mais razões: foi a mais longa final do Grand Slam, com 77 jogos (o anterior recorde, 71 jogos, durava desde o Open da Austrália de 1927) e, logicamente, de Wimbledon (no ano passado, Federer e Nadal disputaram 62 jogos). O quinto set foi também o mais longo em finais masculinas do Grand Slam (a final de Roland Garros de 1927 terminou com 11-9).
Num duelo típico da relva, onde o serviço e a resposta fizeram lei, Federer bateu igualmente um recorde pessoal ao somar 50 ases (menos um que o recorde de Ivo Karlovic em Wimbledon) - o melhor que o suíço tinha feito foram 39 ases (frente a Janko Tipsarevic, no Australian Open de 2008).
Mas o encontro, ainda antes de se completar uma hora e meia de jogo, viveu um momento-chave: no segundo set, decidido no tie-break - Federer só perdeu três em 18 disputados em finais do Grand Slam, todos frente a Rafael Nadal -, Roddick serviu a 6/2. Federer recuperou até 6/5, mas num vólei que parecia uma mera formalidade para fechar o ponto, Roddick bateu para fora e desaproveitou a última oportunidade. "Havia algum vento nas minhas costas. Ao princípio, nem pensei que ia bater na bola mas depois começou a descer e já não fui a tempo de pôr a raqueta ao lado da bola", explicaria Roddick.
O norte-americano perderia igualmente o terceiro set no tie-break, mas não se foi abaixo e, a 2-2 da quarta partida, fez o break, o segundo em todo o encontro. A confiança de Rod-dick explodiu e, a 5-3, um serviço a 209 km/h levou a decisão do título para um quinto set, estavam decorridas duas horas e 43 minutos.

No livro de Sampras
Como Federer começou a servir, o norte-americano serviu várias vezes para se manter no encontro, mas nunca cedeu e o serviço manteve uma eficácia constante. A 8-8, Roddick arranca uma esquerda que lhe dá dois break-points, ambos bem salvos pelo suíço. Mas o cansaço, a irregularidade dos ressaltos e as dificuldades de percepção da trajectória da bola, por metade do court estar já à sombra, foram provocando mais erros e, num jogo discutido nas vantagens, Roddick desperdiçou o ponto para 15-15. Um erro do norte-americano dá um match-point a Federer, concretizado quando vê outra direita de Roddick ir para fora.
"Tem 15 [Grand Slam] agora, mas se se mantiver saudável poderá ir até aos 18, 19. Ele é uma lenda, é um ícone", disse Sampras, que não teve dúvidas sobre o lugar de Federer nas páginas da história da modalidade: "No meu livro, ele é o melhor".
Logo após receber o sexto troféu de Wimbledon, Federer tinha à sua espera outras grandes lendas, Rod Laver (quatro títulos em Wimbledon), Bjorn Borg (cinco) e Sampras (recordista, com sete), com quem tirou fotos e trocou elogios. Um pouco mais tarde, deixou o All England Club com um cheque de 994 mil euros e com a certeza de, hoje, voltar a ocupar o primeiro lugar do ranking ATP. (Julho 2009)

Kuznetsova consagrada em Paris

por A-24, em 01.01.10
Numa final russa em Paris, a vitória foi para Svetlana Kuznetsova, que bateu Dinara Safina em dois set, por 6-4 e 6-2, em 1h14m de jogo. A vencedora arrecadou 1 milhão de euros.
Kuznetsova, sétima cabeça-de-série no torneio e vencedora do Open do EUA em 2004, foi mais poderosa que a sua adversária no court central, em apenas 74 minutos. Com 23 anos, a russa impôs-se depois de um início algo nervoso e conseguiu vencer o primeiro set graças a um “winner” de esquerda em resposta a um serviço de Safina.
Passou para a liderança com um break no 4-2 no segundo set e nunca mais parou, arrecadando o título no primeiro match point de que dispôs, negando a Safina o primeiro título num Gran Slam.
A russa Svetlana Kuznetsova venceu o seu primeiro Roland Garros da carreira às custas Dinara Safina. É o segundo título num Grand Slam para a russa – depois da vitória no Open dos EUA em 2004, esteve presente em duas finais, Roland Garros em 2006 e Open dos EUA em 2007. Em ambas as ocasiões perdeu para a belga Justine Henin.

A jovem de São Petersburgo é a segunda russa a conquistar Paris, depois de Anastasia Myskina em 2004. Kuznetsova mostrou-se ao mundo aos 19 anos com uma surpreendente vitória em Flushing Meadow. “Há muitos anos que persigo uma vitória aqui e não consigo imaginar ainda a importância deste título. É o meu torneio preferido e estou muito contente por ter ganho”, disse no final, em êxtase. (06-06-2009)