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A-24

Os interesses "domésticos" da Turquia e a hipocrisia islâmica

por A-24, em 26.11.14

Turquia: o lado solar de Erdogan

por A-24, em 22.06.13
Henrique Raposo

Se olharmos para a Turquia através da dicotomia secularismo vs. religiosidade, vamos acabar por cometer o erro típico de quem vê o mundo através da modernidade francesa, isto é, vamos assumir que a liberdade só existe no secularismo e que o autoritarismo é um monopólio dos sectores religiosos. Um erro a evitar, porque democracia não é sinónimo de laicidade, e constitucionalismo não é o mesmo que jacobinismo. A história da Turquia, aliás, prova isso à saciedade. Durante o seu longo reinado pré-Erdogan, os secularistas (kemalistas) controlaram a Turquia com punho de ferro. Exemplos? Os militares kemalistas faziam golpes de estado contra os líderes políticos que desrespeitavam - segundo os militares - o legado jacobino e mui francês de Ataturk, o pai da Turquia moderna. 
Repare-se que esta acção militarista era protegida pela própria estrutura política. Basta olhar para a Constituição de 1982 (elaborada após um golpe militar) que impôs uma espécie de Conselho da Revolução eterno. Isto quer dizer o quê? Os militares passaram a ser o verdadeiro tribunal constitucional. Qual Judge Dredd otomano, o generalato turco ganhou a legitimidade para julgar e punir na hora e à bazucada os políticos "infractores". Quando se sentavam na cadeira do poder, os primeiro-ministros turcos sabiam que tinham uma espada a pairar sobre as suas cabeças. A legitimidade revolucionária de Ataturk, preservada pelos militares, era constitucionalmente superior à legitimidade democrática dos líderes eleitos. É por isso que a Turquia era uma semi-democracia, tal como Portugal entre 1974 e 1982.
Na última década, Erdogan e o AKP colocaram ponto final nesta evidente inconstitucionalidade. Através de uma longa batalha política e constitucional, estes conservadores turcos submeteram os militares ao poder democrático. Por outras palavras, foi o islâmico AKP que colocou a democracia turca dentro dos padrões ocidentais. Um dado que tem tanto de grandioso como de irónico. Agora, os kemalistas só podem organizar manifestações pacíficas e pedir reformas democráticas. No passado, já teriam recorrido a um golpe militar para exterminar Erdogan. Apesar de tudo , a Turquia evoluiu.

Que Turquia queremos nós?

por A-24, em 12.06.13
Editorial


Garantir a prosperidade do povo não basta para evitar protestos. Segundo as previsões da Comissão Europeia, a Turquia deverá registar um crescimento de 3,2%, em 2013, e de 4%, em 2014, em comparação com -0,4% e +1,2% da zona euro, respetivamente. Mas centenas de milhares de turcos saíram à rua para protestar contra a política e o poder do primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdoğan. E o clima no país parece indicar que as manifestações poderão continuar, ainda que sem os atos de violência espetacular dos primeiros dias.
A situação económica e social não é o motivo original dos protestos, que eclodiram por causa de um projeto de ordenamento urbano em Istambul. E é esta a primeira diferença relativamente às primaveras árabes, às quais o movimento da Praça Taksim foi comparado.
A segunda diferença em relação às primaveras árabes é que Erdoğan não é um tirano que tenha arrebatado o poder em benefício de um clã, sem contemplações pelo bem-estar do seu povo e pela saúde do país. O líder do AKP, Partido da Justiça e do Desenvolvimento, foi eleito por três vezes, no quadro de escrutínios justos, e conta com um índice de popularidade suscetível de suscitar a inveja de muitos dirigentes europeus.
É, aliás, paradoxal, tentar identificar os acontecimentos na Turquia com os ocorridos no mundo árabe, depois de, durante tanto tempo, se ter explicado a vocação europeia daquele país. Contudo, nos últimos dez anos, os defensores da adesão da Turquia à UE têm confundido a política de modernização conduzida por Erdoğan com um desejo de europeizar o seu país.
A menos que se acredite que a civilização europeia se resume ao crescimento económico e a novos centros comerciais, ou que a Europa detém um monopólio intelectual sobre a mínima medida democrática tomada fora da UE, a ambição do primeiro-ministro turco para o seu país não fez dele o candidato ideal à adesão. Os manifestantes da Praça Taksim vieram recordar-nos que o projeto do AKP desenha uma via específica, conforme com as identidades múltiplas e por vezes contraditórias da Turquia: ponte entre dois continentes, encruzilhada de várias culturas, muçulmana, pós-otomana e kémalista.
Essa política teve a grande vantagem de fazer a Turquia livrar-se do seu papel de peão estratégico da NATO e de fornecedora de mão de obra barata. A Turquia é agora um parceiro comercial importante e uma potência política com a qual é possível contar. E a diáspora turca, que engloba uma juventude em muitos casos com nacionalidade dupla e multicultural, pode agora entrar e sair à vontade num país dinâmico, com benefícios para toda a gente.
É aliás essa juventude turca, aberta ao mundo e que vive dos frutos do crescimento impulsionado por Erdoğan, que lidera os protestos contra este último. Porque essa juventude aspira a uma qualidade de vida que não se resume a ter oportunidades. Essa juventude e os manifestantes de todas as idades que a seguem preocupam-se com o ambiente, querem escapar à dominação da religião, querem ser ouvidos e respeitados pelo poder.
Para a União Europeia, que, quatro dias antes das manifestações em Istambul, anunciava o seu desejo de relançar as negociações de adesão, a situação é desconfortável. Recep Tayyip Erdoğan, que rotula os manifestantes de “terroristas” e mantém na prisão mais jornalistas do que a China ou o Irão, continuará a ser garante das boas relações entre a Turquia e a UE? O seu interesse pelos modelos russo e chinês será compatível com os objetivos estratégicos e com os princípios da UE?
Ainda assim, Erdoğan continua a dispor de uma ampla base política e, para já, nem os kemalistas, nem os curdos, os comunistas ou os alevitas constituem uma alternativa credível ao seu poder. Depois de ter adotado uma política indefinida durante meio século, a UE deve interrogar-se sobre o que representa para si a Turquia e que relação quer construir com ela. Num momento em que uma parte do povo turco aspira a mais liberdade, a indefinição seria a pior opção.

Press Europe

O problema da democracia

por A-24, em 11.06.13
Os manifestantes na Praça Taksim, em Istambul, contestam a componente islâmica da sociedade turca que subiu ao poder com o Governo de Erdogan, encarado como uma ameaça ao laicismo e aos direitos civis. Mas isso é o resultado natural do fim do autoritarismo kemalista, escreve o escritor holandês Ian Buruma.

Ian Buruma

Uma forma de analisar as manifestações antigovernamentais nas cidades turcas é vê-las como um protesto maciço contra o Islão político. O que começou como uma manifestação contra os planos apoiados pelo Estado para destruir um pequeno parque no centro de Istambul e dar lugar a um novo centro comercial de gosto duvidoso, evoluiu rapidamente para um conflito de valores. À superfície, a luta parece confrontar dois conceitos diferentes da Turquia moderna: seculares contra religiosos, democratas contra autoritários. Já foram feitas comparações com o movimento Occupy Wall Street. Até há quem fale em “primavera turca”.
Obviamente, muitos cidadãos turcos, especialmente nas grandes cidades, estão fartos do estilo crescentemente autoritário do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, da sua mão de ferro sobre a Comunicação Social, das restrições ao consumo de álcool, do gosto pela construção de grandiosas mesquitas, das prisões de dissidentes políticos e, agora, da resposta violenta às manifestações. As pessoas temem que as leis seculares sejam substituídas pela lei da charia e que os frutos do Estado secular de Kemal Ataturk sejam destruídos pelo islamismo.
Há também a questão dos alevitas, uma minoria religiosa [a maior da Turquia] aparentada com o sufismo e o xiismo. Eles foram protegidos pelo Estado secular kemalista e nutrem uma profunda desconfiança em relação a Erdogan, que os irritou particularmente com a intenção de dar à nova ponte sobre o Bósforo o nome de um sultão do século XVI que massacrou os membros da sua fação religiosa.
Portanto, a religião parece ser o fulcro do problema turco. O Islão político é considerado inerentemente antidemocrático pelos seus opositores.
Religião, política e classes
Mas nada é assim tão simplista. O Estado secular kemalista não foi menos autoritário do que o regime populista islâmico de Erdogan; talvez fosse mesmo mais. E é também significativo que os primeiros protestos na Praça Taksim de Istambul não tivessem a ver com uma mesquita, mas com um centro comercial. O receio da instauração da lei da charia está ao mesmo nível da raiva contra a voracidade dos empresários do ramo imobiliário e construtores civis apoiados pelo Governo de Erdogan.
Há um forte pendor esquerdista nesta primavera turca. Assim, em vez de encarar os problemas do Islão político moderno, que são absolutamente a não menosprezar, seria mais proveitoso analisar os conflitos na Turquia de uma outra perspetiva, hoje claramente tida como fora de moda: a luta de classes. Os manifestantes, sejam eles liberais ou de esquerda, são sobretudo da elite urbana, ocidentalizada, sofisticada e secular. Erdogan, por seu lado, continua a ser muito popular na Turquia rural e do interior, entre as pessoas com níveis mais baixos de educação, mais pobres, mais conservadoras e mais religiosas.
Apesar das tendências pessoais autoritárias de Erdogan, que são óbvias, seria enganoso ver nos atuais protestos apenas um conflito entre democracia e autocracia. Afinal, o êxito do partido populista da Justiça e Desenvolvimento, de Erdogan, bem como a crescente presença de práticas e símbolos religiosos na vida pública são o resultado de mais democracia na Turquia. Costumes como o uso do véu pelas mulheres em locais públicos, banidos pelo Estado secular, foram recuperados porque os turcos dos meios rurais ganharam influência. Jovens religiosas tiveram acesso às universidades urbanas. Os votos conservadores dos turcos provincianos passaram a contar.
A aliança entre empresários e populistas religiosos é uma originalidade da Turquia. Muitos dos novos empreendedores, tal como as mulheres de véu, vêm de aldeias da Anatólia. Estes novos-ricos provincianos nutrem um grande ressentimento em relação à antiga elite de Istambul, tal como os empresários do Texas ou Kansas odeiam as elites liberais de Nova Iorque e Washington.

Mais democracia, menos tolerância
Mas constatar que a Turquia atual é mais democrática não quer dizer que seja mais liberal. Esse é também um dos problemas revelados pela primavera Árabe. Dar a todos voz no Governo é essencial para qualquer democracia. Mas essas vozes, especialmente em tempos revolucionários, raramente são liberais. O que vemos em países como o Egito, na Turquia e até mesmo na Síria, é aquilo que o grande filósofo liberal britânico Isaiah Berlin descreveu como a incompatibilidade de bens iguais. É um erro acreditar que as coisas boas andam sempre a par. Às vezes, entrechocam-se.
E é o que acontece nas penosas transições políticas do Médio Oriente. A democracia é positiva, tal como o são o liberalismo e a tolerância. O ideal, evidentemente, é coincidirem. Presentemente, na maior parte do Médio Oriente, isso não acontece. Mais democracia pode mesmo significar menos liberalismo e tolerância.
É fácil simpatizar com os rebeldes contra a ditadura de Bashar Al-Assad, na Síria, por exemplo. Mas as classes altas de Damasco, os homens e mulheres seculares que gostam de música e filmes ocidentais, alguns deles membros de minorias religiosas, cristãos e alauitas, vão passar mal quando Bashar desaparecer. O baathismo é opressivo e ditatorial, muitas vezes até brutal; mas protege minorias e as elites seculares.
Será isso razão para apoiar ditadores, apenas porque mantêm o islamismo sob controlo? De facto, não é. Até porque a violência do Islão político é, em larga medida, um produto desses regimes opressivos. Quanto mais tempo permanecerem no poder, mais violentas serão as rebeliões islamitas.
Também não é motivo para apoiar Erdogan e os seus construtores de centros comerciais contra os manifestantes, na Turquia. Os contestatários têm o direito de se opor à indiferença arrogante do Governo face à opinião pública e à sufocação oficial da imprensa. Mas ver o conflito como uma luta justa contra a afirmação religiosa seria igualmente um equívoco. A maior visibilidade do Islão é o resultado inevitável de mais democracia. Como impedir que isso mate o liberalismo é a questão mais importante no Médio Oriente. Erdogan não é um liberal. Mas a Turquia continua a ser uma democracia. Espera-se que os protestos contra o primeiro-ministro tornem o país mais liberal.

Turquia e Síria

por A-24, em 07.06.13
Os navios carregados de activistas, paz e eperança podem ser substituídos por um momento de stand up comedy de qualidade internacional.


“The demands of the Turkish people don’t deserve all this violence,” Syrian television quoted Information Minister Omran Zoabi as saying. “If Erdogan is unable to pursue non-violent means, he should resign.”
“Erdogan’s repression of peaceful protest … shows how detached he is from reality.”

Rui Carmo in O Insurgente 

Sem petróleo não há invasão, mas...
A UE e os EUA descobriram finalmente como fazer dinheiro com o conflito sírio. Acaba-se com o embargo aos rebeldes para lhes vender armas. A Rússia e a China fazem o mesmo a Hassad. Entra-se numa bola de neve onde o conflito se prolonga, necessitando sempre de mais armas e os cifrões vão crescendo. Se os rebeldes vencem, ganha-se dinheiro e um aliado. Se Hassad vence pelo menos fez-se dinheiro. Se o conflito se prolonga, muito dinheiro entrará. Que final feliz.

João André in Delito de Opinião


Erdoğan cercado na sua torre de marfim

por A-24, em 04.06.13
Porque é que as manifestações contra um projeto urbanístico em Istambul se transformaram em protestos contra o poder do primeiro-ministro? Porque há já muito tempo que este último ignora as críticas e parece ter escolhido a fuga para a frente, considera um editorialista.

Orhan Kemal Cengiz


Se tivermos em conta as declarações feitas pelo primeiro-ministro após o início dosacontecimentos de Taskim, depressa se entende quais são os problemas em termos de democracia no nosso país. Recep Tayyip Erdoğan critica toda a gente: a oposição, os manifestantes e até mesmo a polícia que abusou do gás lacrimogéneo. Só não critica as suas ações e as do Governo. Até o governador de Istambul é poupado.

Portanto, os únicos responsáveis pelos últimos acontecimentos são os agentes policiais subalternos. Se se tratasse apenas de um abuso de poder por parte destes últimos, num regime democrático, o Governo teria de assumir a responsabilidade. Além disso, na Turquia não existem leis que definam claramente as condições em que o gás deve ser utilizado. O Governo que concedeu esse tipo de poder à polícia nem sequer se deu ao trabalho de legislar sobre a matéria.
Dito isto, a crise que começou no Parque Gezi ultrapassa largamente o uso excessivo de gás lacrimogéneo por parte da polícia. De facto, estamos perante um verdadeiro movimento de desobediência civil que se formou na sequência de uma mobilização contra o abate de árvores, cuja legitimidade jurídica é questionável [o Radikal revelou a existência de um relatório oficial de peritos que não reconhece qualquer legitimidade a este projeto de transformação do Parque Gezi]. E assistimos, em resposta, a uma forma de terrorismo de Estado que nega o direito das pessoas se reunirem e protestarem.
Restrições severas e tratamento violento
Erdoğan, que se isolou na sua torre de marfim, onde nenhuma crítica o pode atingir, recusa ver que os projetos que apresentou e que considera úteis para a coletividade levantam na verdade sérias objeções por parte de várias minorias da sociedade. Também não quer entender que esta sociedade já não aceita que todos os mecanismos de decisão estejam nas mãos de um só homem. Prefere não ver que o controlo dos meios de comunicação, o despedimento de editorialistas com opiniões críticas, a escolha de um nome para a terceira ponte que atravessa o Bósforo que chocou profundamente os alevitas [Ponte Yavuz Sultan Selim, do nome turco do sultão otomano Selim I, 1470-1520, conhecido por ter combatido o xiismo com o qual se relacionam os alevitas, xiitas heterodoxos da Anatólia], as restrições muito severas em matéria de consumo de álcool sob pretexto de medidas de saúde, assim como a violência da qual foram alvos os manifestantes do Parque Gezi criaram o sentimento de que tudo era imposto à força e que viviam sob o jugo da tirania.
O primeiro-ministro gostaria que a ausência de críticas que caracteriza o ambiente do seu partido se estendesse a toda a sociedade. Não presta a mínima atenção às objeções dos conservadores, muçulmanos praticantes e liberais que o apoiaram durante muito tempo. Não quer ver o profundo descontentamento que reside na minoria é muito diferente da sociedade que promoveu a ascensão do seu autoritarismo quando podia ter criado o único regime democrático do mundo muçulmano quesuscitava imenso interesse num plano internacional.

A virtude da flexibilidade
Não percebeu que o facto de tratar a minoria com respeito, apesar de dispor de uma ampla maioria, não era sinal de falta de poder mas de virtude, e que ao ser flexível não mostraria sinais de fraqueza, mas uma grande inteligência política.
Em vez de fazer um pouco de autocrítica, prefere atirar achas para a fogueira e esperar que o movimento de protesto seja apoiado por organizações radicais, para poder desacreditá-lo com mais facilidade. Ao declarar que tenciona destruir o centro cultural Atatürk [AKM, centro de congressos, sala de concertos e de ópera, situado na praça Taksim] para construir uma mesquita, esperando assim obter o apoio dos muçulmanos praticantes, está a apostar na polarização da sociedade e a tomar uma iniciativa extremamente arriscada.
Press Europe

A moralidade da Turquia

por A-24, em 14.05.13

Uma verdade que dói aos turcos

por A-24, em 10.01.13
Fonte
 
Recentemente, o embaixador turco na Áustria, Kadri Ecvet Tezcan, deu uma entrevista na qual diz aos Austríacos que parem de intervir no processo de integração da Turquia na União Europeia, acusando-os de todos os problemas que impedem a entrada desse Estado asiático pela Europa adentro. Ora o BZO respondeu-lhe à altura, pela voz do deputado Ewald Stadtler, resposta absoluta e exemplarmente memorável: «o partido BZO pede ao ministro federal para os Assuntos Internacionais e Europeus que declare o embaixador turco Kadri Ecvet Tezcan "persona non grata" e exija a sua imediata demissão.» (...) «o povo está farto da converseta da tolerância de sentido único da qual vocês se alimentam».

Stadtler brilha particularmente ao prontamente denunciar o seu colega parlamentar que quis «desdramatizar» o caso dos homicídios dos sacerdotes cristãos na Turquia. Quem já discutiu com a chusma antirra já terá encontrado pelo menos um caso destes - é súcia capaz de se fazer muito indignada e compadecida se algum negro ou muçulmano leva uma lambada em solo europeu, mas está usualmente pronta ou a ignorar completamente todo e qualquer sofrimento de europeus às mãos de não europeus (e os mé(r)dia ajudam a ignorar, porque pura e simplesmente não noticiam a coisa e acabou, assim é fácil para a antirraria ignorar tais casos) ou então a desavergonhadamente fazer troça da simples referência a esse sofrimento de europeus. Stadtler reagiu com a agressividade necessária, muito bem colocada e audível, no chamado «timing» certo, com a adequada dose de vitalidade verbal, e quando depois refere um outro caso, o de uma jovem muçulmana assassinada na Áustria pelo seu próprio pai, não se esquece de atirar, a um político da hoste xenófila «agora está autorizado a sentir pena», uma vez que a jovem assassinada é muçulmana...
Acima de tudo o resto, Stadtler acerta em cheio ao fazer notar quehá alguns políticos que não aceitam a tolerância de um só sentido mas que o eleitor, portanto, povo, não a aceita de todo - salienta assim a diferença entre a postura ideológica da classe política reinante, xenófila (apenas alguns políticos destoam, os nacionalistas), e a sensibilidade popular, que está definitivamente farta dessa pseudo-tolerância.

Uma verdade que "dói" aos turcos

por A-24, em 10.01.13

Recentemente, o embaixador turco na Áustria, Kadri Ecvet Tezcan, deu uma entrevista na qual diz aos Austríacos que parem de intervir no processo de integração da Turquia na União Europeia, acusando-os de todos os problemas que impedem a entrada desse Estado asiático pela Europa adentro. Ora o BZO respondeu-lhe à altura, pela voz do deputado Ewald Stadtler, resposta absoluta e exemplarmente memorável: «o partido BZO pede ao ministro federal para os Assuntos Internacionais e Europeus que declare o embaixador turco Kadri Ecvet Tezcan "persona non grata" e exija a sua imediata demissão.» (...) «o povo está farto da converseta da tolerância de sentido único da qual vocês se alimentam».

Stadtler brilha particularmente ao prontamente denunciar o seu colega parlamentar que quis «desdramatizar» o caso dos homicídios dos sacerdotes cristãos na Turquia. Quem já discutiu com a chusma antirra já terá encontrado pelo menos um caso destes - é súcia capaz de se fazer muito indignada e compadecida se algum negro ou muçulmano leva uma lambada em solo europeu, mas está usualmente pronta ou a ignorar completamente todo e qualquer sofrimento de europeus às mãos de não europeus (e os mé(r)dia ajudam a ignorar, porque pura e simplesmente não noticiam a coisa e acabou, assim é fácil para a antirraria ignorar tais casos) ou então a desavergonhadamente fazer troça da simples referência a esse sofrimento de europeus. Stadtler reagiu com a agressividade necessária, muito bem colocada e audível, no chamado «timing» certo, com a adequada dose de vitalidade verbal, e quando depois refere um outro caso, o de uma jovem muçulmana assassinada na Áustria pelo seu próprio pai, não se esquece de atirar, a um político da hoste xenófila «agora está autorizado a sentir pena», uma vez que a jovem assassinada é muçulmana...

Acima de tudo o resto, Stadtler acerta em cheio ao fazer notar que há alguns políticos que não aceitam a tolerância de um só sentido mas que o eleitor, portanto, povo, não a aceita de todo - salienta assim a diferença entre a postura ideológica da classe política reinante, xenófila (apenas alguns políticos destoam, os nacionalistas), e a sensibilidade popular, que está definitivamente farta dessa pseudo-tolerância.
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Turquia retira censura a obras de Marx e Lenine

por A-24, em 12.12.12

Vigora há 63 anos, mas as autoridades turcas decidiram agora suspendê-lo. O veto que proibiu 453 livros e 645 jornais em 1949 foi quebrado mediante um novo pacote de reforma judicial.
O Manifesto Comunista de Karl Marx e Friedrich Engels, um dos textos políticos mais influentes do mundo, constava na lista dos livros considerados “subversivos” e “antipatrióticos” para a Turquia.
“Retirar a proibição é passar uma borracha e virar uma página para uma nova sociedade. Se não podemos explicar a qualquer um que a liberdade é um pacote completo de muitas liberdades diferentes, não importa sabermos que o rei vai nu”, disse o chefe do Gabinete do procurador-geral de Ancara, Kürsat Kayral, citado pelo jornal espanhol ABC.
A decisão está integrada no 3.º pacote de reforma judicial da Turquia e visa, segundo Kayral, ajustar-se aos padrões de liberdade de expressão e de pensamento.
O levantamento do veto estendeu-se também a autores turcos. Nazim Hikmet, poeta contemporâneo de ideologia comunista, viu a sua bibliografia reposta, juntamente com Collected Articles de Mahir Cayan, líder, nos anos 70, da Frente de Libertação dos Povos da Turquia (THKP-C).
Apesar da proibição instaurada, não se pode dizer que Marx ou Lenine (com O Estado e a Revolução) só agora voltam às estantes. Segundo o jornal diário turco Hürriyetjá, sempre foi possível encontrar as obras da "lista negra” nas livrarias.
A extinção do veto poderá, no entanto, levar tais livros a mais bibliotecas públicas, facilitar o processo de impressão e circulação pelas editoras e, até, eliminar um certo pudor do leitor em lê-las. Na lista de “livros banidos” estava ainda a banda desenhada Tommiks, um western dos anos 50 de origem italiana.
A liberdade de comunicação e de imprensa é, entre muitos outros temas, um dos assuntos que têm consolidado a reserva da Comissão Europeia em acolher a Turquia na União Europeia, que requereu oficialmente o pedido de integração em 2005.