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A-24

SEPARATISMO Um sintoma da crise da dívida

por A-24, em 23.10.12
Não é apenas na Catalunha e na Escócia que as pressões nacionalistas se fazem sentir. A vitória dos nacionalistas flamengos de Bart De Wever, nas eleições locais de 14 de outubro, "é mais do que uma advertência para a Bélgica. É uma verdadeira advertência para toda a Europa",escreve La Tribune. Para este diário económico francês,
seria ingenuidade pensar que o vento favorável a esses movimentos, nos últimos meses, é totalmente independente das turbulências que a Europa atravessa há dois anos e meio. A crise da dívida não é a sua causa mas pode ser um acelerador. Nos países onde a unidade é problemática […], a questão é saber quem vai pagar a dívida do conjunto e quem vai fazer esforços para pagar essa dívida. Por outras palavras, o combate não é lutar contra a austeridade mas evitar a austeridade, deixando-a para os outros.
Assim, os flamengos têm o sentimento de que os problemas financeiros estão ligados à má gestão do Governo central, salienta De Standaard. Neste contexto, este jornal flamengo cita Louis Vos, investigador da Universidade de Lovaina:
Quando se verifica que o nível superior [federal] não funciona bem – a crítica bem conhecida de De Wever [dirigente dos nacionalistas flamengos] – de que o governo dos impostos de Di Rupo não é apoiado pela maioria dos flamengos – isso intensifica o atrativo da autonomia.
No entanto, salienta o Financial Times Deutschland, apesar de ser "compreensível", a questão da independência "não pode ser a resposta aos problemas que a Europa tem hoje de enfrentar". Com efeito, este diário económico alemão considera que
foi avançando sem ter em conta as fronteiras e o nacionalismo que a Europa se tornou próspera e viveu em segurança. Teremos de fazer o mesmo para superar as crises bancárias, económicas e financeiras que submergiram países pequenos como a Irlanda. Apenas uma comunidade ampla tem condições para ajudar a resolver problemas que um Estado não pode enfrentar sozinho. Os separatistas perceberam bem isso: os catalães gostariam de se separar de Espanha, solicitando ao mesmo tempo a ajuda financeira de Madrid. Mas não é possível reivindicar para si os sucessos e as riquezas e delegar os problemas e os custos no Estado central ou na UE. A Europa deve preservar a sua diversidade regional, sem no entanto proclamar uma vez e outra um Estado independente. Isso serviria apenas para minar as capacidades da Europa de resolver os problemas a longo prazo.
Outros países vão em contracorrente, como salienta La Tribune, que refere o exemplo da Itália, a braços com "um processo de centralização […] que reforça o Estado central em detrimento de um processo frágil de descentralização".
Beneficiando do enfraquecimento da Liga do Norte, minada por alguns casos e pela sua participação no Governo de Berlusconi, o Governo de Monti decidiu voltar atrás quanto à lei muito descentralizadora de 2001. Mario Monti quer atribuir mais competências ao Estado central, para evitar o desperdício e a corrupção e, também, para dominar o esforço de austeridade e controlar melhor a dívida pública. […] A crise da dívida fez perder crédito aos executivos regionais e ao grande partido secessionista.

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